pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : Editorial: Até tu, Rodrigo Janot?
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sexta-feira, 10 de junho de 2016

Editorial: Até tu, Rodrigo Janot?






Muito engraçado os comentários do cientista político Wanderley Guilherme dos Santos, em seu site, sobre o áulico - prefiro cupincha - de Michel Temer que teria citado equivocadamente Maquiavel para o chefe. Leu mal Maquiavel, justamente no capítulo que trata da conquista do poder pela usurpação ou pela vilania. Mas, por enquanto, vamos deixar Maquiavel para ser discutido numa outra oportunidade, antes de sermos atropelados pelos acontecimentos da capital federal. Afinal, o critério "técnico" para a escolha dos auxiliares do presidente interino, esbarra na barreira intransponível da escória fisiológica que emprestou apoio à manobra golpista. Nessa trupe, por exemplo, um Alexandre Frota - quando se toma como parâmetros as audiências concedidas no MEC, por exemplo - goza de muito mais prestígio do que alguns dos mais renomados educadores das universidades brasileiras, que sequer seriam convidados a tomar um cafezinho com o novo ministro.   

Depois do pedido de prisão encaminhado pelo Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal, tivemos uma conversa com um amigo professor do Estado do Maranhão, acerca da famosa ilha de Curupu, um paraíso de propriedade da família Sarney. A propriedade é um colosso, com os seus cinquenta mil quilômetros quadrados de mata atlântica e praia, com mansões luxuosas edificadas pela família. Nosso amigo professor, um socialista convicto, por uma dessas ironias do destino, será um vizinho do oligarca Sarney. Caso seja decretada a sua prisão - é pouco provável que isso ocorra - cumprir pena por aqui não seria nada mal para alguém que, segundo os áudios gravados do senhor Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, juntamente com Renan Calheiros, somente eles, foram responsáveis pelo favorecimento de 70 milhões desviados dos cofres públicos. 

Com o anúncio do pedido dessas prisões ao STF, por razões óbvias, Rodrigo Janot atraiu os holofotes sobre si. O primeiro reflexo disso é que as pessoas começam a especular sobre o indivíduo, seja de uma forma positiva ou negativa, ou, pior ainda, através de ilações sem qualquer fundamento, mas capazes de induzir a opinião pública a pensar isso ou aquilo. No contexto dos legalistas e golpistas, de que lado, afinal, poderíamos enquadrar o senhor Rodrigo Janot? sobretudo se consideramos a hipótese de esses pedidos de prisão não passarem de um mero jogo de cena, com propósitos bem mais complexos mais adiante, como, por exemplo, servir aos interesses nada republicanos dos conspiradores.

Não é segredo para ninguém que, em determinados momentos - cruciais, registre-se - durante o engendramento que moía a engrenagem do golpe institucional contra a presidente Dilma Rousseff - Rodrigo Janot tomou algumas decisões que azeitaram a manobra, claramente desfavoráveis à presidente Dilma Rousseff ou seus apoiadores. Isso levou alguns analistas a concluírem que ele poderia está por trás das urdiduras que culminaram com a interrupção temporária do mandato da presidente. 

O pedido de prisão desses ilustres representantes da nossa combalida republiqueta de bananas, em última análise, teria como objetivo, além de pressionar o Senado Federal na votação definitiva sobre o mandato da presidente, de preparar o terreno para uma eventual prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cuja destruição de sua figura pública, seria a meta maior dos conspiradores. De acordo com o jornalista e blogueiro Luis Nassif, a trinca golpista seria formada,então, pela PGR-Globo-STF. Se temos isso como procedente, caberia, então, a pergunta: até tu, Rodrigo Janot? Mas, como disse, é preciso ter muita cautela nessa hora.

A charge que ilustra esse editorial é do músico e chargista Renato Aroeira. 


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