pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: outubro 2022
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segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Editorial: Qual a capacidade instalada de bolsonarismo na sociedade brasileira?





O ministro Alexandre de Moraes, Presidente  do TSE, foi um gigante na condução do processo eleitoral brasileiro, agindo de forma equilibrada, transparente, republicana e incisiva, quando a situação assim o exigia, ou seja, quando os princípios e leis que regem o processo democrático poderiam estar sendo ameaçados ou violados. Cumpriu um papel fundamental no cargo que ocupa, ao garantir que as regras do jogo estabelecidas por uma democracia representativa fossem respeitadas, permitindo que o eleitor brasileiro pudesse fazer suas escolhas livremente, entre a civilização ou barbárie. Sem intimidações ou artifícios grostesco, fora das quatro linhas da Constituição.

Inteligente, lúcido, astuto, guiado pela Constituição Federal, nos momentos em que foi exigido, agiu rápido, permitindo o desenrrolar republicano das eleições, com a isonomia exigida. O país caminhava, a passos largos, para a destruição de seu tecido social, político, ambiental, cultural, científico. Um processo de "hungrialização", com alguns componentes tupiniquins, pois penso que aquele país já não possui tantas reservas florestais ainda preservadas como o nosso. Prevalecia o obscurantismo, a mentira, a fome, o caos, a violência, a intimidação, os métodos sórdidos, a insegurança, ambiente propício para radicalismos e a germinação de patologias políticas. Neste momento, para o próximo governo, cumpre, como uma das primeiras missões, dimencionar a capacidade instalada e o grau ou gravidade dos danos produzidos pelo bolsonarismo no tecido social\institucional da sociedade brasileira.

Ao longo dos anos - principalmente a partir das Jornadas de Junho, embora essas datas sejam sempre meras referências - o bolsonarismo construiu uma grande capilaridade na sociedade brasileira, em todos os níveis. No parlamento - inclusive no plano federal, tanto na Câmara dos Deputados, quanto no Senado, Lula poderá enfrentar grandes dificuldades, a julgar pela composição das bancadas eleitas - nas instituições, na sociedade civil, no aparato de segurança, repressão e informação do Estado. O próximo presidente terá uma grande missão pela frente, promover uma grande reconciliação nacional, assim como reconstituir o tecido necrosado de instituições da máquina pública, como aquelas que cuidam dos índios, do meio ambiente, da educação, da cultura, dos quilombolas, das mulheres, dos grupos LGBT's, do ensino superior, da pesquisa. São muitas  as instituições atingidas e os danos não foram poucos: Cortes de verbas, assédios morais, práticas persecutórias, esvaziamento funcional, mudanças de foco e de missões, processos de bolsonarização. 

Exatamente em razão dessa capilaridade construída ao longo desses quatro anos, não se descarta a possibilidade de sabotagens e resistência ao projeto do novo governo. Algumas instituições que deveriam exercer um papel de instituições de Estado passaram por um processo de bolsonarização e precisam reaver o seu perfil republicano. Logicamente que existem aquelas mais atingidas, naturalmente suscetíveis, principalmente as vinculadas ao aparato de segurança e informação do aparelho de Estado. Outro dia este editor leu um artigo, escrito por um delegado federal, abordando este assunto e fiquei assustado com o grau indevido de ingerência e contaminação observados numa instituição específica.  

O xadrez político das eleições estaduais de 2022 em pernambuco: Afinal, o Contexto Político acertou todas.



Há alguns anos atrás, este editor publicou, num site institucional, um artigo prevendo a vitória de um dos concorrentes à Prefeitura da Cidade do Recife. O artigo tornou-se emblemático para o staff de campanha do candidato que ganharia aquelas eleições - sendo amplamente repercutido nas redes sociais - mas trouxe alguns aborrecimentos ao editor, como um ato de censura - de uma autoridade de Brasília - exigindo que o artigo fosse retirado da página, por conta de suas ligações com o candidato que seria derrotado naquele pleito. Nada de mais no artigo, apenas o prenúncio de uma derrota iminente, numa avaliação desapaixonada, orientada pelo nosso feeling de cientista político. São águas passadas, mas fica o registro dos "búzios". 

