domingo, 15 de setembro de 2024

Editorial: A incrível infelicidade de Lula em relação às mudanças no Ministério dos Direitos Humanos.



Sugere-se que há algo de errado com o Governo Lula 3, mas não vamos nos alongar por aqui na tarefa de examinar o resultado da autópsia. Tomemos como referência, tão somente, as recentes mudanças ocorridas em relação ao Ministério dos Direitos Humanos. O Governo demite um ministro que está sendo bombardeado por acusações e permite que um indiciado permaneça no governo; nomeia para o cargo uma pessoa encrencada, o que vem gerando significativos desgastes, antes mesmo de, rigorosamente, assumir o cargo; existem denúncias antigas de assédios morais praticadas por membro graduado do ministério dos direitos humanos, o que se traduz como uma incongruência absurda; sugere-se que a escolha tenha sido guiada pelos propósitos identitários e não em razão de um perfil técnico, condizente com as exigências da função. 

Quando o indivíduo é nomeado para um cargo de confiança na burocracia estatal passa por uma clivagem - segundo dizem tal pente fino é tarefa da ABIN - para se saber se o sujeito reúne as condições efetivas de assumir o posto. Se o órgão encontrar algo que desaconselhe a indicação, a nomeação não sai. Se a regra se aplica para servidores menos graduados, imaginem se tal exigência não seria seguida para cargos de envergaduras, como o de Ministro de Estado. Para não "melindrar", órgãos como o MEC preferiram não informar ao morubixaba petista sobre os episódios, onde estão envolvidos a bagatela de 177 milhões de reais de recursos públicos repassados, para os quais não houve prestação de contas. 

Durante o obscurantismo que veio no bojo do bolsonarismo abriu-se as porteiras do assédio moral nas repartições públicas brasileiras. Cidadãs e Cidadãos foram achincalhados em sua honra, expostos à execração pública, através de métodos sórdidos, meticulosamente urdidos, sob o beneplácito dos gestores,  que deveriam coibir tais expedientes dentro dos órgãos. Ocorreu uma espécie de institucionalização do assédio moral. A ocorrência dessa prática abjeta dentro de um órgão de direitos humanos dá bem a dimensão de sua generalização e banalização. Algo muito grave. Mais grave ainda é a constatação de que tais práticas não tenham sido definitivamente extirpadas durante a transição entre um governo de conotações fascio e um governo de orientação progressista e republicana.  

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