Crédito da foto: Plabo Porciúncula\AFP |
Eis aqui uma informação que todos os brasileiros e brasileiras gostariam de saber. Para obtê-la seria necessário não apenas conhecer a dinâmica dessa relação nevrálgica entre civis e militares no país, como, igualmente, possuir informações privilegiadas sobre o comportamento de setores militares durante essa crise política e institucional que o país vem enfrentando que, embora arrefecida, ainda tende a perdurar por mais algum tempo. Se, por um lado, hoje, já é possível concluir que as possibilidades de um golpe de Estado estão sensivelmete reduzidas, por outro lado, é perfeitamente razoável supor que tal alternativa esteve entre as possibilidades possíveis, a julgar pelas "notinhas' soltadas por alguns atores.
A fala do vice-presidente Hamilton Mourão, eleito senador pelo Rio Grande do Sul é bastante didática no sentido de se entender porque a possibilidade de uma intervenção militar teria sido abortada. O general Hamilton Mourão, como se sabe, é um desses atores privilegiados, por transitar, com desenvoltura, tanto na caserna quanto nos ambientes do poder civil. Quando começaram a eclodir as mobilizações de rua, ele fez uma fala afirmando que tais protestos estavam fora de lugar ou de tempo. Não era uma condenação às mobilizações dos bolsonaristas, mas uma advertência sobre o fato de elas ocorrerem no momento errado. Hoje ele ainda fez a ressalva de que os bolsonaristas que estão nas ruas não deveriam ser chamados de "golpistas".
O momento certo, segundo Mourão, era antes, quando Lula ainda não era candidato. Vencida essa etapa, Lula candidato eleito, pouco coisa restava a fazer. Em suas declarações recentes, ele é afirmativo no sentido de que, uma vez eleito, Lula deve assumir o governo. Não haveria condições de uma intervenção militar e os seus reflexos para a economia e para a imagem do país no exterior seriam terríveis. As consequências seriam "terríveis", aqui bem sublinhada pelo editor. Em 1964 os militares contaram com o apoio de setores da sociedade civil brasileira e do Governo dos Estados Unidos, preocupados com um eventual avanço das ideias comunistas no seu quintal.
O circuito golpista, então, estava completamente fechado. Desta vez a conta do golpe não fechou, e, possivelmente, o fator externo deve ter pesado bastante. O Governo dos Estados Unidos, foi um dos primeiros a reconhecer a eleição de Lula, ratificando o propósito de que não aceitaria algo fora das quatros linhas do regime democrático. Por via das dúvidas, Lula empreende todos os esforços no sentido de pacificar as Forças Armadas, já antecipando quem seriam os novos comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica. A escolha do ex-presidente do TCU, Múcio Monteiro, para o Ministério da Defesa caiu bem, mas o martelo ainda não foi batido, por alguma reticência do convidado.
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