sábado, 4 de fevereiro de 2012

Diário do Nordeste: Em greve da PM, mortes crescem em Salvador.

Militares designados para fazer a segurança pública chegam a cidade de Feira de Santana, região Norte do Estado, que vive clima de terror devido à greve dos policiais
Os grevistas estão, desde o dia 31 de janeiro, acampados na porta da Assembleia Legislativa da Bahia aguardando uma negociação. Mas a paralisação foi considerada ilegal pela Justiça que definiu multa de R$ 80 mil por dia parado. A categoria não acatou
 
Em apenas um dia, foram registrados 20 homicídios. Governador condenou a postura dos policiais
Salvador Com a greve da Polícia Militar, Salvador viveu uma madrugada de forte crescimento no número de assassinatos e de ataques ao comércio, ontem. O governador Jaques Wagner (PT) fez um pronunciamento, ontem, em emissoras de rádio e TV e anunciou que a Justiça determinou a prisão de 12 pessoas ligadas à greve.

O petista não citou os nomes das pessoas a serem presas. Assessores do governador também não revelaram os nomes, que estão sendo mantidos em sigilo. O anúncio aumentou a tensão na Assembleia Legislativa, onde os grevistas estão acampados.

"Não podemos conviver com um movimento já decretado ilegal pela Justiça", disse Wagner. A PM da Bahia, segundo ele, "não pode permitir se transformar num instrumento de intimidação e desordem".

O governador disse não aceitar que "um pequeno grupo, de forma irresponsável, cometa atos de desordem para assustar a nossa população" e fez um apelo para que os PMs voltem ao trabalho.

Da meia noite às 18h de ontem, 20 pessoas foram assassinadas, segundo a estatística divulgada pela Secretaria de Segurança Pública. No mesmo dia da semana passada, houve 13 homicídios ao longo de 24 horas.

Na quinta-feira à noite, o músico da banda afro Olodum Denilton Souza Cerqueira, 34, foi baleado por dois assaltantes no bairro da Mata Escura. Ele foi levado ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos.

Ao menos cinco lojas tiveram os estoques saqueados no bairro da Liberdade, segundo relatos da população. No entanto, a Polícia Civil disse que os donos das lojas ainda não haviam registrado as ocorrências até o meio dia de ontem.

Em um deles, bandidos usaram invadiram uma joalheria e roubar joias em menos de um minuto. Oito pessoas participaram da ação, quebraram os balcões e limparam o mostruário. O roubo durou menos de 40 segundos, conforme o registro das câmeras de segurança.

Sindicato dos trabalhadores no transporte coletivo ameaçavam paralisar as atividades ontem. Os empresários do setor se opõem a paralisação.

Na quinta-feira, motoristas foram rendidos por grevistas armados e obrigados a entregar os ônibus para fazer barricadas no acesso ao Centro Administrativo da Bahia, conjunto que reúne os edifícios das cúpulas do Executivo, Legislativo e Judiciário do Estado.

Reforço
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, general José Carlos De Nardi, e a secretária Nacional da Segurança Pública, Regina Miki, desembarcam hoje em Salvador para acompanhar as operações das Forças Armadas no Estado. Tropas do Exército começaram a fazer o patrulhamento nas ruas de Salvador na tarde de ontem. Também já estão em Salvador 150 homens da Força Nacional e outros 500 deverão chegar até hoje. O Exército também deverá encaminhar, ao todo, 2.000 homens até amanhã.

Negociação
A cúpula da segurança pública reuniu-se na manhã de ontem com representantes de quatro associações de policiais para negociar a volta ao trabalho.

A Associação de Policiais e Bombeiros da Bahia (Aspra), que deflagrou o movimento na terça-feira, não foi chamada para a mesa de negociações. O governo não a reconhece e tenta isolar a entidade.

Os manifestantes ligados à Aspra continuam acampados em frente à Assembleia Legislativa. O presidente da Casa, Marcelo Nilo (PDT), disse que o clima é de tranquilidade no local.

Os PMs reivindicam o pagamento da Gratificação por Atividade de Polícia (GAP), além de regulamentação do pagamento de auxílio acidente, periculosidade e insalubridade.

Ilegal
Na quinta-feira, a paralisação foi considerada irregular, de acordo com uma liminar expedida pelo juiz Ruy Eduardo Brito, que determinou a imediata retomada das atividades pelos policiais vinculados à Aspra. A multa estipulada para os policiais parados que não assumirem seus postos de trabalho é de R$ 80 mil.

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