pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : Editorial: O complicado caso de "desbolsonarização" do Governo Lula
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sábado, 4 de março de 2023

Editorial: O complicado caso de "desbolsonarização" do Governo Lula

 


Até entendemos quando o ex-executivo da Coca-Cola para a América Latina, Vicente Fox, assumiu o Governo do México, quebrando uma hegemonia de mais de sete décadas de poder do Partido Institucionalista Republicano - o PRI - com seu republicanismo apenas no nome, registre-se -, tenha encontrado inúmeras deficuldades para tocar a máquina sem o apoio de agentes desse partido, enraizados na burocracia estatal durante mais de setenta anos, pois faltaria o azeite necessária para fazer a engrenagem funcionar. Com sua expertise na iniciativa privada, Vicente Fox deve ter percebido este fato muito claramente, observando que não havia outro jeito. Era isso ou a máquina parava.  

Aqui no Brasil, num país de cultura patrimonialista e clientelística, o quadro é ainda mais caótico. Se não tomar alguns cuidados rigorosos, o PT começa a entrar numa espiral enrascada, com um forte risco de desgate de imagem; compromentimentos de suas políticas públicas e prejuízo para o perfil de republicanismo que pretende imprimir na gestão dos negócios públicos, aposta que a população brasileira fez ao votar no partido, numa tentativa de acabar com o descalabro em que estava se transformando a nossa burocracia estatal.

Termos como falcatruas, rachadinhas, propinas, vantangens indevidas, bandidagens contra os opositores, militarização e retrocesso autorititário se tornaram comuns. Eventuais tentativas de contrabando de jóias é a novidade mais recente. São os porões do desgoverno em que estávamos metidos, de acordo com as palavras de um ministro da Corte. Porões do obscurantismo republicano e do atraso institucional. O próprio Lula já observou, publicamente, que sente que a máquina está emperrada em alguns setores exatamente em razão dessa contaminação do bolsonarismo. 

Promover essa assepcia republicana na máquina é uma tarefa hercúlea, mas é fundamentalmente imprescindível fazê-la. Não seria, inclusive, um problema temporal, decorrente do período bolsonarista. Remonta aos costumes arraigados da sociedade brasileira. Começa pelo número absurdo de DAS (Direção de Assessoramento Superior). São mais de 22 mil nos cabides públicos. Depois da era bolsonarista, mais um agravante, um verdadeiro abacaxi para descascar, pois algo estimado em 8 mil deles são militares. 

Conheço repartições públicas onde os DAS eram uma espécie de capitania hereditária, com seus donatários e tudo mais. Quando o indivíduo titular do cargo se aposentava indicava alguém da família ou a amante para sucedê-lo. O Ministro das Comunicações deve mesmo estar com os dias contados. Ainda no dia de ontem, tomamos conhecimento de que os problemas com os quais ele está envolvido são ainda mais graves. Segundo está sendo divulgado pela imprensa, ele teria mantido dez servidores do Governo Bolsonaro  na atual estrutura da Secom. Seriam pessoas que ocupavam cargos de confiança. Isso parece estar se transformando numa prática, uma vez que o Ministro das Minas e Energias também indicou vários conselheiros do Centrão para o Conselho de Administração da Petrobras. Gleisi Hoffmann, presidente do PT, classificou a atitude como um estelionato eleitoral.

P.S.: Contexto Político: Os comentários dos leitores por aqui são escassos, a julgar, sobretudo, pelo alcance do blog, limitado por uma série de fatores. Mas, eventualmente, recebo alguns e-mails com ponderações sobre os editoriais publicados. Neste sugiro ao PT tomar cuidados redobrados com a presença de bolsonaristas de carteirinha ocupando funções públicas estratégicas. A gente sabe que essa turma está cheia boas intenções. Um outro fator preponderante diz respeito à questão do nepotismo, que o leitor considerou um pouco desfocado do contexto. Aqui esclareço que não é. As nossas preoucupações diz respeito a um prócere petista, ocupando um cargo dos mais releventes na atual administração federal, que está prestes a incorrer neste equívoco. Vamos aguardar, sobretudo, que ele calcule bem a dimensão da encrenca que poderá está criando para a terceira gestão de Lula.      

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