sábado, 10 de junho de 2023

Editorial: Memória do futuro



Este termo, aparentemente contraditório - uma vez que "memória" sempre faz referência ao passado - foi utilizado como lema do Movimento Feminista na chamada Rebelião Chilena, trazendo, em essência, dois signficados. A ampliação de uma pauta estritamente feminista para uma pauta transversal do Movimento Feminista naquele país latino-americano, assim como construir a proposta de uma agenda política para as próximas décadas, de preferência superando o escopo do neoliberalismo. Três grandes movimentos sociais se destacaram durante aquela rebelião, entre eles o Movimento Feminista, um dos mais ativos. 

De um deles, inclusive, o Movimento Estudantil, surgiu o hoje presidente Gabriel Boric. Assim como ocorre no Brasil, no Chile a corda política está bastanre esticada entre forças conservadores e setores progressistas da sociedade. O filósofo francês, Pierre Dardot, que acompanhou de perto aquelas mobilzações populares, pois estava ministrando aulas em universidades chilenas durante aqueles episódios, hoje, faz algumas ponderações críticas à postura do atual presidente, acusando-o de recuos sistemáticos nesses embates com a direita identificada com o neoliberalismo implantado no país desde a ditadura de Pinochet.  

A premissa do professor é a de que quanto mais se cede para a direita, eles avançam, nunca se dando nunca por satisfeitos, o que compromete os avanços populares desses acordos de concertação ou consensos.  O Brasil enfrenta uma situação bastante semelhante, com o agronegócio moendo a engrenagem contra o Governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ora infringindo derrotas em pautas  importantes no Legislativo, ora fazendo um barulho danado em CPI's sob o seu controle, como é o caso da CPI do MST. A coisa está tão complicada que até partidos ou parlamentares da base aliada, com cargos na máquina,  estão apoiando propostas de impeachment do presidente Lula. Uma relação que já não vinha bem desde a campanha, hoje apenas se complica, produzindo complicadores políticos sobre os quais o Governo precisa ficar bastante atento. Como adverte o professor, a direita nunca está satisfeita. Se o governante recua, eles avançam, como está ocorrendo no Chile.     

Nenhum comentário:

Postar um comentário