quinta-feira, 11 de julho de 2024

Editorial: Morre Magdalena Arraes, uma grande mulher.

 



Dr. Miguel Arraes era um homem pelo qual papai tinha um grande respeito. Pelos idos da década de 60, quando ele disputou o Governo do Estado, depois de exercer o cargo de prefeito do Recife, a oligarquia familiar dos Lundgren, em Paulista, através de diversos expedientes, pediam explicitamente para que os moradores locais não votassem nele. Era uma época de grande ebulição política na cidade e, contrariando as determinações dos Lundgren, Arraes foi bem votado naquele charco oligárquico. 

O golpe de 1964 chegou antes ao município, talvez dois anos antes, quando ocorreram greves operárias emblemáticas, que representaram grandes avanços para a classe trabalhadora. Arraes no Governo do Estado, Almino Afonso em Brasília, como Ministro do Trabalho do Governo Goulart, permitiram que o ventos políticos favoráveis soprassem em favor dos humildes trabalhadores da Companhia. Arraes não permitiu que a Polícia Militar, aliada à milícia armada dos "Galegos" massacrassem os trabalhadores. 

Logo essas oligarquias, seja no perímetro urbano, seja na zona rural, se associariam aos militares para abortar as conquistas da classe trabalhadora, apoiando o golpe Civil-Militar de 1064. Alguns anos depois, Arraes volta do exílio e, novamente através do voto popular, reassume o Governo do Estado, estabelecendo uma alinhamento político controverso, mas que que nunca deixou de fora as forças do campo popular e progressista. Por essa época fazíamos o nosso mestrado, o que implicou na necessidade em ouvir atores políticos importantes, direta ou indiretamente vinculados àquele período. 

Entre esses diversos depoimentos, sempre as melhores referências a Dona Madalena Arraes, como uma pessoa de personalidade forte e, mais que isso, ativa politicamente. Ela não era apenas a esposa do Dr. Miguel Arraes. Quando o PT foi fundado aqui no Estado, nos idos do ano de 1980, por exemplo, uma de suas preocupações era a de que a agremiação pudesse desintegrar a união das forças do campo popular no estado. Dona Madalena morreu hoje, aos 95 anos de idade. Nossos sentimentos à família. 

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