sexta-feira, 26 de julho de 2024

Editorial: Morreu o xilogravurista J. Borges.



Morreu, no dia de hoje, 26, o xilogravurista pernambucano J. Borges. Um momento de tristeza para os pernambucanos. Perdemos um artista de múltiplos talentos, com reconhecimento internacional de sua obra. Natural de Bezerros, Agreste do Estado, J. Borges teve uma infância de dificuldades, pouca instrução formal, com um começo simples, como vendedor de literatura de cordel nas feiras nordestinas. O talento para a xilogravura só viria algum tempo depois, em razão das dificuldades de encontrar alguém que pudesse ilustrar os seus cordéis. Fez alguns testes com tinta, deu certo. Ariano Suassuna se interessou pelo seu trabalho, projetando-o nacionalmente como o maior xilogravurista do país. 

Em visita ao Brasil, o escritor uruguaio, Eduardo Galeano, autor de As Veias Abertas da América Latina, numa exposição no Rio de Janeiro, se deparou com as obras do artista pernambucano e decidiu que o procuraria para ilustrar seu novo livro, As Palavras Andantes. Desde então, ambos estabeleceram uma profícua amizade, culminando com a presença do escritor ao seu ateliê, sempre repleto de estudantes. Não era raro encontrá-lo por ali, momento em que sempre se dispunha a atender os visitantes, em conversas que se prolongavam por horas.  Algumas de suas obras estão expostas em países como México e Estados Unidos. 

Os filhos de J.Borges acabaram seguindo o mesmo ofício do pai. Este editor chegou a visitar o ateliê do artistas por duas ocasiões, em ambas tendo o privilégio de ouvi-lo falar sobre a sua trajetória artística. J. Borges produziu mais de 300 livretos de literatura de cordel, sempre tratando de temas do imaginário social nordestino. Entre esses livretos, salvo melhor juízo, aquele de maior sucesso é A Chegada da Prostituta ao Céu. Em Pernambuco, suas obras se encontram expostas em museus como o Museu do Estado e o Museu do Homem do Nordeste, que possui também um expressivo acervo do artista em reserva técnica. 

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