quinta-feira, 31 de julho de 2025
Editorial: Trump, o imprevisível.
Do mesmo jeito que recuou em relação à taxação da maioria dos produtos de exportação do Brasil para os Estados Unidos, amanhã ou depois o presidente Donald Trump pode voltar a insistir nesta tecla. Na realidade, o presidente americano utiliza-se de arsenal econômico para atingir finalidades políticas. Há quem acredite que ele só ficará satisfeito com a reabilitação política do amigo Jair Bolsonaro. Alguns bolsonaristas estão certos disso. Soubemos há pouco que um deputado federal do PL foi expulso do partido por discordar das medidas adotadas pelo Governo dos Estados Unidos contra o país e, em particular, as medidas tomadas contra o Ministro Alexandre de Moraes.
Essa gente não está nenhum pouco preocupada com os reais interesses nacionais. É por isso que se torna tão simples entregar nossas maiores riquezas de mãos beijadas, submetendo o país à orgia dos interesses estrangeiro. Essa gente deveria ser enquadrada em crime de lesa-pátria. Estão torcendo para o quanto pior melhor. No Brasil, em relação às eleições de 2026, este imbróglio todo contribuiu para mudar o cenário daquelas eleições, de acordo com o Presidente Nacional do PSD, Gilberto Kassab. Sabe tudo de política, mas vai precisar aprender economia porque é esta a variável que passou a ser determinante neste jogo, uma vez que se trata das peças mexidas pelo presidente Donald Trump quando deseja atingir determinados objetivos políticos.
Com feeling político apurado, Kassab sugere que temos, no momento, três nomes com chances para o pleito presidencial de 2026: Lula, Tarcísio e Ratinho. Kassab tem uma grande habilidade política, algo que não pode ser negligenciada. Não acreditamos que a candidatura de Ratinho Junior se consolide. Lula, que já esteve num inferno astral recentemente, volta a ser competitivo, a julgar pela sua performance em todos os levantamentos realizados até este momento, onde ele sempre aparece bem, assim como em razão da recuperação de sua popularidade.
Editorial: Tarifaço meia boca.
Ainda repercute bastante o decreto assinado pelo presidente Donald Trump, ratificando a imposição do tarifaço de 50% aos produtos de exportação brasileiros para aquele país. Isso poderia representar um gravíssimo problema para a nossa economia, o que levou as nossas autoridades do Executivo a baixarem as armas, buscando o caminho da negociação. Embora tentada, a negociação não foi encaminhada, mas a confirmação do decreto assinado pelo presidente Donald Trump resultou, na realidade, numa espécie de armistício, uma vez que quase mil produtos foram excluídos desses índices tarifários, o que representou um alívio para o Governo Lula 3 e, principalmente, para os produtores brasileiros.
Uma questão econômica foi tratada pelo governo dos Estados Unidos na arena político\institucional, uma vez que aquele país impôs algumas condições para abrir uma janela de negociações, onde já se antecipou em afirmar que o Governo Brasileiro não havia demonstrado boa vontade para tanto. O dano maior mesmo foi a aplicação da Lei Magnitsky a membro do nossa Suprema Corte, o tipo de coisa "cabulosa", pois, além dos danos políticos, isso representa várias implicações aos sujeitos alcançados, assim como aos seus familiares, pois atinge a parte mais sensível, ou seja, o bolso. Qual instituição financeira ou empresa de porte que não estabelece algum tipo de interlocução com entidades americanas? Como disse, já que estamos utilizando termos menos formais, é algo "cabuloso".
No dia de ontem mesmo, o presidente Lula convocou uma reunião de emergência do seu staff político mais próximo, com presença de Jorge Messias, Ministro da AGU, talvez mais para se inteirar acerca dos danos da aplicação desta lei a um cidadão brasileiro, uma vez que, em princípio, há pouca coisa que se possa fazer em relação ao assunto. Do ponto de vista político, para se evitar um novo surto, convém conduzir as coisas dentro do campo da fina diplomacia, só no sapatinho, evitando novos escorregões, uma vez que problemas com desemprego, inflação e insatisfação dos nossos produtores é tudo que não é bem-vindo, principalmente se está em jogo uma reeleição.
quarta-feira, 30 de julho de 2025
Editorial: A democracia brasileira saiu da UTI.
Houve um tempo em que acompanhávamos por aqui com mais frequência os sinais vitais de nossa democracia. Um leitor mais atento deve ter verificado as inúmeras postagens que publicanos sobre o assunto ao longo do tempo, sobretudo ancorada nos pressupostos teóricos do cientista político polonês, Adam Przeworski, considerado hoje no campo acadêmico como um dos mais respeitados pesquisadores sobre este assunto. Possivelmente os estudos publicados recentemente pelo V-Dem(Variedades da democracia) vão causar muitas polêmicas, principalmente entre setores oposicionistas, aqueles mesmos que estiveram recentemente omissos, quando não diretamente mancomunados, com atores que estiveram na iminência de solapar nossas instituições democráticas através de mais uma tentativa de golpe de Estado.
Golpistas e simpatizantes de golpes de Estado não tem autoridade para falar de democracia. O Brasil, até recentemente, saiu do Mapa da Fome, o que significa que avançamos em termos de equalização dos problemas sociais, ampliando o escopo da democracia substantiva, fator determinante para a manutenção da democracia política. Segundo Adam Przeworski, dependendo da renda per capita do país, alguns deles estão imunes às tentativas golpistas, solenemente rejeitadas pela população. A democracia brasileira, historicamente, sempre esteve envolta em inúmeras dificuldades, a começar pelo nosso processo de colonização português, baseado no açoite de escravizados e na indefinição de fronteiras entre o público e o privado. Ao senhor de engenho era delegada a autoridade de Estado.
É curioso como autores, subsidiados em pressupostos teóricos distintos, a exemplo de Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Holanda acabam convergindo para as mesmas conclusões. Gilberto Freyre seria associado a uma democracia racial, para ele o quanto bastava. Outro dia líamos um texto onde o pesquisador evidencia onde o sociólogo deixa isso explícito em texto, contrariando algumas análises onde se reafirma que o sociólogo nunca houvera deixado isso escrito. Mas isso é o que menos importa. O fato alvissareiro, baseado em variáveis seguras, é que o estudo do V-Dem aponta para um recuo das tendências autoritárias e um fortalecimento da democracia liberal no país.
Editorial: O Brasil começa a ceder para chegar a um acordo com os Estados Unidos.
Crédito da Foto: Mateus Bononi\Estadão Conteúdo.
