pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: outubro 2023
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terça-feira, 31 de outubro de 2023

Editorial: Como zerar um déficit de 93 bilhões nas contas públicas do país?



A julgar pelos desentendimentos em torno do assunto, é fácil concluir que o próprio Governo não formou um consenso em torno do assunto. O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sempre tão sereno, acabou perdendo a esportiva com uma repórter recentemente, depois de uma pergunta nada discreta em torno do assunto. A temperatura no Planalto está em combustão quando o assunto é zerar o déficit público. Aqui, alguns questõe precisam ser ditas: a) Ninguém é mágico e não é com alquimias que se resolve o problema. Quem gasta acima do que recebe sabe o que isso significa, como advertia a economista Tânia Bacelar, há muito anos atrás, durante uma palestra na Fundação Joaquim Nabuco; b) De boas intenções, assim como no inferno, o Planalto está cheio; c) A irresponsabilidade fiscal, infelizmente, tornou-se um expediente absolutamente necessário para manter alguns programas sociais. Fernando Haddad está corretíssimo quando acena para a necessidade de se conter tal sangria, tranquilizando o mercado. Está no seu papel.  

Por outro lado, o presidente Lula está certo ao concluir que o otimismo do seu pupilo é exagerado, diante das dificuldades de se resolver o problema em tão curto prazo. Não pe tão simples assim. Para completar o enredo nebuloso, no próximo ano teremos eleições municipais e o Centrão já está de pires na mão cobrando mais liberações de verbas para os comandados do senhor Arthur Lira. Lira trabalha para manter o controle de sua sucessão e assegurar que seus apoiadores adubem suas bases políticas nos estados. 

Há quem acredite, como é o caso do ex-candidato à presidência Ciro Gomes(PDT-CE), que será difícil fechar essa conta. É uma opinião abalizada, que não pode ser desprezada. 

Editorial: A cada novo depoimento, Mauro Cid complica a vida de Bolsonaro.



Há quem observe que o acordo firmado entre o ex-ajudante de ordens da Presidência da República, Mauro Cid, não pode ser configurado como uma delação, mas uma colaboração premiada. Independentemente das designações, o fato é que o ex-ajudante de ordens está colaborando enormemente com a Polícia Federal. Não se sabe qual será o fim desse enredo, uma vez que a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, sequer, tem se pronunciado em torno do assunto. A cada novo depoimento do tenente-coronel Mauro Cid, no entanto, a situaççao apenas se complica ainda mais para o ex-presidente. Como se diz aqui no Nordeste, tudo indica que o rolo é grande. Vai desde as bijouterias das Arábias até participação em tentativa de golpe de Estado, passando pela falsificação de cartões de visita. 

A última informação envolvendo esta coloboração premiada diz respeito ao fato de o ex-presidente, segundo o ajudante de ordens, ter recomendado acobertar no Palácio do Alvorado, pessoas ligadas a ele, procuradas pela Polícia Federal, como o blogueiro Osvaldo  Eustáquio. Se juntar as peças das investigações conduzidas pela Polícia Federal com as conclusões do relatório produzido pela CPMI dos Atos Antidemocráticos do 08 de janeiro, aí sim, as coisas parecem se complicar bastante para o ex-Presidente da República. Já existe, inclusive, uma deliberação do STF no sentido de juntar o relatório da CPMI às peças dos inquéritos que correm na Suprema Corte.

Como as coisas estão muito complicadas neste país, melhor nunca apostar completamente nas tomadas de decisões da PGR no sentido ratificar o indiciamento de alguns atores envolvidos nas tessituras que culminaram com os atos antidemocráticos do dia 08 de janeiro, principalmente depois que foi divulgada a informação de que setores militares estariam fazendo gestões para atenuar a participação de alguns membros da tropa naqueles episódios.   

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 30 de outubro de 2023

Editorial: Onde Arthur Lira e Ciro Nogueira divergem sobre o Governo Lula?



É preciso, realmente, fazer uma esforço maior para entender onde, de fato, o Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira(PP-AL), e o senador Ciro Nogueira(PP-PI), Presidente Nacional do Progressistas, divergem sobre o Governo Lula. Se tentarmos a via ideológica, não chegaremos a lugar algum. Estaremos irremediavelmente perdidos. Enfatiza-se bastante o fato de o senador Ciro Nogueira resistir ao processo de cooptação de parlamentares ora implantado pelo staff de articulação do Governo Lula, enquanto Lira parece acenar positivamente, como quem diz: Me coopte, meu filho!. 

Na realidade, as coisas não funcionam bem assim. Quanto mais o Governo Lula cede, mas o Centrão amplia seu apetite por cargos e verbas, o que não se traduz, necessariamente, num compromisso de apoio efetivo ao Governo. Apesar dos espaços ocupados, estamos longe de afirmar que o Presidente da Câmara dos Deputados apoia o Governo Lula. Em alguns momentos, ele mesmo faz questão de deixar isso bem claro. Ciro está onde sempre esteve, afirmando que só deseja conversa com o petista em 2026, por ocasião das eleições presidenciais. 

A rigor, nenhum deles está com o Governo Lula, como poderia sugerir o canal de diálogo entre o Governo e o Presidente da Câmara dos Deputados. O que ocorre é que os arranjos políticos internos à Câmara dos Deputados impõem demandas bem mais complexas ao senhor Arthur Lira. Apostar numa oposição cerrada ao Governo Lula, por outro lado, cacifica Ciro Nogueira junto aos pares, no momento, de punhos fechados contra o Governo. Até bem pouco tempo, as únicas preocupações de Lula com a indicação do nome para o STF dizia respeito às questões de gênero e coisas assim. Hoje, ele precisa considerar a possibilidade de uma rejeição do nome pelo Centrão. Flávio Dino, por exemplo, não sobrevive à sabatina do Senado Federal. Se continuarmos assim, logo Lula irá pedir ao Centrão sugestão sobre  o nome a ser indicado para o STF.  

Editorial: O racha do PDT no estado do Ceará.

 


Está bastante complicada a situação do PDT no estado do Ceará. No plano estadual, o senador Cid Gomes(PDT-CE), juntamente com o seu grupo político, propõe um realinhamento com o PT local, do governador Elmano de Freitas(PT-CE), que passa pelo comando do diretório da legenda no estado, já de olho nas proximas eleições municipais. A manobra precisaria contar, no entanto, com o aval da ala do partido controlado pelo seu irmão, Ciro Gomes(PDT-CE). Um poço até aqui de mágoas com o PT, Ciro Gomes, candidato à Presidência da República, nas eleições presidenciais passadas, não suporta nem ouvir falar em tal hipótese. 

No último encontro promovido pela legenda no estado, os Ferreira Gomes quase foram às vias de fato, segundo divulgado pela imprensa. Foram salvos pelo gongo da turma do deixa disso. A bem da verdade, as ranhuras não são recentes. Elas se arrastam desde as eleições estaduais passadas,quando, contrariando as expectativas, o PDT lançou o nome de Roberto Cláudio para concorrer com Elmano de Freitas. A aliança entre as legendas poderiam ter sido mantidas se o PDT endossasse a candidadura de Izolda Cela, então filiada ao PDT, que contava com o sinal verde do grupo hegemônico do PT local. Cela era vice de Camilo Santana, que havia renunciado para habilitar-se como candidato ao Senado Federal. Ambos, hoje, estão abrigados no MEC. 

