pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : setembro 2024
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sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Editorial: Marçal muda de estratégia. Tarde demais!?



O debate do SBT\Terra, realizado no dia de hoje, 20, mostrou uma mudança substantiva de comportamento do empresário e candidato Pablo Marçal(PRTB-SP). O "sotaque" ele não perdeu, se permitindo o uso de algumas indiretas ou ironias, mas, a rigor, apresentou-se como um aspirante mais moderado, equilibrado, até discutindo propostas para a cidade. Diante da sequência de problemas apresentados durante os debates anteriores, o SBT endureceu as regras, tornando comportamentos inadequados passíveis de expulsão do candidato. Nem os apelidos foram tolerados, embora a tchutchuca do PCC aparecesse nos momentos finais do enfrentamento. 

Marçal, diante dos números desfavoráveis e o aumento expressivo de sua rejeição, tentou, hipoteticamente, estipular dois momentos distintos da campanha. Aquele em que ele expôs a biografia dos seus concorrentes, e, a partir de agora, quando teremos apenas duas semanas para a votação de 06 de outubro. Definitivamente, faltou combinar com os eleitores, que repeliram o seu comportamento agressivo e beligerante. Estratégias equivocadas em campanha podem ser determinantes para o desempenho de um candidato. Alguns bons analistas sugerem que seu definhamento ou estagnação deverá ir ate as urnas, no dia 06. A eleição em São será definida entre Ricardo Nunes, do MDB,  e Guilherme Boulos, do PSOL. 

Pesquisa divulgada pelo Instituto Paraná Pesquisas, no dia de hoje, 20, não sugere mudanças significativas, mas continua apontando um empate técnico entre ele, Boulos e Nunes, o que demonstra a resiliência do empresário.  Vamos aguardar mais um pouco, mas a sua situação hoje não é das melhores. Há indicadores de saturação do eleitorado com o seu comportamento não condizente com um processo eleitoral minimamente civilizado. 

Editorial: Por dentro das pesquisas de intenção de voto.



Com o andamento da campanha, alguns dos grandes institutos de pesquisa passaram a mensurar as reações mais íntimas dos eleitores em relação aos seus candidatos. Índices de aprovação para aqueles que já administram a máquina; taxas de rejeição dos concorrentes, estratificação do eleitorado por renda, formação, zonas da cidade onde residem, religiosidade, entre outras características.  A princípio, a preocupação maior dos eleitores seria a de observar os números finais, aqueles escores que indicam o percentual de votos dos candidatos, principalmente a performance daquele com o qual ele se identifica. Há até aquela indicação do voto útil, ou seja, o eleitor pode deixar de votar no seu preferido em razão de sua impossibilidade de chegar lá. 

Os dados levantados por esses institutos, porém, agora são de fundamental importância para se concluir algo em torno do potencial de êxito do candidato X ou Y na disputa. Em São Paulo, por exemplo, observa-se o desmoronamento da candidatura de Pablo Marçal(PRTB-SP), sobretudo em razão do seu comportamento inadequado, rejeitado pelos eleitores. Há uma grande possibilidade dele não ir para o segundo turno, que deve ficar polarizado mesmo entre Guilherme Boulos(PSOL-SP) e Ricardo Nunes(MDB-SP). A eleição está equilibradíssima, mas, sob certos aspectos, o staff de campanha de Ricardo Nunes, ainda com base nesses percentuais estratificados, já pode comemorar a possibilidade concreta de reeleição. As avaliação de segundo turno sugerem que ele venceria com relativa facilidade em relação ao Guilherme Boulos, e daria uma lavagem em Marçal, caso ele ainda possa se recuperar, o que os números de rejeição não sugerem. 

Aqui no Recife, com baixíssima rejeição e percentual de votos que atingem o índice de 77% de acordo com o último Datafolha, o prefeito João Campos já pode encomendar o terno da posse. A questão agora é saber quem atinge um percentual maior de votação. Se ele ou o candidato do União Brasil, em Salvador, Bruno Reis. Daniel Coelho, candidato que conta com o apoio do Palácio do Campo das Princesas, não decola. O bolsonarista Gilson Machado, amealha melhoras nos seus índices, mas muito aquém do suficiente para se tornar um candidato efetivamente competitivo.  Ademais, ele possui uma taxa alta de rejeição, o que interdita seu avanço nas intenções de voto. 

 

Charge! Thiago via Jornal do Commércio.

 


Charge! Jaguar via Folha de São Paulo

 


Editorial: "Translados", de Nicolás Gil Lavreda.


É curioso como o gênero "documentário" suscita tantas polêmicas entre os estudiosos de cinema. Há uma vasta bibliografia tratando do assunto, mas as polêmicas persistem. O documentário pode recriar a realidade; é possível inserir elementos ficcionais num documentário; mulheres e homens reagem diferente na abordagens de determinados temas, onde se pressupõe que até questões de gêneros podem influir no resultado da realização de um documentário. Um documentarista famoso observou esta nuance ao entrevistar um grupo de homens e um grupo de mulheres sobre as atrocidades cometidas pela ditadura chilena. 

Enquanto os homens aram mais retraídos, as mulheres, embora reticentes no início, se mostravam bem mais à vontade em relatar os fatos. Estreou na argentina, em Buenos Aires, precisamente, o documentário "Translados", do cineasta Nicolás Gil Lavreda, que aborda os famosos voos da morte, um expediente utilizado pela ditadura daquele país para assassinarem seus opositores. Os voos da morte consistiam em dopar as vítimas e atirá-las ao mar ou ao Rio da Prata. Nicolás reuniu relatos de pessoas que sobreviveram; depoimentos de agentes de Estado que participaram ou que conheciam detalhes sobre essas atrocidades; além de documentos que puderam ser confirmados, como relatórios dos serviços de inteligência. 

Um dos casos mais emblemáticos é o de um grupo de mulheres ligadas a Igreja Católica, que foram deduradas por um agente infiltrado. O agente foi condenado, assim como outros tantos militares e civis que estiveram envolvidos com violações graves dos direitos humanos naquele país. Durante a exibição, com casa cheia, as pessoas aplaudiram e se emocionaram com as cenas mostradas no documentário. Até recentemente foi produzido um outro documentário sobre um grupo de estudantes secundaristas desaparecidos e mortos depois de reclamarem sobre a concessão de um benefício de transporte público. É sempre bom que essas verdades venham à superfície através das câmaras desses jovens cineastas.  

quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Editorial: Fogo não se apaga com saliva II


Este é o título do editorial de hoje, 19, do jornal O Estado de São Paulo. O problema das queimadas que se alastram pelo Brasil, de fato, está produzindo um prejuízo humanitário, ambiental e político gigantesco ao país e à sua população. Fauna e flora de biomas como o Amazônico, o Cerrado e Mata Atlântica estão em risco, comprometendo, talvez irremediavelmente, a imagem que o Brasil procurou ostentar no contexto das relações internacionais, como tendo um governo que, agora, depois do furacão bolsonarista, tomava as rédeas da preservação de suas reservas naturais. 

