sábado, 15 de novembro de 2025

Editorial: Ouvidos de moucos na segurança pública.



Por razões óbvias, nunca saberemos os detalhes da entrada do BOPE na floresta que serpenteia o conjunto de favelas da Penha e do Alemão. Sabe-se que teriam usado drones para monitorar os movimentos dos traficantes na área e, mais recentemente, soube-se que eventualmente eles teriam realizadas incursões preparatórias em outras favelas com tal objetivo, testando o poder de fogo e as estratégias de defesa do pessoal do CV. Há pouco ficamos sabendo de novos confrontos entre o Terceiro Comando Puro e o Comando Vermelho, resultando na morte de 8 membros ligados ao CV, que estavam numa festa. Não seria improvável que tenhamos logo novos confrontos no sentido de vingar os mortos do CV. 

Este intróito serve para informar que a situação nunca esteve sob o controle do Aparelho de Estado no Rio de Janeiro. Anda circulando vídeos nas redes sociais sobre as cidades fantasmas no Ceará, ou seja, áreas urbanas desocupadas a mando de facções. Já se sabe que Governo e Oposição não construirão algum consenso mínimo sobre o assunto, até porque a direita pretende transformar tal questão num tema decisivo das eleições presidenciais de 2026. Na realidade, a direita está dando uma força, posto que pesquisas já indicam que este é um tema nevrálgico entre a população brasileira. Até recentemente, foi autorizado ao ex-presidente Jair Bolsonaro receber três governadores de Estado e o deputado federal Guilherme Derrite, relator do PL da Anistia. A ideia, como se presume, é a questão das eleições de 2026, nas entrelinhas apenas a questão da segurança pública. Estiveram presentes ao convescote de direita os governadores Tarcísio de Freitas, Ronaldo Caiado e Cláudio Castro.  

Hoje os jornais trazem a informação de que eles também estão batendo cabeça em torno do tema da segurança pública, mas o mais provável é que o impasse mesmo seja em relação ao nome ungido pelo capitão como herdeiro do seu espólio político. Romeu Zema, governador de Minas Gerais, já andou sugerindo a construção de um presídio de segurança máxima no Amazonas e a transferência dos chefes de facções para o CECOT, a temida penitenciária de segurança máxima mantida em El Salvador, onde foram confinados os membros das gangues que aterrorizavam aquela país, cujos índices de violência despencaram. Não sem um preço alto a ser pago em relação ao respeito aos direitos humanos elementares. 

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