Ciro, literalmente, chutou o pau da barraca, inviabilizando as articulações em curso. Ao lado do capital político de Camilo Santana, com uma gestão muito bem-avaliada, a eleição de Izolda Cela era favas contadas. Diante dos novos fatos, Izolda desligou-se do PDT e o PT precisou se arranjar com o nome do então Deputado Estadual Elmano Freitas, que encontrou enormes dificuldades de se afirmar no início da campanha. Reverteu a situaççao muito em função do prestígio de Camilo Santana, que arregaçou as mangas da camisa e entrou de corpo e alma na campanha.  

Charge! João Montanaro via Folha de São Paulo

 


domingo, 29 de outubro de 2023

Editorial: Geraldo Alckmin declara apoio a Tabata Amaral na disputa pela Prefeitura de São Paulo.



Entre os dias 17 e 18 deste mês, o Instituto Orbis colocou seus pesquisadores em campo para aferir como anda as expectativas dos eleitores paulistas em relação às próximas eleições municipais. 23,1% declararam que estão dispostos a votarem no candidato do PSOL, o Deputado Federal Guilherme Boulos, enquanto Ricardo Salles, Deputado Federal pelo PL, crava 15,4% das intenções de voto. O atual gestor, Ricardo Nunes, do MDB, que deve tentar renovar o contrato de locação com o Edifício Matarazzo, aparece com 11% das intenções de voto. O quadro apresenta-se um pouco embolado quando se descobre, por exemplo, a partir dos números apresentatos pelo próprio Instituto Orbis, que os principais concorrentes, Guilherme Boulos e Ricardo Salles, aparecem empatados na rejeição do eleitorado, cada qual com 30%. 

Hoje, dia 29, surgiram alguns fatos novos, como o apoio do vice-Presidente da República, Geraldo Alckmin, ao nome da Deputada Federal Tabata Amaral(PSB-SP), que deve concorrer ao cargo pelo PSB. Alguns pessoas estão concluindo que tal apoio de Alckmin à candidatura da Tabata Amaral deve-se ao fato de a relação entre o PSB e o PT, hoje, sobretudo depois da minirreforma ministerial para acomodar o Centrão, não ter atendido às expectativas da agremiação socialista. Afinal, o ministério entregue a Márcio França ainda não passa de uma ficção burocrática. Há outros ingredientes em jogo, que depois compartilharemos por aqui. 

Do lado da direita, crescem as expectativas em torno da consolidação de uma candidatua do ex-Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, desta vez com o apoio explícito do capitão Jair Bolsonaro, que ele reclamava tanto. Em evento recente, o ex-presidente declaou apoio ao nome do ex-ministro, abandonando Ricardo Nunes, a quem o PL já havia manifestado o interesse em apoiar. Depois de um certo momento, por algum motivo, a relação do PL com o atual gestor se complicou bastante.      

Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo

 


sábado, 28 de outubro de 2023

Editorial: As marmitas do MST ganham prêmio da ONU.


Em meio a esta turbulência institucional que o país, enfrenta, talvez possamos entender as razões pelas quais a premiação recebida pelo MST por seu programa de combate à fome não tenha alcançado a repercussão necessária. O prêmio foi concedido ao movimento pela ONU, em reconhecimento às 1,6 milhões de marmitas fornecidas à população de pernambuco durante os dias amargos da pandemia da Covid-19. Salvo melhor juízo, preocupada apenas com as ocupações de terra, eis aqui um assunto que igualmente não foi tratado durante as sessões da CPI do MST. 

Em meio ao ciclone que atingiu recentemente algumas cidades do Estado do Rio Grande do Sul, as ações desenvolvidas pelo movimento, que igualmente distribuiu milhões de marmitas à população desabrigada, fez uma enorme diferença humanitária, merecendo o reconhecimento do governador Eduardo Leite, um notório adversário do Governo Federal. Como se sabe, existe uma identidade do movimento com o Partido dos Trabalhadores. O programa de combate à fome desenvolvido pelo Movimento dos Sem Terra precisa ser melhor conhecido pela população. O movimento mantém tal programa de forma regular, não apenas nas catástrofes ou pandemia. Aliado a outros movimentos e a setores progressistas da Igreja Católica, sopas são distribuídas a moradores de rua em diversas praças do país.   

Curioso que, por algum motivo - desta vez possivelmente não relacionado às turbulências políticas às quais nos referimos no início - embora a premiação se devesse a um trabalho do movimento na província pernambucana, a noticia também não repertiu na imprensa local. Havia um professor na UFPE, já falecido, que costumava enfatizar sempre que não conhecia, no país, uma imprensa tão atrelada ao interesse econômico ou oligárquico como a pernambucana. A História da imprensa no estado - embora com honrosas exceções - mostram, nitidamente, a vinculação de grupos econômicos ou políticos com os jornais locais. 

Durante a ditadura do Estado Novo, por exemplo, Agamenon Magalhães tinha o seu Folha de Manhã, um órgão de imprensa vinculado à defesa das diretrizes políticas da ditadura. Por essa época, o tradicional Diário de Pernambuco fazia forte oposição à ditadura do Estado Novo, mas não se pode negar, igualmente, seus vínculos com a aristocracia açucareira da Zona da Mata do Estado, com a qual Gilberto Freyre mantinha afinidades. De rabo preso apenas com os leitores, apenas a Folha do Povo, que tinha como editor à época o cronista Rubem Braga, que precisou deixar a província pernambucana para não ser preso.     

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


sexta-feira, 27 de outubro de 2023

Editorial: Governo Lula se complica de vez com o Legislativo.

Crédito da Foto: Wilton Júnior. 

Depois de esboçar uma certa resistência - certamente em razão das gestões do seu núcleo duro - Lula acabou entregando a Caixa Econômica Federal, de porteira fechada, ao Centrão. Além das questões econômicas, políticas, há, até mesmo, um componente de gênero nesta transação nebulosa, conforme observa o jornalista Josias de Souza, do Portal UOL. Além do preposto Carlos Fernandes, coringa do seu staff de confiança, que assumirá a presidência do banco estatal, Arthur Lira deverá indicar 12 vice-presidências da Caixa Econômica, das quais a metade estavam sob o comando de mulheres, na gestão de Rita Serrano. Ou seja, o estrago em termos de representação feminina no Governo ainda é maior do que se pensava, uma vez que sugere-se existir um  DNA misógino entre os integrantes daquele agrupamento político. É esperar pouco tempo para saber se estamos certos, pois as nomeações não tardarão.  

Mas as dores de cabeça de Lula - as do quadril, felizmente, estão sanadas depois da cirurgia - não páram por aqui. Como já se sabe, o apetite do Centrão por verbas e cargos é insaciável. Hoje, um dia seguinte à entrega do banco, o cacique do grupo, Arthur Lira, deixa claro para o morubixaba petista que tal gesto não seria suficiente, principalmente em ano eleitoral, onde a demanda é ainda maior. O resumo da ópera é que o Centrão, para variar, não está satisfeito. Já discutimos isso por aqui e voltamos a assunto. Está se tornando complicado esses arranjos políticos do Governo Lula com a velha guarda da mangueira do governo anterior, de métodos bastante conhecidos, todos perniciosos, rejeitado nas urnas, mas mantendo seu quinhão através de expedientes como a chantagem política. Até ministro pego de calças curtas deixou de ser afastado em nome desses acordos. 