Durante os artigos aqui publicados, sobre as eleições estaduais deste ano, deixava implícito nas entrelinhas que a candidata do Solidariedade, Marília Arraes - por quem este editor mantém uma relação de respeito e admiração- perderia as eleições, em razão de alguns equívocos cometidos, um deles em particular. Não poderia ser assim tão explícito antes dos resultados, naturalmente, para não ferir suscetibilidades. Mas, enfim, vamos informar onde o editor do blog acertou nessas eleições estaduais: 

1.1 - Ainda no primeiro turno das eleições presidenciais, o PSDB fechou uma aliança, no plano nacional, com o Cidadania e o MDB, que tinha como candidata presidencial a senadora Simone Tebet(MDB-MS), que tentava, naquele momento, viabilizar-se como alternativa de terceira-via. Possivelmente motivada por algum tipo de pressão, a candidata Raquel Lyra(PSDB-PE) esboçou tentar construir uma narrativa de flerte com Simone Tebet e, como consequência natural, contruir um caminho pela terceira-via. Logo este editor informou que seria um suicídio político para as suas pretenções de chegar ao Palácio do Campo das Princesas. 

Seus assessores também devem ter percebido que seria um equívoco e a candidata passou a dar ênfase aos aspectos positivos do discurso feminista - não necessariamente atrelados à terceira-via -; assumir o perfil da "verdadeira" alternativa de mudança para o Estado e posicionar-se ao lado do Leão do Norte, desatrelando-se do embate nacional entre o Lulupetismo e o Bolsonarismo. Sofreu horrores de pressão, mas manteve-se firme até ser eleita governadora do Estado - possivelmente com o voto de eleitores das duas tendências de polarização, produzida pelas eleições nacionais, com reflexos estaduais. Ainda jovem na política, mas já com pedigree de raposa mineira, Romeu Zema(Novo-MG) só assumiu um lado depois de eleito.   

Até referências bíblicas foram invocadas, publicadas por um blog local, como as menções ao "morno' e ao "servir a dois senhores". Principalmente no segundo turno, tornou-se patente o apoio do bolsonarismo à sua candidatura. A composição do futuro governo deve indicar qual foi o peso desse apoio à candidata. Já haveria nomes sendo trabalhados para uma eventual candidatura à Prefeitura da Cidade do Recife, em 2024. Na composição da aliança, em princípio, existem dois postulantes: O Deputado Federal Túlio Gadelha, da Rede, um fiel escudeiro da ex-prefeita de Caruaru; o Deputado Federal mais bem-votado do Estado, André Ferreira, do PL. Quem sabe tal projeto também não estaria nos planos da "Danadinha' Priscila Krause?

1.2 - Marília Arraes cometou suicídio político a partir do segundo turno, quando, depois de construir - e tornar-se o próprio símbolo da mudança política no Estado resolveu capitular-se a uma reaproximação com um grupo político amplamente rejeitado, cujo eleitorado já havia emitido sinais de que não mais o toleraria na condução dos negócios públicos em Pernambuco. Até porque eles não sabem diferenciar muito bem uma coisa de outra. Em muitos aspectos Marília "personificava' a ojeriza do eleitor a esse grupo, uma vez que fora ao "sacrifício' de diversas formas e em inúmeras ocasiões, vítima de seus ardis e métodos sórdidos. 

Marília passou por um processo de "Síndrome de Estocolmo" tupiniquim, que a conduziu à derrota nessas eleições. Consideramos até outros aspectos aqui, como o desempenho durante os debates - ou a ausência aos mesmos no primeiro turno das eleições - até a recusa em adiar, por um dia, a propaganda eleitoral gratuita, solicitada por Raquel Lyra, em razão da morte repentina do seu esposo. Curioso como este fato foi amplamente comentado nas emissoras nacionais que cobriram as eleições no dia de ontem. 

O artigo que escrevi sobre o assunto acima - de tão extenso e analítico - tornou-se mais semelhante a um ensaio, longo demais para o propósito deste blog. No final, nossos cumprimentos a ex-prefeita Raquel Lyra, futura governadora de Pernambuco. O Estado foi deixado em escombros e ela terá uma tarefa hercúlea pela frente, mas nada que não se consiga com fé, trabalho e disposição para enfrentar os desafios.  

domingo, 30 de outubro de 2022

Editorial: Alexandre de Moraes pede explicações sobre ações da Polícia Rodoviária Federal.



Há,por razões, óbvias, uma simpatia do aparato de segurança do Estado com a candidatura do presidente Jair Bolsonaro(PL). Seria algo até orgânico, não apenas pelo fato de Jair Bolsonaro ser um militar, mas, sobretudo, pelo desenho institucional que o Estado brasileiro está assumindo neste momento político, com flertes a uma conformação policialesca. Nos últimos anos, as instituições republicanas brasileira - ou que ainda resta delas - passaram a manifestar uma preocupação, por exemplo, sobre quem, de fato, exerce "controle" sobre as polícias militares estaduais, em tese, subordinadas aos governadores de cada Estado. Se, depois de 522 anos ainda persiste a confusão entre vida pública e vida privada no país, vocês podem bem imaginar a tênue fronteira entre o entendimento sobre Polícia de Estado e Polícia de Governo.  

