pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Pobres coitados, ricos de ódio


27 de outubro de 2014 | 12:38 Autor: Fernando Brito
dois
Será que alguma hora, certas pessoas vão se dar conta ao papel ridículo a que estão sendo levadas?
Será que é possível que uma pessoa que vive numa das mais belas paisagens do mundo, num bairro onde não falta nada – nem mesmo segurança, porque dentro das precariedades do Brasil e do Rio de Janeiro, ela ali é das melhores – que tem escolas, empregadas, babás para seus filhos, que vive num padrão semelhante aos das melhores cidades dos EUA ou a Europa, se digam oprimidas, reprimidas, perseguidas?
Sinceramente, não lhes tenho ódio, nem quero que se vão embora daqui.
Tenho amigos queridos que votaram no Aécio e não deixam de ser queridos e amigos por isso, até porque aceitam os resultados e a vontade da maioria, que não os oprime.
Em plena ditadura, éramos muito mais fraternos… O  colega mais “bem-de-vida” dos tempos de faculdade, o saudoso Robertão, tinha um sobrenome aristocrático, um Puma e um barraco no Morro do Salgueiro, devidamente decorado com um escudo do Botafogo, sua paixão…
Vivemos tempos de intolerância, agora e é direito do povo brasileiro saber  que sentimentos se está provocando em alguns grupos que perderam completamente a capacidade de olharem para si mesmos e se considerarem seres humanos especiais, enquanto o resto do país é desprezível.
Nem eles sabem, mas é um transtorno mental assim que serve de incubadora do ovo da serpente do totalitarismo.
Infelizmente, a direita brasileira deu ao nosso país milhares e milhares de pessoas assim, incapazes de ver nos pobres não as vítimas de um modelo econômico, mas os culpados por se pretenderem tão seres humanos e tão cidadãos quanto eles.
Imaginem se os mais pobres os odiassem assim como eles odeiam?
É verdade que estes núcleos sempre existiram, mas se multiplicaram  e desde junho passado, foram legitimados para xingar, agredir e serem intolerantes.
Isso faz mal ao convívio humano e a única forma de reduzi-los aos grupinhos que sempre foram é não lhes responder com mais ódio.
O ódio é tratar o diferente como inimigo e acabar com a capacidade de convívio.
Peço, portanto,  que leiam sem ódio a reportagem de Lucas Vetorazzo, na Folha.
Sem ódio e com a piedade que merecem seres humanos transtornados.
É isso o que precisamos desafazer, embora não reste muita esperança de que gente que chegou a este ponto venha a retomar a razão com rapidez.
As calçadas e os bares do Leblon já foram frequentados por gente, como o Tom Jobim, que amava a paz, o mundo, as pessoas.
Terão virado terra de selvagens?

