Postado às 20:19 em 11 de junho de 2013
Por Michael Zaidan
O professor Marco Mondaini, da Pós-graduação de Direitos Humanos
(UFPE), me escreveu falando da atmosfera política "asfixiante" que
domina o estado de Pernambuco. Segundo ele, regridimos de Gramsci a
Althusser, ou seja, dos aparelhos privados de hegemonia para os
aparelhos ideológicos de estado. Só conseguiu publicar sua análise sobre
o "neo-socialismo" do governador no portal da Carta Maior. Ainda bem!
Depois que o nosso mandatário se tornar presidente da República, nem
nesse portal ele vai poder publicar nada. Mas o alerta do professor
Mondaini é que o arremedo de nossa sociedade civil foi inteiramente
absorvida pelo Estado, com o consentimento tácito dos atores (incluindo
aí a mídia) da própria sociedade civil.
É a servidão voluntária, de que fala La Boetie. Num estado, onde
prevalece uma política do amigo e do inimigo seria demais esperar um
movimento político organizado de resistência ao rolo compressor do
Palácio das Princesas. Enquanto a famosa Copa das Confederações não
passar, ninguém vai prestar atenção aos imensos buracos submersos dessa
administração. Mesmo com os carros caindo nesses buracos, as estações de
metro alagadas, a dificuldade de acesso à tal "arena" de Pernambuco, os
graves problemas de mobilidade na cidade, sobretudo em dias de
chuva....Pior é usar uma empresa calamitosa como a COMPESA para fazer
propaganda da gestão. Exatamente a empresa responsável pelos inúmeros
buracos, tubulações rompidas, asfalto liquifeito etc. Como é possível
transformar uma anti-empresa desta em modelo de eficiência de prestação
de serviço ao cidadão?
Enquanto isso, o "príncipe" sequer consegue unir o seu próprio partido em torno de sua candidatura. Não consegue convencer o seu ministro da viabilidade política de seu nome, nem dissuadir o senador petebista de buscar o apoio do PT para disputar o governo de Pernambuco. Seria o caso de perguntar se um político que mal consegue persuadir seus comandados a lhe prestarem apoio, pode amealhar o apoio de outros partidos e coligações.
Enquanto isso, o "príncipe" sequer consegue unir o seu próprio partido em torno de sua candidatura. Não consegue convencer o seu ministro da viabilidade política de seu nome, nem dissuadir o senador petebista de buscar o apoio do PT para disputar o governo de Pernambuco. Seria o caso de perguntar se um político que mal consegue persuadir seus comandados a lhe prestarem apoio, pode amealhar o apoio de outros partidos e coligações.
Deveria ele saber que o mesmo método que utiliza - na falta da
hegemonia propriamente dita - para cooptar, seduzir, arrastar é o que o
governo federal fará, com muito mais poder de fogo, para ganhar as
eleições do ano vindouro. Não haverá, certamente, uma disputa de
hegemonia, de idéias, projetos ou coisas assim. A disputa será de força,
de recursos, de cargos, indicações e benesses. E aí, quem ganha?
Não sabe o professor Modaini que o baixo grau de socialização política, num ambiente político secularmente polarizado como o nosso, os argumentos são dois: a força e o aliciamento. Não há espaço para disputas saudáveis de idéias generosas em prol do bem público. O debate será substituído pela pirotecnia dos publicitários, os sofismas dos marqueteiros de plantão, das falsas estatísticas, e da exposição de modelos mirabolantes das avenidas do futuro.
Não sabe o professor Modaini que o baixo grau de socialização política, num ambiente político secularmente polarizado como o nosso, os argumentos são dois: a força e o aliciamento. Não há espaço para disputas saudáveis de idéias generosas em prol do bem público. O debate será substituído pela pirotecnia dos publicitários, os sofismas dos marqueteiros de plantão, das falsas estatísticas, e da exposição de modelos mirabolantes das avenidas do futuro.
É um luxo pedir a esse tipo de políticos que arregace as mangas para
demonstrar pelo empenho, a capacidade, o denodo e a dedicação
demonstrados durante a gestão, que merecem a confiança do eleitor. Não.
Basta o clima de ufanismo ocasional dos eventos preparados para este ano
e o próximo, e tudo se arruma, tudo se arranja, se a cidade não afundar
numa enorme cratera moral submersa pelas chuvas.
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