Há erros de avaliação preocupantes no que concerne às negociações do Governo Lula com o Governo dos Estados Unidos, quando se discute as imposições das tarifas dos produtos de exportação do Brasil para aquele país. A comissão de senadores brasileiros chegou aos EUA durante o recesso parlamentar americano, praticamente impossibilitando que a pauta fosse discutida. Embora essa comissão tenha sido formada de forma autônoma, acreditamos que sequer com uma agenda concebida ou discutida com o Executivo, de alguma forma, poderia significar a abertura de uma diálogo com as autoridades comercias daquele país, o que já seria uma sinalização importante.
Hoje, dia 30, bem próximo do término do prazo para a efetivação das medidas absurdas propostas pelo presidente Donald Trump, duas notícias: O vice-presidente Geraldo Alckmin admite que pode reavaliar a questão da regulamentação das big techs para facilitar as negociações com o Governo Americano. Por outro lado, o Ministro Fernando Haddad já teria um contra-ataque pronto, ou seja, as medidas que poderão vir a ser adotadas pelo Governo Lula 3 neste caso. O Ministro Fernando Haddad também anuncia que adotará medidas para preservar os empregos dos brasileiros, caso não se chegue a algum consenso entre os dois países, quando se sabe que o melhor caminho é encontrar uma saída, uma vez que os danos são complicadas e a nossa economia não vai assim tão bem das pernas.
Este embate não é favorável ao Brasil, sobretudo numa circunstância em que os americanos já fecharam acordo com inúmeras nações. Existe uma má vontade em ambos os lados, movidas por razões ideológicas, mas isso já chegou ao limite do tolerável. Sabe-se que as rusgas políticas deverão continuar, mesmo em se chegando a um acordo entre os dois países, o que os brasileiros e brasileiras comuns agradecem. Lula está com sua popularidade em ascensão, mas sabe que não pode se permitir um novo desgaste de imagem produzidos pelas consequências da ratificação dessas tarifas impostas contra os nossos produtos de exportação.
terça-feira, 29 de julho de 2025
O xadrez político das eleições estaduais de 2026 em Pernambuco: Os conselhos de João Campos a Lula.
Havia uma agenda administrativa na conversa mantida pelo prefeito do Recife, João Campos(PSB-PE), e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Como eventual candidato ao Governo do Estado em 2026, o prefeito do Recife já começa a se inteirar sobre os principais problemas do estado, o que seria bastante natural. Essas questões estarão nos debates entre os postulantes ao Palácio do Campo das Princesas. Em suas andanças pelo Sertão, por exemplo, o prefeito se deparou com os problemas relativos às agrovilas de Petrolândia, já tratados aqui numa postagem. Essas agrovilas, por alguma razão, geralmente não atendem plenamente as necessidades dos novos assentados, conforme ocorreu igualmente em Alcântara, no Maranhão, realidade sobre a qual tivemos acesso.
Aliás, as soluções urbanas, senhores urbanistas, carecem de maiores estudos ou aprofundamentos, pois sempre esbararam nessas mesas dificuldades. Em décadas passadas, grandes conjuntos habitacionais foram construídos para abrigar contingentes populacionais, geralmente afastados dos grandes centros, onde permaneciam os empregos e as estratégias de sobrevivência dessas pessoas. Ademais, com o transporte público precário, tornava-se uma tarefa hercúlea trabalhar nos grandes centros. No caso de Petrolândia, contraditoriamente, a água irrigada estaria sendo desperdiçada antes de chegar aos locais de irrigação. Da próxima vez, por ocasião desses planejamentos, convidem o Raymond Unwin e Edward Hollamby para as mesas de conversações. Se houver alguém capaz de uma sessão de psicografia, o geógrafo Milton Santos também seria bem-vindo. As coisas são sempre pensadas unicamente do ponto de vista do interesse do capital e acabam produzindo esses problemas sociais.
João Campos já passou da fase das meras costuras para as amarras com nós. De preferência, nós de marinheiro, desses difíceis de desatar. Consolida sua aliança com o petista, mas assegura que ocupará os espaços correspondentes na chapa que deverá disputar as eleições presidenciais de 2026, ou seja, com Geraldo Alckmin na vice. Especula-se que o Planalto analisaria a possibilidade de uma candidatura de Geraldo Alckmin em São Paulo, principalmente na hipótese da confirmação do governador Tarcísio de Freitas na chapa presidencial conservadora às eleições de 2026. Realmente as pesquisas indicam que o ex-tucano ainda conserva boa parte de seu capital político naquele estado da Federação. A ideia seria a formação de uma dobradinha com Fernando Haddad, mas ambos desconversam sobre o assunto. Concretamente, acreditamos que nenhum dos dois tem algum interesse na disputa.
Sabendo-se das questões estratégicas envolvidas na disputa para o Senado Federal em 2026, a imprensa repercutiu bastante os conselhos que o jovem político pernambucano teria dado ao presidente Lula sobre aquelas eleições. Para os bolsonaristas, esta eleição seria até mais importante do que a ocupação da cadeira do Palácio do Planalto, uma vez que permitira a musculatura política necessária para aventar reveses na condenação praticamente sacramentada de bolsonaristas envolvidos na tentativa de golpe de Estado, assim como reunir as condições para fustigar o Poder Judiciário. Há uma lerdeza entre os governistas. Lula já entendeu que estamos diante de uma batalha campal, mas não se movimenta como deveria, como a situação exige.
Numa pesquisa realizada pelo Instituto Paraná Pesquisas, repercutida na revista Veja, apenas dois nomes aparecem como favoritos na disputa, que o caso de Humberto Costa, em Pernambuco, e Renato Casagrande, no Espírito Santo. Com as restrições impostas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, quem está assumindo essas missões é a esposa, Michelle Bolsonaro, que já circula pelo país consolidando essas alianças, como foi o caso da Paraíba, recentemente, quando bateu o martelo sobre o nome do ex-Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, como candidato ao Senado Federal, numa chapa liderada por Efraim de Moraes, que concorre ao Palácio Redenção, com o apoio do PL.
O conselho de João é sobre a necessidade que se impõe de se livrar da armadilha da polarização, marcada pelo ranhura ideológica, numa situação em que o Governo Lula teria muito mais a perder do que os bolsonaristas. Na percepção do socialista, o Governo teria melhores condições de competitividade se se colocasse numa condição mais ao centro do espectro político, menos radical, algo muito semelhante, aliás, à composição de forças que hoje orbita em torno do prefeito. Por este raciocínio, nome como o do atual senador Humberto Costa(PT-PE), perderia capilaridade na composição dos nomes que deverão compor sua chapa na disputa ao Senado Federal no estado. É verdade, embora haja muito arranjos ainda em jogo e o senador seja a bússola política do líder petista no estado. Neste caso, Lula tem duas cartas na manga. Pode condicionar o apoio ao socialista à inclusão de Humberto Costa como um dos postulantes ao Senado Federal, assim como exigir uma contrapartida para a manutenção de Alckmin como vice, em 2026.