No Leblon, eleitores de Aécio falam em deixar o país

Lucas Vetorazzo, da Folha
Faltavam oito minutos para as 20h, hora em que se acreditava que o nome do novo presidente da República seria conhecido, e uma chuva fina caía no Leblon, o bairro com o metro quadrado mais caro do Rio.
Nada que esmorecesse o ânimo dos eleitores de Aécio Neves (PSDB) que assistiam à apuração no Botequim Informal, na rua Conde de Bernadote, tradicional ponto de encontro da classe média alta carioca.
“P… que pariu, o Aécio é presidente do Brasil”, passou cantando um eleitor, causando frisson no bar. As pessoas se abraçavam e comemoravam meio incrédulas. Rapidamente se soube que não passava de farra, pois o resultado ainda tardaria para ser divulgado.
O artista plástico Zeca Albuquerque, 48, morador do bairro nobre da zona sul do Rio, disparou que “se a Dilma ganhar, eu vou deixar o país. Vou morar em Miami”, enquanto comia um pastel de carne e bebia um chope tirado na hora.
O motivo se sua possível mudança para os EUA seria para fugir “dos vinte anos de ditadura do PT”, colocando na conta mais quatro anos, além dos 16 que o partido completará ao final do mandato de Dilma Rousseff, que mais tarde seria confirmada para o comando do Planalto pela segunda vez.
Questionado se mesmo com eleições regulares ele mantinha a crença de que viva em uma ditadura, ele afirmou que o aparelhamento da máquina pública perpetuava uma lógica ditatorial no país.
“É o aparelhamento do estado. Sai um, entra outro. Não há liberdade de expressão nesse país”, respondeu. O fato de criticar a presidente em público não é prova da liberdade de expressão?
“Eu só estou falando isso porque ela não está aqui atrás de mim, senão ela me dava um tapa, essa horrorosa. Minha vontade é raspar o cabelo dela”, disse.
A TV sintonizada na Globonews estava no mudo. Àquela altura, as 20h já tinham chegado e o resultado ainda não estava fechado. Dilmavencia por pouco. Os ânimos se acirravam no bar majoritariamente aecista.
Tão exaltada quanto estava Ana Silvia Castignani Alves da Silva, 37. Ela era uma das que dizia em voz alta que deixaria o país para morar na Itália, já que ela e seu filho pequeno têm dupla cidadania. Moradora do Leblon e formada em turismo, a gerente de vendas disse que o principal motivo para deixar o país é o alto custo de vida da classe média alta brasileira. Ela se disse uma “sobrevivente” desse cenário, que seria, em sua opinião, culpa do PT.
“Eu tenho a graça de ter dupla cidadania. Porque lá na Europa o meu filho tem educação e saúde grátis e de qualidade. Para que eu pago R$ 2 mil de colégio? Para essa mulher ganhar?”, disse ela, que continuou elencando suas “dificuldades”, pedindo desculpa de quando em quando pelos palavrões e pela “sinceridade”.
Entre as dificuldades, destacou a necessidade de morar de aluguel no Leblon “porque trabalha em um hotel no bairro e o custo de transporte ficaria muito alto se morasse em outro lugar” e porque tem a necessidade de pagar uma empregada para cuidar do seu filho enquanto ela trabalha doze horas por dia– “no Brasil a gente é obrigado e ter empregada doméstica para criar os nossos filhos enquanto a gente trabalha”.
“Na época dos meus pais, a classe média tinha o melhor apartamento, o melhor carro. Hoje eu sobrevivo. Eu vou sair do país por isso. A minha vida é essa, eu não vivo”, lamentava com um copo de chope pela metade.
Assim como ela, Alexandre Pereira Lukine, 40, gerente de tecnologia da informação da Tata Consultance Service, multinacional indiana instalada no Brasil, dizia que acreditava que a saída para classe média alta à eleição de Dilma seria o Galeão, o aeroporto internacional do Rio. Ele, que afirmou ser formado na Seattle Pacific University, nos EUA, disse que já nesta segunda começará a mandar currículo para fora do país.
Para ele, o governo do PT estimula que as pessoas tenham baixa formação, e os mais escolarizados pagam impostos para sustentar “os vagabundos em idade laboral que recebem bolsa isso e bolsa aquilo”, o que ele classificou não como um programa social, mas como “propina eleitoral”.
“As cabeças pensantes estão indo embora. Se eu ficar aqui eu vou virar o que? Vou ser guardador de carro? Quanto mais eu estudo, menos eu ganho. Pode escrever isso aí”, bradou.
A socióloga e historiadora Silvia Pantoja, 65, assistia à apuração com um grupo de amigos e dizia estar revoltada. Disse que deixaria o país, sem saber ainda pra onde iria. Ela, que disse ter militado no movimento estudantil durante o governo militar, comparou os 16 anos do PT com os 21 anos de ditadura militar.
Ela criticou a luta armada que Dilma empreendeu junto com outros militantes durante a ditadura, mas deixou escapar uma fantasia oculta de, por suas próprias mãos, mudar a situação atual do país.
“Se não fosse pela minha filha, eu dava uma de kamikaze e metralhava ela [Dilma]. Isso aqui é uma ditadura, eu não tenho mais o menor respeito por ela, que matou várias pessoas na luta armada fazendo terrorismo. Tinha que acabar a reeleição no Brasil”, disse.
A empresária Antonia la Porta, 32, estava “indignada”. Queria beber “muita cerveja” para afogar as mágoas. Ela estava na Europa e adiantou a passagem de avião só para votar em Aécio Neves. Agora, é “impeachment na certa”.
Sua amiga, a advogada Roberta Passomides, 32, acha que Dilma Rousseff ilude “os mais ignorantes” com o tanto de “bolsa” que anda distribuindo por aí. Se conhece alguém que votou na petista, “é porteiro, é garçom”. “Eles não sabem o que é Pasadena. O que interesse é ganhar o Bolsa Família”, diz, em referência a um dos escândalos na Petrobras.
Com a vitória de Dilma, o dólar vai subir 20%, lamenta Antonia, que diz ter conversado com economistas.
No mesmo bar do Leblon, o também empresário Alexandre Medrado, 26, acha que “não existem cervejas suficientes no mundo” para curar sua fossa eleitoral. Filiado ao PSDB, ele diz que o PT fez “terrorismo eleitoral” e criou “uma luta de classes desnecessária”.
Com uma longneck na mão, Alexandre também rejeita a “diplomacia esquerdista” do governo Dilma.
A gestora de RH Fernanda Fernandes, 31, é “totalmente contra o PT”, partido impregnado de “espírito de pobre”.
Com um adesivo de Aécio no peito, ela opinou: o PT ” pensa pequeno” e está “se ferrando para a classe média”. Em vez de valoriza-la, diz, prefere “dar condição para uma classe” que não alcançará o mesmo patamar.
(Publicado originalmente no site Tijolaço)

Tijolinho do Jolugue: Uma agenda para o segundo mandato de Dilma Rousseff.


