pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : O xadrez político das eleições estaduais de 2018, em Pernambuco: Jantar politico indigesto entre Lula e Renata Campos.
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sábado, 26 de agosto de 2017

O xadrez político das eleições estaduais de 2018, em Pernambuco: Jantar politico indigesto entre Lula e Renata Campos.

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Em viagem ao Estado da Bahia, Lula praticamente definiu qual seria a chapa encabeçada pelo PT para disputar as eleições presidenciais de 2018. O ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad(PT), encabeçaria a chapa, enquanto o ex-governador daquele Estado, Jacques Wagner(PT), seria o vice. Como se vê, uma chapa puro-sangue. Animal político arguto, Lula sabe qual o real propósito dos seus algozes, ou seja, o de inviabilizá-lo politicamente. A sentença proferida pelo juiz Sérgio Moro, certamente, será confirmada. Com uma taxa de rejeição que beira os 50%, Lula sabe que precisa cativar ainda mais o reduto tradicional do partido, o Nordeste brasileiro, responsável pelas últimas vitórias petistas, ao superar tradicionais redutos conservadores. Este equilíbrio de forças é fundamental para o partido continuar alimentando as expectativas de voltar ao poder algum dia. 

Essas viagens, no entanto, tem retomado os velhos dilemas da agremiação petista, como a política de alianças ou a famigerada conciliação de classes, que deixam sequelas até o dia de hoje. Como se sabe, o PT chegou ao poder somente depois de um grande acordão de classes, que envolvia amplos setores da elite política e econômica. A quem advogue que, de outra forma, não seria possível a chegada do partido ao poder. Por outro lado, há aqueles que apontam os equívocos dessa estratégia, que impediram a implementação de algumas reformas importantes, assim como oportunizou-se a esses grupos a retomada do poder no momento seguinte, através de um expediente político nada democrático ou republicano, sem que fosse possível um esboço de reação à altura. Como agravante, um grade retrocesso, que colocaram por terra as conquistas sociais e de direitos civis que se tornaram possíveis através daquela conciliação de classes.

Com um capital político ainda pouco comprometido aqui na região, as caravanas de Lula tem conseguido um feito inusitado, ou seja, atrair adversários políticos petistas aos seu palanque, numa manobra clara de oportunismo político. Os governadores Jackson Barreto, de Sergipe, assim como Renan Calheiros Filho, Alagoas, ambos do PMDB, são dois bons exemplos do que acabamos de afirmar. As saias-justas, naturalmente, são frequentes. Trata-se, naturalmente, de uma manobra de pragmatismo político, sem qualquer outro conteúdo. Em Alagoas, por exemplo, o projeto é o de reeleição de Renan Filho, assim como a recondução do pai ao Senado Federal. Essa plasticidade de Lula, por sua vez, cria algumas arestas entre membros da agremiação. Renan Sarney, por exemplo, participou ativamente do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Os petistas mais radicais têm ele atravessado na traqueia. 

Ao desembarcar, no dia de ontem, aqui no Recife. As polêmicas continuaram, em razão de Lula ter comparecido à mansão do ex-governador Eduardo Campos, no Bairro de Dois Irmãos, atendendo a um convite da senhora Renata Campos(PSB-PE), para um jantar. Amabilidades à parte, o que ficou no ar mesmo foi o "gesto" político carregado de simbolismos. Comenta-se, nas coxias, que as portas ainda continuam abertas para uma possível reaproximação entre petistas e socialistas, numa reedição da Frente Brasil Popular. Fechado esse suposto acordo, uma das vagas ao senado seria destinada ao PT na chapa governista. Em política nada é impossível, mas há vários obstáculos a serem transpostos e algumas rusgas superadas. As rusgas são mais simples. Os problemas maiores são os obstáculos políticos criados. Ao longo do anos, setores da agremiação petista, finalmente, chagaram à conclusão de que a política aliancista adotada pelo PT no Estado esteve marcada por alguns equívocos. A retomada desse diálogo precisa ser algo muito bem pensado pelo partido. 

Justamente aqui na província, a ala peemedebista aliada ao Campo das Princesas é inimiga figadal do PT. O PMDB local é comandado por Raul Henry, vice governador, tendo na figura do Deputado Federal Jarbas Vasconcelos a sua principal liderança. Há quem garanta que uma das vagas ao Senado Federal na chapa governista está reservada ao deputado. Creio que, nem mesmo para tentar retomar seu mandato de senador, há alguma possibilidade do deputado caminhar junto com os petistas. Ele já afirmou quem se o PT entrar, ele sai. Um outro complicador é que as lideranças locais do partido veem com bastante reticência a possibilidade de reedição de uma aliança com o PSB. Soma-se o fato de o partido ter apoiado o processo de afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff da Presidência da República. 

Quando esteve aqui no Recife, em semana anterior, o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, também manteve um encontro com o governador Paulo Câmara, no Palácio do Campo das Princesas. O teor dessas conversas, por razões óbvias, nunca vazam para a imprensa, exceto por alguma indiscrição de algum conviva. Certamente, os bons resultados obtidos pelo Estado no IDEB não se constituiu no fulcro desse diálogo. Lula também não teria ido à mansão de Dois Irmãos para relembrar daqueles velhos tempos das comidas regionais, da típica cachaça da terra, do suco bem nordestino de pitangas, da sobremesa de rapadura, tampouco dos causos de Ariano Suassuna, que já está num outro plano. Como disse antes, esse gesto é um gesto carregado de simbolismo. Uma reaproximação entre o PT e o PSB é um deles. Vamos aguardar um pouco, mas insisto que caminhar com Marília Arraes seria o caminho mais correto.


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