sábado, 26 de julho de 2025

Editorial: Se depender do STF, acampamentos não serão tolerados.



O mal precisa ser cortado pela raiz. O país já conhece suficientemente as consequências de ser tolerante com os intolerantes. Até recentemente, talvez numa estratégia suicida, conforme é a opinião de companheiros de farda, um general do Exército admitiu, em depoimento durante audiência no STF, que seria ele o responsável pela plano "Punhal Verde e Amarelo", que tinha, entre seus objetivos, o assassinato de autoridades da República e do STF. Legalmente, não se pode acampar em frente às unidades militares, algo que ocorreu até recentemente em praticamente todo o país. Se tal premissa legal fosse adotada, talvez não chegássemos ao 08 de janeiro. Supõe-se, por consequência, que estivemos diante de uma permeabilidade perigosa. Isso talvez explique o número até expressivo de militares arrolados na tentativa de golpe de Estado. 

O mesmo raciocínio se estabelece em relação ao aparato militar do Distrito Federal, que, desta vez, tomou a iniciativa, em acatamento a uma determinação do Ministro Alexandre de Moraes, de desmobilizar o acampamento imediatamente, sob pena de, em não se cumprindo a determinação, a decretação da prisão dos envolvidos. Medida corretíssima. Pessoas idosas, doentes, insufladas por essas hordas, hoje se encontram encrencadas com a justiça e, em alguns casos, até foragidas do país. No dia de ontem, 25, até esboços de meditações religiosas haviam sido iniciados. Segundo aquele filósofo alemão, basta um gaiato estimular e a loucura coletiva se instaura de vez. Conhecemos bem tal dispositivo.

O país entrou numa espiral complicada. Um turbilhão de problemas de natureza política e econômica. É preciso a adoção de medidas na dose certa e muita calma nesta hora. Políticos migrando para a terra do Tio Sam para trabalharem contra os interesses nacionais, neste último caso, com determinação expressa para não se ausentar do país. Não se chega a uma resolução do impasse sobre as tarifas impostas aos produtos de exportação brasileiros pelos Estados Unidos. Prazos se exaurindo e prejuízos gigantescos no horizonte.  

Editorial: Geraldo Alckmin, o conversador da República.



É preciso fazer justiça ao vice-presidente Geraldo Alckmin. No bojo da crise que se instaurou, em razão das tarifas impostas pelos Estados Unidos aos produtos de exportação brasileiros, o vice-presidente, Geraldo Alckmin, tem tentado ser um interlocutor confiável nas negociações para se chegar a bom termo em torno deste assunto. Segundo o próprio presidente Lula, que já o trata como o conversador da República, não se pode deixar de reconhecer o esforço do vice-presidente no sentido de se chegar a uma saída para o impasse. Na condição de vice-presidente e na condição de Ministro da Indústria e Comércio ele cumpriu bem o seu papel. A Casa Branca, no entanto, ignorou solenemente as suas tentativas de diálogo. 

Hoje, dia 26, matéria do jornal Folha de São Paulo observa que a Casa Branca considera que o Governo Lula não apresentou medidas concretas para uma equação do problema. Os acenos do Governo Brasileiro, portanto, foram insuficientes para construir algum consenso em torno do assunto. Uma grande interrogação precisa ser respondida: o que, afinal, o Governo dos Estados Unidos deseja do Governo Brasileiro? Esta é a grande questão. O que eles desejam nós não podemos dá. O que se sugere, se considerarmos o raciocínio de integrantes da família Bolsonaro, o que estaria em jogo seria uma anistia ao ex-presidente e sua credencial para disputar o próximo pleito presidencial. 

Lula até sugeriu que o presidente Donald Trump pode não está bem-informado sobre o que se passa no Brasil. O pior é que ele está. Quando uma crise parecida surgiu em relação ao México, a presidente Cláudia Sheinbaum, tomou medidas imediatas de enviar milhares de militares para a fronteira daquele país, no sentido de minimizar os problemas relativos à migração ilegal e o tráfico de drogas. O presidente Donald Trump aquiesceu e retomou as negociações. Ou seja, tem ser o que eles querem. Sabe-se nos bastidores desta crise que emissários americanos teriam se referido às reservas de minerais preciosos do país, assim como sobre acenos às empresas brasileiras para se instalarem naquele país, sob condições irrecusáveis. 

sexta-feira, 25 de julho de 2025

Editorial: Quem não se comunica, se Trumpica.



No dia de ontem, 24, em discurso em Minas Gerais, o presidente Lula afirmou que o presidente dos Estados Unidos, não deseja negociar com o governo brasileiro acerca das atuais tarifas impostas aos produtos de exportação brasileiros para aquele país. Os prazos estão se exaurindo, enquanto os problemas se avolumam. Conforme adverte o jornalista Josias de Souza, do Portal UOL, reafirmando uma premissa que tem se tornando recorrente nesta discussão, a imposição dessas tarifas absurdas trata-se de uma questão para ser resolvida na mesa de negociações e não no palanque. Não seria um momento propenso às bravatas e enfrentamentos. É baixar a bola e negociar, uma vez que as consequências podem ser desastrosas para a nossa economia. Até as eleições de outubro temos um longo percurso pela frente. Se as coisas continuarem neste diapasão, talvez não cheguemos até lá. 

Hoje tivemos um suposto aceno do presidente da China no sentido de que aquele país estaria disposto a comprar os produtos de exportação que os brasileiros vendem aos americanos, mas sabe-se que as coisas não são tão simples assim. Ademais, para sermos sinceros, convém ainda confirmar essa informação procede ou se trata de mais uma daquelas fake newsDois bicudos não se beijam, como ensinavam os nossos sábios avós. Se Trump se mantém em silêncio, apenas aguardando o desenrolar do prazo que foi dado, Lula, segundo matéria publicada no dia de hoje, 25, na Coluna do jornalista Cláudio Humberto, não parece tão preocupado como deveria, segundo fontes do Itamarati. 

E, por falar em negociações ou sobre as coisas estão tão confusas neste sentido, segundo formos informados no dia de ontem, um grupo de senadores estão indo até os Estados Unidos, sem uma diretriz do Governo do Brasil, sem interlocuções na terra do Tio Sam, com o propósito de contornar a crise entre os dois países. Um desses senadores, vítima de medidas restritivas impostas pelo STF, não poderia viajar para os Estados Unidos, uma vez que o seu passaporte encontra-se apreendido. É bronca. 

Editorial: Bolsonaristas fecham com a candidatura de Efraim Filho ao Governo do Estado da Paraíba.

Crédito da Foto: Click PB


Não seria bem uma chapa Quero-Quero, mas os bolsonaristas conseguiram emplacar o nome do ex-Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, na chapa do senador Efraim de Moraes, que concorrerá ao Governo do Estado da Paraíba, em 2026. Queiroga deve concorrer ao Senado Federal, que, na realidade, é a grande trincheira de luta política dos bolsonaristas para aquelas eleições. Efraim, filiado ao União Brasil, com a decisão de receber o apoio do PL, praticamente fecha as portas para as articulações em  torno de uma chapa com o senador Veneziano Vital do Rego(MDB-PB), assim como com o deputado federal Pedro Cunha Lima, hoje filiado ao PSD, ambos da base governista. Alguns políticos do campo progressista, a exemplo de Cida Ramos, do PT, falam em traição, mas não há muito o que se discutir por aqui. 