Dilma venceu as eleições, mas a refrega foi braba. O mais importante disso é que ela parece ter tirado algumas lições dessas adversidades. Ainda bem. As responsabilidades do cargo exige isso. Exige, inclusive, que ela tenha a humildade de incorporar ao seu programa de governo aquelas sugestões colhidas durante o processo, bem como os reparos necessários na condução de sua gestão. Mesmo durante a campanha, a presidente já admitia a necessidade de continuar com os acertos, e corrigir alguns rumos tidos como equivocados. A título de alguns sugestões, Dima, vão aí: a) A convocação de uma constituinte exclusiva para tratar da Reforma Política, a reforma das reformas. Ela encontrará um congresso até mais conservador e hostil, mas não pode adiar esse assunto; b) Depois da campanha sórdida movido por alguns veículos de comunicação contra ela, penso que, desta vez, ela se convenceu que é de fundamental importância tomar algumas medidas no que concerne à democratização da mídia. A Lei dos Meios cairia bem; c) Rever alguns aspectos na condução da política econômica, permitindo que o país volte a crescer com a inflação sob controle; d) Retomar a organicidade do PT com os movimentos sociais. Esse era um dos aspectos que mantinha acesa a Onda Vermelha, tão importante nesta reta final da campanha; e) Fortalecer suas alianças à esquerda, conforme já recomendou intelectuais como Emir Sader.
Mais duas questões que nos ocorreram.

 PS: Mais duas questões nos ocorreram. f) Legislação rigorosa contra àqueles que forem pegos envolvidos em desvios de recursos públicos, fortalecendo os instrumentos do Estado, além dos órgãos de fiscalização e controle das finanças públicas; g) aprofundamento das políticas sociais de cunho inclusivo, considerando que este país, durante séculos, deixou de oportunizar aos estratos sociais mais fragilizados uma série de "direitos". Em sua primeira fala como presidente, Dilma Rousseff, comprometeu-se em aprofundar essa cruzada contra a corrupção.

Tijolinho do Jolugue: Pernambuco é um Estado cruel, senhores aprendizes de oligarcas.


Muito interessante essas últimas manifestações políticas ocorridas no Estado de Pernambuco. Paulo Câmara(PSB) foi eleito com uma votação surpreendente, bem acima dos mais "otimistas" dos institutos de pesquisa. Fizeram barba, cabelo e bigode. Os remanescentes da oligarquia familiar em gestação na província ficaram extasiados. "Anchos", como diria os matutos. Também conseguiram transferir muitos votos para a irmã Marina no primeiro turno das eleições. A irmã venceu as eleições no Estado. Assim que terminou o primeiro turno das eleições presidenciais, o candidato tucano, Aécio Neves, procurou os herdeiros do espólio político do ex-governador. Seria importante assegurar esses votos, principalmente numa região do país onde os eleitores nunca foram receptivos ao seu nome. Mesmo sabendo do alto custo da decisão, a família endossou o apoio ao seu nome. E eles se mantiveram mobilizados, pelo menos aqui na capital e região metropolitana. Os amarelos estavam nas ruas, pedindo votos para Aécio Neves. Mas, desta vez, por algum motivo, algo saiu fora do script. Há muitas explicações para isso: a) a intensa - e surpreendente - mobilização da militância petista nos últimos dias - veja-se o caso das cidades do Recife, Petrolina e Goiana; b) O fato de Aécio não ter qualquer identidade com o Estado, como afirmou o cientista político Michel Zaidan Filho durante um debate pela Rádio JC; c) Arrisco, por fim, um lampejo de lucidez do eleitorado, que não aceitou o cabresto imposto por essa "nova' oligarquia em formação, lembrando, mesmo que remotamente - e transferindo isso para o Estado - a frase do ex-governador Agamenon Magalhães: Recife é uma cidade cruel, aprendizes de oligarcas; d) Outro aspecto que não pode deixar de ser levado em conta são os investimentos federais no Estado, além daquele contingente de eleitores beneficiados pelos programas de transferência de renda. Enfim, são apenas hipóteses. Reconheço que, na realidade este assunto exige um maior aprofundamento.

Tijolinho do Jolugue: A vitória de Ricardo Coutinho na Paraíba. Parabéns, Mago!


