Estava reservando o editorial deste sábado para o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot. Fomos atropelados, no entanto, com o anúncio da prisão do ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, ainda neste sábado. Segundo seus advogados, uma pressão a mais para que ele entre no programa de delação premiada. Já disse aqui para vocês que não vejo como Rocha Loures não abrir o bico. Afinal, os donos da JBS já afirmaram em alto e bom tom que o dinheiro da mala não era para ele. Ele não é louco de assumir um ônus tão pesado apenas para poupar o amigo ainda Presidente da República. Creio que, do ponto de vista estritamente jurídico, o cerco já está fechado. O grande problema tem sido, no entanto, a articulação política em torno da construção de um consenso de transição até as eleições gerais de 2018. Por aqui, parece-nos que ninguém se entende. Nem PSDB, nem PMDB, nem DEM, os principais suportes políticos da base aliada do ainda presidente Michel Temer.
O Procurador-Geral, Rodrigo Janot, fez inimigo em todos os quadrantes políticos. Ali pelos suspiros finais do Governo Dilma Rousseff, foi apontado por um conhecido colunista como integrante das forças que conspiraram contra o mandato da ex-presidente. Pela natureza do cargo que ocupa, seria natural que sua taxa de "aprovação" não fosse das melhores, notadamente entre aqueles atores atingidos diretamente pelos seus atos. Há gente contando nos dedos os dias que faltam para a sua saída da PGR. Mas, enquanto houver fôlego, parece-nos que ele não pretende dar folga aos gatunos do erário ou dos seus comparsas. Tem agido com uma celeridade surpreendente. Nas últimas horas, reforçou o peido de prisão do ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, assim como endureceu o jogo com o senador afastado, Aécio Neves(PSDB), que hoje mais se parece com um zumbi político.
Para quem escuta os diálogos nada republicanos deste cidadão com achacadores de agentes públicos, fica muito difícil imaginar que há alguns anos atrás o ex-ministro da Justiça, Fernando Lyra, enxergava nele uma das grandes promessas políticas do país. De acordo com Lyra, ao lado do ex-governador Eduardo Campos, eram as duas grandes lideranças políticas surgida no país nas últimas décadas. Lyra, infelizmente, não ficou vivo para reavaliar seus conceitos e conclusões. Em seus últimos despachos para o STF, Rodrigo Janot pede a cassação do seu mandato de senador da República, entre outras coisas, acusando-o de ter lesado milhões de eleitores brasileiros, que creditaram nele alguma confiança. Nesses mais de 50 milhões de eleitores, há, naturalmente, aqueles eleitores incautos, mas como entender a leva de artistas globais, cidadãos minimamente bem-informados, que se dizem enganados pelo moço, ou os milhares de "coxinhas", capazes de ir para o pau em sua defesa?
Como disse antes, para Rodrigo Rocha Loures não resta outra alternativa, que não a de abrir o jogo sobre o destinatário da grana da mala. Seus advogados são contra, mas não se trata apenas de uma decisão ou não de entrar no programa de delação premiada. Loures foi flagrado numa operação da Polícia Federal, recebendo a tal mala dos emissários do grupo JBF. Em qualquer circunstância, terá que apresentar um "bom argumento" para livrar-se dessa encrenca, sobretudo agora, jogado na vala comum daqueles que perdem o tal foro privilegiado.
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