pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : Editorial: O perigo das transições em serviços de inteligência.
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sábado, 24 de junho de 2023

Editorial: O perigo das transições em serviços de inteligência.


Há alguns fatos desconhecidos na biografia de Lavrenti Béria, chefe da temida polícia secreta russa, a NKVD, depois transformada na KGB. Tais fatos ajudaram a alimentar a mística e os mistérios em torno do seu nome. Béria era o homem de confiança do ditador Joseph Stalin, sendo responsável por assassinatos de desafetos ao regime, massacres e expurgos durante a vigência de seu império na extinta URSS. Era um dos homens mais temidos da União Soviética. Talvez mais temido do que o próprio Stalin. 

Numa dessas ocasiões, foi montada uma trama, dentro dos próprios serviços de inteligência daquele país, que culminou em sua eliminação física. Béria foi convidado para uma reunião, algum tempo depois alguns convidados se afastaram, permanecendo no recinto apenas ele e o seu o executor. Béria foi alvejado na cabeça, implorando, de joelhos, para não ser assassinado. Mesmo com toda a espertise acumalada ao longo dos anos em que atuou nos estertores da espionagem e contra-espionagem, Béria não foi capaz de antecipar-se às escaramuças urdidas contra ele. 

Nos Estados Unidos, por ter sido preterido ao cargo de diretor do FBI, o número dois daquela instituição policial, Mark Felt, que ficaria conhecido como o "Garganta Profunda", secretamente, denunciou os escândalos de espionagem eleitorial envolvendo o ex-presidente Richard Nixon, levando-a renúncia. Era a renúncia ou um impeachment certo. Sua identidade permaneceu sob sogredo durante anos.  

No Brasil, o que temos lido e ouvido sobre as transições em nossos serviços de informação já seriam suficientes para construirmos um enredo de romance policial. Relatórios de inteligência falsos poderiam ter sidos emitidos; Existem suspeitas de sabotagens, envolvendo antigos e novos dirigentes, nos períodos de transição de gestão, e coisas do gênero. Tem ajudado bastante neste sentido os depoimentos de alguns atores estratégicos durante as audiências das CPI's dos Atos Antidemocráticos de 08 de janeiro. Por isso é tão importante que eles sejam convocados na condição de convidados e não de investigados. Nesta última condição, eles dispõem da prerrogativa de se manterem em silêncio.       

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