As eleições na Paraíba passam, necessariamente, pela cidade de Campina Grande. Os especialistas colocam essa cidade como estratégica num pleito estadual. A tradição se mantém. Reduto tradicional da família Cunha Lima, Campina Grande tornou-se uma espécie de ilha tucana na região Nordeste. A diminuição do percentual de votos de Cássio Cunha Lima(PSDB) em relação a Ricardo Coutinho(PSB), no segundo turno, foi fundamental para este último continuar como inquilino do Palácio Redenção por mais 04 anos. Há um outro grupo político importante em Campina Grande, o da família Vital do Rego. Um dos integrantes do clã, Veneziano Vital do Rego - que já foi prefeito da cidade - comenta-se, teria saído de casa em casa, com o objetivo de reverter o quadro em favor do "Mago" dos girassóis. Foi uma eleição dura, de caráter pouco republicano ou propositiva, assim como ocorreu com as eleições presidenciais. Uma guerra jurídica de ambos os candidatos, para evitar que denúncias e calúnias se tornassem públicas. Talvez em nenhum outro Estado da Federação os departamentos jurídicos tenham sido tão acionados. O candidato do PSB, Ricardo Coutinho, ganhou as eleições. A margem foi apertada, o oponente vendeu caro a derrota. Filho da mais tradicional oligarquia política do Estado, Cássio Cunha Lima nunca havia perdido uma eleição até então. Assim como Aécio ao se identificar com FHC, Cássio não tinha currículo de gestão para mostrar aos paraibanos. Ricardo vem de uma trajetória política ligada ao Partido dos Trabalhadores, depois, já como filiado ao PSB - ainda dos bons tempos das relações com o Planalto - ainda que em menor escala, beneficiou-se dos investimentos federais no Estado. Soma-se a isso, ainda, mesmo que muito diluído, um sotaque de sensibilidade social, algo em relação ao qual o tucano não poderia se contrapor. Venceu as eleições. Há alguns anos atrás, quando éramos mais ativos no microblog twitter, trocávamos muitas ideias. Parabéns, Mago. Vamos tomar uma Volúpia com agulha frita em Jacumã, qualquer dias desses.

Michel Zaidan Filho: Unidade, divisão e ódio.

 
 A presidenta da República, Dilma Rousseff, em seu discurso de agradecimento pela reeleição, falou em unidade, diálogo e recomposição política aproveitando "as energias mobilizatórias" da campanha eleitoral. Os adversários derrotados (Aécio Neves e Paulo Câmara)  também enfatizaram a necessidade da união em prol do Brasil, do povo brasileiro e da federação brasileira.
                               Nunca se viu, nos últimos tempos, uma campanha política majoritária tão despolitizada como essa. Perdeu-se a grande oportunidade de se convocar os eleitores brasileiros para um debate sobre os grandes temas da agenda econômica do país e suas perspetivas, num momento aliás de grandes dificuldades  econômicas  na vida de cada brasileiro. Apesar do confronto entre duas propostas (neo-desenvolvimentista e neo-liberal) de gestão econômica do Brasil, suas vantagens e desvantagens: o histórico de dois governos do PSDB e três do PT,  o tom da campanha ganhou o aspecto de uma cruzada moralista e de ataques pessoais (com muitas infâmias, calúnias, boatos e difamações), ao gosto do civilismo de certas classes médias urbanas tradicionais (como não lembrar da velha UDN?). Ao invés de uma  "esfera pública" democrática onde se podia formar racionalmente as opiniões e a vontade política do eleitor, viu-se  a ante-sala de uma delegacia de costumes,  cujo objetivo era  escandalizar o espectador. Campanha marrom, de par com uma imprensa marrom, de resultados escusos e sensacionalistas. 0 desserviço prestado à democracia e ao esclarecimento dos eleitores ainda está por ser devidamente analisado.
                                A invocação por todos da palavra "unidade" significa  desunião, divisão, preconceito, ódio e ressentimentos. Um psicanalista da sociedade brasileira diria que em lugar de cultura cívica, amor ao país e mentalidade republicana, viu-se um espetáculo de familismo amoral, de afetos e desafetos mobilizados para a disputa eleitoral, por conselho dos marqueteiros de plantão.
                                A entrada da ex-candidata Marina Silva mudou inteiramente os termos do debate eleitoral. Enquanto a campanha estava circunscrita a projetos políticos institucionalizados tendo como representantes Dilma, Aécio e Eduardo, ela seguiu um determinado rumo (situação, oposição e uma terceira via). Com a chegada da militante pentecostal o tom do discurso político mudou, produzindo-se uma despolitização da campanha eleitoral. Infelizmente, com a derrota da candidata-suplente do PSB, o segundo turno não melhorou de qualidade nas argumentações e debates públicos entre os dois candidatos principais. Restou uma mágoa, um sentimento de raiva ou ressentimento, habilmente administrado pelos assessores dos comitês, tendo como alvo o eleitor mais suscetível a esse tipo de pregação política.
                                A administração do ódio contribuiu muito para potenciar as divisões latentes e manifestas da sociedade brasileira.  0s preconceitos, o sentimento de hierarquia social, a apartação geográfica e social entre classes, regiões e camadas socais se ampliaram ou se reatualizaram de uma forma assustadora. Parecia a ressurgência do neo-nazismo e do separatismo de  anos passados no Brasil. Era os ricos contra os pobres, os sulistas e sudestinos contra os nordestinos e nortistas. A classe média tradicional contra a nova classe média. A cidade esclarecida (?) contra o mundo rural atrasado e dependente de esmolas. Discurso fascista que levou muitos desavisados a vestir a camisa verde-amarela, sem entender o sentido da manipulação a que estavam sujeitos.
                                E, no entanto, as divisões existem, são de natureza objetiva e precisam ser enfrentadas com coragem e determinação. 0 país tem uma enorme concentração de renda. Os afro-brasileiros são os mais pobres e menos instruídos. As mulheres também são discriminadas econômica e socialmente. Os homossexuais são perseguidos e humilhados. Há uma enorme concentração industrial que se traduz de desigual repartição tributária nacional. 0 pacto federativo está aos pedaços. Grandes concentrações de terra  na mãos de poucos contrasta vivamente com uma maioria que não tem onde trabalhar no campo. Enfim, as causas da divisão persistem. Mas esta não é a hora de dramatizá-las e tirar delas dividendos eleitorais, como se tentou criminosamente fazê-lo. É hora de reflexão, de reconstruir canais de comunicação, do diálogo sincero e consequente entre o vitorioso e o derrotado. Deve haver um pouco de razão em todos os lados. É preciso de uma  agenda de reconciliação supra-partidária em benefício do povo brasileiro. Que haja  sabedoria na nossa classe dirigente. 0 Brasil não é de nenhum partido, de nenhum candidato. É de todos nós, sobretudo daquelas que mais precisam da ação do Estado e do governo para melhorarem a vida.  É para eles que deve ser voltada a atenção nesse momento, se quisermos acabar com as divisões e os péssimos sentimentos que elas alimentam e constituir um verdadeiro país, um nação.