No Sanado Federal, as coisas estão no mesmo diapasão ou talvez ainda mais complicadas, produzindo refregas, como a rejeição da indicação do nome de Igor Roberto Roque para a Defensoria Pública da União. O presidente da Casa, Rodrigo Pacheco, sempre tido como um conciliador nato, está com um comportamento muito diferente de alguns anos atrás. Por algum motivo - são inúmeras as especulações em torno dessa mudança de comportamento - Rodrigo parece ter se alinhado aos pares no enfrentamento dos demais Poderes da República. Há quem assegure que, internamente, ele teria interesse em exercer influência sobre o seu sucessor na Casa, além de ser indicado pra uma vaga no Tribunal de Contas da União. Para isso, precisa cativar a base. A bancada de senadores da oposição é bastante expressiva. 

A derrota da indicação do nome de Igor Roberto, por outro lado, traz alguns complicadores no que concerne à indicação de Lula sobre o nome que deverá ocupar a vaga de Rosa Weber no Supremo Tribunal Federal. Antes de indicar um nome, Lula deve considerar especialmente essa nova conjuntura política. A indicação do nome de Flávio Dino, atual Ministro da Justiça e Segurança Pública, neste momento, por razões óbvias, deve ser solenemente descartada. Neste momento, a oposição está com a faca nos dentes e o Governo Lula acuado. Infelizmente.   

Charge: Cláudio Mor via Folha de São Paulo

 


quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Editorial: Um périplo pela democracia.

 


A senadora Eliziane Gama(PSD-MA), relatora da CPMI dos Atos Antidemocráticos do 08 de janeiro, está fazendo um périplo por Brasília, apresetando às instituições republicanas o resultado do seu trabalho. A CPMI não pode indiciar - prerrogativa da PGR - mas pode sugerir nomes para o indiciamento, consoante as conclusões do trabalho. Neste caso, se a PGR acatar as recomendações do relatório produzido por aquela CPMI, teremos uma penca de indiciados, todos envolvidos em inúmeros crimes contra as instituições democráticas do país. 

Os indicadores são bons. Salvo melhor juízo, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, já teria autorizado anexar as conclusões do relatório da comissão aos inquéritos que correm na Suprema Corte envolvendo os implicados naqueles atos. É chumbo-grosso contra golpistas. Se eles tivesssem logrado êxito no intentona golpista, não se iludam os leitores, as consequências seriam trágicas para o país. Como diria o mestre florentino, o "mal" - que, neste caso, é bastante relativo, o seu significado - deve ser feito de uma só vez. É preciso cortar as azinhas golpistas dessa gente, principalmente num país como o nosso, constantemente submetido às intempéries de natureza autoritária. 

Esperamos que não ocorra com esta comissão o mesmo que ocorreu com a CPI da Covid, que, depois de exaustivos trabalhos dos parlamentares, liderados pelo grande senador Omar Aziz, parece não ter chegado a bom termo, frustrando as expectativas da sociedade brasileira. O mesmo pode ser dito em relação à CPI do MST, que, sequer, aprovou o relatório de suas conclusões.  

Editorial: Indicado de Lira deve assumir a Caixa Econômica Federal.


O travamento de pautas no Legislativo é um santo remédio para a agilizar as assinaturas de portarias de nomeações pelo Planalto. As raposas políticas do Centrão conhecem muito bem tal expediente. Hoje, o Diário Oficial da União deve trazer as portarias com a exoneração de Rita Serrano da presidência da Caixa Econômica Federal, assim como a nomeação do economista Carlos Fernandes, que assume a presidência do Banco Estatal. O resto é conversa para boi dormir como se diz aqui no Nordeste. Nas entrelinhas, fala-se sobre uma exposição organizada pelo banco, onde Arthur Lira não aparece bem na fita, mas isso não tem qualquer relação com o afastamento de Rita Serrano do cargo que ocupava até ontem.  

A conversa de Lula com Rita Serrano foi rápida, até porque não haveria mesmo como ser uma conversa prolongada. Os argumentos para o afastamento da ex-gestora são de natureza exclusivamente política. O número sugere-se não ser preciso, mas especula-se que outras 11 vice-presidências - cada qual com seu DAS recheado - deverão ser entregues aos indicados de partidos de oposição, como o PP e o União Brasil. Não vamos aqui entrar nos detalhes, mas o que vem por aí é bastante previsível. 

Os leitores já devem ter visto este filme antes. Segundo comenta-se nos bastidores da política, Lula teria resistido a entregar o banco ao pessoal do Centrão. Comendo o mingau quente pelas beiradas, o Centrão vai chegando ao núcleo duro do Governo do PT. O pior é que os caras assumem os cargos cedidos e o Governo continua enfrendo problemas na relação com o Legislativo. Há uma intenção clara no sentido de desgastar o Governo. Lula já deve ter acusado o tranco, mas não enxerga alternativas ao problema. 

Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Editorial: O impasse entre o ministro Flávio Dino e a Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados.



Objetivamente - antes que os bolsonaristas mais radicais também nos trucidem - o Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, tem, sim, a obrigação de atender, na condição de convidado ou convocado, às convocações emitidas pela Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados. Como ja ocorrera em outras ocasiões, se o ambiente político não estivesse tão turvo, possivelmente, o senhor Flávio Dino já teria atendido ao pedido do presidente do camissão, que atende aos requerimento de diversos parlamentares. 

Ocorre, porém, que o nosso ambiente político deixou de ser civilizado já faz algum tempo. Não vamos aqui entrar nos argumentos apresentados pelo ministro para não comparecer às sessões da aludida comissão. Os bolsonaristas que a integram já estão demasiadamente sensíveis, com os nervos à flor da pela. Não há debate, tampouco argumentos que os demovam de suas ideias fixas. Quem já estabeceu alguma discussão com bolsonaristas radicais deve saber do que estamos falando. Eles primam pela "imposição" de suas convicções aos adversários. Aliás, não existem adversários para os bolsonaristas radicais. São inimigos a serem destruídos.  

Desde 2013, talvez um pouco antes, que alguns grupos políticos e sociais, identificados com o ideário da extrema-direita, se mobilizam no país para a construção de Estado autoritário, de perfil protofascista, ultraliberal, produzindo um aparelhamento da máquina e uma crise institucional de proporções alarmantes entre os Três Poderes da República. Um bom exemplo do aparelhamento da máquina pública é o recente escandâlo envolvendo integrantes da ABIN. O clima de indisposições entre os Três Poderes da República talvez seja uma das faces mais visíveis dessa crise institucional produzida pelo bolsonarismo, que objetivava fortalecer o Executivo e esmagar o Judiciário. 

Num ambiente político com tais características, não estranha a ira de deputados oposicionistas - alguns deles abrigados na comissão -  em relação ao Ministro Flávio Dino. Nos arriscamos a afirmar que, hoje, Flávio Dino talvez seja o ministro mais odiado do Governo Lula por parte da oposição. A razão é simples, Flávio Dino encarna, neste momento, a recomposição do tecido democrático do país, a restituição do Estado Democrático de Direito e, principalmebnte, o "revogaço" que desagrada bastante a oposição, principalmente no que concerne às eventuais regulações das redes sociais e na licenciosidade na concessão de porte de armas. Questões caras ao bolsonarismo, como se sabe.  

Não há fantasia ou exagero em afirmar que superamos uma tentativa velada de golpe de Estado e estamos reconstruindo o tecido democrático lesado pelo bolsonarismo. O ministro Flávio Dino, por sua vez, enfrenta, neste momento, aquilo que se convenciou chamar de tempestade perfeita ou maré braba, em bom nordestinês. Não há mais dúvida de que estamos diante de uma crise de segurança pública, de maneira mais efetiva, atingindo entes federados como o Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Alagoas, a terra dos marechais, do grande Graciliano Ramos. 