Primeiro porque Efraim é de uma família política que sempre se posicionou do centro para a direita no espectro político do estado. Depois, porque o PP e o União Brasil compuserem recentemente uma federação que parte de um princípio  antilulista para as eleições de 2026. Talvez possamos ter no estado duas candidaturas governistas, uma vez que o atual prefeito da capital, Cícero Lucena, ainda filiado ao PP, tem sido sondado como representante da aliança governista ao Palácio Redenção. Vejam como são complicados esses arranjos estaduais, principalmente quando cotejados com o que ocorre no plano federal. Cícero Lucena integra a mesma federação de Efraim de Moraes, a União Progressista. O PP integra a base de sustentação do Governo João Azevedo, do PSB. 

Na ausência do marido, que se encontra cumprindo as medidas cautelares impostas pelo STF, coube a Michelle Bolsonaro selar a aliança do PL com o União Brasil no estado. Em tais circunstâncias, Michelle deverá cumprir as agendas políticas do marido daqui para frente. No dia de ontem, repercutiu bastante o depoimento de um general envolvido na trama golpista, onde ele admitiu que teria sido o responsável pelo plano "punhal verde e amarelo", que teria como objetivo a eliminação física de autoridades da república e do Poder Judiciário. Segundo analistas, isso complica ainda mais a situação dos envolvidos na trama do golpe de Estado. 


quinta-feira, 24 de julho de 2025

Editorial: Os critérios de João Azevedo.



Não se constitui nenhum exagero afirmar que a carreira política do atual governador da Paraíba, João Azevedo, pode, em parte, ser creditada ao ex-governador Ricardo Coutinho, que o tornou um super secretário do seu governo, habilitando-o a disputar uma eleição para o Governo do Estado com chances reais de êxito. A indisposição entre ambos ocorreria logo em seguida, tendo João Azevedo(PSB-PB) seguido carreira solo, se reelegendo governador e tornando-se um dos políticos mais influentes do estado. As eleições de 2026 para o Palácio Redenção passa, necessariamente, pelo menos no que concerne aos arranjos do campo governista, por suas diretrizes. 

Ele já afirmou que teria alguns critérios a serem preenchidos pelo ungido que deverá disputar o Governo do Estado com o apoio do seu grupo político. Há um grande mistério em torno desses critérios, algo muito provavelmente discutido à boca miúda, entre o conjunto de forças que o apoia. De público mesmo um dos critérios é o sujeito se comprometer em montar o palanque de Lula no estado. Uma espécie de pré-requisito. Por enquanto, a única candidatura já definida é a dele mesmo, que deverá concorrer ao Senado Federal pelo PSB, sendo um dos nomes favoritos na corrida pela Casa Alta no estado, tornando-se um dos soldados da base governista lulista caso Lula dispute o pleito e seja reeleito. 

Por enquanto, o quadro continua indefinido, tanto no campo da situação, quanto na oposição, conforme expusemos no dia de ontem. Especula-se até mesmo sobre uma eventual candidatura do atual Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, que tem base eleitoral no estado, mais precisamente na cidade de Patos, onde o seu pai é o prefeito da cidade. Muito pouco provável que o jovem parlamentar habilite-se ao Palácio da Redenção neste momento. 

Charge! Dálcio Machado via Facebook.

 

Está imagem é emblemática. Conforme observa o cartunista Dálcio Machado, em seu perfil do Facebook, este garoto sequer deve conhecer o Menino Maluquinho, do saudoso Ziraldo. O flagrante foi obtido num campo de refugiados palestinos que aguardavam um prato de comida, pelo fotógrafo Abdel Kareem Hana. 

Editorial: João Campos consolida aliança com Lula.

Crédito da Foto: Jornal O Poder. 

Depois das tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos aos produtos de exportação brasileiros, um assunto que tem chamado a atenção da crônica politica pernambucana foi o encontro mantido entre socialistas, entre eles o prefeito João Campos, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Depois do encontro, o prefeito externou seu compromisso em consolidar a sua aliança com o Planalto para os próximos embates eleitorais, inclusive as eleições de 2026. Lula já não esconde de ninguém que será candidato à reeleição, onde, se eleito, poderá exercer o seu quarto mandato como Presidente da República. Atravessando um período de popularidade ruim, Lula até considerava a possibilidade de não disputar um novo pleito, mas, diante dos novos fatos, embalado pela recuperação desses índices e liderando a resistência em defesa da soberania nacional, Lula já tem o mote para ir as ruas pedir os votos dos eleitores no próximo ano. 

Ontem comentávamos por aqui como andam as articulações em torno da disputa pelo Palácio Redenção, na Paraíba, em 2026. Um quadro de muitas indefinições. Aqui em Pernambuco, embora já definidos os principais concorrentes ao Palácio do Campo das Princesas, o ajuste interno das alianças dessas duas chapas - uma encabeçada pela atual governadora Raquel Lyra(PSD-PE) e a outra possivelmente pelo prefeito João Campos(PSB-PE) - ainda apresenta grandes dificuldades de acomodação. A consolidação da aliança entre João e Lula não significa dizer, necessariamente, que o presidente deixe de ter dois palanques no estado, principalmente em razão do trânsito político da governadora com o Palácio do Planalto. 

Curioso que o prefeito João Campos, oficialmente, tinha em sua agenda com o presidente Lula a discussão sobre os problemas das agrovilas de Petrolândia, no Sertão pernambucano, que apresenta graves problemas de abastecimento de d'água e infraestrutura de escoamento da produção local, em razão das precárias condições das estradas. Isso nos fez recordar de uma experiência vivida por este editor, na cidade de Alcântara, no Maranhão, onde foram construídas essas agrovilas para abrigar os quilombolas afastados de suas terras negras para abrigar a construção da Base de Lançamento de Foguetes de Alcântara. Os quilombolas locais passaram a só recolher os cocos de babaçu em horários determinados, somente depois da autorização dos militares. Outro problema se dava em relação ao pescado, que, recolhido muito distante dos locais de armazenamento, sem as condições adequadas, já chegavam às agrovilas prestes a estragarem.  No romance Nas Marés de Malunguinho, embora o enredo se passe em Pernambuco, relatamos como foi essa nossa experiência com os quilombolas daquela ilha maranhense. 

quarta-feira, 23 de julho de 2025

Editorial: "Ninguém é candidato a vice".


As discussões em torno das disputas majoritárias para as eleições de 2026, na Paraíba, já podem constar da agenda dos humoristas ou do folclore político. Primeiro é preciso enaltecer um ente federado onde o debate político é uma constante, mesmo distante dos períodos eleitorais. Para as eleições de 2026, no entanto, o quadro sugere que esteja bastante embolado, seja no que concerne aos arranjos governistas, seja no que concerne aos arranjos da oposição. Já surgiu alguém afirmando que chega ao Palácio Redenção até mesmo montado num boi, enquanto do outro lado, de forma irônica, um dos prováveis pré-candidato advertiu-o de que cavalo derruba boi. Ontem, 22, foi a vez do jovem e promissor herdeiro da família Cunha Lima, Pedro Cunha Lima, hoje filiado ao PSD, afirmar, durante uma entrevista a um podcast local, respondendo a um aceno do senador Efraim de Moares, que ninguém é candidato a vice. 