Michel Zaidan Filho é cientista político, filósofo, historiador e professor da Universidade Federal de Pernambuco.

sábado, 25 de outubro de 2014

Tijolinho do Jolugue: Ganhamos as eleições, moçada!


Dizer quem perdeu ou ganhou um debate é sempre algo bastante complicado, uma vez que envolve uma série de variáveis, inclusive as expectativas ou reações do eleitorado. Há, também, uma torcida indisfarçável de partidários deste ou daquele candidato, sempre considerando que o seu favorito esteve melhor. Ontem perguntávamos aqui se ele levaria a revista Veja para o debate. Levou. levou e tentou pegar Dilma no contrapé, na primeira investida, de bate-pronto. A manobra não deu certo. Dizem que os analistas já se debruçam sobre os problemas que estariam levando o candidato a ser superado por Dilma na reta final, quando já navegou em céu de brigadeiro. Nós poderíamos citar aqui um milhão de motivos, mas, certamente, alguns deles se sobressaem, como a sua tentativa de colar sua imagem a do Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Um suicídio. Antes, hoje e eternamente. Pior ainda quando essa identidade se dá no campo das conquistas sociais, algo em relação à qual, o príncipe dos sociólogos nunca demonstrou qualquer sensibilidade. Como bem informa Dilma Rousseff, em dois meses, os investimentos do Bolsa Família equivalem aos investimentos sociais nos 08 anos de seu Governo. Nesses momentos só restam ao candidato tucano olhar para ela com cara de pastelão. Ele só tem razão num ponto. De fato, o embrião do Bolsa Família nasceu na cidade de Campinas, então administrada por um tucano. FHC era presidente. Nunca desejou ampliar e nacionalizar o programa, iniciativa que Lula tomou, tornando-se uma espécie de pai do Bolsa Família. Outro grave problema de Aécio são as contradições do seu discurso, algo que não foi devidamente dimensionado por seus assessores. Logo no início do debate ele mencionou a panfletagem caluniosa da revista Veja, que hoje se encontra com o prestígio mais baixo do poleiro de pato. Muito interessante a construção do seu discurso. Começou por dizer-se vítima de campanha difamatória, assim como Marina, Eduardo Campos. Bastou a presidente dizer que, através daquela panfletagem, estava sendo vítima também de difamação. Outro equívoco do candidato é centrar esforços em torno dos supostos casos de corrupção envolvendo petistas no Governo Dilma Rousseff. Pelas últimas notícia envolvendo a fala do delator Paulo Roberto, na realidade, os ratos mais graúdos da estatal são tucanos. Aqui mesmo na província, um tucano de alta plumagem - já falecido - levou 10 milhões de reais para esvaziar uma CPI. Isso evidencia, inclusive, como a corrupção está imbricada na máquina pública, de forma endêmica, independentemente de ideologias. Até uma pomba neo-socialista acompanhava os tucanos nesses voos sobre os recursos da Viúva. O discurso dos tucanos contra a corrupção na máquina pública é grotesco. Não surte nenhum efeito. Se parte da população se mostra indignada com esse problema, possivelmente, não seria em razão dos tucanos e eles, muito menos, reúnem as condições morais para reverter essa situação. Talvez por essas razões, o candidato tucano tenha se apresentado no debate tão abatido, cansado e sem aquele viço de outrora. Ganhamos as eleições, moçada!