Alagoas ainda não aparece no radar da violência a nível nacional, mas é por pouco tempo. O ministro Flávio Dino acumula convocações não atendidas, o que abre o flanco para as medidas que poderão vir a ser tomadas pelo Legislativo contra o Executivo. Se dependesse da vontade de alguns parlamentares, o ministro atenderia à convocação até sob vara verde, ou seja, receberia a visita da Polícia do Legislativo em seu gabinete. Em tais circunstâncias políticas tão adversas, a possibilidade de salvá-lo da fogueira, indicando-o para o STF,  torna-se complicada, uma vez que ele precisa da aprovação do Senado Federal, o que significa que a oposição moveria moinhos para barrar a sua indicação. 

O mais complicado é sabermos que não existe o desejo de baixar as armas por aqui. Não foi sem motivo que o ministro afirmou temer até por sua integridade física. Dez meses de Governo Lula depois percebe-se, nitidamente, o que está em jogo: uma política de desgaste sistemático do Governo pela Oposição. Até recentemente, o Ministro Luís Roberto Barroso, Presidente do Supremo Tribunal Federal, afirmou que o ambiente havia sido pacificado. Isso talvez se aplique a algumas questões pontuais. Num plano macro, a Oposição não dará trégua antes de ver o Governo Lula sangrar em praça pública. Os leitores podem nos cobrar depois.  

Charge! Triscila Oliveira e Leandro Assis via Folha de São Paulo

 


terça-feira, 24 de outubro de 2023

Charge! Duke via Twitter!

 


Editorial: A curiosa História das milícias no Rio de Janeiro.

 


Estávamos acompanhando, através de imagens, o grande aparato de forças da Guarda Nacional que está chegando no Rio de Janeiro, com o propósito de colaborar com o Governo do Estado no enfrentamento à crise de segurança pública que o estado enfrenta neste momento, quando milicianos, a mando dos chefões, ateam fogo em carros, colocando em risco a vida dos moradores e produzindo um caos urbano de proporções gigantescas. O governador Cláudio Castro(PL-RJ) fez uma pronunciamento sobre o assunto, onde informou que alguns vândalos foram presos e enquadrados como terrorisas, serão encaminhados para presídios federais, mas algo nos deixou intrigado. 

Durante sua fala, ele tropeçou nas palavras, não passou convicção sobre o que afirmava, como se estivesse aturdido e até inseguro sobre as condições que o estado reúne para o enfrentamento do crime organizado. Não completamente refeito do impacto, entende-se. O que nos parece ser complicado é o fato de ele transmitir a impressão de que está mais perdido do que cego em tiroteio. Para as pessoas que possuem o mínimo de informação sobre o que se passa no Rio de Janeiro talvez não surpreenda tal comportamento do  

Há alguns anos atrás, líamos uma longa matéria tratando da origem das milícias naquele estado. Parece incrível, mas tudo começou com uma inocente associação de moradores que impunha a ordem na comunidade, já naquela época se constatando a ausência de Estado. A princípio, eles exploravam nichos de negócios ilícicos bem conhecidos - como gatonet, transporte alternativo, aluguel e venda de imóveis -  mas logo perceberiam que as grandes margens de lucros estavam mesmo era no tráfico de drogas,  que  passou a integrar a carteira de atividades do grupo, disputando espaço com os traficantes. 

A milícia que hoje apavora o Rio de Janeiro neste momento, quando de sua origem, se chamava de Liga da Justiça e foi criada pelos próprios policiais. Geralmente sçao policiais da chamada "banda podre", alguns deles, inclusive, afastados de suas atividades regulares. Algum tempo depois, o grupo miliciano caiu nas mãos dos traficantes da zona leste, tornando-se, desde então, a maior milícia em atuação no estado. Infelizmente, devo antecipar que não será com reforço policial que vamos chegar à pacificação do problema. O Rio de Janeiro é um ente federado "bichado", onde o núcleo duro do aparelho de Estado foi irremediavelmente contaminado.  

Editorial: Mauro Cid afirma que recebeu ordens de Bolsonaro para fraudar cartões de vacinação.



Há várias conjecturas acerca dos processos que correm contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Juristas ou não, todos fazem alguma aposta sobre o que, de fato, poderia encrencar o ex-presidente. O Relatório da CPMI dos Atos Anti-democráticos enquadra o ex-presidente em inúmeros sugstões de indiciamentos, algo que deve ser analisado pelas instâncias seguintes. Boa vontade da turma do Governo Lula não faltou neste sentido. De alguns processos anteriores, inclusive, o ex-presidente está sendo absolvido - até por uninimidade - como ocorreu recentetmente em julgamento do TSE.  

A bomba mesmo deve vir dos depoimentos colhidos pela Polícia Federal através da colaboração premidada a que o ex-ajudante de ordens da Presidência da República, tenente-coronel Mauro Cid, aderiu. No dia de hoje, por exemplo, a imprensa está divulgando que o ex-colaborador abriu o jogo completamente e está implicando o ex-presidente numa penca de delitos, a começar pelo ordenamento da fraude sobre os cartões de vacinação. 

A tese de que o auxiliar apenas cumpria ordens sempre foi bastante encejada, mas a reticência em falar do ex-ajudante de ordens era enorme. Ao fim e ao cabo, porém, não restava muita coisa para um cidadão que se ecnontra numa situação bastante delicada. Tinha mais era que colocar as cartas na mesa, os pontos nos "is". Aluno brilhante, com uma carreira sem atropelos, o militar, segundo se especula, corre um sério risco de sofrer punições emanadas do próprio estamento militar, o que poderia implicar, segundo dizem, no seu afastamento dos quartéis.   

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Charge! Carlos Latuff via Twitter

 


Editorial: Caos na Zona Oeste do Rio de Janeiro, depois da morte de Faustão.



A notícia boa para o dia de hoje, início de semana, talvez seja mesmo o resultado das eleições presidenciais da Argentina, onde o candidato ultraliberal, Javier Milei, deixou de vencer uma eleição onde, até então, de acordos com as pesquisas de intenção de voto, era franco favorito. Os eleitores argentinos devem ter passado por um momento de lucidez antes de votarem e as eleições irão para o segundo turno, desta vez com maiores chances para o candidato governista, Sérgio Massa. 

Do lado da Faixa de Gaza, além da própria tragédia que se abate sobre a população civil, que já vitimou milhares, inclusive crianças; novo atentado com morte em escolas; e, agora, já no final da tarde, a notícia da morte do miliciano conhecido como Faustão, sobrinho do miliciano Luiz Antônio da Silva Braga, o Zinho, líder da maior milícia do Rio de Janeiro, o Bonde do Zinho. Faustão foi morto depois de um confronto com policiais civis do CORE, que estavam em operação na Zona Oeste do Rio, área de controle da milícia. 

Faustão ainda chegou a ser sorrido, mas morreu em razão da gravidade dos ferimentos. A localidade foi transformada num caos, com prostestos dos moradores - certamente a mando dos líderes da milícia - que já teriam incendiado mais de vinte ônibus. Apenas a nível de comparação - o que indica o padrão de violência no país - os mesmos acontecimentos ocorrem em regiões como no estado de Sinaloa, no México, controlado pelos traficantes de drogas, quando um deles é preso pela polícia. Trazemos essas discussões por aqui apenas para que os leitores reflitam sobre o estágio de segurança pública em que o país se encontra no momento. Como diria o Joslei Cardinot, durma com uma bronca dessa.     