Conforme afirmamos na introdução, há muita fervera exigindo decantação tanto de um lado quanto do outro. Do lado governista, certo mesmo apenas a candidatura do atual governador, João Azevedo, ao Senado Federal, em 2026. A formação da chapa governista poderá ter o atual prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, como protagonista, mas os acertos de bastidores não avançam. Cícero é filiado ao PP e o PP, possivelmente, não acompanha Lula em 2026. O andar da carruagem indica que o prefeito será candidato com ou sem o apoio da base governista. Inclusive o PP participa do Governo João Azevedo, embora estejamos tratando aqui de um arranjo local, desses que não convergem com as alianças no plano federal. O senador Efraim de Moraes é um dos nomes mais cotados para viabilizar uma das candidaturas oposicionistas, embora Pedro também se habilite à candidatura. 

A deputada Cida Ramos, que assumiu recentemente a direção do PT no estado, já antecipou que o partido deve acompanhar um candidato que apoie o projeto de reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva. Por outro lado, na condição de militante orgânica da agremiação, da base, como se diz, Cida Ramos considera que o partido já tem maioridade para encampar um projeto de uma candidatura própria no estado.  

Editorial: Paul Krugman: "O Brasil inventou o futuro do dinheiro".

 


Os assuntos mais palpitantes hoje no país podem nos conduzir a verdadeiras armadilha no que concerne a um posicionamento político mais correto, mais lúcido, de caráter republicano. Há críticas em relação às medidas tomadas pelo STF em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro, inclusive proferidas por ex-integrante da Suprema Corte, o ex-Ministro Marco Aurélio Mello, de notório saber jurídico; Jair Bolsonaro teria transgredido as medidas cautelares impostas?; É o Itamarati, é Lula, é Alckmin, seriam os governadores? quem irá provocar, afinal, um reposicionamento do Governo americano em relação à estipulação das tarifas absurdas aplicadas aos produtos de exportação brasileiros para aquele país? Em meio e este turbilhão, briga de gente grande, torna-se mais prudente ficarmos com o nosso PIX. 

Somos até suspeitos para falarmos do economista Paul Krugman, pois acompanhamos os seus trabalhos, assim como debatemos os seus artigos, antes mesmo de ele ter recebido o prêmio Nobel de Literatura, em 2008. Liberdade de expressão é algo que deve ser bastante preservado. Paul Krugman representa hoje o que Noam Chomsky representou no passado, ou seja, uma espécie de dissidente do mainstream americano. Numa matéria publicada no dia de hoje, 23, nas páginas do Jornal do Commércio, assinada pelo jornalista Túlio Feitosa, o economista enfatiza, nesta discussão sobre o PIX, que o Brasil inventou o futuro do dinheiro. É talvez o lado positivo do famoso jeitinho brasileiro fazendo uma grande diferença. 

Krugman aproveita para analisar as investidas do Governo Trump contra o nosso sistema de pagamento, que segundo ele, tem uma origem clara: a total incapacidade de o sistema bancário privado e dos núcleos conservadores americanos em aceitarem que um sistema de pagamento oficial seja superior aos demais sistemas adotados pelo mercado. Não temos por aqui bola de cristal, tampouco pretendemos nos tornar arautos do pior, mas, pelo andar da carruagem política, esta contenda entre o Governo Lula e o Governo Trump, talvez muito em razão do aspecto ideológico envolvido, tende a se arrastar, produzindo grandes danos aos produtores brasileiros. Não sem motivo, já existe uma movimentação dos próprios governadores no sentido de tomarem a iniciativa de retomar as negociações com os Estados Unidos.  

terça-feira, 22 de julho de 2025

Editorial: Bolsonaro fora do páreo em 2026?


Hoje aguarda-se de Bolsonaro apenas a resiliência suficiente para enfrentar os reveses que recaem sobre ele, assim como a autorização para as negociações em torno do nome que poderá representar os interesses do grupo em 2026. Os acenos do Governo Norte-Americano reacenderam as suas expectativas em torno de uma nova candidatura, mas percebe-se, nitidamente, que ele encontra-se mais próximo de uma condenação do que tentar, mais uma vez, ocupar a cadeira de Presidente da República Federativa do Brasil. A situação, que já estava complicada, apenas deteriorou-se de vez com as medidas adotadas pelo presidente Donald Trump em favor do amigo brasileiro.

Na hora do vamos ver, pesou mais o bolso do que as paixões dos nichos eleitorais que mantém, historicamente, alguma identificação com o bolsonarismo. São milhares de toneladas de frutas e pescado que estão se estragando nos portos brasileiros em razão do tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump. A trincheira bolsonarista do agronegócio foi durante atingida, assim como a sua base parlamentar de apoio, uma vez que o capitão sequer pode aparecer, conceder entrevista e a lei se aplica, salvo melhor juízo, até para aqueles que se propuserem a disseminar suas informações pelas redes sociais. Trata-se de uma restrição duríssima, supostamente já violada, razão pela qual o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, já pediu explicações a sua defesa, que tem mais algumas horas para se pronunciar.

Preocupa-nos, neste momento, os movimentos internos e externos que estão agindo diretamente sobre o Governo Lula 3, contingenciando-a assumir determinadas posições. Do ponto de vista político e comercial, o Brasil sempre manteve as melhores relações com os Estados Unidos, algo que tende a deteriorar-se mantido o atual cabo de guerra. O discurso pronunciado por Lula, no dia de ontem, durante o encontro com outros presidentes do continente e do primiê da Espanha, Pedro Sánchez, resta saber quem o escreveu, mas exala o odor dos tempos da Guerra de Fria.

Editorial: Resposta brasileira ao tarifaço de Trump só em agosto.

 


O Brasil está aberto às negociações. O Governo Lula já enviou uma carta ao Governo dos Estados Unidos, tratando dessa questão do tarifaço absurdo imposto aos produtos brasileiros de exportação àquele país. Não houve resposta até este momento, indicando que os EUA desejam apenas aplicar sanções ao país, segundo dizem, insatisfeito com a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro, que cumpre, neste momento, medidas cautelares,  na iminência de ser condenado por tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito. Está muito difícil conduzir alguma negociação nesses termos. Enquanto a diplomacia não funciona, os produtos de exportação do país se deterioram nos portos, aguardando o embarque. Somente de frutas são 74 mil toneladas, isso sem falar nos pescados, carnes, entre outros. 

Sem resposta do Governo dos Estados Unidos aos acenos brasileiros, o presidente Lula já afirmou que aguarda até o dia primeiro de agosto para a adoção de novas medidas. Não resta outra alternativa ao Brasil que não a de aguardar como se comporta o presidente Donald Trump. O caminho, conforme já afirmamos no dia de ontem, é o da negociação. A questão é que, neste caso, o Governo do Presidente Donald Trump sugere-se que não está aberto ao diálogo. Apenas se, e somente se,  certas imposições sejam aceitas pelo Governo Lula 3. Infelizmente, o mais provável é que novas sanções sejam anunciadas pelo presidente Donald Trump. Além das questões internas, agora existe uma preocupação já demonstrada pelos EUA em relação às negociações comerciais do Brasil com a Rússia. 