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Tijolinho do Jolugue: Será que Aécio vai levar a Veja para o debate de logo mais?


Está tudo pronto para o debate de logo mais, transmitido pela Rede Globo, entre os concorrentes à Presidência da República. Dilma Rousseff abre 08 pontos de diferença sobre Aécio Neves, liderando a corrida presidencial. IBOPE e Datafolha atestam esses números. A princípio, não se espera grandes surpresas nesse último debate. Salvo melhor juízo. A revista Veja saiu com uma matéria "bombástica", informando que o casal presidencial sabia das maracutaias que ocorriam na Petrobras. Até aqui, nenhuma novidade. Antes mesmo de ser eleita presidente, por exemplo, na condição de ministra, Dilma já fazia exigências sobre os escândalos de corrupção no Ministério dos Transportes, Trabalho e Minas e Energias. Não é mais novidade para ninguém que somos um país com alto índice de corrupção na máquina pública, algo que atinge o cidadão comum, que se utiliza da Lei de Gerson, até os altos escalões das estatais e da esplanada dos ministérios. Infelizmente. Vamos ainda levar algumas décadas para esse problema deixar de ser endêmico e tornar-se uma excepcionalidade, uma exceção à regra. O Brasil vem melhorando no ranking dos países mais corruptos, mais os avanços são lentos. O debate sobre o assunto não é sobre quem roubou mais, quem roubou menos, mas em torno do aperfeiçoamento do instrumentos do Estado no sentido de minimizar esse problema. Quem são os tucanos para falarem de corrupção? Como bem lembrou Dilma, até nesse caso mais recente da Petrobras eles estão envolvidos. Achacaram para esvaziar uma CPI. Achaque dos grandes. Algo em torno de 10 milhões de reais. Claro que a população e os eleitores ficam indignados com essas práticas na condução da coisa pública, mas são consciente de que os tucanos não as mudarão. A agressividade de Aécio também não funcionou. O eleitorado feminino não gostou nenhum pouco. Mesmo a repercussão da matéria (sic) pelos telejornais - com a possibilidade de Aécio levar um exemplar para alisar durante o debate - penso, já não surtirá grandes efeitos. Assim fala o bom-senso. O imponderável, no entanto, existe e, quem sabe em razão disso, a assessoria de Dilma resolveu antecipar-se aos possíveis estragos. Afinal, cautela e canja de galinha - principalmente a caipira - não fazem mal a ninguém. Uma das possibilidade da ocorrência de tantos erros nos levantamentos de intenção de voto seria, de acordo com Hubert, a incapacidade de os institutos acompanharem as mudanças de opinião dos eleitores. Será? Espero que não. A essa altura do campeonato, os votos de Dilma estão consolidados. A emissora do Plim Plim é que encontrou alguns desses eleitores indecisos e estará levando-os ao auditório para fazerem perguntas aos concorrentes durante o debate. Há quem suspeite de mais uma manobra.

Tijolinho do Jolugue: Paraíba: As voltas que a política dá.

Naqueles tempos...