Editorial: Um lampejo de lucidez do eleitorado argentino?



O candidato governista, Sérgio Massa, e o ultraliberal Javier Milei, disputarão o segundo turno das eleições argentinas. Sérgio Massa obteve 36% dos votos, enquanto 30% do eleitorado do país andino confiou seu voto no candidato Javier Milei. Em novembro os eleitores argentinos voltam às urnas para decidirem o pleito. Assim como em outras praças, mais uma vez estamos diante de possíveis equívocos cometidos pelas pesquisas de intenção de voto, que davam a dianteira ao candidato da extrema-direita, Javier Milei, às vésperas das eleições. Assim como ocorreu na Argentina, as eleições brasileiras também foram marcadas por muitas polêmicas envolvendo tais pesquisas de intenção de voto. Comendo o mingau quente pelas beiradas, um instituto ainda sem a espertise dos "grandes", realizou as pesquisas com os maiores índices de acertos, tanto no primeiro quanto no segundo turno das eleições.  

Javier Milei conta com o prestimoso apoio do bolsonarismo brasileiro, identificado com a plataforma política do candidato presidencial argentino. Como já antecipamos em postagem anterior, o seu staff de campanha, a princípio, considerou um erro associar sua imagem à do ex-presidente Jair Bolsonaro. Na reta final de campanha, a equipe do candidato governista, Sérgio Massa, explorou algumas peças publicitárias fazendo analogia entre ambos, dando exemplos das consequências do surto político do eleitorado brasileiro, num evidente chamamento para que os argentinos não repetissem a dose por lá. 

Teriam os marqueteiros de Sérgio Massa acertado o mote correto da campanha na reta final? Produzindo um lampejo de lucidez no eleitorado daquele país, capaz de reverter uma tendência de voto favorável ao candidato Javier Milei? Sem uma investigação mais aprofundada, tal não cheguemos a construir algum consenso por aqui sobre o assunto. Há muitos vieses em torno do tema, cujo tom guarda, até mesmo, alguma identificação ideológica dos proponentes, como os petistas, que estão creditando o apoio de Lula ao candidato governista como o elemento capaz de produzir a reversão do quadro.    

Charge! João Montanaro via Folha de São Paulo

 


domingo, 22 de outubro de 2023

Editorial: Javier Milei tem chances de vencer as eleições na Argentina.

 


Talvez não seja esta a melhor notícia para os segmentos progressistas e de esquerda da América Latina, mas, concretamente, o senhor Javier Milei tem grandes chances de vencer o pleito presidencial na Argentina. Com um perfil protofascista e popular, o parlamentar argentino se assemelha bastante ao ex-presidente Jair Bolsonaro, embora tal condição preocupe os seus assessores mais diretos, que tentaram minimizar essas semelhanças em peças publicitárias. Quem, aliás, está explorando essa condição é o canddiato de centro-esquerda, Sérgio Massa, que disputa com Milei os votos dos argentinos nessa eleição. 

Javier Milei se apresenta como um salvacionista, defendendo teses radicais, bem ao gosto de segmentos do eleitorado que o apóia. No país, infelizmente, as condições sociais, políticas e econômicas estão dadas para a ascendência de políticos com o perfil de Javier Milei. São ambientes sociais e políticos permeáveis ao surgimento de lideranças com tal perfil, levando o eleitorado a jogar suas fichas numa aventura perigosa. Antes mesmo de ser eleito, Javier Milei não esconde a sua plataforma política, o que representaria um retrocesso político imenso para o país.

Nossa torcida é que o eleitorado argentino, no momento de votar, seja acometido por um lampejo de lucidez, evitando referendar, através das urnas, um político sem muitos compromissos com os próprios princípios democráticos. Nos brasileiros já assistimos a este filme antes. Os bolsonaristas brasileiros estão em polvorosa diante da possibilidade da volta da extrema-direita ao poder no continente. Seria uma sinalização para que eles continuem com o seu radicalismo, fustigando, o quanto puderem, o Governo Lula.  

Editorial: Gustavo Bebianno, ex-ministro de Bolsonaro, foi sondado sobre a ABIN paralela.

 


A impressão que se tem é a de que no governo anterior, o "por fora" funcionava melhor do que o "por dentro", embora o discurso das quatro linhas fosse repetido quase que como um mantra. Vale aqui a máxima do filósofo Nietzsche, de que os discursos, geralmente, escondem as verdadeiras intenções dos seus autores. Neste caso nossas atenções devem se voltar para o "não dito" ou aquilo que fica escondido nas entrelinhas, que são, na realidade, a essência desse discurso, as verdadeiras intenções dos atores políticos. No Brasil recente, um golpe de Estado foi tramado, enquando o discurso do respeito à Constituição era exposto para a plateia. 

Gustavo Bebianno, que morreu prematuramente, ainda jovem, com 58 anos de idade, chegou a compor o ministério do Governo Jair Bolsonaro. Antes do seu falecimento, ele concedeu uma entrevista ao Programa Roda Viva, da TV Cultura, onde afirma ter recebido um emissário da família Bolsonaro com a proposta de compor uma espécie de ABIN paralela, que seria integrada por três agentes e um delegado. Por essa época, salvo melhor juízo, Bebianno já estava em processo de desgaste junto ao clã Bolsonaro. 

Recentemete, a Casa Civil da Presidência da República determinou a exoneração de dois agentes envolvidos no caso de espionagem ilegal de políticos, jornalistas e outros desafetos do Governo Bolsonaro. A PF ainda encontra-se debruçada sobre os documentos encontrados em suas operações de busca e apreensão. Aquelas provas que ainda foram preservadas, naturalmente, uma vez que há rumores de que ao apagar das luzes entre um governo e outro, alguns discos rígidos e computadores desapareceram de algumas repartições públicas. 

Editorial: O EJA utilizado por prefeituras para "inflar" número de alunos.



Salvo no início da década de 60 do século passado, quando um grande programa de alfabetização de adultos estava inserido entre as Reformas de Base do Governo João Goulart, ao  longo dos anos seguintes, este tema nunca foi tratado com a devida importância, seja por governos conservadores, seja por governos com perfis progressistas ou de esquerda. Testado com sucesso em Angico, no Rio Grande do Norte, o método Paulo Freire seria aplicado em todo o país para corrigir tal injustiça, alfabetizando milhões de brasileiros e brasileiras.  

O Brasil ostenta, até hoje, cifras vergonhosas de analfabetos entre a sua população adulta, ou seja, algo em torno de dez milhõe de pessoas. Pior do que isso, corroborando com o DNA de nossas desigualdades sociais históricas, tal contingente apresenta um recorte de gênero, raça e regional. Mulheres negras, envelhecidas, residindo, em sua maioria, em regiões como o Norte e o Nordeste. Joaquim Nabuco nunca foi ouvindo neste sentido, quando manifestava sua preoucupação de criar mecanismos e inserçao dos ex-escravos libertos num novo projeto de sociadade. Como diria o professor Cristóvam Buarque, o analfabetismo ainda é um grilhão daqueles tempos, só que agora no cérebro. 

Agora vem a cereja do bolo, de onde pode-se concluir por aquela máxima que diz que o Brasil não pode ser levado muito a sério. Existe a suspeita de que gestores municipais estariam inflando, deliberadamente, o número de alunos matriculados no EJA para receberem maiores quantias dos repasses do FUNDEB. Ou seja o EJA - Educação de Jovens e Adultos - está sendo utilizado por alguns gestores municipais com a finalidade de desviar recursos públicos. 

Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo

 


sábado, 21 de outubro de 2023

Editorial: Há rumores de que as metralhadoras foram devolvidas pelo Comando Vermelho.



Circula a informação, entre sites confiáveis e setores da imprensa, de que as armas roubadas de uma unidade do Exército Brasileiro, em Barueri, São Paulo, que foram encontradas em um carro abandonado no Rio de Janeiro, tenham sido devolvidas pelo Comando Vermelho. Como a Inteligência da Polícia Civil do estado do Rio de Janeiro havia chegado a essas armas era uma espécie de fio solto que ainda precisava ser amarrado. Possivelmente, eles foram informados que as armas estariam no interior deste veículo abandonado. As informações que dão conta de que as armas, de fato, foram devolvidas pelo Comando Vermelho estão, por outro lado, bem costuradas, assim como não pairam qualquer dúvida, hoje, de que os médicos assassinados na Barra da Tijuca foi uma execução mal-sucedida, assim como a desova dos envolvidos na execução malograda - atribuída ao próprio Comando Vermelho  -  igualmente encontrados em um automóvel abandonado, o mesmo modus operandi do grupo. 

Não há muito o que se dizer por aqui, exceto as conclusões dos próprios internautas acerca das nossas fragilidades institucionais, traduzidas na eficiência do trabalho do crime organizado, assim como sobre suas interlocuções dentro do aparelho de Estado, o que se constitui num grave problema. Por que o Comando Vermelho teria devolvido parte desse arsenal roubado do Exército Brasileiro? A primeira hipótese é a de que tal fato implicaria em ações sistemáticas do aparato de segurança pública no sentido de recuperar essas armas, o que desencadearia operações de vulto nas favelas controladas por eles, prejudicando os negócios.

Outra informação mais recente especula que essas armas, principalmente a artilharia pesada, não poderiam ser utilizadas em razão de uma falha técnica, ou seja, faltaria uma peça de fundamental importância para o carregamento, tornando as armas inutilizadas em tais condições. Em todo caso, registre-se que apenas 09 delas foram devidamente devolvidas, quando estima-se em 25 metralhadoras roubadas.  

Charge! Via Twitter sem identificação da autoria

 


Editorial: Até o insuspeito Karl Marx estava na lista dos arapongas.



 A rigor, não é de hoje que suspeitamos sobre as irregularidades cometidas pelos serviços de inteligência do Estado no país. Depois das intensas mobilizações de rua de 2013 - que ficaram conhecidas como as Jornadas de Maio - vários episódios vieram à tona, como alguns inquéritos instaurados para punir supostos envolvidos naquelas manifetações, grampeados pelos serviços de inteligência. Pelo andar da carruagem das bisbilhotagem e eventuais punições, ficava claríssimo o viés seletivo dessas investigações, atingindo, majoritariamente, atores ligados aos movimentos de esquerda. 

Salvo melhor juízo, algumas pessoas ainda estão encrencadas juridicamente por atos relativos àquelas mobilizações. Acreditamos que, por aquela época, já estava se desenhando o apagão democrático que presenciríamos nos anos seguintes, em especial por ocasião do Golpe Institucional de 2016 e o Governo de Jair Bolsonaro logo em seguida. Conforme observávamos naquele momento- mesmo sem ser agente da ABIN - tudo estava sendo milimetricamebte planejado e executado. Não havia improviso, embora houvesse algumas trapalhadas, típicas do despreparo dos atores envolvidos nas operações. 

Até mesmo por ocasião do planejamento da tentativa de golpe de 2023, algumas dessas trapalhadas foram verificadas, como, por exemplo, as mensagens trocadas entre os conspiradores e as minutas de golpe que ficavam nas xérox para reprodução, como se fzia em nossa época de estudante, quando os professores deixavam o material para as aulas seguintes. Certo estava mesmo o Deputado Federal Pedro Aleixo, que afirmou, quando do recrudescimento do Regime Militar, em 1967, com a instituição do AI-5, que não confiava mesmo era no guarda da esquina. 

Em 2013 havia um agente infiltrado entre os manifestantes da esquerda, encarregado de grampear telefones e acompanhar as movimentações dos "companheiros". Numa dessas conversas, ele ouviu a menção ao nome de um tal Karl Marx. Não teve dúvida, em seu relatório, ao  sugerir o indiciamento desse indivíduo perigoso. A Casa Civil da Presidência da República, numa medida acertadíssima, determinou a exoneração dos agentes públicos envolvidos nessas operações irregulares da ABIN. É preciso ficar atento, no entanto, ao fato de que eles provavelmente cumpriam ordens, sendo necessário, por conseguinte, apurar e adotar medidas concretas contra eventuais superiores envolvidos. 

O bolsonarismo transformou as instituições públicas brasileiras em charcos autoritários, onde, à revelia de princípios legalistas ou republicanos, as práticas asseditavias tornaram-se recorrentes, sob o beneplácito dos gestores - alguns deles ideologicamente identificados com o bolsonarismo - naquilo que classificamos como "assédio institucionalizado", atingindo atores que, sabidamente, não coadunavam com tal ideologia. Isso é grave. Gravíssimo. Sobretudo quando tais missões foram delegadas aos guardas da esquina, como sugeria Pedro Aleixo. O caso verificado na ABIN se extendeu para outras repartições, como prática de um desgoverno fascista, autoritário, sem o menor compromisso com os princípios que deveriam reger o serviço público. Causa asco observar, mesmo no Governo do PT, alguns desses atores ocupando espaço relevante na máquina pública.   

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Editorial: As metralhadoras foram encontradas. No Rio de Janeiro e apenas 08 delas.



O Brasil é um país que não se pode explicar pelas teorias mais convencionais. Com muita propriedade se diz que o Brasil não é para amadores. Não faz muito tempo, vários fuzis foram encontrados na Zona Norte do Rio, mas que pertenciam a um morador da residência da Vivenda da Barra, acusado de chefiar grupo de milícia, em circunstâncias que expunham a vulnerabilidade da segurança nacional. Na mesma Barra, há alguns dias, três médicos foram assassinados, segundo acredita-se, por engano, a mando do crime organizado. O justiçamento dos executores trapalhões viria logo em seguida, por ordem expressa dos chefões, através de vídeo conferência transmitida de dentro do sistema penitenciário. 

Em Barueri, numa unidade do Exército Brasileiro, 25 metralhaorda foram roubadas, algumas das quais utilizadas como armamento de guerra, capaz de atingir e derrubar aeronaves. A unidade foi aquartelada durante dias, com os militares sem comunicação, até que os fatos fossem devidamente esclarecidos. Pelo que se sabe até o momento, as investigações concluíram o óbvio, ou seja, a inevitável facilitação da ação. Afinal, trata-se de armamento pesado, em expressiva quantidade, o que seria humanamente impossível serem transportados manualmente. 

Agora vem a notícia de que as metralhadoras foram encontradas no Rio de Janeiro, depois de uma ação da Polícia Civil. No entanto, apenas 08 delas teriam sido encontradas, o que não minimiza os problemas daí decorrentes, como o fato de elas se encontrarem em poder de gente ligada ao crime organizado. Objetivamente, em proporções menores, não são incomuns essas ocorrências. Incontáveis militares já perderam a farda por práticas similares, num indicativo do grau de contaminação do aparelho de Estado.