No dia de ontem, 21, algo que já se tornou rotina no país, uma nova operação da PF no estado da Paraíba, desta vez envolvendo uma fraude milionária com os recurso de mais um desses programas sociais do Governo Lula, o Farmácia Popular, onde, através de convênios com uma rede de drogarias, o Governo libera remédios gratuitos para a população de baixa renda. A Polícia Federal estima a fraude em mais de R$ 40 milhões de reais. O espantoso aqui é que, nos últimos meses, estouram vários escândalos de corrupção no país sempre utilizando-se do mesmo modus operandi . CPF falsos, endereços inexistentes. A PF, em mais um brilhante trabalho - mesmo que talvez insuficiente diante do seu pouco efetivo - constatou que algumas dessas farmácias "funcionavam" até em terrenos baldios.  

Editorial: Vamos negociar, Brasil!


Possivelmente, o prestígio da diplomacia brasileira não é mais o mesmo no cenário mundial. Trata-se de um dos espaços públicos que também foi muito aparelhado durante o governo de Jair Bolsonaro, quando a indicação para ocupar os cargos mais relevantes do órgão passava apenas pela clivagem da afinidade política, sem considerar os critérios técnicos do indicado, algo impensável noutros tempos. Até bem pouco tempo tivemos acesso aos embates ocorridos no Itamaraty, sobretudo entre os pernambucanos Oliveira Lima e Joaquim Nabuco. Eles não se entendiam e, como consequência, quando faleceu, Oliveira Lima doou a sua espetacular biblioteca ao Governo americano. Quem acabou perdendo foi o Brasil. É mais um daqueles órgãos que, por algum motivo, talvez pela ausência das condições políticas efetivas, o Governo Lula 3 não reuniu as condições ideais de republicanizar. Vejam o nível dos integrantes do órgão naquele momento. Oliveira Lima foi um dos principais orientadores informais da carreira do sociólogo Gilberto Freyre. Joaquim Nabuco, então, dispensa maiores apresentações. Em meio à birra com  Oliveira Lima, Osvaldo Aranha, outro ilustre da Semana de 22, era o interlocutor mais confiável a Joaquim Nabuco no órgão. Time de primeira.  

O Instituto Rio Branco é reconhecido como a maior escola de formação de diplomatas do mundo, um legado deixado pelo Barão do Rio Branco. Uma diplomacia que sempre foi muito respeitada no mundo encontra-se hoje, infelizmente, com dificuldades de sentar à mesa com a diplomacia americana. Sugere-se que, mais uma vez, as questiúnculas políticas estão se sobrepondo ao papel primordial de um aparato diplomático. O papel é eminentemente político, irão leitores nos corrigir, mas estamos tratando aqui de política com "P" maiúsculo.  A situação que o país está enfrentando é altamente delicada. Ontem ficamos sabendo que 75 mil toneladas de frutas estão retidas nos portos brasileiros aguardando embarque para os Estados Unidos. Podem  estragar, caso não haja uma solução para o impasse. 

E isso é apenas uma parte dos problemas, poque já se fala em novas medidas, como a questão do bloqueio do GPS, quando se sabe que o brasil não tem autonomia nesta tecnologia e isso representaria um verdadeiro caos para as comunicações no país, a começar pelas transações bancárias com PIX, o transporte de passageiros pelo Uber, as entregas do Ifood, o agronegócio, as transmissões energéticas, os voos das companhias aéreas, as operações militares, entre outros. Enquanto países como a Rússia, a China possuem autonomia em relação a esta tecnologia, o Brasil depende essencialmente desta empresa americana. Vamos deixar as bravatas de lado e negociar.  

Editorial: A reação da oposição às medidas cautelares tomadas contra Jair Bolsonaro.



Cumpre aqui registrar, de imediato, conforme notícia veiculada no jornal Folha de São Paulo, um eventual recrudescimento das medidas adotadas pelos Estados Unidos contra o Brasil, o que incluiria a ampliação das taxas atuais, ou seja, de 50% para 100%. No país, parlamentares da oposição já fizeram vários pronunciamentos e concederam entrevistas a esse respeito; tentaram em vão interromper o recesso parlamentar e estão organizando manifestações de protestos em razão das medidas cautelares impostas ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O ambiente institucional está se tornando insustentável. Em situações assim, convém precaver-se contra a onda de fake news, um expediente bastante utilizado por esses grupos de extrema direita. Já se fala, por exemplo, numa eventual greve de caminhoneiros em apoio ao ex-presidente. Esperamos que isso não passe de uma fake news

Uma pesquisa do Instituto Quaest\Genial apontou que 59% dos brasileiros apoiaram as medidas adotadas contra o ex-presidente, enquanto 41% desaprovaram. Os simpatizantes de Lula apoiam e os partidários do ex-presidente desaprovam. É mais ou menos isso o que vem ocorrendo, o que se pode traduzir como um grandiosíssimo problema, numa espécie de cabo de guerra que não pode dá bons resultados. Estamos caminhando para aquela situação que o sociólogo jamaicano\britânico Stuart Hall advertia: um sistema muito polarizado só se define quando um dos polos destrói o outro. O Judiciário brasileiro simplesmente não pode admitir qualquer que seja a ingerência, muito menos estrangeira, à condução dos seus trabalhos. 

O presidente Lula viajou para o Chile onde se reúne com outros presidentes de países do continente para discutir assuntos relacionados à defesa da democracia. Em princípio, não haveria nada agendado entre ele e o presidente norte-americano, Donald Trump. Diante do recrudescimento da crise entre os dois países, sabe-se lá se Trump abrirá sua agenda para receber o presidente brasileiro. É espantoso observar como existem órgãos de imprensa insuflando essas discórdias, quase que torcendo que os Estados Unidos adotem medidas ainda mais radicais contra o país, como se todos nós não viéssemos a arcar com tais consequências. Isso é uma irresponsabilidade. 

Editorial: Mais sanções dos Estados Unidos contra o Brasil.



O jornal Folha de São Paulo traz uma informação bastante preocupante para os brasileiros. Há rumores de que interlocutores do Governo dos Estados Unidos teriam informado aos partidários do ex-presidente Jair Bolsonaro que estão sendo preparadas mais medidas contra o Governo do Brasil. Embora o presidente Lula tenha considerado uma afronta as medidas tomadas contra membros de nossa Suprema Corte, o andar da carruagem política, por enquanto, sugere o caminho da negociação política, por vias diplomáticas. O próprio vice-presidente Geraldo Alckmin, cujo cacife tem crescido neste momento de crise, tem reiterado que as medidas cautelares tomadas contra o ex-presidente Jair Bolsonaro não impedirá que se chegue a um acordo com o governo americano. 

Desde o início que essas medidas adotadas pelo governo americano contra o governo brasileiro são descabidas e insanas, capaz de produzir um dano irreparável para a nossa economia, o que contribui para unir o país em defesa de uma só narrativa: isso precisa ser revertido, sob pena de um desastre iminente. A julgar pela matéria do jornal, Donald Trump promete dobrar a aposta literalmente. Fala-se na estipulação de uma taxa de 100% para os produtos de exportação brasileiros, além medidas que poderão ser tomadas pela OTAN, entre outras. O descalabro parece irreversível. As mesas de negociações cumprem um papel decisivo nesses momentos, mas convém sempre ponderar sobre o comportamento dos indivíduos, principalmente quando eles ocupam um papel estratégico. 

