Nas nossas expectativas, já poderia antecipar quem seria a vencedora desse baião de duas que disputa as eleições estaduais deste ano. Alguns anos atrás, prevíamos o candidato que venceria as eleições para a Prefeitura da Cidade do Recife, o que suscitou alguns problemas, como uma indisposição - até hoje não de todo superada - com o candidato perdedor. O vencedor fez uma gestão bastante interessante num primeiro momento e, depois, talvez engolido pelo "familismo amoral' acabou enveredando por outras trilhas, tendo, no final, demonstrado uma postura de quase apatia ou desalento pelo processo político no Estado.
Recolheu-se aos aposentos muito cedo - para alguém que entrou na vida pública com o seu fôlego de sete gatos,chegando ao prédio da Prefeitura do Recice logo cedinho, percorrendo a cidade e trabalhando com grande entusiasmo- alimentando grandes expectativas sobre o seu futuro político. Seria o candidato "natural" do PSB ao Governo do Estado, mas surgiram alguns ruídos envolvendo esse projeto. Mas isso já é uma outra questão. Enfim, logo mais teremos um debate que pode ser decisivo para as duas mulheres que disputam as eleições deste ano. Raquel Lyra, a candidata tucana, lidera as pesquisas de intenção de voto, aparecendo como favorita, com escores acima da margem de erro em relação à adversária.
Embora receba apoios espontâneos de partidários bolsonaristas, sempre afirma que o seu lado é o Estado de Pernambuco. Basicamente o mesmo discurso de uma outro tucano, Pedro Cunha Lima, que disputa o segundo turno das eleições paraibanas. No segundo turno, Raquel Lyra ganhou grande capilaridade política, principalmente em razão das alianças e costuras políticas importantes, em regiões estratégicas, como o Sertão e a Região Metropolitana do Recife. Aqui no Recife, ela conta com apoio inestimável de sua vice, Priscila Krause, uma parlamentar de incontáveis serviços prestados à causa pública, ao fiscalizar, com rigor de auditora, as contas do Estado.
É uma "danadinha" que impediu que milhões de reais escoassem pelos ralos da corrupção e fossem parar em mãos indevidas. Se Raquel vencer as eleições, além de perdermos uma excelente parlamentar, ela se tornará vidraça. Vidraça com uma responsabilidade enorme. No dia de ontem, causou um enorme alvoroço no nosso meio político a decisão do Deputado Federal Túlio Gadelha, em apoiar Raquel Lyra, quando a resolução da Rede|PSOL foi no sentido de apoiar o nome de Marília Arraes, do Solidariedade.
Para Túlio, a sua definição se deu depois de assistir ao debate entre as duas candidatas, o que dá a dimensão sobre como esses debates podem contribuir para reorientar os rumos de uma eleição. Ele só não foi chamado de arroz doce pelas redes sociais, mas temos que respeitar a sua decisão.Salvo por este editor, não ouvi ou li nenhuma crítica ao fato de Marília Arraes ter voltado a aliar-se com setores carcomidos das oligarquias familiares, numa acerto que só Deus sabe o que teria sido negociado.
Com propostas concretas, costuradas num plano de governo bem ajustado à nossa realidade, a candidata Raquel Lyra tem se saído melhor durante os debates. Espero não ter que ouvir hoje à noite as velhas narrativas macabras de um jovem trucidado, durante uma rebelião na FUNASE, quando alguns outros que cumpriam medidas sócio-educativas - que nome engraçado para prisão - jogaram bola com a sua cabeça. Marília, equivocademente, insiste em creditar esse circo de horrores à adversária, quando deveria discutir propostas para o Estado, de preferência ancorada nas diretrizes traçadas por um programa de governo, que ela resolveu não elaborar. Salvo melhor juízo, Raquel estava licenciada da FUNASE quando os fatos ocorreram.
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