Editorial: Lula está disposto a ligar para Trump, mas sabe que corre o risco de não ser atendido.
À medida em que os prazos para a validade das tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos aos produtos de exportação brasileiros estão se exaurindo, chegamos a duas conclusões: o que, de fato, o Governo de Donald Trump deseja do Brasil e, que, pelo andar da carruagem, não haverá negociação possível. O arranjo envolveria a viabilização de um projeto de extrema direita no país, consoante os interesses econômicos e geopolítico dos americanos no continente. A ideia é fazer Lula sangrar até as eleições de outubro de 2026. A diretriz fica clara quando se percebe, nitidamente, as manobras de determinados agentes no sentido de impedir eventuais negociações. Assim, sem solução para o impasse, eles terão um amplo espectro de responsabilização do Governo Lula 3 pela não viabilização de uma acordo. O que, num determinado momento, em razão dos interesses nacionais, representou um alento em relação à popularidade de Lula, pode ter um efeito adverso.
O Brasil desconfia que aquele famoso guru da extrema direita, assessor do presidente americano, seja a pessoa por trás dessas investidas contra o governo brasileiro. É uma situação surreal. Antes das perseguições impostas contra ele, que acabaram por "cancelá-lo", o sociólogo português, Boaventura de Souza Santos, costumava enfatizar que o Brasil se tornou um laboratório para os experimentos macabros da extrema direita. O revés sofrido pelo bolsonarismo, no bojo da condenação pela tentativa de golpe de Estado, não foi suficiente para eles desistirem do intento. Steve Bannon chegou a afirmar numa ocasião que a gente ainda poderia sentir saudades de Bolsonaro. Lembram disso?
No dia de ontem, 28, estivemos acompanhando um relatório sobre as eventuais consequências para o país em relação à adoção dessas tarifas impostas pelo Governo dos Estados Unidos sobre o Brasil. Não precisamos reafirmar que as expectativas são sensivelmente preocupantes, principalmente para alguns entes federados cuja economia sobrevive de repasses da União e de programas assistencialistas, notadamente em regiões como o Norte e o Nordeste.
segunda-feira, 28 de julho de 2025
Editorial: Seis estados brasileiros foram reprovados na alfabetização de crianças.
O Brasil ainda é o 8º país em números de analfabetos adultos. São 13,2 milhões de analfabetos, segundo os dados do censo realizado pelo IBGE. Historicamente, só houve um momento em que, de fato, governantes consequentes estavam dispostos a enfrentar essa chaga. Na década 60, no bojo das reformas de base, havia uma proposta neste sentido, baseada no método do educador pernambucano, Paulo Freire, que havia aplicado o seu método de alfabetização de adultos em Angico, no Rio Grande do Norte, com enorme sucesso. Foram 300 adultos alfabetizados em apenas 40 horas. O feito foi parar nas páginas do New York Times, mas provocou a ira dos militares brasileiros que, segundo algumas informações, chegaram a queimar e enterrar os livros do educador.
No nosso terceiro romance, Tramas do Silêncio, contamos como desenvolvemos um programa de alfabetização de adultos na Vila Operária, localizada na cidade de Paulista, Região Metropolitana do Recife, onde contamos com a presença do educador, que proferiu a aula inaugural do curso. Logo em seguida, veio o golpe militar de 1964, que já planejava abortar essas iniciativas populares desde a década de 50. No Brasil, entre esse contingente, pode-se inferir clivagens regionais, de cor, de gênero. Em sua maioria esses analfabetos adultos são negros, localizados majoritariamente em regiões como o Norte e Nordeste, assim como são mulheres, um fenômeno que não é exclusivo do país. Este fato ocorre mundialmente.
Agora vem a notícia de que seis entes federados não conseguiram alfabetizar suas crianças na idade certa, no segundo ano do ensino fundamental. Trata-se da pedra angular da formação do educando. Algo errado por aqui, caso dos alunos que não sejam alfabetizados nesta idade, isso produzirá prejuízos enormes a todo o processo de formação do aluno. Os estados são: Amazonas, Bahia, Pará, Paraná, Rondônia e Rio Grande do Sul. Infelizmente, sugere-se que esteja ocorrendo algo de muito errado com o MEC. Até recentemente, ficamos sabendo que os alunos do fundamental também ficarão sem os livros de outras disciplinas, dando-se prioridade aos livros de Matemática e Português. As IFES estão com enormes dificuldades de recursos.
Editorial: A cada nova declaração de autoridades americanas, a expectativa do pior.
A cada nova declaração de uma autoridade americana sobre as tarifas impostas aos produtos de exportação brasileiros, algo sugere que não teremos uma solução para o problema. Um grupo eclético de senadores brasileiros - o termo eclético aqui sugere que estamos falando de governistas, oposicionistas e até astronauta - desembarcaram naquele país com o propósito de abrir um canal de negociação com o governo americano. Com todo o respeito que temos ao Senado Federal, em princípio, sugere-se algo sem pé nem cabeça, a começar pela composição do grupo, embora estejamos aqui tratando do interesse do comércio brasileiro e não de identificação ideológica. Nas tentativas vãs de conversas com aquele país, o vice-presidente, Geraldo Alckmin, tem enfatizado que tentou conduzir as negociações sem essas clivagens ideológicas, embora se diga nos bastidores que esta mágoa de Trump tem a ver com as últimas eleições americanas, quando Lula apoiou a candidata democrata.
Esses senadores, porém, não devem apresentar uma "diretriz" do Governo brasileiro, o que, de imediato, perde em importância. Os prazos estão se exaurindo. Howard Lutnick, Secretário de Comércio dos Estados Unidos, declarou que não há solução sobre o impasse e, a partir de primeiro de agosto, passa a valer o que foi determinado pelo presidente Donald Trump. Mais adiante, o próprio Donald Trump, que raramente pronunciou-se sobre o assunto durante a crise, teria afirmado que o governo brasileiro não havia apresentado propostas concretas, dignas da abertura de um diálogo. É preciso especular sobre o que ele entende por propostas concretas e, mais ainda, que através do vice-presidente, Geraldo Alckmin, este diálogo foi tentado.