Aqui em Pernambuco, por exemplo, numa ação relativamente recente, a Polícia Militar usou de força extrema para reprimir uma mobilização política identificada com integrantes do PT, deixando o saldo de uma vereadora atingida com sprey de pimenta e populares com perda de visão produzida por disparos de balas de borracha. Quando a imprensa, o Poder Legislativo e entidades da sociedade civil cobraram explicações pelos fatos ocorridos, algo grave ficou comprovado: o governador do Estado, senhor Paulo Câmara, não havia autorizado tais medidas, sendo a ação uma decisão de responsabilidade exclusiva do comandante da operação, que, salvo melhor juízo, foi afastado do cargo. 

Situações do gênero passaram a ser temidas em todo o país. Projeções de analistas sociais prevêem, inclusive, o perigo desse descomando - ou comandos paralelos - em caso de uma eventual ruptura institucional. Em 2013, este editor publicou um artigo, com grande repercussão nacional, acerca das ações repressoras da PM aqui no Estado. Naquelas mobilizações de rua, a PM de Pernambuco e a do Rio de Janeiro foram as mais repressoras das mobilizações de rua.

Não fazemos aqui qualquer juízo de valor sobre o caso - ainda não há elementos concretos para tal, embora essas ações se concentrem em Estados onde o PT é mais forte - mas existem denúncias de que a PRF estaria realizando operações irregulares neste dia de eleições, com barreiras, parando ônibus que transportam eleitores. De imediato, o Ministro Alexandre de Moraes, Presiente do TSE, exigiu  que o  Diretor-Geral do órgão desse explicações sobre tais operações. Vamos aguardar, antes de fazer qualquer julgamento precipitado. Segundo cirula nas redes sociais, o Diretor-Geral da PRF teria declarado voto num dos candidatos.   

Editorial: O que diz a minha província sobre as eleições no país.




Há uma data no tronco da velha paineira
Relembrando a vez primeira
Em que você me beijou
Mais embaixo outra data está dizendo
Que você foi me esquecendo
E depois me abandonou
E a paineira hoje triste desolada
Quando vê passar na estrada
O casal feliz no amor
Fica triste recordando com saudade
A nossa felicidade
Nosso romance de amor



Dia de votação é uma festa para este editor. Acordo logo cedinho e me dirijo a secção eleitoral, onde aguardo na fila o momento de sufragar o meu voto nos candidatos escolhidos, criteriosamente, consoante uma série de clivagens pessoais. Nem sempre eles são eleitos, mas a minha consciência fica tranquila, pois a minha decisão se deu em torno de seus perfis como homens públicos, seja atuando no Poder Legislativo ou como gestores das máquinas nas esferas municipais, estaduais ou federal. Sempre acompanho seus trabalhos, seus projetos, suas votações. Se não realizarem um bom trabalho, na próxima legislatura estarão fora de nossa agenda. O critério ideológico conta, mas o seu trabalho em prol do interesse público e a sua conduta são os elementos definidores por excelência. 

É um bom momento, igualmente, para rever a nossa cidade, que fica aqui na região metropolitana do Recife. Lembrar dos tempos de infância, quando passávamos horas debaixo de suas frondosas paineiras, depois das aulas, jogando conversa fora, planejando as ações do nosso clube de futebol de várzea e, não menos importante, começando a interagir com o primeiro alumbramento, daí a citação da música de Carlos Gonzaga, sobre as datas marcadas na Paineira. A cidade, infelizmente, nunca mais se acertou. Há relatos de desmandos na gestão dos negócios públicos, com denúncias de corrupção nos poderes Executivo e Legislativo, o que invocou, por mais de uma vez, a presença da Polícia Federal, acionada depois de verificados os desvios de verbas públicas. 

Ao longo dos anos, perdemos completamente a esperança sobre a possibilidade de alguma assepsia republicana na condução da máquina pública municipal. Os esquenas de corrupção parecem azeitados, de tal forma, que nem um gestor é eleito sem estar atrelado a esses "compromissos" de caráter nada republicanos.Há um conluio entre Executivo, Legislativo e agentes privados no sentido de lesar o erário. Na minha época de infância, éramos uma espécie de pulmão do Estado. Hoje, perdemos mananciais enormes de nossas reservas de mata atlântica, assoreamos os rios mais importantes da cidade - símbolos identitários, o que é mais grave - tudo em nome da especulação imobiliária, sob a complacência dos gestores públicos, que, certamente, auferem vantagens dessas liberações criminosas. 