Estivemos acompanhando o debate do segundo turno das eleições paraibanas, entre os candidatos Ricardo Coutinho (PSB) e Cássio Cunha Lima (PSDB). O debate foi transmitido pela TV Cabo Branco, afiliada da Rede Globo no Estado. Política possui alguns fatos curiosos. Ao abrir a caixa-preta da corrupção na Petrobras, descobre-se que os tucanos - então os mais ferrenhos críticos do PT - estão envolvidos até a medula nas denúncias. Cássio e Ricardo já foram aliados num passado recente. Ricardo se elegeu governador com o apoio de Cássio, então eleito senador pela mesma chapa. A lua de mel durou muito pouco. Logo começaram os estranhamentos, culminando com o afastamento dos apadrinhados de Cássio no Governo. A ruptura estava sacramentada. Como, a rigor, por algum período, os dois foram "governo", ao se indisporem, deixa transparecer alguns fatos curiosos. Por exemplo, na questão da "privatização" da CAGEPA ou dos investimentos do Governo do Estado em saneamento público. Ricardo lembrou que havia um deputado que tratava Cássio como governador "tatu" numa alusão ao fato de ele abrir tantos buracos pelo Estado. Cássio questionou os investimentos de Ricardo no setor e este lembrou que havia sido Cássio quem houvera indicado o seu Secretário de Recursos Hídricos, que não avançou em nada em termos de saneamento básico no Estado. Se, por um lado, Ricardo tem razão, por outro lado, era Governador do Estado. E não cobrou nada do seu auxiliar?

Tijolinho do Jolugue: As práticas sórdidas dos neo-socialistas tupiniquins.

De antemão informo que mantenho uma posição crítica em relação a vereadora do Recife, Marília Arraes. Mesmo quando ela abriu uma dissidência nas hostes neo-socialistas no Estado, nem assim, mudou nossa opinião a respeito dela. Naquele momento, nos pareceu uma decisão tomada em razão da ausência de espaço, e não movida por alguma outra convicção. Ressalve-se, entretanto, que, logo em seguida, ela teria feito duras afirmações sobre o que estaria ocorrendo com os novos socialistas do Estado, aqueles que construíram uma trajetória como satélites do espólio político do ex-governador Miguel Arraes. Arraes hoje, se muito, é apenas um retrato pendurado na parede. Mas, não é esse o assunto que gostaríamos de discutir no momento. Causou indignação aos pernambucanos - alguns, inclusive eu - o surgimento de alguns muros pichados com inscrições apócrifas e ofensivas à vereadora Marília Arraes. Possivelmente, muita gente passou a nos odiar quando afirmamos que a morte de um ex-governador do Estado teria sido "providencial". Depois que ele morreu, começou a se desatar uma rede intrincada de desvios de recursos públicos, algo que, certamente, precisa ser apurada com rigor pela Justiça Eleitoral e pelos órgãos de controle e fiscalização das finanças públicas. O rosário é extenso e preferimos não decliná-los. Outro eixo desse ardil montado por essa oligarquia política em ascensão é o controle da mídia e as práticas persecutórias contra os adversários que se insurgem contra esses desmandos ou, simplesmente, os descontentam com as suas opiniões. Ainda há o requinte de uma relação promiscuída com institutos de pesquisas de apaniguados e marqueteiros comprados a preço de ouro. Isso que estão fazendo com a vereadora é apenas a ponta do iceberg. A morte do ex-governador, longe de enfraquecer o grupo, parece que o fortaleceu, dando colorações de formação de uma monarquia tupiniquim no Estado, conforme antecipamos. Outro dia um jornal local informou que os menudos já estão sendo tratados como "príncipes" pelas redes sociais. São práticas fascistas, trabalhos sujos, executados pela raia servil e abjeta, de pouca instrução, manipuladas por esses senhores. "U PT MATO EDUARDO", por exemplo. Nossa solidariedade, vereadora, independentemente das divergências. O PT já teria acionado a Polícia Federal para investigar as pichações contra o partido. Faça o mesmo, vereadora. Aqui está tudo "dominado".

Tijolinho do Jolugue: Golpe midiático em curso.

