pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: O xadrez político das eleições de 2012 no Recife.(Artigo)
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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

O xadrez político das eleições de 2012 no Recife.(Artigo)

O XADREZ POLÍTICO DAS ELEIÇÕES DE 2012 NO RECIFE – Com um prefeito desgastado e um coelho fora da cartola, Eduardo Campos dá o sinal verde para as negociações em torno de uma candidatura alternativa da Frente Popular.



José Luiz Gomes escreve:          



                                   Nos últimos dias, um pouco antes da “trégua carnavalesca”, onde as disputas se resumem às fantasias ou aos bailes mais concorridos, aconteceram alguns fatos que mereceram a atenção dos que, como nós, acompanhamos de perto as movimentações em torno das eleições do Recife, em 2012: Um encontro entre o deputado federal do PP, Eduardo da Fonte, e o senador do PMDB, Jarbas Vasconcelos. O outro fato foi uma audiência concedida no Palácio do Campo das Princesas, pelo governador Eduardo Campos, ao senador Armando Monteiro, do PTB.  

                                   A imprensa – leia-se alguns setores - logo trataria de minimizar o encontro do deputado Eduardo da Fonte com Jarbas Vasconcelos, alegando tratar-se de um deputado que possui votos, mas que não possui estatura política na província para envolver-se nas grandes articulações políticas do Estado. Estaria o mesmo, portanto, à procura de um palco. Sabe-se que ambos conversaram sobre as eleições do Recife, embora não tenha vazado para a imprensa o teor dessas conversas. Também não se especulou sobre uma possível candidatura de Jarbas, uma vez que seria muito pouco provável que Jarbas se propusesse a pensar no assunto. A surra de vara verde ainda não cicatrizou.

                                   A tese das múltiplas candidaturas anima a oposição desde o início. É dada como certa uma candidatura do PSDB, através do deputado estadual, Daniel Coelho, e cogita-se, ainda, a possibilidade dos demais partidos oposicionistas marcharem em torno de mais um nome. PPS e PMN endossam a candidatura de Raul Jungmann; torna-se cada vez menos provável que Raul Henry – por uma série de circunstâncias – entre no páreo; e o DEM apresenta como postulante o ex-governador Mendonça Filho, um nome que conta com todo o apoio da Direção Nacional da agremiação e aparece bem nas sondagens até o momento. Agripino Maia, Presidente Nacional dos Democratas, quando esteve no Recife, reafirmou sua crença num bom desempenho do partido na capital pernambucana, uma aposta do partido.

                                   Difícil mesmo é a construção de um consenso entre esses partidos, mas não é impossível, sobretudo se houver uma liderança – do porte de um Jarbas Vasconcelos – que se proponha a “galvanizar” o grupo, mediando os conflitos e aparando as arestas aqui e ali. Principalmente agora, que Sérgio Guerra resolveu seguir carreira solo. Jarbas tem um excelente trânsito entre os oposicionistas e uma liderança incontestável. Insinuou certo desencanto com a política – depois da histórica entrevista concedida à revista Veja -, mas mantém uma atuação ativa no Congresso e recentemente convidou para uma feijoada, em Brasília, grandes nomes de oposição ao Governo Dilma Rousseff.

                                   No bloco da Frente Popular as coisas só estão bem em relação à folia de Momo, onde os petistas de todas as Tendências vestem a fantasia e esquecem, por um momento, as divergências tão comuns no grupo. Depois do encontro na capital federal, pelo transcurso dos 32 anos do partido, a crônica política pernambucana chegou a insinuar que haviam avançado as negociações do prefeito João da Costa com a Direção Nacional da agremiação, consolidando seu projeto de reeleição. Achamos um pouco precipitado fazer essa afirmação. A única certeza que tenho, neste caso, é que as manobras da Tendência Construindo um Novo Brasil contam com o aval da direção do Partido. Se João da Costa não conseguir unir o bloco da Frente Popular até a quarta-feira de cinzas – para acompanhar o Bacalhau do Batata nas ladeiras de Olinda, as coisas se complicam de vez. Estratégico para o PT é o Recife, não necessariamente João da Costa.