Não consideramos que estamos neste estágio, mas durante a crise dos mísseis russos instalados na ilha cubana, em 1962, colocou frente à frente dois estadistas consequentes: John Kennedy e Nikita Kruschev. Eles construíram um acordo onde se previa o respeito às zonas de influência geopolíticas dessas superpotências. Pouco tempo depois, o Governo de Cuba recebeu a presença de um representante do alto escalão da diplomacia soviética, com um recado duro ao presidente Fidel Castro. A partir daquele momento os soviéticos estariam fora de que qualquer projeto de expansão da revolução cubana pelo continente americano. Alguns historiadores até apontam este fato como determinante sobre o fracasso da aventura Guevarista na Bolívia. Mas, a lição que se aprende disso é que o jovem impetuoso Fidel Castro teria esmurrado a mesa diversas vezes, defendendo a tese que que os soviéticos não deveriam ter aceito a proposta de retirar os mísseis instalados no território cubano. Isso seria uma catástrofe e talvez não estivéssemos aqui produzindo esses editoriais. Tampouco os leitores que possam nos honrar com a leitura. 

Editorial: Pen-drive: As provas de um crime?



Há alguns anos, um cidadão saiu à noite, numa fria Curitiba, para tomar um sorvete. Foi assaltado e teve a mão decepada por um facão. Até recentemente, aqui no litoral sul de Pernambuco, logo após da morte do pai, sem o devido respeito ao luto, a filha procurou uma agência bancária para saber o montante que ele havia deixado na conta. A Polícia Federal concluiu recentemente que, possivelmente alguém andou utilizando o telefone celular de um dos principais implicados no assassinato da vereadora Marielle Franco, depois que o sujeito havia sido morto, o que sugere-se que possa haver aqui alguma manipulação ou plantação de provas falsas, pois haveria a inserção de contatos novos além de conversas comprometedoras. Nada que isente a responsabilidade ou o papel exercido pelo ex-bombeiro nesta trama sórdida, que contou com a participação de agentes públicos. Há uma robustês de provas comprometedoras sobre a participação de Maxwell Simões Correia, o "Suel" no crime contra a vereadora. O que aventa-se aqui é a manipulação do seu telefone celular por alguém interessado em comprometer as investigações encetadas pela PF, eximindo-se de responsabilidade sobre o ocorrido. Maxwell não foi mandante nem executor dos disparos que mataram a vereadora, mas esteve envolvido na ocultação das provas do crime.  

Nos dois primeiros casos, a Polícia desconfiou da narrativa das supostas vítimas. O primeiro tratou-se de um golpe do seguro e, no segundo caso, a filha confessou a morte do pai para ficar com a herança deixada por ele. Com as encrencas que já pesam contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, sinceramente, não sabemos o que pode ter neste pen-drive que possa vir a comprometer ainda mais Jair Bolsonaro. Essa é uma dúvida hoje de muitos brasileiros, a começar pelo local onde havia sido escondido o pen-drive. Criou-se uma expectativa enorme em torno do assunto. A Polícia Federal já teria periciado o equipamento, mas mantém sigilo sobre o seu conteúdo, por razões óbvias.

Não era esse o objetivo, mas, nesses casos, os fatos estão sendo direcionados a enredos de novelas mexicanas ou aos contos de Dalton Trevisan, o vampiro de Curitiba, que passou a viver recluso em sua residência. Soubemos recentemente que a residência onde morava o escritor poderá ser transformada num centro cultural. Vamos aguardar as investigações e, possivelmente, até para evitar as especulações em torno do assunto, o teor do pen-drive será divulgado. Voltamos a insistir, no entanto, que, possivelmente, não haverá nada do que já não se saiba por ali. É exatamente isso o que tem intrigado muito gente, inclusive este editor. 

Editorial: Fica mantido o recesso parlamentar.


A oposição está pleiteando junto aos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal a interrupção do recesso parlamentar para uma avaliação das recentes medidas cautelares adotadas contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Se depender do Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, e do Presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre, o recesso parlamentar não será interrompido. Diante do agravamento da crise entre o Poder Judiciário e o Poder Legislativo, algumas escaramuças já estão sendo sinalizadas, possivelmente como medidas retaliativas contra o Executivo, como o retrocesso na Legislação Ambiental, algo que deverá contingenciar o Governo Lula 3 a impor mais um veto. 

Muito difícil gerir uma máquina pública onde não se constrói nenhum consenso sobre algumas temas nevrálgicos, como este. Na segurança pública, então, é como se propuséssemos um diálogo entre Nayib Bukele e Mahatma Gandhi. Com as medidas tomadas recentemente pelo STF contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, sugere-se que este diálogo esteja cada vez mais distante. Antes dessas medidas, os governadores de oposição haviam reavaliados seus posicionamentos em relação ao tarifaço imposto pelo Governo dos Estados Unidos ao Brasil. A medida cria dificuldades para todos os entes federados. 

No que concerne à política paroquial, torna-se mais simples este posicionamento. Salvo melhor juízo, governadores como Jorginho Melo, de Santa Catarina, Romeu Zema, de Minas Gerais, Tarcísio de Freitas, de São Paulo, já se pronunciaram contra as medidas cautelares adotadas contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Hoje, 19, já temos a informação de que o tal pen drive encontrado no banheiro da casa do ex-presidente já teria sido periciado pela Polícia Federal, embora o seu teor seja mantido em sigilo, por razões óbvias. É curioso como este pen drive vem chamando a atenção do público e da imprensa. 

sexta-feira, 18 de julho de 2025

Editorial:STF adota medidas cautelares contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.


Até recentemente, durante uma entrevista concedida a CNN, o ex-presidente perdeu a calma e a entrevista precisou ser interrompida. Entende-se este momento de instabilidade emocional do ex-presidente, diante do avanço do julgamento da ação 2668 no STF, que trata de uma tentativa de golpe de Estado no país. É dada como certa uma eventual condenação dos envolvidos, entre eles o ex-presidente. Bolsonaro já chegou a afirmar que a prisão para ele seria o fim, em razão da idade, dos problemas de saúde e outros fatores, como a suposta pena que está sendo aventada, superior aos 40 anos. Em circunstâncias assim, tão adversas, não é incomum a tomada de decisões precipitadas, inconsequentes, irracionais,  conduzidas pela emoção, como sugere-se que tenha ocorrido, quando o Governo dos Estados Unidos teria sido acionado para tomar medidas que pudessem constranger economicamente o Governo Brasileiro, com seus reflexos sobre o Judiciário, o que se configuraria uma afronta à soberania nacional. As medidas tomadas pelo presidente Donald Trump seriam no sentido de reverter o andamento do processo contra o ex-presidente no STF. 

Conforme o despacho do Ministro Alexandre de Moraes, há um rosário de delitos cometidos em todo este processo, o mais grave deles é esta interferência absurda do Governo dos Estados Unidos contra o nosso Judiciário.  É salutar saber que o nosso Executivo e o nosso Judiciário não se intimidaram em relação a esses assédios, seja através de declarações, seja através de medidas como a estipulação da taxa de 50% aos produtos de exportação brasileiros, o que vem produzindo enormes transtornos para a nossa economia. O impasse permanece. O Governo Lula criou um Gabinete de Crise no sentido de negociar uma saída através das vias diplomáticas. Enquanto isso, os contêineres de produtos de exportação brasileiros estão retidos em portos como o de SUAPE.

