sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Editorial: PT: Onde foi que eu errei? Chamem o Ricardo Antunes.



A revista Veja desta semana traz uma longa matéria de capa abordando as cartas do jogo que já está sendo jogado entre os principais atores políticos, de olho nas eleições presidenciais de 2026. A engrenagem que mói neste momento, envolve desde mudanças programáticas - com reflexos nas políticas públicas - até a luta interna pelo controle das agremiações políticas. O ex-presidente Jair Bolsonaro tem enfatizado que o candidato da direita às eleições presidenciais de 2026 é ele mesmo ou alguém do seu clã familiar, à exceção, claro, de Michelle Bolsonaro. Nos bastidores, o clã Bolsonaro trava uma batalha pelo controle da legenda do PL, onde poderia reunir melhores condições DE viabilizar tal postulação. 

A inelegibilidade, curiosamente, passou a ser tratada como um detalhe irrelevante. O PT também se movimenta, antecipando-se ao encontro de 2025, diante da necessidade de rever algumas correções de rumo desde já. Embora percebamos que aquela autocrítica necessária deveria ter outra pauta, não deixa de ser curioso o elenco de argumentos levantados pelo atual presidente nacional da legenda, apontando os pontos em que o partido precisa rever para se adequar às mudanças atuais, inclusive no mundo do trabalho. 

Como gato escaldado tem medo de água fria, as recentes falas do morubixaba petista sinalizam que essas mudanças já estão em curso desde já. Recentemente, Lula anunciou que irá liberar uma linha de crédito para os beneficiários do programa Bolsa Família abrirem um negócio próprio, o que se constitui numa revolução copernicana nas políticas públicas tradicionais da legenda. Entrincheirado em seu reduto da UNICAMP, o sociólogo Ricardo Antunes tornou-se o acadêmico brasileiro mais respeitado no que concerne às mudanças no mundo do trabalho. Embora crítico do PT desde a década de 80 - quando afirmava que o partido não era tão popular como se dizia, posto que formado por intelectuais de classe média e uma elite sindical - não custa convidá-lo para este debate da legenda. Conviver com quem pensa diferente pode ser de bom alvitre, principalmente para uma legenda que precisa realizar uma autocrítica profunda e não apontar apenas as mudança externas como o fator determinante de sua debacle. 

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