pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : Gazeta de Alagoas: Mapa da violência aponta grupos mais vulneráveis em Alagoas: Negros e jovens.
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sábado, 17 de dezembro de 2011

Gazeta de Alagoas: Mapa da violência aponta grupos mais vulneráveis em Alagoas: Negros e jovens.


Por: CARLA SERQUEIRA - REPÓRTER

Além de ser o Estado mais violento do Brasil, Alagoas é também o lugar onde mais morrem negros e jovens no País. E se não fosse o Espírito Santo, a “terra dos marechais” seria ainda a terra de maior matança entre as mulheres. Já quando se fala em assassinato de brancos, Alagoas aparece no final da fila. Somos o segundo Estado onde menos morrem brancos, vítimas do crime.

Esse retrato da realidade alagoana está publicado no Mapa da Violência 2012, divulgado na última quarta-feira. O estudo, desenvolvido pelo Instituto Sangari, com dados oficiais dos ministérios da Saúde e da Justiça, além de apresentar os números da barbárie, fez questão de revelar o perfil de quem mais fica na mira dos homicidas.

Em todo Brasil, segundo o Mapa da Violência, a tendência é cair o número de assassinatos entre brancos e aumentar entre negros. De 2002 até 2010, o universo de vítimas brancas reduziu 27,5%; caiu de 18.852 para 13.668. No mesmo período, o número de negros assassinados cresceu 23,4%, passando de 26.952 para 33.264. Em Alagoas, a diferença impressiona ainda mais. Em 2002, segundo a pesquisa, 107 brancos foram vítimas de homicídios no Estado. Em 2010, este número caiu para 43, uma redução de 59,9%. Já a população negra exterminada passou de 650 em 2002 para 1.690 em 2010. Em apenas oito anos, o número de vítimas negras em Alagoas aumentou 160%.

NÚMEROS REGISTRAM UM MAPA VIOLENTO

O Mapa da Violência 2012 analisa o avanço dos homicídios no Brasil nas últimas três décadas. Nos estudos divulgados desde 1998, o Instituto Sangari chega sempre à mesma conclusão: são os homens as vítimas mais numerosas. Segundo o estudo, só em 2010, dos 49.932 homicídios registrados pelo Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde, 45.617 tiveram pessoas do sexo masculino como alvos, o que representa 91,4% do total.

No mesmo ano, as vítimas mulheres somaram 4.273 ou 8,6% do número de assassinatos. “Ainda assim”, revela o Mapa, “apesar da baixa participação, nas estatísticas recentes morrem acima de 4 mil mulheres anualmente vítimas de homicídios. Nos 30 anos considerados, morreram 91.886 mulheres por esta causa”.

JUVENTUDE AMEAÇADA

Outra confirmação recorrente nos estudos desenvolvidos pelo Instituto Sangari é que, além de homens, as vítimas mais recorrentes dos assassinatos são jovens, na faixa etária de 15 aos 24 anos.

“Existe um bom número de estudos e um alto nível de consciência pública sobre a elevada concentração dos homicídios na população jovem do País, embora, pelos dados atuais, esse nível de consciência não tenha sido traduzido ainda em políticas de enfrentamento que consigam reverter o quadro atual”, escreveu num trecho do Mapa da Violência 2012, o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, diretor do Instituto Sangari e responsável pela pesquisa. “Pelo contrário”, continua ele, “a vitimização juvenil no País continua crescendo, sendo claro indicador da insuficiência dessas políticas”.

HOMOFOBIA ENGROSSA AS ESTATÍSTICAS

Nos últimos anos, as vítimas de homicídios em Alagoas foram ficando ainda mais específicas. Têm sido recorrentes as notícias de emboscadas contra políticos, assassinatos de moradores de rua e crimes de homofobia.

Só no ano passado, segundo a própria Polícia Civil, foram mortos 32 moradores de rua – número divulgado em novembro de 2010.

Em notícia do dia 15 do mesmo mês, publicada no portal Terra, a última vítima era, inclusive, uma mulher moradora de rua. A gravidade da matança atraiu para Alagoas representantes do Ministério da Justiça, que temiam punições para o Brasil de organismos internacionais de proteção dos direitos humanos.

No dia 19 de novembro deste ano, Alagoas registrou a morte de um militante gay, engrossando os números de homicídios com suspeita de motivação homofóbica. Zequias Rocha Rego, de 57 anos, era um dos fundadores do Grupo LGBT de Alagoas.
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