O momento é politicamente sensível, uma vez que envolve medidas extremas adotadas contra um ex-mandatário, o que está alcançando grandes repercussões dentro e fora do país. A primeira turma do STF homologou a decisão tomada pelo Ministro Alexandre de Moraes. O PL está em polvorosa, estão interrompendo o recesso de seus parlamentares para tomarem uma série de medidas contra as decisões em relação ao ex-presidente.  

Editorial: Lula deve ser candidato em 2026?


As pesquisas realizadas pelo Instituto Quaest\Genial sempre produzem informações das mais importantes para conhecermos melhor o nosso ambiente político. A última pesquisa do Instituto, por exemplo, nos permitem afirmar exatamente onde o presidente Lula começa a recuperar sua popularidade, inclusive junto a nichos eleitorais da classe média e regiões tradicionalmente refratárias ao petista, a exemplo do Sudeste. É um dado dos mais alvissareiro para o petista, porque indica que o centro, sempre decisivo num pleito presidencial,  começa a esmorecer a sua resistência a Lula, algo confirmado no dia de hoje, 17, quando outra pesquisa do próprio Instituto aponta que Lula venceria qualquer candidato no primeiro turno e empata com o governador Tarcísio de Freitas num eventual segundo turno. 

Hoje, 17, o mesmo Quaest\Genial observa que 58% dos brasileiros não desejam que o petista seja candidato em 2026. Se cruzarmos os dados, talvez cheguemos à conclusão de que um percentual bastante expressivo deste montante, embota não deseje que Lula seja candidato, estaria disposta a votar no petista em 2026. Na realidade, para definir esta situação, nada mais elucidativo do que um adágio nordestino, onde se diz que o enterro parece ter voltado da porta do cemitério, uma vez que o morto esboçou sinais de vida. Uma conjunção de fatores controláveis por sinal, fizeram Lula desabar em sua popularidade neste terceiro mandato. Um conjunto de variáveis, desta vez absolutamente imprevisíveis, fizeram o petista voltar à ribalta. 

No caso do IOF, por exemplo, a derrota do Governo foi o mote para a construção de uma narrativa que ganhou fôlego nas redes sociais, ancorada no nós contra eles, numa batalha entre pobres e ricos, construindo um discurso antipopular contra os parlamentares que votaram contra o decreto do Executivo. Mare favorável é uma coisa. O Governo que já foi acusado no passado de atentar contra o PIX, arcando com um ônus pesado, agora se coloca em sua defesa, depois de mais um posicionamento desastrado do Tio Sam. 

Editorial: Lula veta o aumento do número de deputados.



Segundo uma pesquisa realizada pelo jornal Folha de São Paulo, 76% da população brasileira se mostraram contra o aumento do número de deputados, que passaria dos atuais 513 para 531, produzindo um efeito em cascata entre os entes federados, além de gerar despesas com recursos públicos que poderiam ser evitadas. O bom senso diria que seria imprudente uma proposta desta natureza, mas ela foi aprovada pela Câmara dos Deputados. Submetida à apreciação do Executivo, ontem foi divulgada a notícia informando que o presidente Lula havia vetado a medida, certamente acendendo as labaredas já existentes no que concerne à relação entre os Três Poderes da República. 

Aguarda-se para as próximas horas a reação do Poder Legislativo. Na realidade, o Poder Legislativo, de antemão, já sabia da indisposição da população em reação a esta medida descabida. Teria poupado algumas dores de cabeça se os dirigentes das Casas Legislativas mantivessem uma sintonia mais efetiva com os anseio da população brasileira. Durante este debate, saíram um conjunto de matéria apontando para os custos de cada parlamentar ao país, assim como acerca dos resultados auferidos pela população do trabalhos desses parlamentares, quase sempre duvidosos. Trata-se de uma continha que não bate quando se considera os custos e benefícios. 

A crise gerada pela imposição insana das tarifas de  exportação de produtos brasileiros para os Estados Unidos  conseguiu a proeza de unir o Parlamento em torno do Executivo, numa situação rara de armistício. Curioso que a posição de Lula em defesa dos interesses nacionais nesta questão produziu efeitos antes inesperados, como o apoio de grandes associações comerciais, reunidas no Gabinete de Crise, assim como, conforme dados da Quaest\Genial, o presidente melhora suas credenciais em redutos de classe média e classe média alta, onde seus índices de popularidade cresceram. 

quarta-feira, 16 de julho de 2025

Editorial: Ministro Alexandre de Moraes decide validar decreto do IOF do Executivo.


O Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, decide validar o decreto do Executivo que havia sido rejeitado pelo Congresso. Atendendo ao pleito do próprio Executivo e do PSOL, o ministro avaliou a questão e sugeriu uma mesa de negociação entre as partes, de onde não se produziu um consenso mínimo sobre a questão. Agora vem a decisão da Suprema Corte sobre o assunto, que deve suscitar enormes polêmicas, sobretudo junto ao Poder Legislativo. Salvo melhor juízo, o decreto havia sido suspenso até a decisão recente. O Executivo não se deu por vencido nesta questão, algo que foi bastante festejado pela Oposição. Abriu uma frente de luta jurídica, política e junto à opinião pública, numa narrativa do nós contra eles, dos pobres contra os ricos. 

A estratégia tem dado certo, se julgarmos o esboço da recuperação dos índices de popularidade do Governo Lula 3 constatado pelas últimas pesquisas divulgadas, onde, finalmente, sugere-se que o petista esteja estancando a sangria. Agora, do ponto de vista estritamente da gestão, o Governo abre uma perspectiva de arrecadação de mais impostos, embora mantenha a sanha da gastança, de olho nas eleições vindouras. O controle dos gastos públicos e a estabilidade econômica, mantendo o dragão da inflação longe das gôndolas dos supermercados esbarra num núcleo da gestão que considera que essas premissas impediriam a possibilidade de uma reeleição de Lula ou de uma vitória governistas nas próximas eleições. 

A despeito da tempestade, o Governo Lula 3 surfa em ondas favoráveis neste momento. Muito em razão de medidas atabalhoadas ou erros de avaliação dos adversários, a exemplo do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que tenta se reposicionar diante dos fatos. A essa altura do campeonato político eles já deveriam saber que o presidente norte-americano, Donald Trump, é um ator político imprevisível. 

Editorial: Lula, finalmente, melhora seus índices de aprovação.


Depois da tempestade, vem a bonança. Neste caso, a tempestade veio durante a bonança. Depois de uma derrota no Congresso no que concerne ao aumento da tarifa do IOF, e, agora, depois do  decreto absurdo do governo americano em relação à tarifa de exportação de produtos brasileiros para aquele país. Medida política, mas com reflexos efetivos sobre a condução da economia, a decisão tomada pelo presidente norte-americano produziu um verdadeiro freio de arrumação no cenário político e econômico brasileiro. Aqueles que embarcaram em defesa da medida, como foi o caso do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, tiveram que voltar atrás, mas já era tarde demais. Hoje ele paga um ônus político pesado, quem sabe até suficiente para esfriar suas pretensões presidenciais para 2026. 