Existem alguns fatores ambientais que estão contribuindo para este desastre, principalmente em zonas como do estado de São Paulo, mas, a rigor, como reconhece o próprio presidente Lula, há um profundo despreparo nosso para lidar com uma emergência como a que estamos enfrentado. Para completar  o enredo, quase todos os dias as forças policiais apontam indícios de ações coordenadas ou prendem marginais tocando fogo em áreas de mata. O fato é que o Brasil arde em chamas. Segundo alguns observadores, a Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, por não ter mais como explicar a situação, estaria sendo blindada pelo governo, restringindo ao máximo a concessões de entrevistas para tratar do tema nevrálgico.  

Lula propôs a convocação dos entes federados para definir ações conjuntas, mas desistiu da ideia depois que, possivelmente, percebeu as inúmeras dificuldades de construção de algum consenso sobre o assunto.   

Charge! Thiago via Jornal do Commércio

 


Editorial: As prioridades do PT que não estão bem na disputa eleitoral.



Tínhamos uma certa curiosidade em conhecer essas prioridades do PT em relação às próximas eleições municipais. Sabia-se que era uma questão de honra retomar o controle da cidade de São Bernardo, em São Paulo, berço da legenda. Vencer em São Paulo também poderia significar uma vitória honrosa e estratégica para os planos do partido nas eleições presidenciais de 2026. A maior queda de braços entre o petismo e o bolsonarismo, na realidade se trava na capital paulista, por inúmeros motivos, alguns até simbólicos. Ontem fomos dá uma chegada nessas prioridades e as notícias não são nada boas para a legenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

Em nenhuma dessas cidades a situação inspira confiança na vitória em 06 de outubro. Em Natal, Natália Benevides aparece atrás de Carlos Eduardo, do PSD, que representa setores mais  conservadoras da capital potiguar. Em Porto Alegre, Maria do Rosário já esteve bem, mas foi ultrapassada pelo candidato do MDB, Sebastião Melo. Em Belo Horizonte, Rogério Correia, que nada em recursos destinados para a sua campanha, não decola. Em São Paulo é quase certo que tenhamos um segundo turno e, neste caso, a situação também não inspira confiança, uma vez que todas as sondagens, realizadas  por diferentes institutos, indicam a vitória de Ricardo Nunes, do MDB. Os dois passam, segundo analistas, mas teremos uma batalha campal pela frente. Ah, já íamos esquecendo. Em São Bernardo, os tucanos correm o risco de continuar à frente da Prefeitura. 

Não deixa de ser interessante observar os critérios que estão em jogo na definição dessas prioridades. Possivelmente eles se estabelecem pelos padrões de capilaridade dos atores em relação à burocracia nacional da legenda, como são os casos de Bonavides, Rogério Correia e Maria do Rosário. Em Belo Horizonte cogita-se até mesmo uma gestão para que Duda Salabert desista da disputa em favor de Rogério Correia. 

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Editorial: Cícero Lucena lidera em João Pessoa, segundo Instituto Quaest.



O atual gestor de João Pessoa, Cícero Lucena(PP-PB), que concorre à reeleição, lidera as pesquisas de intenção de voto, de acordo com o último levantamento do Instituto Quaest, divulgada no dia de ontem. Os olhares que se lançam sobre esses números, consoante o lugar de fala, são os mais díspares possíveis, por razões óbvias. Cícero, por exemplo, afirma que pesquisas internas dizem que ele está ainda melhor. Cartaxo não joga a toalha e afirma que estará no segundo turno. Marcelo Queiroga, o bolsonarista, afirma que o percentual de indecisos ainda é muito expressivo para alguém contar vitória ainda neste momento. 

Cícero já esteve um pouco melhor, é verdade, mas ainda assim, de acordo com os dados do Quaest, pode liquidar a fatura ainda no primeiro turno daquelas eleições. A boa performance do gestor é sustentada numa boa avaliação de sua gestão à frente dos destinos dos pessoenses. Cícero conseguiu montar uma base de apoio que vai dos socialistas aos progressistas, o seu partido. Por pouco não recebeu o apoio do PT para o seu projeto de reeleição, conforme advogavam setores daquela agremiação. Por outro lado, seu eleitorado conservador parece que não esboça indícios de abandoná-lo, conforme se previa, consoante os nomes que entraram na disputa, em princípio, com o potencial de desidratá-lo. 

O curioso neste levantamento é a boa performance do candidato Yuri Ezequiel, da Unidade Popular, um partido lançado recentemente, mas com um bom potencial de atrair os eleitores mais orientandos ideologicamente, como aqueles que se afinavam com o PT na década de 80. O partido estabelece relações orgânicas com os movimentos sociais. Bom para a democracia à medida em que os partidos de esquerda de outrora parecem ter se entusiasmado demais com a democracia representativa burguesa. Eis os números: 

Cícero Lucena(PP-PB) - 49%

Rui Carneiro(Podemos) - 14%

Luciano Cartaxo(PT-PB) - 11%

Marcelo Queiroga (PL-PB) - 11%

Yuri Ezequiel(UP) - 1%

Editorial: A primeira Quaest depois da cadeirada.



Ao longo da vida, vamos deixando de nos surpreender diante de alguns fatos. Por isso, não formulamos grandes expectativas em relação a esta última pesquisa do Instituto Quaest, já depois daquele espetáculo deprimente que ocorreu durante o debate da TV Cultura, onde um dos candidatos agrediu o concorrente com uma cadeirada. Já havíamos vaticinado que os padrões civilizados de condução do processo eleitoral em São Paulo estavam irremediavelmente comprometidos. Isso desde o debate da Rede Bandeirante. A reação do eleitorado a determinados comportamentos dos candidatos, por outro lado, são imprevisíveis, nem sempre orientandos por padrões de racionalidade ou bom senso. 

Mesmo que numericamente, o apresentador José Luiz Datena(PSDB-SP) cresceu neste último levantamento da Quaest. Passou de 8% das intenções de voto para 10%, daí a imprevisibilidade sobre a reação do eleitorado. Pablo Marçal, o agredido, mas que provocou a agressão, com ofensas dirigidas contra o candidato José Luiz Datena, mantém-se no seu patamar, com 20% das intenções de voto. A rigor, o levamento não traz mudanças significativas no cenário, quando comparado aos últimos levantamentos realizados antes da cadeirada, quando os analistas já começavam a observar uma estagnação do candidato Pablo Marçal(PRTB-SP). 

Cientista político com uma longa expertise em pesquisas de intenção de voto já aventavam a hipótese de o empresário não mais ir para o segundo turno, que já estaria definido entre Guilherme Boulos(PSOL-SP) e Ricardo Nunes(MDB-SP).  No debate de ontem, organizado pela Rede TV\UOL, os padrões de agressividade foram mantidos. Salvo melhor juízo, o próximo será o do SBT, dia 21. Num eventual segundo, em todos os institutos, há um franco favoritismo do candidato Ricardo Nunes, o que deve deixar o Planalto de barbas de molho, uma vez que teremos segundo turno em São Paulo. 