Algo sugere que o presidente Donald Trump deseja, na realidade, punir o Brasil. Fechou acordo com a China, o Japão, a União Européia e deixou o Brasil de lado. É preciso, diante do exposto, tomar os devidos cuidados com as narrativas que estão sendo construídas em torno deste assunto. Fala-se que Lula estaria utilizando-se da retórica eleitoreira, quando, na realidade, estamos tratando de uma crise econômica que pode acarretar prejuízos gigantescos ao país. Na realidade, é Donald Trump quem está impondo sanções econômicas para barganhar tomadas de decisões políticas, como é o caso do enrosco que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro. Política é realmente como as nuvens, como diria aquela raposa mineira. Se, num primeiro momento, Lula pode até ter sido beneficiado com a retórica da soberania nacional, imaginem os senhores o que poderá ocorrer quando o nosso presidente for responsabilizado pelo desastre que se avizinha.
domingo, 27 de julho de 2025
Editorial: Os 200 anos do Ginásio Pernambucano.
| Crédito da Foto: Acervo Fundaj. |
Há alguns anos, quando de visita a um colega professor do Ginásio Pernambucano, ele nos apresentou ao último professor catedrático daquela tradicional instituição de ensino pernambucana. Ainda se mantém a mística em relação àquele estabelecimento educacional, em razão do grande legado que a instituição representa para a educação no estado, mas as coisas mudaram muito desde a época em que, para habilitar-se como professor do colégio, o indivíduo precisava passar por um rigoroso processo de seleção, defendendo, inclusive, uma tese de livre-docência. A lista de ilustres personalidades que passaram pelos bancos do Ginásio Pernambucano é enorme. Políticos, empresários, escritores. Agamenon Magalhães, que foi interventor e governador do estado durante o Estado Novo, foi professor do Ginásio Pernambucano.
O poeta Mauro Mota também exerceu o cargo de professor no órgão, defendendo uma tese sobre o cajueiro nordestino. Excepcional poeta, amigo de Gilberto Freyre, dirigiu por alguns anos os destino do então IJNPS, que viria a se transformar mais tarde em Fundação Joaquim Nabuco. Gilberto dava as coordenadas como Presidente do Conselho Deliberativo, mas, a rigor, o exercício de funções burocráticas - embora as tenha exercido ao longo de sua vida, inclusive na área de educação - sugere-se que não o agradava. Por essa época, em razão do grande reconhecimento e do prestígio intelectual obtido pelo sociólogo, existiam grandes especulações em torno dos dirigentes do órgão. Eles estariam à altura das responsabilidades? Teriam lastro acadêmico e intelectual para tanto?
Neste sentido, conta-se um fato curioso. Especula-se que Mauro Mota costumava se "escudar", academicamente, como um pesquisador que havia realizado uma grande pesquisa sobre o nosso cajueiro. Era este o seu cartão de visita, o seu "lugar de sujeito", algo mais convergente ao cargo que assumira. Até recentemente, líamos um artigo do poeta - sempre preferimos o poeta - sobre a origem de Casa Grande & Senzala, onde ele expõe fatos que nunca chegaram ao conhecimento dos pesquisadores da obra e da vida do sociólogo, como, por exemplo, um caderninho onde Gilberto costumava fazer suas anotações quando de suas andanças pelo engenho da avó materna, em São Severino dos Ramos. Gilberto tinha um caderninho de anotações, o que seria, alguns anos depois, transformado na texto de Casa Grande & Senzala. No artigo, o poeta conta os bastidores de sua relação com o sociólogo, como uma eventual confusão em relação à data exata de lançamento da obra clássica de Gilberto, assim como a confissão de que ele costumava "brincar" de engenho com o irmão Ulisses, no quintal da residência da família, no Recife. O Solar de Apipucos, grande referência sobre o intelectual, foi adquirido somente na década de 40.
Outro grande amigo de Gilberto, o escritor Olívio Montenegro, também foi professor catedrático e diretor do Ginásio Pernambucano. Deixou em livro talvez o melhor texto de memórias sobre aquele colégio: Memórias do Ginásio Pernambucano. Outro grande amigo de ambos, o escritor paraibano José Lins do Rego, segundo alguns biógrafos, teria estudado no colégio, mas esta informação é dúbia, algo que não se confirma, uma vez que ele já teria vindo para o Recife com o propósito de ingressar na também tradicionalíssima Faculdade de Direito do Recife. Ambos, Gilberto e Olívio, exerceriam forte influência sobre a formação literária de José Lins do Rego, durante o processo que o sociólogo denominava de recifencização do escritor paraibano.
sábado, 26 de julho de 2025
Editorial: Se depender do STF, acampamentos não serão tolerados.
O mal precisa ser cortado pela raiz. O país já conhece suficientemente as consequências de ser tolerante com os intolerantes. Até recentemente, talvez numa estratégia suicida, conforme é a opinião de companheiros de farda, um general do Exército admitiu, em depoimento durante audiência no STF, que seria ele o responsável pela plano "Punhal Verde e Amarelo", que tinha, entre seus objetivos, o assassinato de autoridades da República e do STF. Legalmente, não se pode acampar em frente às unidades militares, algo que ocorreu até recentemente em praticamente todo o país. Se tal premissa legal fosse adotada, talvez não chegássemos ao 08 de janeiro. Supõe-se, por consequência, que estivemos diante de uma permeabilidade perigosa. Isso talvez explique o número até expressivo de militares arrolados na tentativa de golpe de Estado.
O mesmo raciocínio se estabelece em relação ao aparato militar do Distrito Federal, que, desta vez, tomou a iniciativa, em acatamento a uma determinação do Ministro Alexandre de Moraes, de desmobilizar o acampamento imediatamente, sob pena de, em não se cumprindo a determinação, a decretação da prisão dos envolvidos. Medida corretíssima. Pessoas idosas, doentes, insufladas por essas hordas, hoje se encontram encrencadas com a justiça e, em alguns casos, até foragidas do país. No dia de ontem, 25, até esboços de meditações religiosas haviam sido iniciados. Segundo aquele filósofo alemão, basta um gaiato estimular e a loucura coletiva se instaura de vez. Conhecemos bem tal dispositivo.
O país entrou numa espiral complicada. Um turbilhão de problemas de natureza política e econômica. É preciso a adoção de medidas na dose certa e muita calma nesta hora. Políticos migrando para a terra do Tio Sam para trabalharem contra os interesses nacionais, neste último caso, com determinação expressa para não se ausentar do país. Não se chega a uma resolução do impasse sobre as tarifas impostas aos produtos de exportação brasileiros pelos Estados Unidos. Prazos se exaurindo e prejuízos gigantescos no horizonte.
Editorial: Geraldo Alckmin, o conversador da República.
É preciso fazer justiça ao vice-presidente Geraldo Alckmin. No bojo da crise que se instaurou, em razão das tarifas impostas pelos Estados Unidos aos produtos de exportação brasileiros, o vice-presidente, Geraldo Alckmin, tem tentado ser um interlocutor confiável nas negociações para se chegar a bom termo em torno deste assunto. Segundo o próprio presidente Lula, que já o trata como o conversador da República, não se pode deixar de reconhecer o esforço do vice-presidente no sentido de se chegar a uma saída para o impasse. Na condição de vice-presidente e na condição de Ministro da Indústria e Comércio ele cumpriu bem o seu papel. A Casa Branca, no entanto, ignorou solenemente as suas tentativas de diálogo.
