sexta-feira, 22 de julho de 2016

O xadrez político das eleições municipais de 2016, no Recife: Precisamente às 09h03, conforme recomendava os astros, João dá a largada.




José Luiz Gomes


Em convenção realizada na noite desta quinta-feira, dia 21, na Câmara Municipal do Recife, o PT homologou a candidatura de João Paulo às eleições municipais de 2016. Conforme recomendação do seu astrólogo, ele ocupou o microfone exatamente às 19h03 minutos, claro, depois de acertos com os possíveis oradores, que até abdicaram de suas falas em nome da estrela principal do evento. Em seu discurso, João Paulo teceu alguns comentários sobre a conjuntura política que atravessamos no momento, sobretudo a este estágio de intolerância a que chegamos. O Plenário da Câmara Municipal ficou completamente lotado, com a presença de figuras de proa da agremiação no Estado, como o ex-prefeito João da Costa, Oscar Barreto, Humberto Costa e o líder dos Sem-Terra, Jaime Amorim. 

Assim, de início, três aspectos positivos devem ser elencados nesta etapa inicial da campanha. A certeza de que essas eleições serão difíceis, em razão de inúmeros aspectos, realizadas numa conjuntura de instabilidade política e de dificuldades de financiamento. É preciso ser criativo, ter bons argumentos e os pés no chão; pela primeira vez, o time demonstra uma capacidade de união que podem trazer bons dividendos eleitorais. As divergências de João Paulo com João da Costa e Oscar Barreto parecem que foram, enfim, superadas; A expertise administrativa dos Joões, capazes de abrir um flanco de críticas contundentes à gestão do socialista Geraldo Júlio(PSB). Num momento, João Paulo lembrou que o legado petista na gestão da cidade foi tão importante que nem Geraldo Júlio não conseguiu desmontar. O senador Humberto Costa também bateu forte, apontando que o atual gestor faz uma administração para os mais ricos, que, a rigor, não são assim tão dependentes do poder público; outro aspecto que já é possível sentir pelas redes sociais é um flerte do candidato com os movimentos anti-golpe não necessariamente ligados ao PT, conforme já discutimos aqui pelo blog. 

Há quem acredite que essa conflagração nacional tenha seus reflexos efetivos nas próximas eleições municipais. Talvez nunca tenhamos realizado uma eleição municipal com um quadro político nacional tão conflagrado como este. Como mesmo observou o candidato, os ânimos estão bastante acirrados. Por outro lado, volta-se à velha tese de que, nas eleições municipais, o eleitor está muito mais preocupado com o seu cotidiano, com aquilo que mexe diretamente com a sua qualidade de vida, como os problemas de mobilidade, limpeza pública, manutenções de serviços essenciais etc. Em qualquer circunstância, o PT apresenta um bom quadro para o debate nacional e para o cotejo de gestões. O eleitor recifense deve ganhar com isso, uma vez que a pirotecnia deverá ceder espaço à saliva. 

Surpreende nessa composição  ausência dos comunistas do PCdoB, que, segundo João Paulo, seriam muito bem recebidos, dado o alinhamento e convergência no plano nacional. Diversos caciques que se posicionaram em favor das urdiduras que solaparam o mandato da presidente Dilma Rousseff(PT) fizeram questão de demonstrar o seu "desconforto" em caminhar com o Luciano Siqueira(PCdoB) na condição de vice de Geraldo Júlio (PSB) no seu projeto de reeleição. Mesmo assim, ele permanece. Vão longe aqueles tempos em que os comunistas sofriam com os "encargos de natureza ideológica". Hoje eles se orientam por outros fatores. Em Jaboatão, por exemplo, nenhum constrangimento em caminharem ao lado de tucanos e "socialistas". O PCdoB deve apoiar o nome de Heraldo Selva(PSB).   

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