terça-feira, 19 de julho de 2022

Editorial: Preparem o bolo de rolo que Lula está chegando



Lula chega ao Recife no próximo dia 20, onde deve permanecer até o dia 21, cumprindo uma série de compromissos políticos assumidos oficialmente com o candidato do PSB, Danilo Cabral. Uma pena mesmo que, por razões de segurança - ou seriam políticas? - ele não irá arruar pelas ruas do Recife ou experimentar um sarapatel no Mercado de São José, reduto do folclorista Liêdo Maranhão, um anfitrião de primeira, que, no passado acompanhou até o cineasta Orson Welles em suas noitadas pelos bairros boêmios do Recife.Quando esteve aqui na província, na década de 40 do século passado, este sarapatel fazia a festa do cronista capixaba Rubem Braga, que dividia a iguaria com Gilberto Freyre e Capiba. Outro apreciador de nossa boa mesa era o escritor Jorge Amado, assídio frequentador do Restaurante Leite. Jorge gostava de arruar pelas pontes do Recife. 

Bolo requintado, de origem portuguesa, dos tempos da colonização, o Bolo de Rolo tornou-se um patrimônio dos pernambucanos. Os portugueses o recheavam com nozes e avelãs. Na ausência dessas oleaginosas, os pernambucanos colocaram o recheio de creme de goiaba que, possivelmente, o tornou ainda mais gostoso. Em sua origem não, mas com recheio de goiaba é coisa nossa, tipicamente pernambucana, daí a sugestão deste editor no título deste editorial. 

Naqueles tempos de vacas magras, ainda na década de 80 do século passado - período em que o PT estava em formação - quando vinha a Pernambuco para visitar os campanheiros e a família em Caetés, Lula parava nas estradas deste sertão para saborear um bom capão com sangue de cabidela, feijão verde recheado de quiabo e maxixe e suco de umbu. Não sem antes, para abrir o apetite, uma boa cachaça com tira-gosto de préa ou arribaçã. Nessas andanças, era sempre acompanhado do fiel escudeiro, o hoje senador Humberto Costa, que  conduzia a turma numa surrada Brasília Amarela.

Agora, naturalmente, os tempos são outros, mas, mesmo assim, Lula teria manifestado o interesse em conhecer uma réplica da residência em que ele viveu com os familiares na cidade de Caetés, próxima a Garanhuns. As cenas gravadas ali, ao que fui informado, poderão ser utilizadas em sua campanha pela televisão. Como disse no início, contingências outras, infelizmente, irão confiná-lo a um encontro fechado no Classic Hall, sem que ele possa se misturar à multidão, como ocorreu recentemente na Bahia.    

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