domingo, 18 de setembro de 2022

O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: Paraná Pesquisas dá um nó-górdio nas opções políticas do PSB no Estado.



Havíamos escrito um texto bastante longo tratando deste assunto, mas resolvemos "amputá-lo", numa espécie de autocensura, em razão do ambiente político que se respira no Estado, hoje bastante polúido. Não bastasse o gabinete do ódio, por aqui temos o gabinete das "sacanagens", dado a levantar dossiês e divulgar fake news contra os adversários, críticos ou desafetos. Muito dos textos porduzidos por este editor acabam sendo remetidos a uma pasta específica, aguardando o momento mais oportuno para divulgá-los, assim que a poeira abaixar ou as instituições públicas passarem por algum tipo de assepsia republicana.   

A nova pesquisa publicada no dia de hoje, tratando da corrida ao Palácio do Campo das Princesas, realizada pelo Instituto Paraná Pesquisas, no entanto, nos contingenciou a voltar ao assunto. Em certa medida, ainda permanece o impasse sobre qual o nome ungido pelos eleitores para furar a bolha do pelotão do segundo turno, ou seja, aquele pelotão formado por quatro candidatos que disputam a primazia de disputar a eleição com a candidada Marília Arraes, do Solidariedade, no segundo turno das eleições pernambucanas.  

Hoje, a probabilidade maior é que o ex-prefeito da cidade de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira(PL-PE), apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro, consiga tal proeza, conforme já havíamos antecipado. A Pesquisa do Instituto Paraná Pesquisas confirma essa tese. Para o candidato socialista, Danilo Cabral(PSB-PE) - apoiado oficialmente pelo PT, mas que não vai bem na disputa - a tese é: Tudo, menos Marília. Marília, como é de conhecimento público, ao longo de sua trajetória política, entrou em rota de colisão com parte da nucleação da família Campos. O projeto de desconstruir a imagem de Marília é tão grotesto que até velhos aliados da candidata - quando ela ainda militava no PT - estão sendo utilizados com este propósito.  

A vitória dos demais candidatos representaria uma derrota eleitoral - portanto mais assimilável - enquanto a vitória da neta do Dr. Miguel Arraes provocaria um rearranjo na estrutura de poder familiar no Estado. Seria uma derrota política para os Campos, embora o projeto de poder do grupo continue em curso, com a administração da Prefeitura da Cidade do Recife, por João Campos(PSB-PE) - que irá trabalhar por uma reeleição - e uma inevitável candiatura ao Governo do Estado em eleições futuras. Na outra ponta, o irmão, Pedro Campos(PSB-PE), deverá ser eleito Deputado Federal com uma expressiva votação. 

Dizem até que o ex-governador Eduardo Campos apostava mais nele como herdeiro do espólio político da família. De qualquer maneira, Marília eleita, formaria uma nucleação de poder no mínimo "incômoda", envolvendo uma tribo política de diferentes matizes ideológicas - que vai desde a esquerda mais orgânica até atores políticos próximos demais do bolsonarismo. O nó-górdio - não necessariamente por razões ideológicas, mas práticas - é como os socialistas irão se comportar em relação a um eventual segundo turno sem a presença de Danilo Cabral(PSB-PE). 

Antes de assumir, de uma maneira efetiva, o seu "bolsonarismo", o candidato Anderson Ferreira(PL-PE) tinha um excelente trânsito político com os candidatos de oposição ao Campo das Princesas, inclusive com Marília Arraes. Por outro lado, se não era explícita essa sua organicidade com o bolsonarismo, desde o início da campanha ele sempre deixou claro que o seu objetivo maior era construir uma unidade da oposição com o propósito de apear os socialistas do Palácio do Campo das Princesas. Pelo cenário que está se desenhando a partir da pesquisa do Paraná Pesquisas, os socialistas ficam sem opção política no segundo turno.     

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