P.S.: Contexto Político: Não afirmamos acima que este país é surreal? O militar envolvido com o sumiço das metralhadoras foi transferido involuntareamente  para o Ceará. Como diria o comendador Arnaldo, isso lá é punição?   

Editorial: A bisbilhotagem ilegal da Agência Brasileira de Informações.



Não surpreende os eventuais excessos cometidos pelo governo anterior, principalmente quando se discute o aparato de segurança e informação do Estado. Vejam, por exemplo, as informações desencontradas acerca dos episódios envolvendo a tentativa de golpe do 08 de janeiro, onde várias hipóteses foram levantadas em relação aos chamados informes de segurança,  como os possíveis relatórios falsos, além de outras irregularidades que não puderam ser esclarecidas, de todo, com o trabalho realizado pela CPMI das Atos Antidemocráticos. 

Pelo andar da carruagem política, estávamos tratanto aqui apenas da ponta iceberg, a julgar pelas operações realizadas pela Polícia Federal, com autorização do Ministro Alexandre de Moraes, numa ocorrência que diz respeito às possíveis monitoramentos irregulares de políticos, jornalistas e desafafetos do Governo Jair Bolsonaro. Vamos deixar bem claro que não estamos tratando aqui da ABIN enquanto instituição de Estado. Na realidade, a operação desencadeada pela Polícia Federal, que chegou a prender dois agentes do órgão, sugere a ocorrência de uma equipe que operaria nos subterrâneos, cometendo alguns excessos que podem ser tipificados como crime. 

O curioso é que, supostamnte eles utilizavam um sietema de rastreio de celulares desenvolvidos pelo serviço secreto israelense, o Mossad. Fica mais uma vez claro que a maior conquista da sociedade brasileira nas eleições presidenciais passadas foi a de impedir que esse monstro, que estava em processo de gestação, ampliasse seus tentáculos, o que significaria, certamente, o desmonte, institucional, a perseguição velada aos adversários ou desafetos, a abolição do Estado Democrático de Direito, estado policialesco, quando não coisas ainda piores, como se sugere a um regime com tais características, que não tem adversários, mas inimigos a serem eliminados.  

Editorial: OCDE aponta viés político da Operação Lava Jato.



Institucionalmente, a Operação Lava-Jato ainda está de pé. Tanto isso é verdade que, até recentemente, foi nomeado um outro juiz para a condução dos trabalhos. Uma das preocupações do magistrado seria proceder investigações internas, que pudessem apontar possíveis equívocos de procedimentos cometidos pelos seus antecessores, o que rendeu rusgas, escaramuças e muita tinta gasta pelos órgãos de imprensa, além, claro, das disputas de narrativas pelas redes sociais. O juiz indicado desejava corrigir os equívocos e imprimir novos rumos aos trabalhos da operação. Estava bem intencionado, embora, sobretudo neste país, isso pode ser um problema.  

Sem querer melindrar por aqui - o verbo da moda, como se sabe - o fato é que a Operação Lava Jato está "bixada". Já foram jogadas todas as pás de cal sobre o seu túmulo, a começar pela mais Alta Corte do país. Agora foi a vez da OCDE - Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico - que aponta  equívocos como o do viés político nos seus procedimentos. O Brasil participa, mas não integra como membro a OCDE, em razão de alguns requisitos que o país ainda não cumpre. os índices de aproveitamento escolar dos alunos, por exemplo, é um deles. Nossa educação básica ainda patina em alguns quesitos. 

A OCDE, como diria o sociólogo Pierre Bourdieu, possui um capital simbólico bastante expressivo, daí a repercussão alcançada pelo seu pronunciamento em torno do assunto. Entre os formadores de opinião, fica cada vez mais nítido o viés político daquela operação, que atropelou princípios jurídicos rudimentares em sua sanha de atingir determinados atores.     

quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Editorial: Hélio Doyle demitido da EBC por retuitar Carlos Latuff.



Não faz muito tempo, publicamos por aqui uma postagem enaltecendo o trabalho incansável do cartunista Carlos Latuff em favor da Causa Palestina. Entrincheirado, apenas com as armas do seu talento, Carlos Latuff trava uma guerra desigual contra setores da grande imprensa, que assumem uma postura tendenciosa em defesa do Estado Judeu. Setores da grande imprensa, registre-se, mancumunados com os interesses do grande capital e de algumas potências mundiais. Uma batalha desigual, assim como a luta do grupo Hamas contra as forças militares incomparavelmente superiroes à disposição do Estado de Israel. 

É preciso até tomar alguns cuidados por aqui, uma vez que tratar o Hamas como grupo ou movimento pode suscitar a ira dos bolsonaristas radicais tupiniquins, majoritariamente identificados com o Estado Judeu. Basta isso para eles soltarem os pitbulls contra os petistas. No dia de hoje, com o traço sempre genial que o caracteriza, o cartunista Laerte publicou, na jornal Folha de São Paulo, uma charge sobre o ataque ao hospital da Faixa de Gaza onde morreram 500 pessoas. De fato, agora pouco importa de onde partiram os disparos de mísseis. O que temos a lamentar é essa tragédia de vidas perdidas nessa guerra insana. Uma grande calamidade se abateu sobre o povo palestino. 

Acreditamos que nem na época mais dura da represssão militar - alí pela década de setenta do século passado, o onde havia oficialmente a censura - se atentou contra os artistas do traço. Nesses tempos bicudos e confusos que o país atravessa, a regra foi quebrada. Durante o Governo Bolsonaro, salvo melhor juízo, o cartunista Renato Aroeira recebeu processo por uma de suas charges. Agora foi a vez do jornalista Hélio Doyle perder o seu emprego na EBC - Empresa Brasileira de Comunicação - por retuitar uma mensagem do cartunista Carlos Latuff. Tempos difíceis. Integrantes do Governo Lula ainda terão que se explicar na Câmara dos Deputados por declarações relativas ao conflito. Circula, nas redes sociais, a agressão de um assessor parlamentar a uma senadora governista que comemorava a aprovação do relatório da CPMI dos atos antidemocráticos do 08 de janeiro.  

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 18 de outubro de 2023

Editorial: As narrativas em torno do ataque ao hospital da Faixa de Gaza.



Prossegue a guerra de narrativas em torno do ataque criminoso ao hospital na Faixa de Gaza, que resultou na tragédia da morte de 500 pessoas. O ataque, naturalmente, suscitou o clamor humintário em escala global. Em sua defesa, o Estado de Israel emite comunicado de que o ataque não teria sido de sua responsabilidade, mas provocado pela Jihad Islâmica, decorrente de uma falha técnica, de um míssil que seria dirigido aos ataques ao Estado Judeu. Além da participação do Hamas, declaradamente em guerra contra Israel, difícil fazer aqui alguma avaliação sobre a efetiva participação de outros grupos organizados palestinos em torno do conflito. São poucas - e talvez infundadas - a participação, por exemplo, do Hezbollah. Nem mesmo as lideranças desses grupos admitem abertamente ter entrado no conflito. 

Conforme antecipamos em outras postagens, a guerra de narrativas é um componente inerente aos conflitos. Todas as hipóteses são lançadas, inclusive, em alguns casos, para conquistar a opinião pública. Se, de fato, podemos atribuir o episódio ao Estado Judeu, foram incontáveis os protestos, até mesmo de chefes de Estado, como Recep Erdogan da Turquia, além de manifestações de governos, como o Irã, notório inimigo de Israel, ao afirmar que o Estado Judeu havia superado todos os limites.

