sexta-feira, 14 de junho de 2013

Ambiente político abafado, Michel Zaidan Filho


Postado às 20:19 em 11 de junho de 2013
Por Michael Zaidan
 
O professor  Marco Mondaini, da Pós-graduação de Direitos Humanos (UFPE), me escreveu falando da atmosfera política "asfixiante" que domina o estado de Pernambuco. Segundo ele, regridimos de Gramsci a Althusser, ou seja, dos aparelhos privados de hegemonia para os aparelhos ideológicos de estado. Só conseguiu publicar sua análise sobre o "neo-socialismo" do governador no portal da Carta Maior. Ainda bem! Depois que o nosso mandatário se tornar presidente da República, nem nesse portal ele vai poder publicar nada. Mas o alerta do professor Mondaini é que o arremedo de nossa sociedade civil foi inteiramente absorvida pelo Estado, com o consentimento tácito dos atores (incluindo aí a mídia) da própria sociedade civil.
É a servidão voluntária, de que fala La Boetie. Num estado, onde prevalece uma política do amigo e do inimigo seria demais esperar um movimento político organizado de resistência ao rolo compressor do Palácio das Princesas. Enquanto a famosa Copa das Confederações não passar, ninguém vai prestar atenção aos imensos buracos submersos dessa administração. Mesmo com os carros caindo nesses buracos, as estações de metro alagadas, a dificuldade de acesso à tal "arena" de Pernambuco, os graves problemas de mobilidade na cidade, sobretudo em dias de chuva....Pior é usar uma empresa calamitosa como a COMPESA para fazer propaganda da gestão. Exatamente a empresa responsável pelos inúmeros buracos, tubulações rompidas, asfalto liquifeito etc. Como é possível transformar uma anti-empresa desta em modelo de eficiência de prestação de serviço ao cidadão?

Enquanto isso, o "príncipe" sequer consegue unir o seu próprio partido em torno de sua candidatura. Não consegue convencer o seu ministro da viabilidade política de seu nome, nem dissuadir o senador petebista de buscar o apoio do PT para disputar o governo de Pernambuco. Seria o caso de perguntar se um político que mal consegue persuadir seus comandados a lhe prestarem apoio, pode amealhar o apoio de outros partidos e coligações.
Deveria ele saber que o mesmo método que utiliza - na falta da hegemonia propriamente dita - para cooptar, seduzir, arrastar é o que o governo federal fará, com muito mais poder de fogo, para ganhar as eleições do ano vindouro. Não haverá, certamente, uma disputa  de hegemonia, de idéias, projetos ou coisas assim. A disputa será de força, de recursos, de cargos, indicações e benesses. E aí, quem ganha?

Não sabe o professor Modaini que o baixo grau de socialização política, num ambiente político secularmente polarizado como o nosso, os argumentos são dois: a força e o aliciamento. Não há espaço para disputas saudáveis de idéias generosas em prol do bem público. O debate será substituído pela pirotecnia dos publicitários, os sofismas dos marqueteiros de plantão, das falsas estatísticas, e da exposição de modelos mirabolantes das avenidas do futuro.
É um luxo pedir a esse tipo de políticos que arregace as mangas para demonstrar pelo empenho, a capacidade, o denodo e a dedicação demonstrados durante a gestão, que merecem a confiança do eleitor. Não. Basta o clima de ufanismo ocasional dos eventos preparados para este ano e o próximo, e tudo se arruma, tudo se arranja, se a cidade não afundar numa enorme cratera moral submersa pelas chuvas.

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