A rigor, as nossas paineiras de infância foram preservadas tão somente em razão de uma Legislação Ambiental Federal, o que dá a dimensão da importância de não permitir a passagem da boiada, como definu um ex-ministro do meio-ambiente(?), o que implicaria no afrouxamento da legislação para permitir a ação das motoserras, dos grileiros, dos exploradores de garimpos e pesca ilegal em terras indígenas, além de outras figuras igualmente abomináveis. Esse microcosmo municipal diz muito sobre o que está ocorrendo no país e dá a dimensão sobre o que está sendo decidido nessas eleições. Vamos às urnas, votar com a consciência tranquila, em defesa da democracia, do meio-ambiente, da condução responsável dos negócios públicos.   

Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo

 


sábado, 29 de outubro de 2022

Charge! Duke via O Tempo

 


Editorial: O melhor do debate ocoreu no pós-debate.

 


Talvez tenhamos formado uma grande expectativa em torno deste último debate da Rede Globo e, consequentemente, em razão da postura de ambos candidatos, produziu-se uma decepção. Esperava um confronto de ideias, propostas para o país a partir de 2023, como enfrentar os nossos grandes gargalos, coisas assim. Mesmo ausente, o grande vencedor deste debate foi o candidato Ciro Gomes. Conhece bem a realidade do país, tinha experiência administrativa, uma conduta limpa como homem público e um programa de governo robusto, com soluções concretas para o enfrentamento dos nossa grandes problemas. A polarizaçao política empobreceu o debate do país.  

Um Bolsonaro nervoso, tentava fustigar Lula o tempo todo, por vezes permanecendo em silêncio, por vezes se perdendo em suas inúmeras colas. Lula insiste em olhar para o retrovisor, enfatizando alguns bons indicadores dos Governos da Coalizão Petista. Enquanto Bolsonaro falava, por vezes olhando para câmaras erradas, Lula dava as costas ao adversário e dirigia-se ao seu púlpito, sem que possamos julgar se tal procedimento se tratava de uma ação deliberada - recomendada pelos marqueteiros - ou simplesmente desrespeitosa. Houve um momento em que Bolsonaro pediu para que ele permanecesse ao seu lado e ele afirmou que não queria ficar junto do oponente.  

Um aspecto positivo foi o fato de o petista mencionar alguns pontos dos ajustes neoliberais, que poderão se tornar realidade caso Jair Bolsonaro vença as eleições, previsíveis nos cortes orçamentários. Faltou dizer que tais cortes estão relacionados à sanha do apetite voraz do famigerado orçamento secreto. O petista marcou um golaço quando tocou na questão da saúde - nem tanto pelos problemas relacionados ao enfrentamento da pandemia - por demais conhecidos - mas em razão dos parcos investimentos do governo no setor, assim como ocorreu em relação às universidades e institutos técnicos. Fechou com chave de ouro quando observou as conquistas do seu governo nesta área específica, como o SAMU, por exemplo. Embora repetitivas, os questionamentos sobre corrupção ainda continuam como o calcanhar de Aquiles para o petista.  

O petardo atirado por Lula contra Bolsonaro foi a demissão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, afastado por que entendia do assunto, para a nomeação do general Eduardo Pazuello. Jogou Bolsonaro nas cordas quando mencionou a compra exdrúxula de comprimidos de viagras para os militares, quando havia cortado verbas para programas destinados à aquisição de fraldões para os idosos. Aqui para nós. Esse negócio de o aparelho de Estado adquirir próteses penianas, eu nunca entendi muito bem. No futuro, além de bons sociólogos, historiadores, antropólogos, cientistas políticos, vamos precisar de bons psicanalistas para colocar o país - ou esse governo em particular - no divã. Isso é coisa de republiqueta de quinta categoria. 

O melhor do debate, afinal, ocorreria depois, quando, durante uma avaliação do confronto, o presidente Jair Bolsonaro, pela primeira vez, sem subterfúgios, admitiu que aceitará os resultado das urnas. Vence quem tiver mais votos, conforme recomenda os bons manuais de democracia representativa. A atitude tomada pelo ministro Alexandre de Moraes, Presidente do TSE, no que concerne às eventuais falhas nas inserções de rádio da propaganda do candidato podem ter contribuído para uma "reavaliação" da situação. O próprio Ministro das Comunicações, Fábio Faria, admite eventuais falhas de encaminhamento dessa questão.  

sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Editorial: O que o eleitor espera no debate de logo mais?



