pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : O xadrez político das eleições municipais de 2016, no Recife: João Paulo avisa que está no jogo.
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quarta-feira, 8 de junho de 2016

O xadrez político das eleições municipais de 2016, no Recife: João Paulo avisa que está no jogo.





José Luiz Gomes


Claro que tudo que envolve o PT sempre remete às saudáveis discussões internas, mas, a julgar pelos caciques que o estão apoiando, é praticamente certa a candidatura do ex-prefeito do Recife, João Paulo(PT), nas próximas eleições municipais do Recife, onde deverá tentar ser prefeito da capital pela terceira vez. Trata-se de uma jogada que envolve muito risco e deve ter sido analisada com todo o carinho pelo ex-superintende da SUDENE no governo Dilma Rousseff. Se não for eleito, João Paulo corre um sério risco de precisar aposentar sua carreira política, em razão do longo espaço de tempo sem exercer nenhum mandato. Pelo andar da carruagem política, com as candidaturas já postas, as eleições de municipais de 2016 no Recife tendem a ser muito renhidas e com alguns ingredientes a mais de uma polarização, que já faz parte de sua história. Num encontro com Rui Falcão, presidente nacional da legenda, depois do sinal verde do senador Humberto Costa(PT-PE), o martelo foi finalmente batido. 

No momento, despontam como candidatos a Deputada Estadual Priscila Krause(DEM), O Deputado Federal Daniel Coelho(PSDB), o Deputado Estadual Sílvio Costa Filho(PRB), o prefeito Geraldo Júlio(PSB), que tenta a reeleição, e o candidato do PV, Carlos Augusto Costa. Nunca se especulou tanto sobre as injunções da conjuntura política nacional sobre a quadra política local. Faz sentido se especular sobre o assunto, sobretudo neste momento, onde o cenário é de uma crise institucional, política e econômica sem precedentes. Em outros momentos, poder-se-ia até minimizar os reflexos nacionais no contexto local, mas, neste quadro, é impossível dissociar uma situação como esta e seus reflexos nas quadras locais aqui e alhures.  

Mas, por outro lado, há um dado aqui que precisa ser posto. Do ponto de vista da "tempestade perfeita", a tendência não é de solução a curto prazo e as eleições municipais já ocorrem daqui a 04 meses. Aqueles que estiveram do lado das urdiduras para interromper o mandato da presidente Dilma Rousseff, também não irão equacionar os problemas políticos e econômicos antes desse prazo e, apontar os possíveis culpados, não sei se adianta muito, afinal, eles alegavam que a presidente Dilma Rousseff foi afastada em razão de incompetência para conduzir o país, associada à corrupção. Quem afirma isso é a cúpula de um partido enredado em corrupção na máquina pública, com pedido de prisão preventiva sendo analisado pelo STF. Sem a menor moral, portanto, para essas ilações. 

O certo mesmo é que teremos uma eleição municipal realizada na agudeza de uma crise, com o nosso feijãozinho de cada dia já ultrapassando os dez reais o quilo. Normalmente, os eleitores costumam creditar esses problemas a quem é governo. Se os reflexos da crise nacional, de fato, tiveram um peso expressivo aqui na província, convém ao senhor Geraldo Júlio(PSB) colocar as barbas de molho. O PSB pernambucano, enquanto partido, manteve umas posições dúbias no que se refere ao apoio ao pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Mas, no caso específico de Geraldo Júlio, ele fez questão de se colocar entre os apoiadores do afastamento da presidente Dilma Rousseff, o que permitirá aos seus adversários do lado de cá, como Sílvio Costa(PRB) e João Paulo(PT), a pedir-lhes explicações nos debates, e, se os eleitores, nas ruas, ensaiarem um coro de "golpista" não será surpresa.  

É bom que se registre que, diante de um somatório de dificuldades deste governo interino - que vão além da usurpação e ilegitimidade - aliados ao fato de uma composição ministerial bichada - crescem as insatisfações populares contra o governo do senhor Michel Temer. Esse fenômeno vem ocorrendo aqui e no estrangeiro. Em Campina Grande ou numa reunião da OEA, onde o ministro das Relações Exteriores, José Serra, teve que ouvir os gritos de "golpista".Isso deve ser analisado com muita atenção pelos candidatos, uma vez que o governo Dilma começou a ruir, de fato, depois das vaias e xingamentos ocorridos durante a abertura da Copa do Mundo.Uma "banana" e o "nervosismo", por exemplo, já tirou um candidato do sério aqui na província. Do sério e do páreo, é bom que se diga. 

Não faz muito tempo, publicamos aqui uma postagem com o sugestivo título: O viagra do PSDB pernambucano, com o propósito de mostrar a intensa movimentação dos tucanos no Estado. O governador Paulo Câmara(PSB), apesar dos problemas localizados no Recife, mantém uma aproximação com eles em diversas praças. No domingo, chegou a ir ao Cabo de Santo Agostinho, onde o Deputado Federal Betinho Gomes(PSDB), filho do prefeito Elias Gomes(PSDB), é candidato a prefeito do município.Há uma possibilidade concreta de os dois partidos, PSDB/PSB, construírem uma candidatura de consenso nas eleições municipais de Jaboatão dos Guararapes. No Recife, entretanto, eles vão para o pau e já unindo forças PSDB/PV, com acordos praticamente fechados entre ambos, num eventual segundo turno. Daniel Coelho já mostrou que é um candidato competitivo e aposta nessa hipótese.

Apesar de algumas reticências pontuais no diretório municipal da legenda petista no Recife, a tendência é que se chegue a um consenso sobre o nome de João Paulo como candidato. O seu nome tem o apoio da Executiva Nacional  e do Diretório Estadual. As arestas, como afirmamos, são pontuais. Por outro lado, vale a pergunta: quem se habilitaria a disputar a vaga com João Paulo? João da Costa? Não creio. É quase certo que ele tente uma vaga na Casa de José Mariano. Há alguns dias atrás, o senador Humberto Costa(PT) afirmou que bastava ele dizer que sim e o bloco seria posto na rua. Foi a senha. Embora, como afirmamos, a conjuntura nacional possa ter um peso maior nessas eleições municipais, o fato é que os problemas do cotidiano do recifense não deixarão de ser discutidos. Neste caso, um nome como o do ex-prefeito João Paulo na disputa, poderá provocar um bom cotejo de gestões. Algumas linhas de políticas públicas implantadas pelo PT no município - bem-sucedidas - foram solenemente abandonadas na gestão socialista. 

Assim como ocorre com Daniel Coelho(PSDB), que está no ninho tucano como uma ave "trocada", ou seja, originalmente ele era um cuco - aquela ave que costuma colocar seus ovos para chocarem num outro ninho - o que se depreende pelo seu trânsito junto ao PV - João Paulo(PT) também segue na mesma raia com o candidato Sílvio Costa Filho(PRB), filho do Deputado Federal Sílvio Costa(PTdoB), que foi um verdadeiro leão de chácara na defesa da presidente Dilma Rousseff durante o processo de impeachment, o que o credenciou junto ao PT. Houve até quem especulasse sobre a possibilidade de o PT abdicar de uma candidatura própria para apoiar o nome do filho de Sílvio Costa. 



  

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