Charge! Pedro Vinício via Folha de São Paulo

 


terça-feira, 17 de setembro de 2024

Charge! Thiago via Jornal do Commércio

 


Editorial: O segundo round está programado para hoje. Ou seria debate?



Infelizmente chegamos e este estágio em relação aos encontros programados entre os candidatos que concorrem às eleições municipais deste ano, em São Paulo. Teremos mais alguns debates programados pela frente, mas, a rigor, pelo andar da carruagem política, tais encontros estão se parecendo mais com ringue de luta livre. Hoje teremos o encontro organizado pela Rede TV e o Portal Uol, a partir das 22h:00. Pela manhã até comentamos por aqui sobre os próximos debates e havíamos esquecidos deste, que já será hoje, dia 17.  Essas cadeiradas estão dando o que falar. Repercutiu até na imprensa internacional. 

Até empresas já estão anunciando as "cadeiras" utilizadas por José Luiz Datena durante o debate. Rendeu BO na Polícia Civil, onde ficou caraterizada a agressão, e não uma tentativa de assassinato, como desejava o staff do candidato Pablo Marçal. Pelas redes sociais, obviamente, renderam alguns cortes e ampliação do número de seguidores. Estima-se que Datena tenha conseguido 40 mil seguidores numa de suas redes, assim como Pablo outros tantos 400 mil. A Band passa a se preocupar com o contrato que o apresentador detém com a emissora. Como isso poderia repercutir em termos de uma média de audiência que eles mantém durante a apresentação do programa, há vários anos transmitido pela emissora paulista. 

A equipe de Ricardo Nunes considera a possibilidade de ele vir a ser o herdeiro natural dos eleitores que desistirem de votar no apresentador, assim como no empresário, em razão do episódio. A Rede TV, por precaução, mandou fixar as cadeiras que serão utilizadas pelos concorrentes que disputam a cadeira de prefeito da maior metrópoles do país. Conforme afirmamos no início, é lamentável que tenhamos chegado a este estágio. Compete ao eleitorado repelir, nas urnas, tais comportamentos indesejáveis como o que ocorreu na TV Cultura.  

segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Editorial: Datena continua na disputa em São Paulo.



Ainda teremos alguns desdobramentos depois do incidente ocorrido na noite de ontem, 15, quando, durante o debate da TV Cultura, o candidato José Luiz Datena(PSDB-SP) agrediu com uma cadeira o adversário, Pablo Marçal(PRTB-SP), que o provocou insistentemente durante suas intervenções. Depois do debate da Rede Bandeirante, já havíamos previsto por aqui que as coisas haviam desandados no sentido de termos uma campanha eleitoral dentro de padrões  civilizados. Afinal, está em disputa a gestão da maior metrópoles do país. Mais uma vez as candidatas Tabata Amaral e Marina conseguiram manter os níveis civilizados durante as discussões, uma vez que Guilherme Boulos, igualmente, trocou inúmeras farpas com o candidato Ricardo Nunes. 

O eleitor já esboçava indicadores no sentido de desaprovar o comportamento agressivo e intempestivo do candidato Pablo Marçal, se considerarmos os seus índices do último Datafolha, onde ele começava a declinar nas intenções de voto. Há quem acredite, até mesmo, que as provocações tinham como objetivo exatamente aquele desfecho, a julgar pela maximização do ocorrido pela equipe do candidato, que se coloca como vítima, assim como Donald Trump nos Estados Unidos e Bolsonaro há alguns anos atrás. Marconi Perillo já confirmou que o candidato José Luiz Datena deve permanecer na disputa. A atitude mais coerente do eleitor seria a de  repelir, com veemência, comportamentos desse gênero. 

Existem alguns outros debates programados, como o do SBT no dia 20\09, logo em seguida do da Record, um outro do portal Terra e, finalmente, já no finalzinho da campanha, o da Rede Globo. A Band começa e a Globo termina, conforme a tradição. Não sei como esses organizadores irão se comportar em relação ao assunto depois do ocorrido. Não há regra que consiga conter essas malandragens, conforme ficou evidenciado. A TV Cultura adotou todos os mecanismos possíveis para evitar o pior e o pior aconteceu.  

Editorial: O plano para assassinar Nicolás Maduro.



Serviço secreto é secreto. Se não, não seria serviço secreto. Assim, é pouco provável que tenhamos uma elucidação completa a acerca de um suposto plano para desestabilizar o governo da Venezuela e assassinar o presidente Nicolás Maduro. Todas as versão sobre este fato apresentadas até o momento estão sendo cabalmente desmentidas, ora pelos governos envolvidos, ora pelos familiares dos detidos. O cara não vai dizer para os familiares que é oficial de inteligência do serviço secreto espanhol ou integra os quadros de ações sabotagens no exterior da agência de inteligência americana. 

A CIA sempre se utiliza de prepostos ou mercenários para a realização desses trabalhos sujos. É uma outra grande ilusão imaginar que esses métodos foram arquivados depois da década de 60, de onde se conclui que o Governo da Venezuela talvez não esteja, necessariamente, criando uma cortina de fumaça em torno do assunto. Há precedentes inclusive naquele país. O que surpreende, neste caso, é a suposta participação do pessoal da inteligência espanhola no episódio. Diosdado Cabello, Ministro do Interior, anunciou a prisão de agentes americanos e espanhóis, além da apreensão de mais de 400 armas, que estariam esperando a chegada de mercenários, com o propósito de empreenderem ações com o propósito de desestabilizar o governo de Nicolás Maduro.  

Diosdado Cabello sugere que opositores poderiam estar por trás dessas tessituras. A situação, que já não estava muito boa naquela país, tende a agravar-se, com um inevitável endurecimento do regime de Nicolás Maduro, isolado e enxergando inimigos por todos os lados. 

Charge! João Montanaro via Folha de São Paulo

 


domingo, 15 de setembro de 2024

Editorial: A incrível infelicidade de Lula em relação às mudanças no Ministério dos Direitos Humanos.



Sugere-se que há algo de errado com o Governo Lula 3, mas não vamos nos alongar por aqui na tarefa de examinar o resultado da autópsia. Tomemos como referência, tão somente, as recentes mudanças ocorridas em relação ao Ministério dos Direitos Humanos. O Governo demite um ministro que está sendo bombardeado por acusações e permite que um indiciado permaneça no governo; nomeia para o cargo uma pessoa encrencada, o que vem gerando significativos desgastes, antes mesmo de, rigorosamente, assumir o cargo; existem denúncias antigas de assédios morais praticadas por membro graduado do ministério dos direitos humanos, o que se traduz como uma incongruência absurda; sugere-se que a escolha tenha sido guiada pelos propósitos identitários e não em razão de um perfil técnico, condizente com as exigências da função. 

