Tenho a impressão de que a ausência de um diálogo sereno do Governo do Estado com a categoria dos professores pode nos conduzir a uma situação de greve nos próximos dias, o que seria extremamente prejudicial à estudantada. Ainda em jogo está a questão do piso salarial, um eterno problema entre a categoria e os gestores públicos. Tudo seria mais simples se os Governos Estaduais resolvessem cumprir logo a decisão de honrar o pagamento desse piso salarial. Ocorre que, entre a decisão já aprovada e o seu cumprimento, vai aí uma longa novela, com alguns enredos curiosos, recheadas de artifícios. O último deles é que o Governo do Estado de Pernambuco resolveu adotar um critério "seletivo" para o seu cumprimento, acenando que pagaria o piso apenas aos professores que tiverem o curso de magistério, o que se constitui num grave equívoco. Uma simples consulta à sua assessoria jurídica o informaria sobre a irregularidade.
Não sei como esse imbróglio será resolvido, mas até o Ministério Público Estadual já convidou o Secretário de Administração, Milton Coelho, para dar um explicação sobre o assunto. Em meio a essa falta de diálogo, o Governador Paulo Câmara (PSB) cometeu mais um erro estratégico. Oferece um almoço a uma série de entidades para debater a educação no Estado - Encontro dos Amigos da Educação - excluindo o SINTEPE, o Sindicato dos Trabalhadores da Educação em Pernambuco. Fundação Lemann, Institutos Airton Sena, Unibanco e Natura estão entre os convidados. Um time de reformadores empresariais da educação para ninguém botar defeito. Fico sempre com um pé atrás quando você envolve negócios de Estado com "essa gente". Não vai aqui nenhum preconceito, penso até que, em alguns casos, a parceria público-privada é muito bem-vinda.
Ocorre, porém, que, aqui na província, normalmente, isso não vem dando em boa coisa. Tanto do ponto de vista das "negociações em curso", quanto dos reais interesses que deveriam nortear o tema, inserido num Estado com as dificuldades educacionais como o nosso. Quando você deixa de fora desse "Pic-Nic" o sindicato da categoria e segmentos sociais profundamente interessados no tema, aí a porca torce o rabo. Fred Amâncio, o Secretário de Educação, ficará encarregado de fazer uma exposição sobre os avanços conquistados pela educação no Estado nos últimos anos e as projeções para o futuro. Possivelmente, a razão para não se convidar o SINTEPE - e outras entidades do "trabalho" que lidam com o assunto - está relacionada a um confronto de ideias inevitáveis.
Com essa atitude, o governador Paulo Câmara parece convidar a categoria para um embate. Por outro lado, observa-se, nitidamente, a construção de estratégias - muito ao gosto do governo anterior, do seu padrinho - que alimentam, isto sim, a grande parafernália midiática que ancora a publicidade institucional do Estado. Logo em seguida surgem aquelas medidas de impacto - causadoras de um certo emocionalismo - mas, na prática, quando se procuram resultados concretos sobre a melhoria da qualidade social da educação no Estado, esses ficam bem distantes.
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