Uma coisa são as bravatas de campanha, outra, bem diferente, é as contingências impostas pela realpolitik. Hoje, por exemplo, os analistas se debruçam sobre o cálculo político que Lula fez para indicar Flávio Dino ao Ministério da Justiça, criando uma série de embaraços com sua base mais ideológica, mas, mesmo assim, optando por indicar nomes do agrado dos atuais membros da Suprema Corte. Como dissemos antes, o ministro havia se tornado um algo no estande de tiro bolsonarista. Seria um fardo político para a gestão até o final do Governo.
Não estamos avaliando aqui o seu trabalho à frente do órgão, uma vez que as motivações bolsonaristas, não necessariamente, estão atreladas a tal avaliação. Existem alguns componentes extras. Eles ainda não assimilaram a derrota nas urnas e o ministro tem um estilo que deixa os bolsonaristas enfurecidos. Ainda recentemente, o capitão voltou a comentar sobre o assunto da eleições passadas. O objetivo mais efetivo é o de criar dificuldades para o Governo Lula. As agruras do Governo daqui para frente tendem a se ampliarem. Se a tropa de choque que está escalada pelo bolsonarismo para disputar as eleições municipais de 2024 conseguirem lograr êxito nas urnas, sobretudo nas grandes capitais do país, as coisas se complicam mais ainda para a gestão.
Sabedor das dificuldades que também irá enfrentar na Argentina, o extravagante Javier Milei vem adaptando o seu discurso e as suas ações à realidade. Ele, que antes havia execrado Lula, agora resolveu convidá-lo oficialmente para a sua posse. Pelas razões já expostas por aqui, não seria nada interessante Lula comparecer a tal evento, onde haveria uma possibilidade concreta de hostilidades. Lula já antecipou, no dia de hoje, que não irá comparecer à cerimônia.
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