quarta-feira, 16 de outubro de 2024

Editorial: A "nacionalização" de João Campos.



João Campos, prefeito do Recife, reeleito ainda no primeiro turno com 78% dos votos válidos, numa das melhores performances eleitorais do país, está literalmente em todas. Esteve em Olinda, dando apoio ao candidato do PT, Vinícius Castello, amanhã estará em Paulista, na Região Metropolitana do Recife, em passeata com o candidato dos socialistas locais, Júnior Matuto. Sua integração, nesta reta final de campanha, em prol de candidatos da chamada frente de esquerda não surpreende, sobretudo quando se tem como horizonte o seu futuro político no estado, o que inclui, entre as possibilidades, uma eventual candidatura ao Governo do Estado nas eleições de 2026. 

O que surpreende mesmo é a sua participação na campanha de Evandro Leitão,  em Fortaleza, que trava uma batalha das mais renhidas com o bolsonarista André Fernandes, do PL. Segundo conseguimos apurar, os caciques socialistas estão, desde já, trabalhando com o projeto de nacionalização do nome do prefeito. Consideramos um projeto prematuro, mas sabe-se lá o que se passa na cabeça dos dirigentes socialistas, sobretudo num momento de debacle e ausência de quadros competitivos no escopo do campo progressista. Os tempos mudaram desde que o seu pai, o ex-governador Eduardo Campos, cumpriu quase dois mandatos antes de se projetar nacionalmente. 

A direita e a extrema direita estão operando em céu de brigadeiro. Se o deputado federal Nikolas Ferreira foi um fenômeno de votos, partido das Alterosas, nesta última eleição municipal surgiu um Nikolas paulista, um jovem de apenas 26 anos, Lucas Pavanato, o vereador mais votado do país, ancorado numa agenda conservadora, alicerçada através das redes sociais, usando e abusando a imagem do ex-presidente Jair Bolsonaro. Se eles vencerem as eleições em Fortaleza e Belo Horizonte, a tropa de choque do conservadorismo de direita está consolidada. João, não se sabe se a partir de orientação do seu staff de marketing político, já cunhou um mote: Com ele, bolsonaristas não se criam! 

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