A Faria Lima já deu o seu recado, pois a parte mais sensível de nossa elite econômica é sempre o bolso. Há carregamentos de pescados, crustáceos, mangas e uvas retidos no porto de SUAPE. São Paulo é um dos entes federados que mais exportam para os EUA. Em momentos de crise como este, se sobressaem figuras com larga experiência no mitiê político, como é o caso do vice-presidente Geraldo Alckmin. Há um consenso de que a guerra tarifária deve ser enfrentada não com retaliação, mas com negociação.  A desenvoltura do vice-presidente, que também ocupa a pasta da Indústria e Comércio, tem sido muito elogiada neste episódio, o que o credencia, ainda mais, a pleitear mante-se na condição de vice numa eventual nova candidatura de Lula. 

E, por falar em Lula, no dia de ontem, 15, saíram os resultados de duas novas pesquisas de avaliação do Governo Lula 3, realizadas pelos institutos Atlas Intel e Genial\Quaest. Em ambas as pesquisas, aguardadas como bastante ansiedade pela SECOM, Lula, finalmente, melhora seus índices de avaliação positiva e diminui sua desaprovação. Sabe-se que, internamente, o Governo já teria informações que indicavam a reversão dos índices negativos de sua popularidade. O fato é que, por motivos distintos, conforme enfatizávamos no dia de ontem, Lula volta a recuperar sua popularidade junto às camadas mais humildes e, por incrível que possa parecer, uniu, mesmo que temporariamente, o PIB em torno de uma agenda comum. 

Editorial: As duras alegações finais da PGR sobre o núcleo crucial da tentativa de golpe.



O procurador-geral da PGR, Paulo Gonet, se manteve impávido durante o julgamento dos implicados do chamado núcleo crucial da tentativa de golpe de Estado. Praticamente apenas se pronunciou quando foi solicitado pelo condutor dos trabalhos da Primeira Turma do STF, o Ministro Cristiano Zanin. Um olhar mais atento sobre o seu semblante, no entanto, pode indicar a quantas andam o seu cérebro, estabelecendo conexões entre os fatos, identificando contradições, manhas e artimanhas engendradas pelos advogados de defesa dos envolvidos. Suas intervenções foram bastante pontuais, exceto no início dos trabalhos, quando tinha que expor as conclusões da PGR.  

Suas alegações finais sobre o núcleo crucial da tentativa de golpe de Estado é um bom exemplo do que estamos falando. Em 512 páginas, Gonet expõe as vísceras de mais uma tentativa de solapar as instituições democráticas no país, impondo-nos um regime de exceção de consequências sensivelmente danosas para o nosso tecido social. Como o teor dessas informações acabam chegando à imprensa de alguma forma, sabe-se por exemplo, do pedido de condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e dos demais envolvidos neste grupo, além da minimização dos benefícios da delação premiada concedida ao ex-Ajudante de Ordem da Presidência da República, o tenente-coronel Mauro Cid. 

Se tal raciocínio prevalecer, isso pode significar um grande problema para o militar. Salvo melhor juízo, se ele for preso por mais de dois anos, poderá ter problema com a sua carreira militar, abrindo-se as condições para uma eventual expulsão das Forças Armadas. Ao longo do tempo, essa delação premiada do coronel Mauro Cid foi marcada por problemas em série, que a expuseram ao crivo da Polícia Federal e do próprio STF, depois de constatadas eventuais contradições do seu teor. 

Editorial: O inferno astral de Jair Bolsonaro.


No dia de ontem, 14, numa situação que já seria esperada, a Procuradoria-Geral da República, através do procurador Paulo Gonet, pediu a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro, assim como a de outros integrantes acusados na trama golpista. Durante audiência recente, o tenente-coronel Mauro Cid, confirmou informações já prestadas anteriormente, onde se conclui que o ex-presidente tinha conhecimento da minuta do golpe. O tarifaço de 50% imposto pelo Estados Unidos para os produtos de exportação brasileiros já começam a produzir seus efeitos dantescos, com toneladas de produtos de exportação retidos no porto de SUAPE. Os empresários brasileiros estão enfurecidos com esta situação. 

Há rumores de que esse mau humor já teria chegado aos emissários do Centrão, com o argumento de que eles teriam perdido a paciência com o ex-presidente Jair Bolsonaro, o pivô de todos esses embaraços, uma vez que tais índices foram aplicados como retaliação do Governo Americano contra o Governo Brasileiro, em razão das encrenca jurídicas que enfrentam o ex-presidente. Não se trata de uma questão econômica, mas política. Essencialmente política.  Essas tarifas se constituem hoje como um arsenal utilizado para pressionar outros países a aceitarem as cláusulas impostas pelos Estados Unidos. Sabe-se, mais recentemente, que Donald Trump também fez pressão, utilizando-se do mesmo expediente, à Rússia, que respondeu lançando mais mísseis contra a Ucrânia.

É curiosa essa engenharia política montada por esta operação desastrosa do Governo dos Estados Unidos. Internamente, Lula melhora seus índices de aprovação junto a uma camada social que já esboçava indícios de que o estaria abandonando, os mais pobres, quando se propõe a cobrar mais impostos dos mais aquinhoados. Estamos nos referindo aqui à contenda do IOF. Por outro lado, nesta briga tarifária com o Governo Americano, o petista começa a amealhar a simpatia do um grupo social antes refratário, o empresariado, desesperado com os reflexos sobre os seus negócios. 

segunda-feira, 14 de julho de 2025

Editorial: Lula great again?

 


As derrapadas dos seus adversários podem fazer ressurgir um Lula great again. São os caminhos tortuosos da política. Num vídeo postado por sua esposa, Rosângela da Silva, o presidente Lula aparece saboreando as jabuticabas de sua residência em Brasília, assegurando que deverá presenteá-las ao presidente americano Donald Trump, quando de sua visita. Certamente o presidente Trump deverá gostar da fruta, muito apreciada entre os brasileiros. A jabuticaba é uma fruta brasileira, salvo melhor juízo, do bioma da Mata Atlântica. Esta tudo errado com esta medida americana de estipular uma exorbitante tarifa de 50% para os produtos de exportação brasileiros. Portanto é difícil assegurar se as mesas de negociações no campo diplomático poderão resolver este problema. 

O que Trump deseja é impossível de ser concedido pelo Governo Brasileiro. Onde já se viu estipular uma tarifa de importação tão absurda somente para que o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro seja revertido. A situação é tão absurda que demoramos a chegar este raciocínio, mas sugere-se que seja isto mesmo, quando se considera o teor da carta e a reação de um dos membros do clã bolsonaro quando o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, sugeriu acionar a Embaixada dos Estados Unidos no país para as negociações. Trump deseja que o seu amigo brasileiro seja anistiado. Hoje, Paulo Gonet, da PGR deve apresentar as alegações finais e o julgamento procegue, sendo muito pouco provável que o ex-presidente Jair Bolsonaro escape de uma condenação. 

Já estão surgindo vários problema com esta medida, como o envio de toneladas de pescados brasileiros que estão precisando voltar ao país. Os americanos são grandes importadores de nosso pescado, principalmente de produtos como camarão e lagostas. Enquanto essa sandice continuar, os marqueteiros do Planalto reelaboram suas estratégias de comunicação institucional, desta vez surfando em boas ondas. Aguarda-se para os próximos dias uma grande pesquisa de um instituto sobre a popularidade do Governo Lula 3. Não se surpreendam se tivermos uma Fênix surgida das cinzas.  