Quando o indivíduo é nomeado para um cargo de confiança na burocracia estatal passa por uma clivagem - segundo dizem tal pente fino é tarefa da ABIN - para se saber se o sujeito reúne as condições efetivas de assumir o posto. Se o órgão encontrar algo que desaconselhe a indicação, a nomeação não sai. Se a regra se aplica para servidores menos graduados, imaginem se tal exigência não seria seguida para cargos de envergaduras, como o de Ministro de Estado. Para não "melindrar", órgãos como o MEC preferiram não informar ao morubixaba petista sobre os episódios, onde estão envolvidos a bagatela de 177 milhões de reais de recursos públicos repassados, para os quais não houve prestação de contas. 

Durante o obscurantismo que veio no bojo do bolsonarismo abriu-se as porteiras do assédio moral nas repartições públicas brasileiras. Cidadãs e Cidadãos foram achincalhados em sua honra, expostos à execração pública, através de métodos sórdidos, meticulosamente urdidos, sob o beneplácito dos gestores,  que deveriam coibir tais expedientes dentro dos órgãos. Ocorreu uma espécie de institucionalização do assédio moral. A ocorrência dessa prática abjeta dentro de um órgão de direitos humanos dá bem a dimensão de sua generalização e banalização. Algo muito grave. Mais grave ainda é a constatação de que tais práticas não tenham sido definitivamente extirpadas durante a transição entre um governo de conotações fascio e um governo de orientação progressista e republicana.  

Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo

 


sábado, 14 de setembro de 2024

Editorial: No debate da Cultura, Marçal promete ir para cima dos concorrentes.



A TV Cultura programou para amanhã, dia 15, o seu debate entre os principais concorrentes à Prefeitura de São Paulo. A emissora paulista já realizou uma série de sabatinas com todos eles, através do seu famoso programa de entrevistas, o Roda Viva. Agora é a vez do confronto direto entre eles. Preocupado com os seus escores divulgados na última pesquisa do Datafolha, onde caiu de 21% para 19% das intenções de voto, o candidato do PRTB, Pablo Marçal, promete ir para cima dos adversários. Infelizmente, vamos ter mais um espetáculo de baixarias. Já houve um tempo em que o candidato prometia vencer um debate por preparo pessoal, por apresentar a melhor proposta para gerir a pólis, por portar-se de forma urbana e civilizada durante esses encontros. Até mesmo por respeito ao eleitor, que ficará acordado até as 22:h, quando começa o confronto. 

Hoje os tempos são outros. Vejo com bons olhos o seu recuo nas pesquisas de intenção de voto. Os especialistas estão sugerindo que isso decorre de um medo do eleitorado em relação ao candidato. Há quem assegure, por outro lado, como o cientista político pernambucano, Antônio Lavareda, que este recuo significa um declínio inevitável do candidato, onde sugere-se a possibilidade de uma estagnação ou mesmo uma curva descendente dos seus índices daqui para frente. Para o cientista político, o primeiro turno já estaria definido. Outras avaliações dizem que é precipitado, ainda, chegarmos a tais conclusões, sobretudo se considerarmos os escores de outros institutos, onde se conclui, ainda, por um empate técnico renitente entre Nunes, Marçal e Boulos.

Apesar das regras rígidas, infelizmente, sobretudo em São Paulo esses debates descamparam para as baixarias e trocas de xingamentos e acusações entre os concorrentes ao Edifício Matarazzo. Andam divulgando pelas redes sociais montagens criminosas envolvendo a candidata Tabata Amaral, do PSB. O nível está baixíssimo.  

Editorial: PT reage e embaralha a disputa em Fortaleza.



Consideramos prematuro supor que o candidato do PRTB, Pablo Marçal, poderá, inevitavelmente, entrar numa curva descendente a partir dos dados da última pesquisa de intenção de voto do Instituto Datafolha. Primeiro é preciso considerar que o candidato permaneceu estável nos outros levantamentos realizados pelos demais institutos, num rigoroso empate técnico com Nunes e Boulos. Depois, se considerarmos os seus índices da última Datafolha, sua queda não foi tão vertiginosa assim, sobretudo levando-se em consideração a margem de erro do instituto. Se, de fato, há um recuo, este dado foi apontando apenas pelo Datafolha

Onde tivemos um verdadeiro rebuliço na gangorra de intenções de voto foi em Fortaleza, onde o quadro hoje apresenta-se embolado entre o capitão Wagner, do União Brasil, o deputado federal André Fernandes, do PL, e, agora, o candidato do PT, Evandro Leitão. Um pouco antes do Datafolha, o Instituto Quaest já sinalizava um empate rigoroso entre os quatro principais concorrentes.  Já andaram reclamando que os caciques nacionais do PT talvez não estivesse se empenhando o suficiente no projeto de eleger Evandro prefeito de Fortaleza. Não se sabe se o quadro mudou neste sentido ou podemos atribuir a seu crescimento à campanha de rádio e televisão. Assim como André Fernandes, Evandro Leitão deu um salto vertiginoso nas pesquisas de intenção de voto. 

André Fernandes, que sempre aparecia em situação bastante desconfortável em relação ao capitão Wagner, reagiu e hoje aparece empatada com o bolsonarista. Curioso que temos dois bolsonaristas disputando o voto dos eleitores na capital do Estado. Talvez em razão dessa bola dividida é que não há muitas referências sobre a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro naquela praça. A pesquisa do Datafolha, encomendada pelo jornal O Povo, foi realizada no período de 11 a 13 de setembro, ouviu 826 eleitores, com margem de erro de três pontos percentuais e índice de confiabilidade de 95%, está registrada na Justiça Eleitoral com o protocolo CE- 07203\2024. 

Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo

 


sexta-feira, 13 de setembro de 2024

Charge! Cláudio Mor via Folha de São Paulo

 


Editorial: Recuo de Marçal. Primeiro turno definido em São Paulo?


Em entrevista recente, o cientista político pernambucano, Antônio Lavareda afirmou que a propaganda televisiva pode ter contribuído para o recuo do empresário Pablo Marçal na última pesquisa de intenção de voto divulgada pelo Instituto Datafolha. Mas importante que isso, afirma não acreditar numa eventual recuperação do candidato do PRTB, concluindo que o primeiro turno já está definido naquela praça, ou seja, teremos um embate renhido entre Ricardo Nunes e Guilherme Boulos. Com uma vasta expertise no assunto, não seria improvável que Lavareda estivesse certo, sobretudo quando se considera suas ponderações em pronunciamento sobre diagnósticos ou previsões. 

Em Relação a Nunes, por exemplo, afirma o cientista que os dados do Datafolha apenas confirmaram uma expectativa que já havia em torno do crescimento do candidato. Caso se confirme esses bons ventos em relação à candidatura de Ricardo Nunes, como sugere Lavareda, convém observar como igualmente fundamental que Nunes sempre aparece bem num eventual segundo turno, derrotando os seus adversários. Isso significa concluir que o Planalto já deve estar com as  barbas de molho. 

