sexta-feira, 16 de agosto de 2024

Editorial: Os equívocos diplomáticos de Lula em relação à Venezuela.



Há algumas situações na vida para as quais não existem conserto. É como você afirmar algo e, logo em seguida, dizer que não foi bem aquilo que você quis dizer. O estrago já foi feito. O Governo Lula, ou o presidente Lula em particular, perdeu o timing em relação à situação das eleições na Venezuela. O dano não é pequeno quando se avalia, por exemplo, que Lula "salvou" a democracia brasileira da sanha autoritária e anticivilizatória do bolsonairsmo nas eleições presidenciais passadas. Defender eleições livres, limpas, com regras e resultados respeitadas é o mínimo que ele deveria fazer, conforme ele sempre se posicionou em relação às eleições brasileiras. Quem perde, enrola as bandeiras e espera a nova rodada do jogo, onde a saudável alternância do poder dita as cartas.   

A Venezuela se meteu num enrosco político nebuloso, construído através de violações sistemáticas das regras do jogo democrático. Até mesmo antes das eleições o Estado já dizia quem poderia delas participar, sob argumentos duvidosos ou estapafúrdios, sem uma motivação legal consistente, como foi o caso da candidata de oposição Maria Colina Machado que foi, de fato, quem venceu as últimas eleições presidenciais naquele país. Diante da repercussão negativa dos trôpegos posicionamentos sobre o assunto, Lula, no dia de ontem, admitiu que o presidente Nicolás Maduro precisa dar explicações mais convincentes sobre as eleições no país. 

O presidente Lula chegou a propor uma nova eleição no país, algo que desagradou enormemente quem sugere que foi eleito e pretende continuar governando o país, Nicolás Maduro,  assim como os opositores, como é o caso de Edmundo Gonzáles, que já teve o reconhecimento de alguns países como tendo vencido aquelas eleições. Gonzáles, inclusive, irá se proclamar presidente da Venezuela. Como Maduro não negocia a entrega do poder aos opositores, é quase certo que os problemas se agravem naquele país. Infelizmente. 

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