Hoje, dia 26, matéria do jornal Folha de São Paulo observa que a Casa Branca considera que o Governo Lula não apresentou medidas concretas para uma equação do problema. Os acenos do Governo Brasileiro, portanto, foram insuficientes para construir algum consenso em torno do assunto. Uma grande interrogação precisa ser respondida: o que, afinal, o Governo dos Estados Unidos deseja do Governo Brasileiro? Esta é a grande questão. O que eles desejam nós não podemos dá. O que se sugere, se considerarmos o raciocínio de integrantes da família Bolsonaro, o que estaria em jogo seria uma anistia ao ex-presidente e sua credencial para disputar o próximo pleito presidencial.
Lula até sugeriu que o presidente Donald Trump pode não está bem-informado sobre o que se passa no Brasil. O pior é que ele está. Quando uma crise parecida surgiu em relação ao México, a presidente Cláudia Sheinbaum, tomou medidas imediatas de enviar milhares de militares para a fronteira daquele país, no sentido de minimizar os problemas relativos à migração ilegal e o tráfico de drogas. O presidente Donald Trump aquiesceu e retomou as negociações. Ou seja, tem ser o que eles querem. Sabe-se nos bastidores desta crise que emissários americanos teriam se referido às reservas de minerais preciosos do país, assim como sobre acenos às empresas brasileiras para se instalarem naquele país, sob condições irrecusáveis.
sexta-feira, 25 de julho de 2025
Editorial: Quem não se comunica, se Trumpica.
No dia de ontem, 24, em discurso em Minas Gerais, o presidente Lula afirmou que o presidente dos Estados Unidos, não deseja negociar com o governo brasileiro acerca das atuais tarifas impostas aos produtos de exportação brasileiros para aquele país. Os prazos estão se exaurindo, enquanto os problemas se avolumam. Conforme adverte o jornalista Josias de Souza, do Portal UOL, reafirmando uma premissa que tem se tornando recorrente nesta discussão, a imposição dessas tarifas absurdas trata-se de uma questão para ser resolvida na mesa de negociações e não no palanque. Não seria um momento propenso às bravatas e enfrentamentos. É baixar a bola e negociar, uma vez que as consequências podem ser desastrosas para a nossa economia. Até as eleições de outubro temos um longo percurso pela frente. Se as coisas continuarem neste diapasão, talvez não cheguemos até lá.
Hoje tivemos um suposto aceno do presidente da China no sentido de que aquele país estaria disposto a comprar os produtos de exportação que os brasileiros vendem aos americanos, mas sabe-se que as coisas não são tão simples assim. Ademais, para sermos sinceros, convém ainda confirmar essa informação procede ou se trata de mais uma daquelas fake news. Dois bicudos não se beijam, como ensinavam os nossos sábios avós. Se Trump se mantém em silêncio, apenas aguardando o desenrolar do prazo que foi dado, Lula, segundo matéria publicada no dia de hoje, 25, na Coluna do jornalista Cláudio Humberto, não parece tão preocupado como deveria, segundo fontes do Itamarati.
E, por falar em negociações ou sobre as coisas estão tão confusas neste sentido, segundo formos informados no dia de ontem, um grupo de senadores estão indo até os Estados Unidos, sem uma diretriz do Governo do Brasil, sem interlocuções na terra do Tio Sam, com o propósito de contornar a crise entre os dois países. Um desses senadores, vítima de medidas restritivas impostas pelo STF, não poderia viajar para os Estados Unidos, uma vez que o seu passaporte encontra-se apreendido. É bronca.
Editorial: Bolsonaristas fecham com a candidatura de Efraim Filho ao Governo do Estado da Paraíba.
Não seria bem uma chapa Quero-Quero, mas os bolsonaristas conseguiram emplacar o nome do ex-Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, na chapa do senador Efraim de Moraes, que concorrerá ao Governo do Estado da Paraíba, em 2026. Queiroga deve concorrer ao Senado Federal, que, na realidade, é a grande trincheira de luta política dos bolsonaristas para aquelas eleições. Efraim, filiado ao União Brasil, com a decisão de receber o apoio do PL, praticamente fecha as portas para as articulações em torno de uma chapa com o senador Veneziano Vital do Rego(MDB-PB), assim como com o deputado federal Pedro Cunha Lima, hoje filiado ao PSD, ambos da base governista. Alguns políticos do campo progressista, a exemplo de Cida Ramos, do PT, falam em traição, mas não há muito o que se discutir por aqui.
Primeiro porque Efraim é de uma família política que sempre se posicionou do centro para a direita no espectro político do estado. Depois, porque o PP e o União Brasil compuserem recentemente uma federação que parte de um princípio antilulista para as eleições de 2026. Talvez possamos ter no estado duas candidaturas governistas, uma vez que o atual prefeito da capital, Cícero Lucena, ainda filiado ao PP, tem sido sondado como representante da aliança governista ao Palácio Redenção. Vejam como são complicados esses arranjos estaduais, principalmente quando cotejados com o que ocorre no plano federal. Cícero Lucena integra a mesma federação de Efraim de Moraes, a União Progressista. O PP integra a base de sustentação do Governo João Azevedo, do PSB.
Na ausência do marido, que se encontra cumprindo as medidas cautelares impostas pelo STF, coube a Michelle Bolsonaro selar a aliança do PL com o União Brasil no estado. Em tais circunstâncias, Michelle deverá cumprir as agendas políticas do marido daqui para frente. No dia de ontem, repercutiu bastante o depoimento de um general envolvido na trama golpista, onde ele admitiu que teria sido o responsável pelo plano "punhal verde e amarelo", que teria como objetivo a eliminação física de autoridades da república e do Poder Judiciário. Segundo analistas, isso complica ainda mais a situação dos envolvidos na trama do golpe de Estado.
quinta-feira, 24 de julho de 2025
Editorial: Os critérios de João Azevedo.
Não se constitui nenhum exagero afirmar que a carreira política do atual governador da Paraíba, João Azevedo, pode, em parte, ser creditada ao ex-governador Ricardo Coutinho, que o tornou um super secretário do seu governo, habilitando-o a disputar uma eleição para o Governo do Estado com chances reais de êxito. A indisposição entre ambos ocorreria logo em seguida, tendo João Azevedo(PSB-PB) seguido carreira solo, se reelegendo governador e tornando-se um dos políticos mais influentes do estado. As eleições de 2026 para o Palácio Redenção passa, necessariamente, pelo menos no que concerne aos arranjos do campo governista, por suas diretrizes.