                                   Pavimentando suas aspirações nacionais – assentada em pilares importantes – como a bem-avaliada gestão do Estado – O governador Eduardo Campos vem tomando iniciativas no sentido de consolidar o PSB. No Brasil, o partido assumiu um perfil mais regional – quatro governadores da legenda são nordestinos – e, em Pernambuco, um perfil mais interiorano, necessitando de uma participação mais efetiva na região metropolitana. Dentro dessa estratégia – aliada à desavença com o PT em Petrolina – é que Eduardo Campos recomendou ao Ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, que transferisse seu título para o Recife.

                                   Fernando Bezerra ficou bastante entusiasmado com a ideia, chamando o prefeito João da Costa a um debate sobre o Recife. As enchentes de Janeiro, entretanto, parece-nos que afundaram as suas pretensões. Não tanto pela questão das destinações das verbas – onde Pernambuco teria sido mais favorecido-, mas pela revelação de práticas políticas retrógradas, colonialistas - típicas das elites brasileiras - que vieram logo em seguida, comprometendo sua reputação de homem público. No nosso entendimento, conforme enfatizamos no blog, ele que já foi um dos principais lances do PSB, é hoje um coelho fora da cartola. Manteve o pescoço pela blindagem de Eduardo Campos.

                                   Eduardo Campos – que fala tanto em mudar essas práticas políticas – precisa ficar mais atento ao que ocorre no seu Governo. Em todo caso, pelo menos no momento – FBC é um coelho fora da cartola. Junte-se a isso um prefeito que não consegue unir a Frente em torno do seu projeto de candidatar-se à reeleição e você tem um cenário onde se impõe mexer em outras peças do tabuleiro. Já faz algum tempo que o senador Armando Monteiro- cujo partido está rompido com o prefeito – entabula conversas nesse sentido. O perfil político de Armando é bastante amplo, possibilitando, inclusive, a construção de uma candidatura que pudesse agregar setores da oposição. Oficialmente não é este o caso e o próprio senador tratou de esclarecer que suas articulações estão circunscrita aos setores da Frente Popular.

                                   Sintonizado com Eduardo Campos, o senador o procurou para informá-lo sobre as negociações e, sobretudo, solicitar o sinal verde do Palácio do Campo das Princesas. Já discutimos num outro artigo que Eduardo Campos é o político com a maior margem de manobra hoje no Estado de Pernambuco. Seja qual for os cenários da Frente – e até fora dela – são muitas as possibilidades dele continuar com um aliado no Palácio Antonio Farias. Uma característica de Eduardo Campos é a grande capacidade de diálogo, algo em que o avô, Miguel Arraes, era mais “sisudo”. Num desses bailes de carnaval, fez questão de abraçar e conversar com o maior opositor dos Arraes na política pernambucana, o senador Jarbas Vasconcelos. Não são poucas as cidades pernambucanas onde os “dois lados” estão com Eduardo Campos.  

                                   O que se comenta é que o PMDB não estaria nada satisfeito com o voraz apetite fisiológico do PT e com a “dobradinha” PSDB/PT se revezando no comando do Palácio do Planalto. Depois cantaremos a pedra para os leitores e revelaremos o que se esconde por trás dessas máscaras traduzidas como “aproximações carnavalescas”, justificadas pela trégua proporcionada pelo período momesmo.

                                   Eduardo Campos – que praticamente teria fechado um acordo com o governador Geraldo Alckmin para as eleições de 2012, em São Paulo, poderá recuar em razão do rolo compressor que está sendo montado pelo Planalto em torno da candidatura do ex-ministro da Educação, Fernando Haddad. Ainda não se sabe o que o PT paulista colocará na mesa de negociações, mas, não seria surpresa se as eleições do Recife entrassem na pauta, contigenciando as margens de manobra do governador. Vamos aguardar.    


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