Espera-se sempre um lampejo de lucidez do eleitorado, o que pode sinalizar que talvez esteja ocorrendo em São Paulo. Curioso que o recuo de Marçal, a rigor, não foi nem tão significativo assim, sobretudo se consideramos a margem de erro do Instituto. O candidato caiu de 21% para 19%. Nunes, no entanto, avançou bastante. Foi a 27% das intenções de voto. Conforme afirmamos no início, Lavareda não se arrisca em fazer prognósticos. Ele deve ter mais elementos para concluir que o primeiro turno já está definido em São Paulo. 

quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Editorial: Enfim, o tira-teima do Datafolha sobre a disputa eleitoral em São Paulo.




Acaba de sair os números mais recentes do Instituto Datafolha sobre a disputa eleitoral em São Paulo. O Datafolha é sempre aquela opinião do irmão mais velho, aquele com maior experiência, que acaba exercendo sua influência sobre os demais. Curioso como as assessorias dos candidatos aguardam os seus dados, confirmando ou não determinadas tendências já apontadas pelos outros institutos de pesquisa. O quadro continua embolado, indicando uma tendência de disputa acirrada entre os três principais concorrentes, Ricardo Nunes, Guilherme Boulos e Pablo Marçal. 

Os números do Datafolha dão uma espécie de refresco no staff de campanha do emdebista Ricardo Nunes, que aparece liderando numericamente. Em pesquisas anteriores, houve um instituto que apontou um eventual segundo turno entre Boulos e Marçal, o que deve ter deixado o staff de Nunes preocupado. Nunes aposta todas as suas fichas em não ficar de fora do segundo turno, onde, de acordo com as mesmas pesquisas, ele poderia vencer Boulos e Marçal. José Luiz Datena, que chegou a pontuar com índices expressivos no início da corrida, hoje está em queda livre, como quem já tivesse jogado a toalha.  

A candidata Tabata Amaral sugere que pode reagir, mas de maneira muito tímida, indicando a quase impossibilidade de alcançar os principais concorrentes até o dia 06 de outubro. Impossível não é, mas, hoje, improvável. O destrinchamento dessas tendências de voto indicam que os eleitores com menor formação escolar constitui-se o alicerce que sustenta a candidatura do Pablo Marçal. Se ele chegar, a coisa vai ficar mais complicado ainda para esses eleitores, pois ele pretende abolir alguns livros didáticos, conforme prometeu durante visita a Bienal. A Pesquisa do Datafolha foi realizada entre os dias 10 e 12 de setembro, ouviu 1204 eleitores, com margem de erro de 3.p.p, com índice de confiabilidade de 95%, e está registrada no TSE-SP 07978\2024. 

Ricardo Nunes - 27%

Guilherme Boulos - 25%

Pablo Marçal - 19%

Tabata Amaral - 8%

José Luiz Datena - 6%

Marina Helena - 3% 

Editorial: Fahrenheit 451 em São Paulo



A carreira literária de Ray Bradbury só deslanchou depois do sucesso de Fahrenheit 451, livro que o escritor americano escreveu de um fôlego só, enfurnado numa biblioteca, de onde só sairia depois do livro concluído. Bradbury concedeu uma de suas raras entrevistas a um escritor pernambucano, que, à época, trabalhava para um instituição de pesquisa federal. Não foi fácil conseguir essa entrevista, pois o pernambucano precisou atravessar a barreira dos agentes do escritor, que sempre apresentavam alguma dificuldade de agenda, mas ela acabou saindo. 

Uma das perguntas mais emblemáticas da entrevista é quando o pernambucano questiona o escritor  americano sobre se ele queimaria algum livro. Bradbury responde enfaticamente que não. Nem Main Kampf,  de Adolph Hitler. Caberia ao próprio leitor separar o joio do trigo. O livro de Bradbury é ambientado numa sociedade distópica, autocrática, onde a função dos bombeiros é queimar os livros, obrigando os resistentes a decorarem as narrativas e as transmitirem para os companheiros. Em 2016, sob o bolsonarismo, tivemos um verdadeiro apagão no Ministério da Educação, traduzido numa guerra cultural. Abriu-se um precedente perigoso. Coincidentemente ou não, sugere-se que fizemos escola por ali. Livros passaram a ser censurados, retirados da lista de paradidáticos, concursos literários consagrados acabaram por não gostar de determinadas abordagens e romperam contratos com editoras. Mesmo diante das circunstâncias de uma trôpega retomada da normalidade democrática. 

Trôpega em vários sentidos, posto que os ânimos estão acirrados. Os grupos extremados no país continuam ativos, esperando a melhor oportunidade para dar um novo bote - ou seria um golpe? - nas instituições da democracia. As ervas daninhas continuam florescendo. Agora, por ocasião de sua presença na Bienal do Livro, além de ser chamado de mito, o candidato a prefeito da maior metrópole do país, Pablo Marçal, sugeriu que tiraria das escolar aqueles livros que tratam daqueles temas indesejáveis aos grupos de extrema-direita no país. Como diria o pernambucano Gil do Vigor, estamos lascados.  

Editorial: Candidatos pedem apoio de forças federais para as eleições de João Pessoa.

 



O avanço do crime organizado nos estados da região Nordeste está criando umas situações inusitadas, mas não menos preocupantes. Já chegamos ao estágio onde alguns candidatos ou são proibidos ou precisam da autorização dos chefes locais para puderem passar suas mensagens aos eleitores, expondo as vísceras da gravidade da chamada "crise da democracia". No Rio de Janeiro já se fala de uma aproximação ou acordos entre as chamadas forças do campo progressista, seja lá o que significa isso nos dias atuais, e uma milícia light. A performance ou isolamento do candidato do PSOL naquela praça, Tarcísio Motta(PSOL-RJ),  é uma evidência cabal de algo preocupante rondando o espectro político carioca. 

O Rio é o berço do PSOL e aquele partido sempre caracterizou-se pelo enfrentamento dos desmandos locais, o que inclui o combate ao conluio entre a gestão dos negócios públicos e o crime organizado. Marielle Franco perdeu a vida neste enfrentamento. Essa agenda não interessa mais ao eleitorado carioca? O apoio de Marcelo Freixo ao candidato Eduardo Paes(PSD-RJ), que hoje pode ser enquadrado, do ponto de vista ideológico, como um candidato de perfil de centro-direita, é mais uma evidência da perda de aderência dos psolistas na capital do Estado.  

Em João Pessoa já se fala, igualmente, em acordos de cavalheiros entre políticos e  facções do crime organizado, com prejuízos inevitáveis ao poder público. Até recentemente, um candidato havia agendado sua presença num bairro da periferia da capital João Pessoa, onde havia se instalado um circo. Os chefes do tráfico local ameaçaram atear fogo no circo. Hoje, o candidato anda com escolta da Polícia Federal, depois de ameaçado de morte. No dia de ontem, três candidatos que disputam o pleito da capital, Rui Carneiro(Podemos), Luciano Cartaxo(PT-PB) e Marcelo Queiroga(PL-PB) resolveram pedir a presença de forças federais para assegurar a tranquilidade necessária ao andamento do pleito. 