Ele já afirmou que teria alguns critérios a serem preenchidos pelo ungido que deverá disputar o Governo do Estado com o apoio do seu grupo político. Há um grande mistério em torno desses critérios, algo muito provavelmente discutido à boca miúda, entre o conjunto de forças que o apoia. De público mesmo um dos critérios é o sujeito se comprometer em montar o palanque de Lula no estado. Uma espécie de pré-requisito. Por enquanto, a única candidatura já definida é a dele mesmo, que deverá concorrer ao Senado Federal pelo PSB, sendo um dos nomes favoritos na corrida pela Casa Alta no estado, tornando-se um dos soldados da base governista lulista caso Lula dispute o pleito e seja reeleito.
Por enquanto, o quadro continua indefinido, tanto no campo da situação, quanto na oposição, conforme expusemos no dia de ontem. Especula-se até mesmo sobre uma eventual candidatura do atual Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, que tem base eleitoral no estado, mais precisamente na cidade de Patos, onde o seu pai é o prefeito da cidade. Muito pouco provável que o jovem parlamentar habilite-se ao Palácio da Redenção neste momento.
Charge! Dálcio Machado via Facebook.
Editorial: João Campos consolida aliança com Lula.
| Crédito da Foto: Jornal O Poder. |
Ontem comentávamos por aqui como andam as articulações em torno da disputa pelo Palácio Redenção, na Paraíba, em 2026. Um quadro de muitas indefinições. Aqui em Pernambuco, embora já definidos os principais concorrentes ao Palácio do Campo das Princesas, o ajuste interno das alianças dessas duas chapas - uma encabeçada pela atual governadora Raquel Lyra(PSD-PE) e a outra possivelmente pelo prefeito João Campos(PSB-PE) - ainda apresenta grandes dificuldades de acomodação. A consolidação da aliança entre João e Lula não significa dizer, necessariamente, que o presidente deixe de ter dois palanques no estado, principalmente em razão do trânsito político da governadora com o Palácio do Planalto.
Curioso que o prefeito João Campos, oficialmente, tinha em sua agenda com o presidente Lula a discussão sobre os problemas das agrovilas de Petrolândia, no Sertão pernambucano, que apresenta graves problemas de abastecimento de d'água e infraestrutura de escoamento da produção local, em razão das precárias condições das estradas. Isso nos fez recordar de uma experiência vivida por este editor, na cidade de Alcântara, no Maranhão, onde foram construídas essas agrovilas para abrigar os quilombolas afastados de suas terras negras para abrigar a construção da Base de Lançamento de Foguetes de Alcântara. Os quilombolas locais passaram a só recolher os cocos de babaçu em horários determinados, somente depois da autorização dos militares. Outro problema se dava em relação ao pescado, que, recolhido muito distante dos locais de armazenamento, sem as condições adequadas, já chegavam às agrovilas prestes a estragarem. No romance Nas Marés de Malunguinho, embora o enredo se passe em Pernambuco, relatamos como foi essa nossa experiência com os quilombolas daquela ilha maranhense.
quarta-feira, 23 de julho de 2025
Editorial: "Ninguém é candidato a vice".
As discussões em torno das disputas majoritárias para as eleições de 2026, na Paraíba, já podem constar da agenda dos humoristas ou do folclore político. Primeiro é preciso enaltecer um ente federado onde o debate político é uma constante, mesmo distante dos períodos eleitorais. Para as eleições de 2026, no entanto, o quadro sugere que esteja bastante embolado, seja no que concerne aos arranjos governistas, seja no que concerne aos arranjos da oposição. Já surgiu alguém afirmando que chega ao Palácio Redenção até mesmo montado num boi, enquanto do outro lado, de forma irônica, um dos prováveis pré-candidato advertiu-o de que cavalo derruba boi. Ontem, 22, foi a vez do jovem e promissor herdeiro da família Cunha Lima, Pedro Cunha Lima, hoje filiado ao PSD, afirmar, durante uma entrevista a um podcast local, respondendo a um aceno do senador Efraim de Moares, que ninguém é candidato a vice.
Conforme afirmamos na introdução, há muita fervera exigindo decantação tanto de um lado quanto do outro. Do lado governista, certo mesmo apenas a candidatura do atual governador, João Azevedo, ao Senado Federal, em 2026. A formação da chapa governista poderá ter o atual prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, como protagonista, mas os acertos de bastidores não avançam. Cícero é filiado ao PP e o PP, possivelmente, não acompanha Lula em 2026. O andar da carruagem indica que o prefeito será candidato com ou sem o apoio da base governista. Inclusive o PP participa do Governo João Azevedo, embora estejamos tratando aqui de um arranjo local, desses que não convergem com as alianças no plano federal. O senador Efraim de Moraes é um dos nomes mais cotados para viabilizar uma das candidaturas oposicionistas, embora Pedro também se habilite à candidatura.
A deputada Cida Ramos, que assumiu recentemente a direção do PT no estado, já antecipou que o partido deve acompanhar um candidato que apoie o projeto de reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva. Por outro lado, na condição de militante orgânica da agremiação, da base, como se diz, Cida Ramos considera que o partido já tem maioridade para encampar um projeto de uma candidatura própria no estado.
Editorial: Paul Krugman: "O Brasil inventou o futuro do dinheiro".
Os assuntos mais palpitantes hoje no país podem nos conduzir a verdadeiras armadilha no que concerne a um posicionamento político mais correto, mais lúcido, de caráter republicano. Há críticas em relação às medidas tomadas pelo STF em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro, inclusive proferidas por ex-integrante da Suprema Corte, o ex-Ministro Marco Aurélio Mello, de notório saber jurídico; Jair Bolsonaro teria transgredido as medidas cautelares impostas?; É o Itamarati, é Lula, é Alckmin, seriam os governadores? quem irá provocar, afinal, um reposicionamento do Governo americano em relação à estipulação das tarifas absurdas aplicadas aos produtos de exportação brasileiros para aquele país? Em meio e este turbilhão, briga de gente grande, torna-se mais prudente ficarmos com o nosso PIX.
Somos até suspeitos para falarmos do economista Paul Krugman, pois acompanhamos os seus trabalhos, assim como debatemos os seus artigos, antes mesmo de ele ter recebido o prêmio Nobel de Literatura, em 2008. Liberdade de expressão é algo que deve ser bastante preservado. Paul Krugman representa hoje o que Noam Chomsky representou no passado, ou seja, uma espécie de dissidente do mainstream americano. Numa matéria publicada no dia de hoje, 23, nas páginas do Jornal do Commércio, assinada pelo jornalista Túlio Feitosa, o economista enfatiza, nesta discussão sobre o PIX, que o Brasil inventou o futuro do dinheiro. É talvez o lado positivo do famoso jeitinho brasileiro fazendo uma grande diferença.
