quinta-feira, 16 de maio de 2024

Editorial: Cida Ramos fez tudo conforme as regras internas do PT. É o nome que deveria ser escolhido para a disputa.



Há alguns anos atrás, quando produzimos um trabalho acadêmico sobre o Partido dos Trabalhadores, o jornalista que está assumindo a SECOM - Secretaria de Comunicação Social do Governo Federal - Laércio Portela, era então um colunista de política do tradicional Diário de Pernambuco. Láercio fez uma entrevista com este editor, publicada numa página inteira do jornal, o que à época, já era uma cortesia significativa.  Por essa época o PT ainda guardava algumas reservas ao processo de oligarquização\burocratização, embora essa tendência já pudesse ser observado em alguns processos internos de tomada de decisões da legenda.

O fato é que os setores mais orgânicos daquela organização partidária, por aqueles idos, mesmo diante de mudanças que se tornariam inevitáveis, ainda preservavam os valores que caracterizavam o PT como um caso único no escopo do sistema partidário brasileiro. O cientista político italiano Ângelo Panebianco, afirma que essas características iniciais nunca são abandonadas definitivamente. Talvez ele tenha razão. Observar, em algumas praças, como Fortaleza, por exemplo, a realização de uma prévia para a escolha de um candidato é algo dos mais alvissareiro. 

No caso de João Pessoa, o processo seria o mesmo. Apenas a Deputada Cida Ramos cumpriu todo o rito, conforme um militante da legenda declarou recentemente em entrevista, conversando com as bases, construindo em conjunto as diretrizes de um eventual programa de governo, assumindo compromissos com os segmentos sociais de base da agremiação. Cida Ramos é o nome que deveria ser escolhido para representar o partido na disputa. A outra escolha será protética, burocrática, imposta, e já começa perdendo, por não contar com o apoio de amplos setores de base do partido.Na realidade, o PT - leia-se aqui algumas instâncias deliberativas da legenda - ao recuar das prévias se meteu numa tremenda enrascada.  

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