pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : José Lins do Rego
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quarta-feira, 15 de outubro de 2025

Editorial: Trem de passageiros ligando Recife a João Pessoa.



Notícias boas são raras nesses tempos bicudos que atravessamos. Mas hoje, 15, líamos uma notícia muito interessante acerca da retomada da malha ferroviária brasileira, o que o Governo Lula 3 já havia insinuado com algumas medidas, mas agora o assunto entra verdadeiramente nos trilhos do Palácio do Planalto, já com recursos previstos, no contexto do Plano Nacional de Logística. Conforme observou o presidente da estatal Infra S.A, Jorge Bastos, numa série de debates promovidos pelo jornal Valor Econômico, onde o assunto foi discutido. A uma série de projetos em andamento, a exemplo da Transnordestina, mas desta vez estamos falando de um plano bem mais amplo, que contemporiza o transporte de cargas e passageiros, ligando as principais capitais do país. 

O projeto teria início com uma malha ferroviária interligando as capitais do Recife e João Pessoa. Somos fascinados por trens e estações ferroviárias. Um dos textos que sempre retomamos a leitura é o romance Pureza, do escritor paraibano José Lins do Rego, muito em razão do fato de que o romance se passa numa estação ferroviária. Aliás, na cumplicidade literária estabelecida entre o escritor e o antropólogo Gilberto Freyre, ambos vão concordar que este é o melhor romance produzido pelo paraibano, onde ele exerce mais criatividade do que memória, a exemplo dos textos do Ciclo da Cana- de- Açúcar.  Mas, voltemos aos trilhos. Iniciativa elogiável esta do Governo Federal, merecedora de nosso incentivo, não apenas por nossa paixão pelo tema, mas, sobretudo, em razão dos benefícios de logística proporcionados por este transporte, principalmente o de cargas, hoje conduzidas por malhas rodoviárias precárias, mal conservadas, sem falar nas ações dos bandoleiros saqueando-as. 

E, por iniciar essas conversas tratando de logística, realmente causou estranheza um pronunciamento do Ministro de Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Filho, onde ele se mostra incrédulo com o fato de a governadora Raquel Lyra recusar uma oferta da ordem de R$ 150 milhões de reais para a retomada das obras de reconstrução do Aeroporto de Caruaru. Surpreende mais ainda quando se considera uma declaração recente da governadora, onde ele afirma que o presidente Lula tem sido muito generoso com Pernambuco. Sílvio é cotado para candidatar-se ao Senado Federal nas próximas eleições, integrando a chapa do principal adversário ao projeto de reeleição da governadora, o prefeito do Recife, João Campos(PSB-PE). 

sábado, 13 de setembro de 2025

Editorial: Engenho Corredor será tombado como Patrimônio Histórico Nacional.



O Engenho Corredor já é tombado como patrimônio material pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico da Paraíba. Na próxima semana, uma comissão deliberativa do IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - deverá torná-lo patrimônio histórico nacional. É uma pena que os engenhos da família do escritor paraibano tenha esperado por tantos anos por alguma iniciativa do poder público no que concerne à sua preservação. Em relação ao Engenho Itapuá, de tanto valor histórico quanto o Corredor, encontra-se em ruínas, numa condição que não pode ser mais restaurado. Por pouco o Engenho Corredor teria o mesmo destino, em razão das disputas familiares com o poder público. 

Embora criado no Corredor, José Lins gostava bastante de alguns atrativos do Itapuá. Inclusive, já com uma certa idade, depois de consagrado nacionalmente como escritor, suas férias eram passadas no Itapuá. Antes de morrer, já bastante doente, ele ainda prometera aos amigos uma última viagem ao Itapuá, que acabou não ocorrendo. Salvo melhor juízo, quando fez uma viagem da saudade com o amigo pernambucano, Gilberto Freyre, as referências ao Itapuá seriam mais recorrentes do que às relativas ao Engenho Corredor. Amigo recente de Gilberto, que acabara de regressar de uma temporada de estudos nos Estados Unidos e na Europa, José Lins temia decepcioná-lo, o que acabou não ocorrendo. Gilberto ficou maravilhado com aquele universo, o que não se traduz em nenhuma surpresa. 