Krugman aproveita para analisar as investidas do Governo Trump contra o nosso sistema de pagamento, que segundo ele, tem uma origem clara: a total incapacidade de o sistema bancário privado e dos núcleos conservadores americanos em aceitarem que um sistema de pagamento oficial seja superior aos demais sistemas adotados pelo mercado. Não temos por aqui bola de cristal, tampouco pretendemos nos tornar arautos do pior, mas, pelo andar da carruagem política, esta contenda entre o Governo Lula e o Governo Trump, talvez muito em razão do aspecto ideológico envolvido, tende a se arrastar, produzindo grandes danos aos produtores brasileiros. Não sem motivo, já existe uma movimentação dos próprios governadores no sentido de tomarem a iniciativa de retomar as negociações com os Estados Unidos.
terça-feira, 22 de julho de 2025
Editorial: Bolsonaro fora do páreo em 2026?
Editorial: Resposta brasileira ao tarifaço de Trump só em agosto.
O Brasil está aberto às negociações. O Governo Lula já enviou uma carta ao Governo dos Estados Unidos, tratando dessa questão do tarifaço absurdo imposto aos produtos brasileiros de exportação àquele país. Não houve resposta até este momento, indicando que os EUA desejam apenas aplicar sanções ao país, segundo dizem, insatisfeito com a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro, que cumpre, neste momento, medidas cautelares, na iminência de ser condenado por tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito. Está muito difícil conduzir alguma negociação nesses termos. Enquanto a diplomacia não funciona, os produtos de exportação do país se deterioram nos portos, aguardando o embarque. Somente de frutas são 74 mil toneladas, isso sem falar nos pescados, carnes, entre outros.
Sem resposta do Governo dos Estados Unidos aos acenos brasileiros, o presidente Lula já afirmou que aguarda até o dia primeiro de agosto para a adoção de novas medidas. Não resta outra alternativa ao Brasil que não a de aguardar como se comporta o presidente Donald Trump. O caminho, conforme já afirmamos no dia de ontem, é o da negociação. A questão é que, neste caso, o Governo do Presidente Donald Trump sugere-se que não está aberto ao diálogo. Apenas se, e somente se, certas imposições sejam aceitas pelo Governo Lula 3. Infelizmente, o mais provável é que novas sanções sejam anunciadas pelo presidente Donald Trump. Além das questões internas, agora existe uma preocupação já demonstrada pelos EUA em relação às negociações comerciais do Brasil com a Rússia.
No dia de ontem, 21, algo que já se tornou rotina no país, uma nova operação da PF no estado da Paraíba, desta vez envolvendo uma fraude milionária com os recurso de mais um desses programas sociais do Governo Lula, o Farmácia Popular, onde, através de convênios com uma rede de drogarias, o Governo libera remédios gratuitos para a população de baixa renda. A Polícia Federal estima a fraude em mais de R$ 40 milhões de reais. O espantoso aqui é que, nos últimos meses, estouram vários escândalos de corrupção no país sempre utilizando-se do mesmo modus operandi . CPF falsos, endereços inexistentes. A PF, em mais um brilhante trabalho - mesmo que talvez insuficiente diante do seu pouco efetivo - constatou que algumas dessas farmácias "funcionavam" até em terrenos baldios.
segunda-feira, 21 de julho de 2025
Editorial: Vamos negociar, Brasil!
Possivelmente, o prestígio da diplomacia brasileira não é mais o mesmo no cenário mundial. Trata-se de um dos espaços públicos que também foi muito aparelhado durante o governo de Jair Bolsonaro, quando a indicação para ocupar os cargos mais relevantes do órgão passava apenas pela clivagem da afinidade política, sem considerar os critérios técnicos do indicado, algo impensável noutros tempos. Até bem pouco tempo tivemos acesso aos embates ocorridos no Itamaraty, sobretudo entre os pernambucanos Oliveira Lima e Joaquim Nabuco. Eles não se entendiam e, como consequência, quando faleceu, Oliveira Lima doou a sua espetacular biblioteca ao Governo americano. Quem acabou perdendo foi o Brasil. É mais um daqueles órgãos que, por algum motivo, talvez pela ausência das condições políticas efetivas, o Governo Lula 3 não reuniu as condições ideais de republicanizar. Vejam o nível dos integrantes do órgão naquele momento. Oliveira Lima foi um dos principais orientadores informais da carreira do sociólogo Gilberto Freyre. Joaquim Nabuco, então, dispensa maiores apresentações. Em meio à birra com Oliveira Lima, Osvaldo Aranha, outro ilustre da Semana de 22, era o interlocutor mais confiável a Joaquim Nabuco no órgão. Time de primeira.
O Instituto Rio Branco é reconhecido como a maior escola de formação de diplomatas do mundo, um legado deixado pelo Barão do Rio Branco. Uma diplomacia que sempre foi muito respeitada no mundo encontra-se hoje, infelizmente, com dificuldades de sentar à mesa com a diplomacia americana. Sugere-se que, mais uma vez, as questiúnculas políticas estão se sobrepondo ao papel primordial de um aparato diplomático. O papel é eminentemente político, irão leitores nos corrigir, mas estamos tratando aqui de política com "P" maiúsculo. A situação que o país está enfrentando é altamente delicada. Ontem ficamos sabendo que 75 mil toneladas de frutas estão retidas nos portos brasileiros aguardando embarque para os Estados Unidos. Podem estragar, caso não haja uma solução para o impasse.
E isso é apenas uma parte dos problemas, poque já se fala em novas medidas, como a questão do bloqueio do GPS, quando se sabe que o brasil não tem autonomia nesta tecnologia e isso representaria um verdadeiro caos para as comunicações no país, a começar pelas transações bancárias com PIX, o transporte de passageiros pelo Uber, as entregas do Ifood, o agronegócio, as transmissões energéticas, os voos das companhias aéreas, as operações militares, entre outros. Enquanto países como a Rússia, a China possuem autonomia em relação a esta tecnologia, o Brasil depende essencialmente desta empresa americana. Vamos deixar as bravatas de lado e negociar.
domingo, 20 de julho de 2025
Editorial: A reação da oposição às medidas cautelares tomadas contra Jair Bolsonaro.
Cumpre aqui registrar, de imediato, conforme notícia veiculada no jornal Folha de São Paulo, um eventual recrudescimento das medidas adotadas pelos Estados Unidos contra o Brasil, o que incluiria a ampliação das taxas atuais, ou seja, de 50% para 100%. No país, parlamentares da oposição já fizeram vários pronunciamentos e concederam entrevistas a esse respeito; tentaram em vão interromper o recesso parlamentar e estão organizando manifestações de protestos em razão das medidas cautelares impostas ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O ambiente institucional está se tornando insustentável. Em situações assim, convém precaver-se contra a onda de fake news, um expediente bastante utilizado por esses grupos de extrema direita. Já se fala, por exemplo, numa eventual greve de caminhoneiros em apoio ao ex-presidente. Esperamos que isso não passe de uma fake news.