Editorial: Até tu, Estadão?


Certamente, um dos textos que mais repercutiram neste domingo, 13, foi o editorial do jornal O Estado de São Paulo, com título Aprendizes de Bolsonaro, onde o jornal paulista faz ponderações críticas aos governadores de oposição ao Governo Lula 3, em particular ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, de Minas Gerais, Romeu Zema, e de Goiás, Ronaldo Caiado. Na esteira da campanha presidencial de 2026, onde esses governadores são apontados como eventuais postulantes, todos eles tentaram obter alguma vantagens em perfilarem ao lado do presidente americano, Donaldo Trump, tentando responsabilizar Lula pelo ocorrido, abdicando da defesa de princípios que estão acima das ideologias e das conveniências políticas de ocasião, como nesta caso da proposta indecente de estipular tarifa de 50% para os produtos de exportação brasileiros.  

A defesa dos interesses nacionais, das unidades federativas sob o comando desses governadores, a defesa da democracia, da soberania nacional é o que está em jogo. Na realidade, cada um ao seu modo, o editorialista do jornal aponta que todos eles embarcaram numa espécie de canoa furada, de colorações antidemocráticas, ou seja, o espólio do bolsonarismo mais radical. Precisamos, na realidade, de uma direita com um outro perfil, mais responsável, responsiva, intransigente na  defesa dos interesses nacionais, de compromissos velados com os princípios republicanos e democráticos. O jorna da família Mesquita, segundo as críticas à esquerda ao editorial, teria desembarcado do bolsonarismo. No final do texto, o jornal considera Jair Bolsonaro alguém com um perfil não assimilável a um sistema democrático. 

Naquele encontro consigo mesmo, antes do sono sagrado chegar, o governador Tarcísio de Freitas deve ter chegado à conclusão sobre os enormes erros de avaliação que cometeu durante este episódio. Até com membros do clã bolsonaro que ele tentou defender andou se estranhando. Soubemos recentemente que além do PSOL, o PT também pretende acionar a justiça contra o governador paulista, alegando obstrução da ação penal que envolve os indiciados na tentativa de golpe no país. A justiça aqui poderá considerar que houve uma espécie de açodamento ou uma tempestade num copo d'água e desconsiderar as alegações do PT e do PSOL. A bronca mesmo é que a Faria Lima já havia ungido o governador como um ator político confiável ao status quo conservador para as eleições presidenciais de 2026. 

Editorial: O Brasil é dos brasileiros.


Apesar dos inegáveis esforços, o consenso era de que as mudanças na comunicação institucional do Governo Lula ainda não havia superado a tendência de queda livre de popularidade. O próprio Lula, em alguns momentos, foi acusado de não seguir rigidamente as recomendações do marqueteiro Sidônio Palmeira, que entrou na Secom com uma missão espinhosa, a de superar os percalços de popularidade do Governo Lula3, quando se sabia que o problema era estrutural, generalizado e não poderia ser resumido ou creditado apenas a uma questão de comunicação institucional. A rigor, o Governo Lula 3 não consertou tais problemas estruturais, como as enormes de dificuldades de lidar com o controle das contas públicas.  

Seus opositores, dentro e fora do país, na realidade, deram o mote que Lula estava esperando para voltar a surfar em índices de popularidade confortáveis e credenciar-se a uma nova candidatura, algo que, até então, parecia fadado ao esquecimento. A oposição bolsonarista aqui e seus apoiadores alhures deram a Lula uma sobrevida e salvaram o marqueteiro Sidônio Palmeira de uma grande encrenca, pois, sem tais ingredientes novos, possivelmente os índices de popularidade não seriam revertidos, a despeito de uma série de programas que estão sendo implementados ou previstos, todos com o objetivo de conquistar a simpatia de determinados segmentos do eleitorado. As colheitas e reconstrução do passado hoje abrem espaço para os pobres contra ricos e, sobretudo em defesa do nacionalismo, traduzidos em slogan do tipo O Brasil é dos Brasileiros, que, segundo fontes, poderá ser usado por todos os ministros do Governo a partir de então. 

Uma colunista de um grande jornal criticou o fato de o Ministro da Comunicação Institucional, Sidônio Palmeira, priorizar seus esforços nas redes sociais. Hoje, no entanto, a batalha nas redes sugere-se que esteja mais equilibrada, impulsionada com o combustível fornecido pela direita e pela extrema direita. Até governadores de estado de oposição, que embarcaram na sandice das taxas de 50% apenas porque estava sendo proposta por um aliado, hoje se arrependem quando precisam lidar com realidade de exportação do entes federativos governados por eles, como é o caso de São Paulo. Até o agronegócio, um segmento do eleitorado refratário a Lula desde sempre, hoje está contingenciado a apoiar a defesa do interesse nacional. 

Editorial: O Brasil não atinge a meta de alfabetização infantil.



O sociólogo Gilberto Freyre enfrentou algumas dificuldades em seu processo de alfabetização. Foi alfabetizado primeiro em inglês, através de um professor particular contratado pela família, e, somente depois, inteirou-se sobre a língua de Camões. Isso não o impediu de se tornar, ao longo dos anos, ao lado do poeta João Cabral de Melo Neto, seu primo, um dos maiores expoentes da língua portuguesa no mundo. Quando instigado a escreve em inglês, durante sua temporada de estudos nos Estados Unidos, afirmava sempre que não sabia dançar em inglês, o que fazia tão bem em língua portuguesa. Escreveu um dos mais emblemáticos textos sobre a interpretação do Brasil, praticamente inaugurando os estudos sobre a escravidão no país, ainda na década de 30, numa linguagem mais literária do que científica. 

Curioso que essa forma de abordagem de temas crucias para o país numa linguagem literária é merecedora de rasgados elogios, de um lado, o lado dos seus admiradores, e apontada pelos seus críticos como um dos pontos fracos quando cotejada com outros trabalhos de perfil mais "científicos" sobre a interpretação do país, a partir de uma matriz teórica do marxismo, a exemplo de Jacob Gorender. Gilberto, no entanto, é uma exceção à regra. Quando o aluno comum deixa de ser alfabetizado entre a idade de 6 e 7 anos, o que corresponderia ao primeiro e segundo anos do fundamental, a coisa quebra na emenda, comprometendo os próximos ciclos de estudos. Trata-se da pedra angular da educação básica. Quem chega a essa fase e não for devidamente alfabetizado terá problemas pelo resto de sua formação. 

Há alguns meses, percebíamos que o MEC parecia que não queria dialogar com este assunto espinhoso, principalmente no que concerne ao segundo ano do fundamental, recorrendo a outros indicadores, que não o SAEB, o Sistema de Avaliação da Educação Básica, para divulgar outros dados. O jornalismo do jornal O Estado de São Paulo, que publicou duas matérias longas tratando deste assunto, e o próprios servidores do INEP alegaram a necessidade de que os números do SAEB fossem divulgados. O resultado é que o MEC foi reprovado neste quesito. Não atingimos a meta de alfabetização na idade certa. O problema alegado foi a catástrofe no Rio Grande do Sul.