quarta-feira, 8 de novembro de 2023

Editorial: Charlatanismo ao vivo pela TV.


Não vamos aqui citar o nome do pastor, tampouco a denominação religiosa neopentecostal à qual ele pertence, por razões óbvias. Mas é impossível deixar de fazer o registro de um caso de charlatanismo religioso, ao vivo, transmitido pela TV. Um cidadão aparece 34 vezes, em diferentes locais, alegando ter recebido alguma benção. Ou seja, trata-se de uma pessoa contratada para esta finalidade, com o propósito de enganar os incautos fiéis dos templos, sobre supostas curas inexistentes. Infelizmente, algo que poderia ser um sinal de alerta para os demais fiéis não serem enganados, acaba não dando em nada, uma vez que eles estão enebriados.  

Alguns anos atrás, uma emissora de televisão divulgou um vídeo onde outro conhecido pastor ensinava aos seus auxiliares como achacar os fiéis para as contribuições. O pastor estava num momento de lazer com os auxiliares e se sentiu à vontade para fazer tais declarações, possivelmente gravadas sem o seu conhecimento. Uma coisa que nos surpresndeu é que eles conseguiram reverter a situação, claramente negativas junto aos fiíes, alegando que o pastor era vítima de uma perseguição atroz, invocando, inclusive, algumas referências bíblicas. Assim, como num passe de mágica, os fiéis passararam a não acreditar no que viram. É curiosa essa nossa conclusão, mas foi exatamente isso o que ocorreu. 

A igreja ligada ao pastor apenas cresceu desde então, tornando-se a maior entre as igrejas neopentecostais do país. Isso explica a luta incessante pelo Livro de Eli, no filme do mesmo nome. Como diz Gary Oldman - numa interpretação excepcional - o poder deste livro é enorme, capaz de manipular multidões. A denúncia talvez proceda se houver o interesse das autoridades públicas no sentido de mover algum tipo de ação contra esses charlatões da fé. 

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