A Faixa de Gaza está vivendo uma calamidade, como já seria previsto, depois das ameaças e ataques de Israel. Falta alimentos, falta remédios e até água. O Estado de Israel determinou a evacuação da área, em poucas horas, de uma população de milhões de pessoas, algo humanamente impossível.  

Charge! Ibrahim Tuncay via Facebook

 


terça-feira, 17 de outubro de 2023

Editorial: O relatório da CPMI dos Atos Antidemocráticos do 08 de janeiro.



Numa das vezes em que esteve aqui em Pernambuco, logo nas primeiras horas da manhã, o ex-presidente Jânio Quadros resolveu fazer uma visita de cortesia ao sociólogo Gilberto Freyre, em seu imponente Casarão, localizado no bucólico bairro de Apipucos, no Recife. Jânio tinha uma verdadeira veneração pelo sociólogo, mas já teria chegado ao recinto "mamado', o que o impediu de experimentar o tradicional de licor de pitangas servido aos convidados e visitantes. Segundo dizem, o licor era preparado pelo próprio sociólogo, com pitangas recolhidas do seu quintal, seguindo um ritual específico e nunca compartilhado. 

O licor geralmente era servido acompanhado do famoso bolo pão de ló. A lista de personalidades importantes que experimentaram tal licor é enorme. Amigos pessoais, cineastas, escritores, filósofos, políticos, entre outras personalidades, como Jean-Paul Sartre, Jorge Amado, José Lins do Rego, Sérgio Buarque de Holanda, Federico Felllini, Albert Camus, Aldous Huxley. O espaço deste editorial seria pequeno se resolvêssemos citar todos os nomes que passaram por ali. 

A trajetória política de Jânio Quadros, como se sabe, é impressionante. Saiu de vereador à Presidência da República. Quem cumpre tal rito, precisa conhecer muito sobre o país. E Jânio conhecia bem o país, ao ponto de considerar que as coisas por aqui se assemelhavam a uma espécie de hímen complacente, ou seja, o Brasil é um país que nunca rompe. Lembramos dessa citação do ex-presidente ao nos aprofundarmos um pouco mais sobre a a vida privada da instituição criada pelo sociólogo. Num trabalho de garimpagem, com muita paciência, aqui e ali, estamos descobrindo coisas curiosas e surpreendentes. 

O Brasil é o país do eterno adiamento, da rodada seguinte, onde tudo se resolve com um tapinha nas costas, como costuma enfatizar o comendador Arnaldo. Na realidade, não se resolve. Formou-se uma grande expecativa em torno do relatório da senadora Eliziane Gama(PSD-MA), lido na manhã de hoje, 17, por ocasião do encerramento dos trabalhos da CPMI dos Atos Antidemocráticos do 08 de janeiro. Em razão dessa nevrálgica relação entre poder militar e poder civil, a grande questão seria como o relatório iria se comportar em relação aos militares que, comprovadamente, atentaram contra as instituições democráticas do país.

O tal hímen complacente, ao qual se referia o ex-presidente, não funcionou por aqui. A senadora sugere o indiciamento de todos os militares envolvidos diretamente naqueles episódios. A questão agora é saber se este hímen se manterá complacente nos próximos passos ao da apresentação do relatório, corfirmando a conclusão do ex-presidente. O esperneio será grande e as reações já começaram hoje, dia 18, pelas redes sociais.     

Charge! Alajili Elabidi via Facebook!

 


Editorial: Bancada da Lacração.



Existem algumas bancadas bem definidas no Congresso Nacional, a exemplo da Bancada da Bala, da Bíblia, do Agro, entre outras. Talvez possamos inserir aqui uma outra bancada, a Bancada da Lacração, formada por um conjunto de parlamentares que se identificam com algumas causas bem específicas, que não propõem nada além disso e utilizam aquele espaço apenas para se locupletarem das benesses auferidas pelo cargo, transformados em verdadeiros picadeiros para as suas performances

Depois dessas exibições, logo seus seguidores ocupam suas redes sociais para replicarem tais "posições", sempre dentro do politicamente correto, conforme suas convicçções. Um deles ganhou mais de trinta mil seguidores depois de suas atitudes transfóbicas em pleno plenário. É expressivo o número de parlamentares que podem ser perfilados neste perfil, daí a sugestão de identificá-los como a Bancada da Lacração. Se fizermos um esforço, talvez encontremos um substantivo iniciado com a letra "B", para rimar com as demais bancadas. 

Por ocasião das manobras institucionais turvas que ocorreram em 2016, quando da derrubada da presidente Dilma Rousseff, depois de algumas leituras, chegamos à conclusão de que havia uma bancada fortíssima, com maior concentração de atuação aqui na região Nordeste, que teve um papel decisivo na derrocada da ex-presidente. Era uma bancada "escravocrata", por sua identificação com práticas de trabalhos análogos à escravidão. Observem que a tal Lista Negra do Trabalho escravo foi praticamente engavetada no Governo do ex-presidente Temer. 

O curioso é que o mesmo zelo ou intransigência dessa bancada em defesa de algumas teses não se aplica ao uso do dinheiro público, a julgar por algumas denúncias que estão chegando ao público. Um deles poderia trocar facilmente de profissão. Poderia ser perfeitamente um piloto de fórmula um, uma vez que existem notas de abastecimento - com dinheiro do erário - do seu automóvel, em Brasília e em Belo Horizonte quase que no mesmo horário. Os internautas calcularam que ele deveria ter desenvolvido velocidade de jato para materializar a proeza, o que sugere a eventualidade de malversação.  

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 16 de outubro de 2023

Editorial: O drama humanitário dos civis da Faixa de Gaza.

 


Estima-se que mais de um milhão de palestinos já tenha saído do Norte em direção ao Sul da Faixa de Gaza, depois do ultimato do Estado de Israel. Não há apelo diplomático ou recomendação de organismos internacinais - como a ONU, por exemplo - capaz de convencer o Estado Judeu de que uma carnificina está prestes a ocorrer sem precisar disparar um tiro sequer. Não se procede uma evacuação gigantesca como esta sem consequências óbvias. Israel, por outro lado, parece irresoluto em sua decisão de varrer o Hamas do mapa, independentemente dos danos colaterais, como se convenciou tratar o massacre da população civil palestina, o que tem provocado protestos e condenações em diversos países.   

A situação é caótica, uma vez que a ajuda humanitária tem dificuldade de chegar aos desabrigados; países como o Egito não suportaria recepcionar tanta gente; tampouco o Estado Judeu compreende a dimensão da tragédia humanitária que se avizinha. Neste intervalo, segue a grande discussão do momento, resumida a uma guerra de narrativas em torno do assunto, o que não conduzirá a uma equação do problema. A China e outros países já voltaram a bater na tecla da criação de um Estado Palestino livre e soberano, sem o qual não há solução aparente. 

Numa entrevista recente, o nosso assessor do Ministério das Relações Exteriores, Celso Amorim, teve que fazer uma ginástica linguística dos diabos para tentar explicar alguns pronunciamento de autoridades brasileiras em torno do assunto. Algumas dessas autoridades terão que se explicar à oposição, uma vez que os requerimentos já foram encaminhados. Melhor e mais produtivo seria se a Oposição se unisse ao Governo Brasileiro, que vem se conduzindo bem em relação ao conflito no Oriente Médio. Infelizmente, neste clima de beligerância, eles não perdem uma oportunidade de assacar o Governo.