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 11 de setembro de 2024

Editorial: O intrincado jogo sucessório na Câmara dos Deputados.



Realmente, a sucessão na Câmara dos Deputados se constitui num jogo de xadrez político dos mais intrincados, o que envolve pautas defendidas, alianças internas, acordos partidários, com a base governista, com  a oposição, posicionamento ou apoio declarado do atual gestor, Arthur Lira. Nomes são projetados, assumem a condição de francos favoritos e, no dia seguinte, surge um azarão do tipo Severino Cavalcanti, do baixo clero, que leva as eleição. O Governo recebeu e até nutria simpatias pela candidatura do paraibano Mauro Motta, do Pregressistas, que conta com o apoio de Marcos Pereira, mas o rapaz tem velhas ligações com Eduardo Cunha, que, num passado recente, contribuiu para apear o PT do poder. 

Outra aresta do paraibano diz respeito ao seu posicionamento a respeito da anistia aos implicados no 08 de janeiro. O Governo não deseja a anistia para não azedar sua lua de mel com o STF, mas ser a favor dessa pauta pode quebrar as  resistência da bancada oposicionista ao seu nome, o que significaria mais de 90 votos, nada desprezíveis. Elmar Nascimento, do União Brasil da Bahia, diante das movimentações do adversário, reestabelece suas afinidades com Lira. No que concerne ao Governo, há o problema paroquial da Bahia, onde o PT não o digere, em razão do jogo eleitoral naquela quadra. Como os baianos são fortes no Governo Lula, permanece o impasse. 

A sucessão por ali é um jogo de xadrez dos mais interessantes para ser analisado. É preciso ficar bastante atento para não perder nenhum movimento. Confesso por aqui ter perdido alguns desses lances, sobretudo se considerarmos o fato de estarmos num ano de eleições. O Instituto Atlas divulga mais uma pesquisa de intenções de voto sobre a quadra paulista. Será que teremos um segundo turno entre Boulos e Marçal?  

terça-feira, 10 de setembro de 2024

Charge! Thiago via Jornal do Commércio.

 


Editorial: A crise da democracia.



Os cientistas sociais ainda se debruçam para entender melhor alguns fenômenos mais recentes, como a crise da democracia, a erosão do Estado Democrático de Direito e o uso deliberado da mentira como arma política. No dia de ontem, o Jornal do Commércio, na coluna do jornalista Fernando Castilho, trouxe uma matéria bastante interessante tratando deste tema, a partir dos episódios que envolvem uma influencer pernambucana e o empresário Pablo Marçal, que produziu um verdadeiro tsunami na corrida eleitoral em São Paulo. Por precaução, nem mencionamos aqui o nome da influencer. O direito de livre expressão também entra nesse bojo das relativizações, consoantes interesses políticos subjacentes, onde milhões de usuários foram privados de ter acesso a uma de suas redes sociais.  

A questão crucial da matéria foi, num primeiro momento, tentar entender o que está ocorrendo e, num segundo momento, como preservar o estatuto da democracia diante dessa onda que se espalha pelas redes sociais, onde tigrinhos subtraem até os último centavo de incautos, e, na outra margem, mas a partir de expedientes semelhantes, alguém corre o risco de ser conduzido a um cargo público através de expedientes que envolvem cortes, fake news, lacrações e outra práticas abjetas do gênero. O cidadão foi barrado no palanque onde se encontravam os principais atores do ato da Av. Paulista, mas a sua presença no ato produziu alguns cortes que geraram milhões de visualizações e isso era o quanto importava. 

Desde que a extrema-direita resolveu assumir o protagonismo  político em escala global as coisas apenas pioram. Steve Bannon já afirmou que sentiremos saudades dos seus grandes ícones do passado, a exemplo do ex-presidente Donald Trump. Vem coisa muito pior por aí. Os segmentos progressistas do país caíram na armadilha da pauta do identitarismo,  das questões de costumes, onde são facilmente derrotados, enquanto o fascio-neoliberalismo avança sem obstáculos. A engrenagem de extrema-direita está funcionando tão bem que os seus protagonistas já estão prevendo os resultados das próximas eleições municipais, assim como os das eleições de 2026, quando devem reunir as condições ideais para apear as últimas resistências de trincheiras democráticas do país.  

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Charge! João Montanaro via Folha de São Paulo.

 


Editorial: Uma semana de pesquisas sobre a disputa pela Prefeitura de São Paulo.



Não surpreenderia a ninguém as razões que levaram o candidato Pablo Marçal, do PRTB, a El Salvador. O presidente do país, Nayib Bukele, passou a ser uma espécie de guru da extrema-direita, principalmente em razão dos seus métodos radicais de enfrentamento da violência naquele país. Marçal chegou tarde ao evento da Paulista, tentou subir ao palanque, mas teria sido barrado pelos organizadores. O fato produziu uma faísca na relação entre o candidato e o ex-presidente Jair Bolsonaro. As relações estavam bem melhores entre ambos, suscitando, até mesmo, a possibilidade de um apoio discreto. 

E, por falar nas eleições paulistas, aguarda-se para esta semana a divulgação de quatro pesquisas sobre o pleito. Os institutos Datafolha, Paraná Pesquisas, Quaest e Atlas já confirmaram a realização desses levantamentos. Por enquanto, o jogo encontra-se completamente embolado, registrando um empate técnico renitente entre os principais competidores, Nunes, Marçal, e Boulos. A expectativa é que essas pesquisas possam indicar a consolidação de algum dos nomes acima, assim como, numa hipótese menos provável, uma mudança de cenário para as candidaturas de Tabata Amaral, do PSB, ou do apresentando José Luiz Datena, do PSDB.  

Aqui e ali esboça-se um lampejo de lucidez no eleitorado paulista no tocante às próximas eleições municipais. À medida em que um dos candidatos torna-se mais conhecido, mas ampliam-se seus níveis de rejeição. O corte que precisa ser feito é exatamente este e não aqueles, que dão milhões de visualizações. 

domingo, 8 de setembro de 2024

Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo

 


Editorial: A violência política em Pernambuco.



Pernambuco sempre possuiu algumas áreas ou zonas políticas onde a luta pelo exercício do poder político suscitaram momentos de violência, quase sempre capitaneados por clãs  familiares locais. Em casos limites, o Governo do Estado já decretou intervenções em algumas dessas cidades. Fazia algum tempo em que tal situação não ocorria por aqui. Porém, infelizmente, mais recentemente, nessas eleições municipais, a situação passou a ficar complicado, sucedendo-se os casos de atentados por motivações políticas. Um dos casos que alcançou enorme repercussão foi o do prefeito de Sertânia, Ângelo Ferreira, atingido por uma facada quando se encontrava com assessores nas imediações da agência do Banco do Brasil da cidade. 