Já comentamos isso em outra oportunidade, mas, em razão da capa da Veja desta semana não há como deixar de retomar o assunto. É o tipo de capa que parece que foi combinada antes com o pessoal da emissora do Plim Plim, que deve repercutir a matéria em seus telejornais, de preferência com algumas chamadas exclusivas, e algum "debate' na versão paga, a Globo News. Há algumas décadas atrás, o sonho de um jornalista em início de carreira era fazer um estágio entre as diversas publicações da editora que edita a revista. Não sei se o programa ainda é mantido, mas, certamente, a essa altura deve ter perdido todo o seu glamour. O mesmo raciocínio se aplica aos jornais pernambucanos, alguns deles hoje reduzidos a comitês da nova oligarquia que está em formação no Estado. Gostaríamos muito de saber onde essa rapaziada, de fato, está aprendendo a fazer jornalismo. A matéria da Veja (sic) trata, mais uma vez, dos problemas de corrupção na estatal Petrobras. Aparece uma capa com as fotos de Dilma e Lula e a manchete: "Eles já sabiam". É, talvez, a bala de prata da direita, com o intuito de favorecer a candidatura do tucano Aécio Neves. O arsenal já utilizado é grande. "Edições" programadas com o objetivo de favorecer candidatos identificados com o establishment; torpedos de bolinha de papel; sequestradores usando camisas do PT. Em todas as eleições presidenciais, o arsenal é usado, por vezes com algum êxito. O eleitorado já conhece esses ardis e, possivelmente, não permitirá que essas manobras escusas interfira na definição do seu voto. Que há corrupção na Petrobras não é segredo para ninguém. As denúncias de Paulo Roberto respingaram nas arapongas, nas pombas, nos tucanos. Não escapou ninguém. O eleitor tem mais é que ficar indignado com isso, mas os adversários de Dilma, sinceramente, têm PHDs em tecnologia de desvio de recursos públicos. Somente um grão tucano de bico emplumado, aqui do Estado, achacou a estatal em 10 milhões de reais para esvaziar uma CPI. É por isso que o debate em torno do assunto corrupção deveria se dá no aperfeiçoamento dos mecanismos de defesa do aparelho de Estado contra esses gatunos do Erário.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Tijolinho do Jolugue: De volta ao passado. As manipulações da imagem.




Pelas redes sociais, o cabo de guerra parece ser mesmo as visitas de Dilma Rousseff(PT) e Aécio Neves (PSDB) ao Estado. Dilma arrastou uma multidão surpreendente, em todas as cidades que visitou - Recife, Petrolina e Goiana -  revivendo os velhos tempos, pelos idos de 1989, da Onda Vermelha. Cálculos da Polícia Militar indicam a presença de 50 mil pessoas apenas na carreata pelo centro do Recife. Um contingente de pessoas a ser comemorado. De um modo geral, a campanha de Dilma Rousseff vive um bom momento. Consegue mobilizar parte da população em torno do seu projeto, sobretudo aqueles que sabem o que isso significa, como aquele motorista que parou o ônibus na Av. Conde da Boa Vista e saiu empunhando uma bandeira aos gritos que havia sido aluno do ProUni. Este, sem dúvida, depois da refrega, é o melhor  momento de Dilma, um fato que se reflete, inclusive, nas pesquisas de intenção de voto. Abre 8 pontos sobre Aécio na última IBOPE, hoje um dos institutos com maior padrão de acertos.

Por sua vez, seu adversário amarga, agora, um arrefecimento. Seria natural. Como o nosso eleitorado possui um nível de volatilidade expressivo - mudando de opinião com muito naturalidade - todo cuidado é pouco até o domingo próximo. Isso talvez explique o clima beligerante entre os militantes de ambos os candidatos. Os militantes petistas não se cansam de postarem fotos, vídeos e textos com a presença da presidente Dilma na cidade. Isso é bom. Injeta um sangue novo nos militantes e contagia aqueles indecisos. Comparativamente, de forma matreira, também surgem alguns fotos dando conta da mobilização em apoio ao nome do candidato Aécio Neves, no Marco Zero. Pessoalmente, ele não pode comparecer. Coube aos neo-socialistas tucanos do Estado as honras da casa. Sileno Guedes, Geraldo Júlio, Paulo Câmara. Não se poderia esperar desse trio a mesma competência oratória de um Lula. Seria exigir um pouco demais. 


E, para ser sincero, apesar da "manipulação das imagens" eles também levaram gente para o Marco Zero. Não na mesma proporção da presença dos partidários da presidente Dilma Rousseff. Outra coisa desagradável foram as declarações de um tucano de bico fino, afirmando que a militância petista havia sido comprado, ou seja, a turma teria recebido dinheiro para comparecer ao evento. Ora, aqui vou usar ainda de maior sinceridade, quem tem essa prática são eles. A militância petista sentiu que era o momento de ir às ruas em razão das dificuldades enfrentadas pela presidente Dilma Rousseff, algo que estava colocando em risco as conquistas e os avanços sociais do período. Num país com os padrões de desigualdades sociais como o nosso, precisamos avançar muito nesse quesito e, certamente, não é com Aécio que iremos fazê-los. Simples assim. Ao longo de séculos, pouca coisa foi oferecida aos empobrecidos do Brasil, salvo chibata, exclusão e muita labuta. Votar em Dilma, portanto, é uma questão de responsabilidade com a construção de uma nação.

Há, de fato, uma "manipulação das imagens", conforme apontado por alguns analistas. E não é um privilégio da província, onde alguns jornalistas e fotógrafos não escondem sua torcida pelos nomes do Palácio do Campo das Princesas. O Deputado Federal Índio da Costa também teria exibido uma festa de réveillon como sendo um encontro de Aécio Neves em Belo Horizonte.