sábado, 14 de março de 2015

Tijolinho Real: Porque Cunha foi aplaudido na CPI da Petrobrás.





As relações da presidente Dilma Rousseff com o atual presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha(PMDB) nunca foram boas. As rusgas ocorriam muito antes dele assumir aquele cargo no Legislativo. Dilma nunca gostou desse meio-de-campo político - aqui está uma das fragilidades do seu Governo - e, muito menos, com políticos da naipe de um Eduardo Cunha. O sentimento de Dilma para com ele é de náusea. O cacique do PMDB, Michel Temer, não raro, encontrou muitas dificuldades de agendar encontros onde Cunha e Dilma tinham que estar presentes. Não se pode negar que Cunha tem estilo. Joga abaixo da linha de cintura na arena política. Mantém, em torno dele, um séquito de parlamentares de fidelidade canina. Uma verdadeira bancada exclusiva. 

Gente que obedece cegamente ao seu comando, participa dos banquetes por ele oferecidos, recebem financiamento de campanhas por ele articulados. Assim como um senhor patriarcal, não deixa os vassalos desamparados. Distribui os cargos e comissões da Câmara Federal entre os "amigos" e protegidos. Até recentemente, tentou emplacar um desses na direção da TV Câmara, cargo antes destinado aos funcionários de carreira. É um esquema pesado. Pelo que ocorreu em seu depoimento na CPI instaurada na Câmara dos Deputados para apurar as irregularidade com dinheiro público na Petrobras - onde foi aplaudido até por petistas, que se derramaram em elogios ao deputado - possivelmente, o caboclo está blindado. 

A articulação do Governo errou bastante na eleição do presidente daquela Casa, mas todos sabem que o Planalto não desejava a sua eleição. O "aliado" Michel Temer fez corpo-mole para permitir que ele fosse eleito. Na surdina, torceu por isso. Sua performance repercutiu bastante nas redes sociais e confesso que fiquei atônito, tentando entender o que, de fato, estava por trás dessa desenvoltura. Ele conseguiu a proeza de convencer a audiência sobre a fragilidade dos critérios utilizados pelo Procurador-Geral da República para a construção de sua lista dos investigados na Operação Lava Jato. Tratou o caso como mera doações regulares de campanha.Na opinião dele, ou o Janot é um despreparado ou o colocou na lista apenas por ser um desafeto do Planalto. As manobras no sentido de desqualificar Janot é bastante conhecida. Faz parte do arsenal usado pelos "vestais".

Com os dois presidentes do Poder Legislativo envolvidos até a medula nas possíveis irregularidades da Operação Lava Jato, parece-nos mesmo que estamos no fim do poço. Eles vão mover moinhos para tentar prejudicar o processo de investigação. Exatamente por isso é que há um apelo popular para que eles se afastem de suas funções. Nesse clima de "salve-se quem puder", como observou o professor Michel Zaidan, até os petistas envolvidos estão esquecendo que integram a base de sustentação da presidente Dilma Rousseff. Com relação ao PMDB, nada a acrescentar. Dilma dorme a anos com o inimigo. Quanto mais ela se desgasta, mas eles ampliam as chantagens para ocuparem mais espaço no condomínio governista. Se o desastre se prenunciar iminente, eles pulam para o outro lado sem o menor constrangimento. O que, afinal, esse Cunha tem?

A charge que ilustra este post é de Renato Aroeira, publicada no jornal O Dia.

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