Tombado, o Engenho Corredor é aberto à visitação pública, levando estudantes de escolas públicas e particulares às suas dependências, onde se pode observar a casa grande e alguns utensílios que ainda restaram da casa de máquina. As marcas do cacete do Coronel Bubu do Corredor ainda se encontram no piso do alpendre da casa grande, assim como o buraco na porta, por onde o menino de engenho espiava as tias trocarem de roupa. No romance Menino de Engenho, o coronel Bubu assume o nome de coronel Zé Paulino, de autoridade inquestionável, como convinha aos chefes de famílias patriarcais à época. 

Esta notícia deve fazer o antropólogo Gilberto Freyre se revirar na tumba, mas é de alegria. Nas décadas de 30\4o do século passado, quando começaram as primeiras iniciativas no sentido de preservar o patrimônio histórico nacional, Gilberto Freyre ficou com a incumbência de apontar aqueles sítios históricos que, segundo ele, deveriam serem preservados no Nordeste. Seus críticos apontam que todas as edificações apontadas pelo sociólogo diziam respeito ao patrimônio material relacionado à aristocracia açucareira da região, que ele considerava os mais relevantes não apenas para o Nordeste, mas para o Brasil, posto que berço da nossa civilização. 

segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

Crônicas do Cotidiano: A Bica está em festa. É férias das crianças.



João Pessoa é realmente uma cidade abençoada, o que justifica sua posição privilegiada entre as principais capitais do país, seja como destino de um final de semana, de um período de férias, ou mesmo para curtir uma aposentadoria tranquila, depois de ter sobrevivido ao inferno das repartições. Só peço a vocês que não espalhem muito a notícia, uma vez que o fluxo de turistas ao local já está produzindo alguns gargalos no trânsito,  exploração do comércio nas barracas de praia, especulação no preço dos imóveis, assim como ciúmes entre os gestores das capitais vizinhas, a exemplo do futuro prefeito de Natal, que afirmou, durante o discurso de posse, que a nossa querida Jampa iria se tornar no curral da capital potiguar. 

Mas acho que podemos dar por aqui uma dicazinha sobre um local bastante agradável, bem cuidado, de natureza intocável e preservada, pertinho do centro e não tão distante das praias. O Parque Arruda Câmara, mais conhecido entre os pessoenses como a Bica, em razão de uma bica ali existente que, no passado, chegou a abastecer os moradores locais com água potável. João Pessoa atingiu um nível de civilidade que, independentemente de quem seja o gestor, se do partido A ou B, há algumas coisas que avançaram e a população não permite retorno, como a limpeza da cidade, o cuidado com o patrimônio histórico, a balneabilidade das praias centrais e os seus espaços de lazer. A Bica sempre foi muito bem cuidada e gerenciada. 

Nossa família foi muito feliz por ali. Acordávamos num dia ensolarado ou meio chuvoso desses janeiros - uma chuvinha que não atrapalhasse, do tipo garoa, admitamos, sempre era bem-vinda - e nos dirigíamos ao local. Logo no início, na antiga entrada do parque, um Ipê roxo florido nas aguardava, dando as boas-vindas. Depois de participarmos das recreações, seguíamos por uma trilha de Mata Atlântica e águas cristalinas, para a outra margem do parque, onde comíamos um pastel de carne com refrigerante, sem remorso,  e tomávamos o melhor sorvete do mundo, aquele artesanal que, segundo seu Zé, vinha lá de Pilar, a terra do escritor José Lins do Rego

Ao longo dos anos que frequentávamos o parque, sentimos a ausência de seu Zé. O produto passara a ser comercializado pelo seu neto. Andávamos considerando alguma coisa estranha com ele. O sorvete era oferecido em vários sabores, mas ele servia aleatoriamente, talvez não identificando os sabores solicitados pelos clientes. O neto nos informou que, numa dessas saída para vender o produto ele não conseguiu voltar para casa. Foi encontrado por alguém que o reconheceu, pois havia trabalhado com ele numa empresa local. Infelizmente, era um problema de demência ou Alzheimer, que um chargista já identificou como algo pior do que a morte. Outra coisa que nos enchiam os olhos de contentamento era contemplar a beleza da planta abricó de macaco, de origem amazônica, que, durante a florada é admirável. As coisas boas da vida são até simples, Rubem Braga.