sábado, 22 de junho de 2024

Editorial: O voto "xerifão"


Um dos fenômenos mais interessantes e instigantes entre as áreas de pesquisa em ciência política talvez seja mesmo entender o que leva o eleitor a votar neste e ou naquele candidato. Há várias hipóteses ou variáveis envolvendo este assunto, todas dignas de investigações. O bolsonarismo, aliado a este momento de insegurança que o país atravessa, talvez esteja estimulando o eleitorado em votar em nomes ligados ao aparato de segurança do Estado, como se observou nas últimas eleições, caso se considere, por exemplo, o expressivo número de parlamentares ligados às Forças Armadas ou às polícias federais e estaduais. 

Neste sentido, vejam a composição da Bancada da Bala, formada pro delegados e policiais civis, policiais federais, policiais militares e representantes das Forças Armadas. O fenômeno é tão curioso que em Goiás dizem alguns internautas, a liderança da deputada federal Adriana Accorsi para a prefeitura de Goiania se dá não apenas pelo prestígio do PT naquela praça, mas, sobretudo por ela ser uma ex-delegada da Polícia Civil do Estado. 

Esta questão veio à tona em razão da confirmação do nome do coronel Mello Araújo, Ex-Rota, como candidato a vice na chapa de reeleição do prefeito Ricardo Nunes. Há quem assegure que ele não tem voto, pois nunca foi experimentado nas urnas, mas tudo isso é muito relativo, uma vez que sua entrada na chapa pode consolidar o  eventual apoio do eleitorado bolsonarista mais radical paulista ao projeto de reeleição do prefeito. 

Tudo ainda é muito recente para se tirar conclusões mais precisas sobre o que pode representar, de fato, em termos de benefícios eleitorais, a entrada do coronel na chapa. Candidatos como Guilherme Boulos, por exemplo, podem explorar o perfil de extrema-direita da composição. Mello, inclusive, não era o nome da preferência de Ricardo Nunes, que preferia uma composição menos radicalizada. É curioso como a entrada do coach Pablo Marçal no páreo está produzindo um verdadeiro rebuliço na disputa. 

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