sexta-feira, 1 de novembro de 2024

Editorial: As repercussões do encontro de Lula com os governadores.



Alguns dos governadores não estiveram presentes à reunião ocorrida no dia de ontem, 31, onde o Planalto organizou uma plenária para tratar de uma PEC acerca do Sistema Único de Segurança Pública, o SUSP. Sempre que questionado sobre os graves problemas de segurança pública, o Governo Lula3 sempre argumenta que o plano existe. O problema reside nos arranjos para a sua implementação, o que envolve a participação dos entes federados, alguns deles reticentes ou pessimistas quanto à sua efetividade no combate ao crime organizado. Alguns governadores sequer compareceram à reunião, argumentando que o plano parte de alguns pressupostos ou princípios equivocados. 

Pelo andar da carruagem política, conforme antecipamos por aqui, será muito difícil construir um consenso entre a União e os entes federados. Apesar das boas intenções do governo, é tudo muito polêmico, a começar pelos esboços de "desobediência" de alguns governadores no tocante à diretriz do uso de câmara nos uniformes dos policiais em operação. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, por exemplo, já enfatizou que seus policiais não usarão as tais câmaras. E, por falar em Ronaldo Caiado, ele fez uma das intervenções mais aplaudidas da reunião. Caiado falou com a responsabilidade de governador de Estado, não como um homem de oposição ao Planalto. Segurança Pública é coisa séria e não permite essas indisposições ideológicas. 

Cada vez que um agente público se pronuncia sobre o avanço do crime organizado sobre o aparelho de Estado, é coisa para tirar o sono de qualquer cidadão. Caiado afirmou, por exemplo, que a região da Amazonas está completamente sob o domínio de facções do crime organizado, com um mix de produtos dos mais variados, atuando em consórcio com organizações internacionais. A operacionalização de um plano de segurança pública nacional, cujas diretrizes emanem de Brasília, segundo observaram alguns governadores presentes à reunião, não pode dá certo. Cada estado tem suas particularidades no tocante a este problema, sendo impensável que se possa estabelecer diretrizes nacionais que surtam os mesmos efeitos para todos os entes federados, dada a realidade de cada um. 

Os governadores têm razão neste sentido. Neste sagunda quadra que resta ao Governo Lula3,  ou pelos próximos dois anos, Lula vai precisar reatar o diálogo com parcela da sociedade brasileira. O diálogo das ruas, precarizado, se considerarmos os resultados das últimas eleições; o diálogo com o mercado, caracterizado por profundas desconfianças sobre as reais intenções de equilibrar as contas públicas; e, em relação à segurança pública, existe pessoas sérias à frente dos órgãos, as diretrizes propostas seguem orientações humanitárias, civilizatórias e republicanos, mas os amplos setores oposicionistas conservadores  já conquistaram mentes e corações da população de que a solução é outra. 

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