pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : Editorial: O xeque-mate da Odebrecht no nosso sistema político.
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sexta-feira, 14 de abril de 2017

Editorial: O xeque-mate da Odebrecht no nosso sistema político.


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As delações dos herdeiros, ex-executivos e executivos da empreiteira Odebrecht causaram uma espécie de tsunami político de dimensões gigantescas. As rédeas do nosso sistema político, como se sabe, estão bastante fragilizadas, mesmo num contexto de ruptura institucional, onde, em tese, medidas para estancar a sangria são sempre possíveis, como forma de não prejudicar os atores políticos diretamente envolvidos na engrenagem golpista. O país chegou a um dilema bastante complicado: ou reconstrói o seu sistema político, a partir dos escombros das delações da Odebrecht, ou sucumbe de uma vez, entendendo ser este um país que não se pode levar mesmo a sério, uma republiqueta golpista e corrupta, cujo a democracia não passa de um grande mal-entendido, como preconizava o historiador Sérgio Buarque de Holanda. Entre os atores políticos que pululam este ambiente podre, quem, de fato, teria a integridade e estatura moral para passar este país a limpo? Assim como os leitores deste texto, também este editor não vislumbrou ninguém num universo próximo. O mais provável neste terreno fértil, é que surjam os conhecidos "salvadores da pátria", do tipo "contra tudo isso que aí está". 

O grande problema é que foram esses atores, enredados até a medula nas delações e planilhas dos delatores da Construtora Odebrecht, que tramaram a queda da presidente Dilma Rousseff(PT). Hoje esses atores políticos estão desacreditados, com o prestígio mais sujo do que pau de galinheiro, alguns já presos, outros na iminência de sê-los, agindo como náufragos à procura de uma tábua de salvação. Até Lula - imaginem - já aparece como uma alternativa salvacionista para essa trupe política. Um foro privilegiado nessas circunstâncias conta muito. É bom ter em mente que o cerco também se fecha sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Não nos parece que alguém tenha mais alguma dúvida sobre o seu veredicto. Em tais circunstâncias, até 2018 Lula está preocupado muito mais em se defender do que propriamente assumir uma candidatura. Uma candidatura, nesses termos, bem que poderia ser creditada ao arsenal de defesa dos seus advogados. Na realidade, não sobraram pedra sobre pedra nesta engrenagem de promiscuidade envolvendo agentes públicos e privados, revelada pela Odebrecht. O sistema político brasileiro está na UTI, em estado de coma. 

Impressiona as informações fornecidas pelo presidente do Grupo Odebrecht, Emílio Odebrecht. Não apenas pelas relações de caráter pouco republicanas mantidas entre seus executivos e a classe política - de todas as matizes - mas também em razão de uma constatação curiosa, acerca da aprendizagem do grupo sobre negócios com o Estado, seja no terreno do escuso, seja no plano de licitações limpas, como ocorria em outros países. Durante a sua fala ele confidenciou ao juiz que o ouvia que seus subordinados eram enviados a outros países para aprenderem a participar de licitações competitivas, dentro das regras do mercado, de acordo com a legalidade, sem essa história do "por fora". Aqui, pelo que foi dito, as licitações não passam apenas de meras formalidades, uma vez que os negócios são decididos nos estertores de reuniões nebulosas, regadas a vinhos, canapés e gordas propinas. Eu lembro que, não raro, o PMDB se dizia desprestigiado no Governo Dilma, exigindo mais cargos no governo, para implantar o seu "programa". Hoje se sabe muito bem qual era este "programa". 

Quando estouro o escândalo do mensalão, o então ex-deputado Roberto Jefferson,  cujo partido havia indicado aquele cidadão - pego em flagrante na hora em que recebia dinheiro de propina - para uma direção dos Correios, quando questionado pelos seus pares a respeito daquele procedimento, teria dito qualquer coisa como se aquilo fosse natural, uma prática comum, inclusive ao PT e aos apoiadores do Governo Lula. Não mais me recordo do termo exato, mas era como se o cargo público fosse apenas uma janela para a realização de negócios escusos, com o propósito de subtrair o erário em nome da formação das caixinhas partidárias e do enriquecimento ilícito dos seus operadores. Em suas declarações, o patriarca do Grupo Odebrecht, Emílio Odebrecht confirma exatamente isso, ou seja, a ocupação dos cargos públicos no Brasil - embora isso não possa ser generalizado - é exercida não para servir ao público, atendendo as demandas do cidadão comum, que paga seus impostos para custear a máquina, mas para locupletar-se do banquete dos desvios de recursos, através da promiscuidade entre agentes públicos e privados.  

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