O agressor, segundo o seu advogado constituído, está foragido, mas se entregará às autoridades policiais. Exercendo o seu legítimo dever de defender o acusado, o advogado alegou que não houve uma tentativa de assassinato, mas uma agressão. Curioso que andou circulando num blog local a extensão de tal ferimento, em foto divulgada pelos assessores do próprio prefeito atingido. Agora foi vez do candidato a vereador de Surubim, Aprígio Felix doa Anjos, mais conhecido como Neto de Aprígio, filho de Rosélia Maria dos Anjos, mais conhecida como Véia de Aprígio, que concorre à prefeitura da cidade, ser vítima de um atentado a bala, resultando com um ferimento no ombro. 

Ambos passam bem, mas os dois atentados sugerem a conclusão de que a temperatura está alta nessas eleições municipais aqui no estado, cabendo às autoridades policiais tomarem, de imediato, as providências possíveis, evitando, assim, a amplitude deste processo. Para inflamar ainda mais, os dois atentados envolvem políticos com fortes ligações políticas com os socialistas, grupo político que se contrapõe a atual gestão do Palácio do Campo das Princesas. 

sábado, 7 de setembro de 2024

Editorial: A debacle dos tucanos no seu ninho mais emplumado.


Somente depois do final das eleições de outubro seria possível  fazer uma avaliação mais consistente sobre o desempenho dos partidos no pleito. Os tucanos jogam todas as suas fichas na construção de um perfil ou opção partidária que se contrapõe à polarização política, hoje representada pelos bolsonaristas, de um lado, e do lulismo, do outro lado. Assim como ocorreu em eleições passadas, a tendência hoje é que se confirme a tendência de crescimento da direita e da extrema-direita no país. Há uma tendência mundial neste sentido, principalmente depois que as forças do campo progressista foi aprisionado pelo identitarismo e a política foi subjugada pela economia da atenção. 

Um caso emblemático é o de São Paulo, onde eles fizeram uma aposta no apresentador José Luiz Datena, mas as sinalizações não são alvissareiras. O próprio apresentador admite que tentaria ocupar o espaço entre as candidaturas de Guilherme  Boulos(PSOL-SP) e de Ricardo Nunes(MDB-SP), mas surgiu a figura de Pablo Marçal(PRTB-SP), que passou a disputar com Nunes e Boulos  a preferência do eleitorado paulista, jogando o apresentador para uma situação francamente desfavorável nas pesquisas de intenção de voto, conforme se verifica pelos dados divulgados recentemente pelos Instituto DataFolha, posteriormente confirmado pelo Paraná Pesquisas. José Luiz Datena definha nas pesquisas. 

O apresentador cometeu alguns equívocos ao longo deste início de campanha, mas tais equívocos estão longe de explicar esse debacle. Conforme afirmamos antes, impossível se avaliar o desempenho de um partido apenas com os números desfavoráveis num determinado colégio eleitoral. Em São Paulo em particular, os analistas políticos consideram improvável uma recuperação do tucano recém chegado ao ninho. São Paulo, no entanto, tem um peso simbólico para os tucanos. Ali, durante anos, eles mantiveram o seu ninho mais emplumado. 

Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo

 


sexta-feira, 6 de setembro de 2024

Editorial: A "estabilidade" nos números do Datafolha.



Havia uma grande expectativa sobre os índices de intenção de voto que foram divulgadas no dia de ontem, 5, pelo Instituto Datafolha. Curioso que, em razão da expertise acumulada em anos de pesquisas de intenção de voto, o Datafolha ainda continua sendo o grande parâmetro entre tantos outros institutos de pesquisa. É como se um instituto divulgasse algum índice e os assessores e candidatos esperassem o momento de o Datafolha confirmar o não. Em São Paulo, por exemplo, haviam até candidatos que mudariam significativamente suas estratégias de campanha consoante os resultados apresentados pelo Instituto. 

Os índices apresentados pelo Instituto, no entanto, indicaram uma estabilidade dos escores da última pesquisa, em capitais como Belo Horizonte, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo. Em São Paulo, um rigoroso empate técnico entre os candidatos Boulos, Nunes e Marçal. Pelo andar da carruagem política, teremos um segundo turno nas eleições da maior metrópole brasileira, daí ser alvissareiro para o staff do prefeito Nunes o levantamento do Datafolha sobre sua performance num eventual segundo turno, onde o atual gestor derrotaria Marçal e Boulos. Diante das contingências adversas, ele deve está apostando suas fichas nesta possibilidade. 

No dia de hoje, 06, foi a vez de o Instituto Paraná Pesquisas confirmar os números apresentados pelo Datafolha, indicando um empate técnicos entre Nunes, Boulos e Marçal. Verifica-se um crescimento numérico da candidatura da socialista Tabata Amaral, mas ainda dentro da margem de erro.  No Datafolha também se verifica a queda dos índices de intenção de voto do apresentador José Luiz Datena, do PSDB. Alguns analistas acreditam que ele não reuniria mais condições de esboçar uma reação. Datena já andou pedindo desculpas aos tucanos de bico fino pelo desempenho num dos debates e, mais recentemente, também teria pedido desculpas pelos últimos destemperos contra Marçal, embora tivesse sido provocado. Quando se precisa pedir tantas desculpas assim é porque as coisas não vão bem.  

quinta-feira, 5 de setembro de 2024

Editorial: Um sete de setembro do fim do mundo.



Houve um tempo em que a nossa única preocupação com o 7 de setembro era acordar cedinho para conseguir um bom lugar para acompanhar o desfile militar, geralmente programado para a Av. Conde da Boa Vista, no centro do Recife. A programação era extensa, mas, com tempo - e possivelmente em razão da economia de recursos - o desfile foi sendo suprimido em algumas atrações. Mesmo assim, multidões se deslocavam para o centro do Recife naquela data específica. Tratava-se de uma festividade eminentemente cívico-militar, em comemoração à nossa Independência. 

Ao longo de décadas, apenas o registro de um incidente, quando um padre italiano foi expulso do país ao se recusar a rezar uma missa em homenagem à data, no interior do estado. Nesses tempos bicudos que o país atravessa, porém, o 7 de setembro está sendo marcado pelas batalhas políticas entre governo e oposição. Na Av. Paulista, a oposição promete um 7 de setembro do fim do mundo, onde pretende arrastar uma multidão, embalada por algumas pautas bombásticas, como a anistia aos envolvidos na tentativa de golpe do 08 de janeiro. 

Em Brasília, o Governo chegou a anunciar a presença do Movimento Social MST no evento, logo depois não mais confirmada. Principalmente em Brasília, na presença dos principais comandantes militares, seria, no mínimo, contraprudecente a presença de um movimento social com as características do MST. Por vezes, o governo não se preocupa em fornecer munição à oposição, como no caso da troca da letra do hino nacional, durante um evento de campanha, sensivelmente explorada e desnecessária. O próprio Boulos teve que se explicar, informando que não concordou com a mudança da letra. Isso poderia ter sido simplesmente evitado. No caso de Brasília, as razões alegadas foram de ordem logística, quando se sabe que são eminentemente políticas. O governo deve ter voltado atrás depois das ponderações dos militares. 

