pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : Editorial: Estamos com você, Dilma Rousseff.
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domingo, 6 de dezembro de 2015

Editorial: Estamos com você, Dilma Rousseff.



Na realidade, o país está metido numa grande encrenca. Há graves problemas com a condução da política econômica, assim como na gestão da máquina pública, sem falar no enredo nebuloso das investigações de corrupção envolvendo atores relevantes da atual quadra política do poder. Ainda é imprevisível o desfecho desse pedido de impeachment acatado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB). Há uma longa batalha política/jurídica pela frente, a exigir, inclusive, uma grande capacidade de articulação política do Planalto. Segundo analistas, o time escalado pelo Planalto para cuidar desse assunto, salvo pelo nome do ex-governador baiano, Jaques Wagner, não é dos melhores. Infelizmente, Dilma Rousseff nunca acertou a mão nessa área. Não seria desta vez.

Há alguns analistas informando que a situação está sob controle, que a presidente Dilma Rousseff tem maioria parlamentar para barrar o processo. Torço por Dilma, mas, sinceramente, aqui não se pode vacilar. De passagem aqui por Recife, no dia de ontem, ela chamou seu vice, Michel Temer, às responsabilidades. Confia nele como pessoa, como político e como constitucionalista. Salvo algum engano, o homem é doutor. Não apenas sua biografia, mas os seus procedimentos nos sugerem que a presidente está profundamente equivocada. 

Em reiteradas declarações, o ex-governador e e ex-ministro Ciro Gomes tem afirmado que ele está por trás dessa "armação golpista", como enfatiza o João Santana, marqueteiro oficial do Planalto. Noves fora outras considerações, marketing é marketing. Na realidade, Ciro, ele está por trás, pelo meio e pela frente. Há rumores que indicam que ele foi consultado antes da deflagração do processo. Depois disso, sob argumentos fajutos, omitiu-se de engajar-se na defesa da presidente Dilma. Como se isso não fosse suficiente, entabulou conversas com tucanos de alta plumagem no sentido de viabilizar o afastamento da presidente Dilma, além de ter realizado uma visita de "cortesia" ao Estadão, um jornal cujo editor, na década de 60, pregava abertamente um golpe de Estado no Brasil. 

Como se sabe, movidos não pelos princípios republicanos ou legalistas, mas pelos interesses pessoas, havia alguns tucanos contrários ao golpe. O objetivo deles seria as eleições presidenciais de 2018. A disputa, dentro das regras do jogo democrática, seria interessante para atores como Geraldo Alckmin. Para ele, Temer já teria assegurado que cumpriria apenas um mandado tampão e não seria candidato em 2018. Segundo essa manobra entre os tucanos, há, inclusive, a possibilidade de José Serra assumir o Ministério da Fazenda. O jornal O Globo, da família Marinho, surpreendentemente, publicou um longo editorial em defesa do mandato da presidente Dilma Rousseff. Hoje, domingo, no entanto, traz uma longa matéria informando que o PMDB já entregou a cabeça da presidente aos seus algozes dentro e fora do partido. 

Não se pode confiar no PMDB. Ciro já disse que se trata de uma quadrilha de assaltantes do erário. Nossa grande preocupação é que o país está em frangalhos políticos e mergulhados numa grave recessão econômica. A máquina pública, repito, em todos os níveis, encontra-se com enormes dificuldades de financiamento. Voltamos ao pibinho e a inflação ameaça atingir os dois dígitos.A despeito do suspiro dos seus integrantes na Comissão de Ética da Câmara - que não sucumbiram às chantagens de Eduardo Cunha - tudo leva a crer que o PT já cometeu suicídio político. 

Essa aliança conservadora para chegar ao poder foi fatal para os princípios que o partido propugnava. O enredo político do financiamento de campanhas; distribuição dos nacos de poder; aprovação de projetos nas casas legislativas trata-se de uma centrífuga que envolve, necessariamente, algum grau de corrupção. Não que estejamos defendendo esse jogo, mas apenas compreendendo sua lógica interna, ditada pelo presidencialismo de coalizão. Um sistema político e representativo apodrecido. 

Vamos lutar com todas as forças pela preservação do mandato da presidente Dilma Rousseff, conquistado legitimamente pelas urnas. Uma questão de consciência e identidade política com o projeto que, a despeito dos problemas apresentados, tirou milhões de brasileiros da extrema pobreza. Não vejo razões políticas nem jurídicas para tirá-la do poder através de um impeachment. Quem vai nos dizer que o PT não tem moral? esses calhordas aí? esses corruptos contumazes? essa gente que não está preocupada nenhum pouco com o destino do país, mas movidas por interesses pessoais ou de grupelhos? Estou com você, Dilma. Vamos às ruas defender o seu mandato contra esses golpistas de sempre. A democracia política não é condição suficiente para promover a justiça social, mas ela é, necessariamente, fundamental. Não é com essa gente que pretende assumir o poder através desses expedientes que vamos continuar avançando na construção de uma nação, seja do ponto de vista do aperfeiçoamento dos instrumentos da democracia política, seja do ponto de vista do combate às profundas injustiças sociais. Claro que advogamos uma depuração do sistema político, mas não é essa gente que pretende patrociná-la. 

Os editores da revista Veja parece que tiveram um orgasmo na redação. Dedicaram várias páginas ao assunto.Não seria surpresa, se considerarmos a linha editorial da publicação. Logo eles irão brochar. Assim como ocorreu com o projeto de Alckmin sobre a reestruturação do sistema escolar público de São Paulo - que foi revogado após uma grande mobilização da estudantada - o impeachment da presidente Dilma Rousseff também não passará. Vamos às ruas, rapaziada!   

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