pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : Michel Zaidan Filho: O Estado não é um prolongamento da família, ao contrário do que pensam alguns
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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Michel Zaidan Filho: O Estado não é um prolongamento da família, ao contrário do que pensam alguns





Estava eu retornando de uma reunião de trabalho com a diretoria da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Pernambuco (FETAPE), quando fui surpreendido com gritos de um motorista na rua, que acenava para mim perguntando o que achava da nomeação do infante João Henrique para o cargo de secretário de governo. Certamente não foi por necessidade econômica do órfão de pai. Além da pensão por morte, o jovem desfruta de uma situação familiar confortável. Então, qual seria a motivação do governador em nomear o filho do falecido Eduardo Campos para a sua assessoria? - Não deve ter sido em função de suas qualificações profissionais e da pouca idade e experiência que o jovem possui. Também não deve ter sido pelo bem do Estado de Pernambuco e dos pernambucanos.

Poderia ser uma digna apoteose do recente carnaval que homenageou a figura de Miguel Arraes e seus descendentes. Dizia Ariano Suassuna - amigo íntimo dessa família- que o povo brasileiro tinha uma enorme nostalgia da monarquia portuguesa, seus títulos nobiliárquicos, seu fausto e brilho. Que , no fundo, todos nós eramos monarquistas disfarçados de presidencialistas imperiais. Mas a monarquia arianista era de carnaval, meramente simbólica, uma encenação digna de um teatro mambembe, que ele tanto admirava.

O problema é quando a fantasia pula dos romances armoriais e das troças carnavalescas diretamente para o Palácio do Governo e assume cargo e contracheque, às custas do erário público. Será que o senhor Paulo Henrique Saraiva Câmara não se dá conta do simbolismo dessa nomeação? - Acha que ela é um fato corriqueiro, natural (talvez, numa gestão familista) que não chama a atenção de ninguém. Logo ele que foi recrutado do Tribunal de Contas do Estado, que tem por tarefa fiscalizar as contas da administração pública?

Pode não ser, mas essa nomeação de um filho do falecido governador, responsável direto pela eleição do atual governador e do atual prefeito da cidade do Recife, pode parecer uma troca de favores, uma retribuição à família enlutada pelos extraordinários esforços realizados para sua eleição, quando ele era ainda um mero técnico e analista de contas do tribunal do Estado. Poderia ser também uma forma de se criar um trampolim político para catapultar uma futura e vindoura candidatura às eleições municipais deste ano. 

Mas há, também, uma hipótese irrecusável que anda de boca em boca na cidade do Recife: assim como a matriarca do clã, a ministra-mãe, vem envidando todos os esforços para transformar o seu filho em prefeito de Olinda (pobre Olinda!), a mãe do infante P. Henrique deve ter recorrido à cota-parte de que desfruta nesse reino armorial para emplacar a carreira política do filho. Esta hipótese não é de todo descabida, pois entre os herdeiros do espólio eduardista ela detém muito poder. Não parece. Mas tem. E o seu poder de persuasão não é meramente dialógico ou discursivo, é bem mais eficiente do que isso. 

O Estado de Pernambuco tornou-se um botim disputado pelas várias facções e grupos remanescentes com a morte do ex-governador. Nem todos os competidores têm o mesmo poder. Uns o conservam por linhagem dinástica, de sangue, de parentesco - próximo ou distante. Outros, pela subserviência, pela fidelidade canina ou de interesses. Há, ainda, os espertos e malandros de sempre, farejando vantagens aqui e ali. 


Por quanto tempo, os pernambucanos vão tolerar o domínio dessa oligarquia? 



Michel Zaidan Filho é filósofo, historiador, cientista político, professor titular da Universidade Federal de Pernambuco e coordenador do Núcleo de Estudos Eleitorais, Partidários e da Democracia. 


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9 comentários:

  1. Vejo essa nomeação como um escárnio e ao mesmo tempo um avilte ao povo de Pernambuco, no exato momento que o estado atravessa uma crise financeira grave e o funcionalismo público vem sendo tratado a base de pão e água, até quando tiver pão e água!
    Esse jovem não tem experiência técnica alguma, não preenche qualquer requisito para ter status de SECRETÁRIO, além de outras vantagens, claro.
    Pernambuco está cada dia afundando mais num imenso mar de lama e o governo do estado ainda toma uma atitude estapafúrdia dessa natureza.
    Meu povo pernambucano, acho que é chegada a hora de podar as asas dessa "pomba" que simboliza o poder tanto estadual como municipal, além de estar tentando emplacar, um outro membro dessa oligarquia, pessoa reconhecidamente tímida e porque não dizer antipática, forçando sua natureza para parecer um político experiente, simpático e bonachão, ligado às lideranças comunitárias de Olinda, sem nada a apresentar em seu curriculum, senão uma banca de advocacia e inexperiência total, na postulação de um cargo público, na cidade "Patrimônio Histórico da Humanidade"! Lastimável!

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  2. E onde escondemos a clássica frase que costumamos ver nos parabrisas dos nossos automóveis: ORGULHO DE SER PERNAMBUCANO?

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  3. Concordo Zaidan! Sem sombra de dúvida a mãe quer manter a dinastia Campos, mesmo que isso represente sucumbir com a geração Arraes. O cargo de chefe de gabinete é estratégico, é por onde se monitora de perto o governador e onde pode-se filtrar os interesses. Para os Campos tem que monitorar Paulo Câmara porque o posto não é dele. Ele apenas está a serviço da dinastia Campos. Já está na hora do primogênito conviver com os meandros do bastidores da política porque está próximo o seu reinado. Um escárnio!

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  4. Concordo Zaidan! Sem sombra de dúvida a mãe quer manter a dinastia Campos, mesmo que isso represente sucumbir com a geração Arraes. O cargo de chefe de gabinete é estratégico, é por onde se monitora de perto o governador e onde pode-se filtrar os interesses. Para os Campos tem que monitorar Paulo Câmara porque o posto não é dele. Ele apenas está a serviço da dinastia Campos. Já está na hora do primogênito conviver com os meandros do bastidores da política porque está próximo o seu reinado. Um escárnio!

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  5. Lamentável! Simplesmente um absurdo Zaidan! Concordo plenamente com o Sr. Prof°!!!

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  6. Lamentável! Simplesmente um absurdo Zaidan! Concordo plenamente com o Sr. Prof°!!!

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  7. Excelente texto e muito representativo da realidade!

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  8. É uma situação lamentável. Procrastinar a permanência desses falsos governantes é solidificar nossa subserviência. Enquanto eu, como professor, preparo diversos jovens e adultos para adentrar com esforços físicos, financeiros e psicológicos no emprego público, surge, abruptamente,uma nomeação sem nexo de um cidadão igual a todos os outros para assumir um cargo de um nível relevante, detentor de um alto salário, contudo sem envidar qualquer esforço natural. Fico entristecido. Pernambuco, minhas condolências!

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