Todas as eleições são marcadas por alguma característica em particular. As eleição das fake news, por exemplo, que ensaiou um projeto de transformar a política num picadeiro de mentiras com o propósito de desconstruir a imagem dos adversários. Na era da pós-verdade, a mentira se tornou um instrumento político poderoso, de larga utilização por determinados segmentos da extrema direita. As fake news se transformam numa estratégia perene desde então, mantendo-se nas eleições subsequentes, como nesta última. Mas, nas eleições de 2024 ocorreu um fenômeno curioso. A intensa tentativa ou ingerência do crime organizado na eleição de alguns gestores e legisladores públicos.
Já bem lubrificados na máquina pública, participando de licitações, auferindo vantagens de toda a ordem, o crime organizado aproveitou a ocasião para ampliar seus tentáculos, como se verificou, inclusive através dos números. A Polícia Federal registrou o maior derrame de compra de votos das últimas eleições. Nunca o órgão havia apreendido tanto dinheiro com esta finalidade. R$ 51 milhões de reais. No caso do Rio de Janeiro, o que não surpreende, até agentes públicos ligados ao aparato de segurança pública foram detidos em flagrante delito.
O Rio é sempre um exemplo cabal de nosso processo célere de mexicanização, mas o nordeste também deu seus exemplos de como o crime organizado está se esguichando na máquina estatal. Há algum tempo atrás li um texto tratando deste assunto, escrito por um especialista, onde ele informava que o projeto do crime organizado não é tomar o poder. Eles desejam apenas fazer negócios com o Estado e aproveitar as benesses dessa parceria. Não concordamos à época, mas hoje, principalmente a partir de fatos ocorridos nessas eleições, damos a mão à palmatória.
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