segunda-feira, 26 de junho de 2017

O xadrez político das eleições estaduais de 2018 em Pernambuco: A festa de Tonca


José Luiz Gomes da Silva

Há alguns dias atrás andou circulando pela TV local inserções da propaganda partidária dos Democratas. Ali, o ministro da Educação, Mendonça Filho(DEM), ocupa praticamente todo o tempo disponível, enfatizando-se, notadamente, as realizações do MEC no Estado de Pernambuco. A despeito dos inúmeros afazeres na capital federal, Mendonça Filho não tem se descuidado da província, onde faz política há décadas. Convênios e liberações de recursos são assinados por aqui até nos finais de semana. Os movimentos de Mendonça indicam que ele não apenas está na arena, mas que teria projetos para as eleições de 2018, quiçá, até, pretensões majoritárias. O conjunto de forças políticas que denominamos aqui de "Conspiração Macambirense", onde estão reunidos os principais atores que fazem oposição ao Governo Paulo Câmara(PSB), continua afinando a orquestra e se reuniu mais uma vez neste último final de semana, na festa de aniversário do escritor Antônio Campos, em Gravatá.
Alguns dos principais nomes desse grupo politico, como é o caso do deputado Ricardo Teobaldo(Podemos), Sílvio Costa Filho(PRB), Armando Monteiro(PTB), Bruno Araújo(PSDB) estiveram prestigiando o aniversário do ex-candidato a prefeito da cidade de Olinda. Logo após ter sido derrotado nas urnas pelo professor Lupércio, do Solidariedade, Antônio Campos externou sua insatisfação com setores do PSB, que não apenas não o apoiaram, como teriam urdido contra ele. Antônio Campos aponta vários indícios dessas tessituras contra a sua candidatura, mas creio que o anúncio de nomes diretamente ligados ao Palácio do Campo das Princesas - para ocuparem postos chaves no secretariado do prefeito eleito - parece mesmo dissiparem as dúvidas quanto ao "corpo mole". Assim como ocorre hoje no plano federal, onde casos de política estão se transformando em casos de polícia, Antônio Campos fez denúncias graves sobre fatos ocorridos naquelas eleições, como  um possível monitoramento dos seus passos durante o pleito, por integrantes da Casa Militar do Governo do Estado.
Por aqui, sempre aconselhamos Tonca a voltar a escrever e cuidar do seu escritório de advocacia. Possivelmente teria menos dores de cabeça. Mas, logo depois do anúncio do resultado daquelas eleições, Tonca informou que continuaria na arena política, honrando a tradição familiar dos Campos e dos Arraes. Desde então, realizou um périplo pelo país, estabelecendo contatos com políticos de diferentes matizes ideológicas e partidárias. A se concluir pela festa realizada em Gravatá, parece que acabou fazendo a opção de filiar-se ao Podemos, onde cogita-se que deverá ocupar um papel relevante no plano nacional, no interior dessa nova agremiação política. Mas, o mais interessante desse movimento político é que, a julgar pelos convivas - que não foram apenas degustar as guloseimas de São João - Tonca passa a integrar a "Conspiração Macambirense".
Como dissemos antes, difícil prever como as coisas irão se "acomodar" nesse tabuleiro oposicionista, que poderá integrar polos distintos da política nacional e pernambucana, como os Democratas, de um lado, e até mesmo o Partido dos Trabalhadores, do outro. Existem aqueles aspirantes consolidados, como é o caso do senador Armando Monteiro(PTB), mas já se fala até mesmo de um "governo paralelo" aqui no Estado, liderado pelo ministro das Cidades, Bruno Araújo, do PSDB, presente à festança do escritor Antônio Campos. No momento, o grupo ainda mantém um padrão de coesão que faculta construir algum "consenso" estratégico sobre o próximo pleito no Estado. Até mesmo "inúmeras" candidaturas oposicionistas podem ser entendidas como parte do plano para apear Paulo Câmara do Palácio do Campo das Princesas.

Não raro, as circunstâncias políticas podem ser determinantes. O governador Paulo Câmara, além de ostentar índices acachapantes de popularidade, cometeu alguns equívocos políticos que podem ser relevantes em seu projeto de continuar como inquilino do Palácio do Campo das Princesas. Um desses equívocos foi o apoio ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, o que o aproximou, perigosamente, de um presidente moribundo e permitiu que o PMDB local ampliasse os espaços no seu governo. Soma-se isso alguns problemas estruturais na área de segurança pública, cujos índices de violência assustam. Aqui retrocedemos para patamares de 10 anos atrás, quando foi criado o Pacto pela Vida. Há uma média de 16 assassinatos por dia, centenas de assaltos a ônibus mensalmente e o Estado tornou-se o campeão nacional na modalidade de assaltos à carro-forte. Ou seja, a oposição tem vários flancos abertos para construir sua estratégia de campanha. É questão apenas de um entendimentos entre eles.

P.S. Do Contexto Político: O mais provável é que o escritor Antonio Campos tente uma vaga à Câmara Federal ou à Assembléia Legislativa do Estado, colocando os "Campos" em palanques opostos em Pernambuco. Apesar de um bom trânsito com o senador Armando Monteiro e a família Sílvio Costa, caciques e militantes da legenda petista veem com desconfiança a possibilidade de integrar um palanque com atores políticos dos Democratas. Marília Arraes(PT) costura uma carreira solo, quem sabe com o objetivo de sisputar o Governo do Estado nas próximas eleições, mas seus movimentos não encontram respaldo entre alguns integrantes da legenda petista no Estado. A lógica dos Democratas parece ser mesmo no sentido de fortalecer a legenda em Pernambuco. Nas últimas eleições municipais, mesmo diante das adversidades, lançaram uma candidatura própria ao Palácio Antonio Farias. Não surpreenderia se repetissem a estratégia nas próximas eleições estaduais.    

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