Uma pesquisa do Instituto Quaest\Genial apontou que 59% dos brasileiros apoiaram as medidas adotadas contra o ex-presidente, enquanto 41% desaprovaram. Os simpatizantes de Lula apoiam e os partidários do ex-presidente desaprovam. É mais ou menos isso o que vem ocorrendo, o que se pode traduzir como um grandiosíssimo problema, numa espécie de cabo de guerra que não pode dá bons resultados. Estamos caminhando para aquela situação que o sociólogo jamaicano\britânico Stuart Hall advertia: um sistema muito polarizado só se define quando um dos polos destrói o outro. O Judiciário brasileiro simplesmente não pode admitir qualquer que seja a ingerência, muito menos estrangeira, à condução dos seus trabalhos.
O presidente Lula viajou para o Chile onde se reúne com outros presidentes de países do continente para discutir assuntos relacionados à defesa da democracia. Em princípio, não haveria nada agendado entre ele e o presidente norte-americano, Donald Trump. Diante do recrudescimento da crise entre os dois países, sabe-se lá se Trump abrirá sua agenda para receber o presidente brasileiro. É espantoso observar como existem órgãos de imprensa insuflando essas discórdias, quase que torcendo que os Estados Unidos adotem medidas ainda mais radicais contra o país, como se todos nós não viéssemos a arcar com tais consequências. Isso é uma irresponsabilidade.
sábado, 19 de julho de 2025
Editorial: Mais sanções dos Estados Unidos contra o Brasil.
O jornal Folha de São Paulo traz uma informação bastante preocupante para os brasileiros. Há rumores de que interlocutores do Governo dos Estados Unidos teriam informado aos partidários do ex-presidente Jair Bolsonaro que estão sendo preparadas mais medidas contra o Governo do Brasil. Embora o presidente Lula tenha considerado uma afronta as medidas tomadas contra membros de nossa Suprema Corte, o andar da carruagem política, por enquanto, sugere o caminho da negociação política, por vias diplomáticas. O próprio vice-presidente Geraldo Alckmin, cujo cacife tem crescido neste momento de crise, tem reiterado que as medidas cautelares tomadas contra o ex-presidente Jair Bolsonaro não impedirá que se chegue a um acordo com o governo americano.
Desde o início que essas medidas adotadas pelo governo americano contra o governo brasileiro são descabidas e insanas, capaz de produzir um dano irreparável para a nossa economia, o que contribui para unir o país em defesa de uma só narrativa: isso precisa ser revertido, sob pena de um desastre iminente. A julgar pela matéria do jornal, Donald Trump promete dobrar a aposta literalmente. Fala-se na estipulação de uma taxa de 100% para os produtos de exportação brasileiros, além medidas que poderão ser tomadas pela OTAN, entre outras. O descalabro parece irreversível. As mesas de negociações cumprem um papel decisivo nesses momentos, mas convém sempre ponderar sobre o comportamento dos indivíduos, principalmente quando eles ocupam um papel estratégico.
Não consideramos que estamos neste estágio, mas durante a crise dos mísseis russos instalados na ilha cubana, em 1962, colocou frente à frente dois estadistas consequentes: John Kennedy e Nikita Kruschev. Eles construíram um acordo onde se previa o respeito às zonas de influência geopolíticas dessas superpotências. Pouco tempo depois, o Governo de Cuba recebeu a presença de um representante do alto escalão da diplomacia soviética, com um recado duro ao presidente Fidel Castro. A partir daquele momento os soviéticos estariam fora de que qualquer projeto de expansão da revolução cubana pelo continente americano. Alguns historiadores até apontam este fato como determinante sobre o fracasso da aventura Guevarista na Bolívia. Mas, a lição que se aprende disso é que o jovem impetuoso Fidel Castro teria esmurrado a mesa diversas vezes, defendendo a tese que que os soviéticos não deveriam ter aceito a proposta de retirar os mísseis instalados no território cubano. Isso seria uma catástrofe e talvez não estivéssemos aqui produzindo esses editoriais. Tampouco os leitores que possam nos honrar com a leitura.
Editorial: Pen-drive: As provas de um crime?
Nos dois primeiros casos, a Polícia desconfiou da narrativa das supostas vítimas. O primeiro tratou-se de um golpe do seguro e, no segundo caso, a filha confessou a morte do pai para ficar com a herança deixada por ele. Com as encrencas que já pesam contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, sinceramente, não sabemos o que pode ter neste pen-drive que possa vir a comprometer ainda mais Jair Bolsonaro. Essa é uma dúvida hoje de muitos brasileiros, a começar pelo local onde havia sido escondido o pen-drive. Criou-se uma expectativa enorme em torno do assunto. A Polícia Federal já teria periciado o equipamento, mas mantém sigilo sobre o seu conteúdo, por razões óbvias.
Não era esse o objetivo, mas, nesses casos, os fatos estão sendo direcionados a enredos de novelas mexicanas ou aos contos de Dalton Trevisan, o vampiro de Curitiba, que passou a viver recluso em sua residência. Soubemos recentemente que a residência onde morava o escritor poderá ser transformada num centro cultural. Vamos aguardar as investigações e, possivelmente, até para evitar as especulações em torno do assunto, o teor do pen-drive será divulgado. Voltamos a insistir, no entanto, que, possivelmente, não haverá nada do que já não se saiba por ali. É exatamente isso o que tem intrigado muito gente, inclusive este editor.
Editorial: Fica mantido o recesso parlamentar.
Muito difícil gerir uma máquina pública onde não se constrói nenhum consenso sobre algumas temas nevrálgicos, como este. Na segurança pública, então, é como se propuséssemos um diálogo entre Nayib Bukele e Mahatma Gandhi. Com as medidas tomadas recentemente pelo STF contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, sugere-se que este diálogo esteja cada vez mais distante. Antes dessas medidas, os governadores de oposição haviam reavaliados seus posicionamentos em relação ao tarifaço imposto pelo Governo dos Estados Unidos ao Brasil. A medida cria dificuldades para todos os entes federados.
No que concerne à política paroquial, torna-se mais simples este posicionamento. Salvo melhor juízo, governadores como Jorginho Melo, de Santa Catarina, Romeu Zema, de Minas Gerais, Tarcísio de Freitas, de São Paulo, já se pronunciaram contra as medidas cautelares adotadas contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Hoje, 19, já temos a informação de que o tal pen drive encontrado no banheiro da casa do ex-presidente já teria sido periciado pela Polícia Federal, embora o seu teor seja mantido em sigilo, por razões óbvias. É curioso como este pen drive vem chamando a atenção do público e da imprensa.
