Charge publicada no Jornal da Cidade, sem identificação do autor |
Conhecedor das dificuldades eleitorais que enfrenta em diversas praças do país, o PT resolveu adotar uma estratégia que consiste, num primeiro momento, apoiar candidaturas viáveis eleitoralmente de partidos aliados, assumindo a condição de coadjuvante, como ocorre no Rio de Janeiro, em São Paulo e, possivelmente, ocorrerá em Recife. Outra perspectiva dessa mesma estratégia é conseguir alguns troféus em cidades importantes pelo seu simbolismo e estratégicas para o projeto Lula 2026, como é o caso de São Paulo e, a julgar pelo andar da carruagem política, São Bernardo dos Campos, no interior paulista, uma cidade com a qual o morubixaba petista mantém relações afetivas. Até o título de eleitor de Lula é desta cidade. São Bernardo, na realidade, é o berço do partido e ali deve se travar uma luta sangrenta entre petistas e bolsonaristas.
Ali o PT apostará todas as suas fichas na candidatura do Deputado Estadual Luiz Fernando Teixeira, irmão do Ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, um empresário evangélico, um candidato com um perfil que pode atrair um eleitorado menos radical para a legenda. O candidato do atual gestor, o tucano Orlando Morando, que já cumpre dois mandatos, embora ainda não definido, terá o apoio do governador Tarcísio de Freitas, o que significa dizer que a renhida polarização política também vai estar presente por ali, nacionalizando a disputa.
Até recentemente, quando esteve presente nas comemorações do Dia do Trabalho, em São Paulo, Lula cometeu o deslize de pedir votos para o candidato Guilherme Boulos, do PSOL, ato que deve suscitar uma admoestação do TSE. A fala não teria sido combinada com o staff do candidato, que contará com dificuldades enormes pela frente, dada a musculatura dos apoios políticos do adversário, com duas máquinas em mãos, a municipal e a estadual. Ainda é cedo para tirarmos tais conclusões, mas a sua virada recente nas pesquisas de intenção de voto pode representar uma tendência.
Não é só o PT que está de olho em plantar as sementes para colher os frutos em 2026. Os bolsonaristas também não pensam noutra coisa, quem sabe, até, num projeto pilotado pelo próprio ex-presidente Jair Bolsonaro, caso consiga reverter sua inelegibilidade através das instâncias políticas, uma vez que, juridicamente, isso seria bastante improvável. Mas, caso o capitão não entre no jogo como candidato - já que a sua condição de cabo eleitoral já está sendo explorada pelo país afora - os nomes que podem ser acionados incluem o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.
Assim, deixar as bases paulistas bem adubadas para o seu projeto político nacional implicariam em vencer as próximas eleições municipais em cidades estratégicas, inclusive no chamado cinturão vermelho, ou seja, cidades de grandes colégios eleitorais, controladas pelo PT ou por seus aliados. Derrotar o PT em seu berço histórico produziria um simbolismo dos mais significativos para as forças do campo conservador. De acordo com o jornalista Ricardo Chapola, que produziu uma longa matéria na revista Veja tratando dessa batalha por São Bernardo, Lula se empenhará pessoalmente naquelas eleições. É uma questão de honra para o petista recuperar a cidade.
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