pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : Editorial: #OcupeFunai, porque o golpe sofrido pelas populações indígenas é permanente
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quarta-feira, 13 de julho de 2016

Editorial: #OcupeFunai, porque o golpe sofrido pelas populações indígenas é permanente




Infelizmente, já faz algum tempo que não temos notícias boas para comentar através desses editoriais diários, publicados religiosamente, todos os dias, desde o começo das urdiduras do golpe parlamentar que afastou a presidente Dilma Rousseff temporariamente da Presidência da República. De fato, talvez não tivéssemos notícias boas para comentar mesmo. Gosto muito do Lula, mas ele insiste numa conciliação de classe – costurando alianças com setores conservadores – que já conduziu o país a este impasse institucional, de consequências nefastas para a saúde de nossas instituições democráticas, assim como para o andar de baixo da pirâmide social, que, pela primeira vez em nossa História, estavam tendo seus direitos reconhecidos.

Pelo andar da carruagem política, as conquistas sociais dos governos da coalizão petista estão irremediavelmente comprometidas, o que desaconselha qualquer tipo de acordo com essa gente. Alianças com esses setores já indicaram onde podem parar: num golpe parlamentar. O que o PT precisa, na realidade, é retomar sua relação histórica e orgânica com os movimentos sociais organizados, perdida com o crescente processo de burocratização e oligarquização da legenda, que tornou-se preocupada unicamente com o flerte e o exercício do poder. O carinho com que Lula foi recebido num acampamento do Movimento dos Sem Terra, o Normandia, em Caruaru, aqui em Pernambuco, dão a dimensão sobre onde o partido deve plantar e colher os seus frutos.  

Até fazemos algumas concessões para o jogo pragmático - e pesado - da realpolitik, mas que isso não se torne a regra de sua atuação política. As movimentações de Lula nos últimos dias, sobretudo quando se está em jogo a eleição do novo presidente da Câmara dos Deputados, infelizmente, parecem reprisar um filme antigo, de terror, daqueles que nos assustam na poltrona. Outra notícia ruim, aqui da província, são os altos índices de violência contra as mulheres. Nunca se matou tantas mulheres no Estado desde o início do Pacto pela Vida, em 2007. Volto a comentar este assunto com vocês, posto que o debate sobre a violência é uma das linhas de discussão do blog.

Noticia boa mesmo talvez seja a ocupação da sede da FUNAI, em Brasília, por representantes de diversas etnias, num protesto contra o governo interino do senhor Michel Temer. Os conflitos estão se agravando com fazendeiros e grileiros em terras indígenas ainda em litígio burocrático, tendo como resultado a morte de algumas lideranças indígenas. Tivemos alguns avanços durante os governos da coalizão petista no tocante à legislação sobre a terra e os direitos de comunidades indígenas e quilombolas, mas a tão sonhada reforma agrária continuou sendo empurrada com a barriga, em razão dos limites impostos por um presidencialismo de coalizão. 

Hoje, com a retomada temporária do poder por essa coalizão de forças conservadores, o drama tende a agravar-se. Até mesmo um general que apoiou o regime militar instaurado no país com o golpe civil-militar de 1964 chegou a ser indicado para presidir a FUNAI. O protesto das comunidades indígenas levou o Ministro da Justiça a recuar da decisão. Hoje, o que as comunidades indígenas e quilombolas percebem, nitidamente, é que estamos diante de um retrocesso. O Estado de Goiás, que é um Estado onde se verifica, no momento, uma incidência mair de conflitos entre sem-terra e latifundiários, é monitorado e “cercado” pelo aparato militar federal. Quem entende de jargão militar, sabe do que estamos falando. E olha que eles não estão lá para defender a integridade física dos integrantes do Movimento dos Sem Terra. 

No Maranhão, até recentemente, representantes dos movimentos indigenistas foram recepcionados por porretes pelo governo do comunista Flávio Dino(PCdoB). O que eles reivindicavam? Escolas para as comunidades indígenas. Isso ainda é reflexo da herança oligarca que o senhor governador do PCdoB não conseguiu romper. Vários integrantes do seu governo já foram aliados da oligarquia Sarney, com aqueles métodos conhecidos de tratar os movimentos sociais. O pleito das comunidades indígenas vão muito além de uma questão fundiária. Eles envolvem assistência médica, escolas entre outros problemas enfrentados. Dando uma passadinha pelo microblog Twitter, na hashtag #OcupeFunai, encontrei uma manifestação de uma internauta que talvez traduza muito bem essa questão: #OcupeFunai, porque o golpe sofrido pelas populações indígenas é permanente. O crédito desse feliz twitter é da amiga Ana Carol Belei.

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