pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : Tijolinho do Jolugue: Brasil, Pátria Educadora.
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sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Tijolinho do Jolugue: Brasil, Pátria Educadora.


A despeito de algumas posições políticas no nosso entendimento equivocadas - como o seu apoio ao candidato tucano nas últimas eleições presidenciais - o senador e acadêmico Cristovam Buarque é um dos mais fecundos estudiosos da educação brasileira, assim com elegeu o tema como sua plataforma política enquanto parlamentar. É um mérito que não se pode negar ao pernambucano. Quando foi anunciado o nome de Cid Gomes para o Ministério da Educação, ele veio à boca do palco para criticar a escolha, embora, segundo ele, o nome importava menos. O que estava em jogo era o "descaso" do Governo com o tema educação, até então uma área estratégica para a coalizão petista. Era como se o Governo recém-reeleito abdicasse de uma prioridade. Muitas vozes, inclusive a nossa, acompanharam o senador nessa opinião. Finalmente, ocorreu a posse de Dilma. Durante o seu discurso, Dilma contemporiza os setores mais progressistas da sociedade brasileira, anunciando o lema do novo Governo: Brasil, Pátria Educadora. Cristovam Buarque volta ao tema , desta vez lembrando outro grande pernambucano, o abolicionista Joaquim Nabuco. Defensor ferrenho da abolição do trabalho escravo, Joaquim, à época, fazia uma espécie de oposição ao conselheiro João Alfredo, representante do então Governo. Quando o Governo acenou com a possibilidade de abolição da escravatura, projeto de lei viabilizado pelo conselheiro João Alfredo e sancionado pela Princesa Isabel, Joaquim Nabuco engajou-se de imediato no projeto, esquecendo as divergências que mantinha com João Alfredo. Para ele, este foi o ato de maior grandeza de Joaquim Nabuco. Neste sentido, Cristovam convoca a sociedade brasileira a se engajar nesse projeto de Governo, assim como ocorreu com Joaquim Nabuco, apoiando todas as medidas que contribuam, de fato, para materializar esse tema, que, inclusive, estava na agenda das Jornadas de Junho. Para Joaquim e para Cristovam apenas a abolição formal da escravidão não contornaram os graves problemas de oportunizações da sociedade brasileira. À época, Joaquim Nabuco enfatizava a necessidade de completarmos a obra da libertação dos escravos criando um projeto para os recém-libertos, então ex-escravos, analfabetos, sem terra, sem formação profissional, com remotas possibilidades de inserção social. Se analisarmos com isenção, isso está na raiz de todos os nossos problemas. Os Governos de coalizão petistas conseguiram alguns avanços significativos nessas questões, embora o percurso de correção dessas injustiças históricas ainda seja um caminho muito longo e hoje, de certa forma, comprometidos pela correlação de forças em jogo na capital federal. Vamos torcer que ainda haja espaço para essa margem de manobra estruturante do Governo Dilma. Que não retroajamos nesse ciclo de oportunizações criados na Era Lula.

A charge é de Renato Aroeira, publicada no Jornal O Dia.

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