sexta-feira, 3 de março de 2017

Internautas interessados na violência funcional?



A blogosfera, não raro, nos reservam algumas surpresas. Há alguns anos atrás, no calor das manifestações de rua, durante as Jornadas de Junho, publicamos um artigo no site Viomundo acerca das medidas que estavam sendo adotadas pelo Estado de Pernambuco no sentido de reprimir os jovens que participavam daquelas manifestações, inclusive proibindo o uso de máscaras. Pernambuco, assim como o Rio de Janeiro, conforme é sabido, foram dois Estados que se notabilizariam pela adoção de medidas "duras" contra os participantes daquelas mobilizações. Creio que foi a partir daí que houve uma espécie da "banalização" da figura da prisão preventiva. A simples "presunção" de que o indivíduo poderia cometar algum delito já seria elemento mais do que suficiente para prendê-lo preventivamente, contrariando uma série de princípios legais, amparados no Estado Democrático de Direito. 

O artigo, escrito em 2013, em algumas ocasiões, passa a registrar um número expressivo de acessos, sem que saibamos a razão. Somente no dia de ontem, logo após os festejos de Momo, foram 236 acessos. Sempre que isso ocorre com algum artigo, somos contingenciados a relê-los, reavaliando o que foi escrito. Publicado naquele site, num primeiro momento, o artigo foi muito lido e acessado pelos internautas, mantendo-se no topo dos mais comentados durante algum tempo. Faríamos a ressalva de que Black Bloc não é um grupo organizado, mas uma técnica de protestos de rua.Já no final do artigo, existe uma boa discussão sobre violência simbólica, funcional e "vandalismo", um tema dos mais atuais e que talvez justifique os picos de acessos ao artigo. Violência funcional é aquela praticada para garantir os privilégios e a "ordem burguesa", seja pelos agentes do Estado ou por grupos clandestinos a seu favor. 

Neste feriado de carnaval, auxiliado por artigos e relatórios da Human Right Watch, fui procurar entender porque a população da Colômbia rejeitou o acordo de paz que estava sendo celebrado pelo Estado e pelas FARC. Num país onde 1% da população detém o controle de 50% das terras, os grupos paramilitares foram usados para assassinar camponeses ou expulsá-los de suas terras. O que a população parece rejeitar é a incerteza sobre como o problema fundiário do país será enfrentado pelo Estado - num momento de governo conservador - assim como uma espécie de indulto a quem cometeu esses crimes. Eis aqui um bom exemplo de violência funcional.   

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