Repercute bastante pelas redes sociais uma decisão do Ministro do Supremo Tribunal Federal, André Mendonça, revogando uma decisão judicial que impunha censura ao portal UOL, com relação a matéria sobre uma suposta aquisição, em dinheiro vivo, pela família Bolsonaro, de 51 imóveis. Salvo melhor juízo, este é o segundo momento em que o ministro vota consoante suas convicções critã e jurídica, eximindo-se de suas ligações políticas com o presidente que o indicou ao cargo. André Mendonça, aliás, orienta-se por uma bússola correta, ou seja, tomou a decisão com base republicana e jurídica, como, aliás, sempre se espera de um membro daquela Corte.
A decisão, como a anterior, certamente não irá agradar aos bolsonaristas, que já possuem sérias indisposições com a Suprema Corte. Numa outra decisão tomada, o ministro usou suas redes sociais para justiticar o seu voto, quando seria desnecessário. Hoje, pela manhã, li um artigo onde o autor sugere que os analistas políticos talvez estejam vendo chifre em cabeça de cavalo ao supor algum tipo de golpe contra as instituições democráticas.
Apesar de convergir com o raciocínio do autor em inúmeros aspectos, neste ponto específico, sinto que preciso discordar de suas ponderações. É possível até que não haja as condições efetivas ou ideais para a instauração de um golpe tradicional entre nós, mas que as motivações existem por parte de alguns atores políticos não há a menor dúvida quanto a isso. Para ser mais sincero, golpes tradicionais parece que caíram em desuso. Hoje, os golpes são bem mais sutis, facultando, inclusive, a aparência de normalidade das instituições. Tal fato pode ser aferido não apenas pelas manifestações de rua pedindo, explicitamente, intervenções militares das Forças Armadas, mas, sobretudo pelas análises isentas de organismos internacionais que aferem a saúde das democracias pelo mundo, apontando a nossa como a mais ameaçada neste momento.
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