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Editorial: Edward Munch bate à porta de Nunes. Só a de Nunes?



É extremamente preocupante que um processo político possa ser decidido através de disseminação de fake news, lacrações, factoides e coisas abjetas do gênero. A política, infelizmente, foi aprisionada. Um dos candidatos que concorrem à prefeitura da maior metrópoles brasileira jacta-se de conhecer exatamente o que o eleitor deseja, ou seja, baixarias. O  cidadão tem dado as maiores audiências aos programas por onde passa, indicando, exatamente, que ele tem razão. 

É a economia da atenção se sobrepondo aos mais primários preceitos políticos, como a vontade de servir, o espírito público, a seriedade na condução d os negócios de Estado, o compromisso com a polis. Neste escopo, o identitarismo, educação de gênero, assumem uma importância bem maior do que os impostos, o emprego, o transporte público,  a segurança do cidadão. Como pode isso? Chamar Boulos de Boules pode produzir um efeito maior do que se pensa. 

As forças do campo progressista não se prepararam para enfrentar este inimigo - por vezes até o alimenta, levantando polêmicas desnecessárias, como a mudança infeliz da letra do Hino Nacional - e, assim, a direita vai ocupando os espaços. Nos próximos dias devem sair novas pesquisas de intenção de voto, mas o candidato do neobolsonarismo, Pablo Marçal, lidera as pesquisa do Instituto Real Time Big Data, publicada no dia ontem e discutida por este blog. 

A coluna política do jornalista Cláudio Humberto traz hoje, dia 04, a informação de que o ex-presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, se reúnem em Brasília para tratar da situação de São Paulo. Coisa de quarto do pânico, diante do debacle da campanha do prefeito, que tenta a reeleição. A coisa está feia. A imprensa andou divulgando que o próprio capitão andou aconselhando o aliado a não entrar de sola na campanha. Durante o último debate promovido pela TV Gazeta e o Canal MyNews, circulou a informação que haveria a possibilidade de Nunes e Marçal comparecerem às manifestações do 7 de setembro do fim do mundo. 

terça-feira, 3 de setembro de 2024

Editorial: Cenário embolado na disputa em São Paulo, segundo pesquisa do Instituto Real Time Big Data.

 



O Instituto Data Folha promete divulgar, nesta semana, novas pesquisas de intenção de voto em todo o país. Aguarda-se, igualmente, novas pesquisas do Instituto Paraná Pesquisas, que assumiu o compromisso de divulgar pesquisas semanais sobre o pleito municipal. No dia de hoje, 03, foi divulgada a pesquisa do Instituto Real Time Big Data, com os índices de intenções de voto dos candidatos que disputam a cadeira do Edifício Matarazzo. O quadro é de muitas indefinições, principalmente depois da ascendência do nome do empresário e influenciador Pablo Marçal(PRTB), que lidera, numericamente, a pesquisa do Instituto. Nesta pesquisa, Marçal pontua com 21% das intenções de voto, acima de Ricardo Nunes(MDB-SP)e Guilherme Boulos(PSOL), ambos com 20% das intenções de voto. 

Empate técnico cristalino, uma vez que o Instituto opera com uma margem de erro da ordem de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. A entrada de Marçal no jogo produziu uma espécie de tsunami na dinâmica competitiva do pleito, conforme já havíamos antecipado. Marçal representa aquilo que os analistas estão denominando de neobolsonarismo, ou seja, um bolsonarismo de perfil mais radical, com alguns ingredientes ainda mais perniciosos ao interesse público. Um fascio-neoliberalismo que as forças do campo progressista ainda não encontrou os mecanismos adequados para enfrentá-lo.

Causa-nos asco entrar aqui na alquimia dos ingredientes que integram essa corrente política, tampouco antecipar as prováveis consequências de tudo isso. Quando o guru da extrema-direita sugere que sentiremos saudades de um Donald Trump, o leitor mais consequente já pode imaginar o que vem por aí. Os anos sombrios do bolsonarismo não foram suficientes para a população tomar os antídotos necessários contra essas bestas-feras. Infelizmente. A pesquisa ouviu 1.500 pessoas, entre os dias 30 de agosto e 02 de setembro, e está registrada no TSE -SP- 07377\2024. Eis os números: 

Pablo Marçal(PRTB) - 21%

Guilherme Boulos(PSOL) - 20%

Ricardo Nunes(MDB) - 20%

Tabata Amaral (PSB) - 9%

José Luiz Datena (PSDB) - 8%

Marina Helena(Novo) - 3%

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Charge! João Montanaro via Folha de São Paulo

 


Editorial: As eleições em São Paulo estão irremediavelmente comprometidas pela postura de alguns candidatos.



Se alguém nos perguntasse quem ganhou o debate de ontem à noite, promovido pelo Grupo Gazeta, diríamos que, sem sombra de dúvidas, foi a candidata do PSB, Tabata Amaral. A candidata socialista trouxe propostas para o gerenciamento da cidade, assim como, em seus questionamentos, quis saber dos demais postulantes como eles enfrentariam os principais gargalos da maior metrópoles brasileira. Nos poucos momentos em que fugiu a este script foi para denunciar biografias comprometidas, incapazes, sequer, de entrar ou continuar na vida pública. É bem provável que os eleitores não cheguem às mesmas conclusões deste editor - afinal, o ambiente político está irremediavelmente comprometido - mas fica aqui o nosso registro. Com uma grande expertise na área de educação, a candidata pontuou algumas questões importantíssimas sobre a condução das políticas públicas municipais nesta área, inclusive a partir dos resultados alcançados por São Paulo no último IDEB. 

A Gazeta fez um esforço tremendo para que não ocorresse, naquele debate, o que já havia sido verificado durante o debate da Rede Bandeirantes. Tudo em vão, pois, como antecipamos por um desses editoriais, a malandragem sempre dá um jeito de burlar as regras. Do ponto de vista da organização e do desempenho da mediadora, a jornalista Denise Campos de Toledo, apenas enaltecer a boa condução do programa. Do ponto de vista do comportamento de alguns dos candidatos, lamentar profundamente os episódios que ocorreram durante o evento. Um estrondoso desrespeito aos telespectadores que se propuseram a acompanhar o debate, deixando seus afazeres num domingo à noite com tal objetivo. Gente de São Paulo e todo o Brasil. Nem os jornalistas que foram escalados para as inquirições foram poupados da fúria agressiva.  

Farpas, ofensas, xingamentos, acusações levianas e até vias de fato, como no momento em que o apresentador José Luiz Datena deixou o seu púlpito para tomar satisfações com o empresário Pablo Marçal. Nem precisamos entrar aqui nos detalhes do comportamento anticivilizado e deselegante do candidato do PRTB, que comparece a esses encontros para produzir elementos para as lacrações em suas redes sociais. Marçal interditou o bom e saudável debate público sobre o destino da pólis. A eleição para a maior metrópoles do país virou um vale tudo, onde corre-se um sério risco de elegermos alguém que não tem o menor compromisso público.