As contingências políticas e as pesquisas de intenções de voto deste segundo turno das eleições presidenciais poderiam ditar o rumo do debate de logo mais entre os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva, do PT e Jair Bolsonaro, do PL. No entanto, é preciso manter o sangue frio para encontrar o feeling ideal do eleitorado neste momento decisivo da disputa, de preferência orientado por uma boa assessoria política e pesquisas qualitativas. 

O figurino de um Bolsonaro "autêntico', partindo para cima de Lula, expondo as vísceras do penoso processo de corrupção na época dos Governos da Coalizão Petista ficaria bem? Talvez para as hordas de bolsonaristas roxos. Mas é preciso ir com calma, para não assustar o eleitor comum, bolsonarista "sob certas condições". Embora, a essa altura do campeonato, a tendência seja no sentido de que as decisões quanto ao voto já tenham sido tomadas. Por outro, também pode-se mudar de voto. 

De acordo com a jornalista Clarissa Oliveira, em matéria no site da revista Veja, a tônica do debate de hoje dever ser mesmo a economia. Neste aspecto, as discussões que dominaram a última semana estão relacionadas a uma eventual mudança nos indexadores que definem os aumentos do salário minimo e dos aposentados, assim como a retirada dos gastos de saúde e educação da restituição do Imposto de Renda, o que seria uma calamidade. Na realidade, já é, uma vez que a Receita Federal estabelece um teto que fica muito aquém das despesas realizadas pelos contribuintes. Não cobre sequer um terço das despesas efetivadas. Segundo analistas, este será um debate determinado pelas questões econômicas em última instância. "Última" de mais importante, não de derradeira, posto que temas como as garotas venezuelanas e as corrupções de ontem e de hoje também devem entrar na pauta. 

Cursos de idiomas - considerados cursos livres, por exemplo, uma das fontes de gastos da classe média - não entra nos cálculos. A assessoria política do presidente Jair Bolsonaro tem feito um esforço enorme para mantê-lo com um comportamento consoante as diretrizes de campanha. Diante das dificuldades com as pesquisas de intenção de voto, somado aos episódios envolvendo as eventuais falhas nas inserções de rádio de sua campanha,vai ficar difícil exigir isso dele.   

Editorial: Os sincericídios de Paulo Guedes



Como não poderia ser diferente - depois da erosão civilizatória e democrática com a qual passasmo a conviver nos últimos anos - a disseminação de mentiras ou fake news continua desenfreada pelas redes sociais, sem que a sociedade utilize os filtros necessários, causando enormes prejuízos às pessoas e instituições atingidas. Para completar esse enredo nefasto, ainda existem alguns mecanismos psicológicos - talvez de Psicologia de Massas - que contribuem para que essa praga se prolifere de uma maneira tão efetiva. A recepção da "mentira' talvez seja mais eficiente do que a recepção da "verdade". 

Tornou-se algo tão doentio, que a "clivagem' hoje resume-se ao seguinte. Se é meu inimigo ou desafeto, então a mentira que estão dizendo sobre ele é verdade. Se é meu amigo, a verdade que estão dizendo sobre ele é mentira. Em meio a esse turbilhão de informações que estão circulando pelas redes sociais - impossível saber se procedentes ou não - o Ministro da Economia do Governo Bolsonaro, o economista Paulo Guedes, passou a integrar a campanha de Bolsonaro pela TV para fazer alguns desmentidos, como o da proposta de mudança de indexadores dos aumentos dos aposentados do INSS e do salário mínimo, assim como a extinção de restituição dos gastos com eduacação e saúde, quando da declaração do Imposto de Renda. 

Naturalmente, ele nega veementememte todas essa informações, admitindo, inclsuive, que o salário mínimo terá recomposição acima da inflação, sobretudo em razão do bom momento da economia brasileira. Em função das contingências impostas pela função exercida, frequentemente, se expõe às entrevistas aos meios de comunicação. Em momentos distintos, o senhor Paulo Guedes acabou cometendo dois sincericídios: Admitiu uma eventual derrota do chefe nessas eleições, sugerindo que daqui a quatro anos Bolsonaro poderia voltar, e admitiu que há roubo no governo, embora numa proporção menor do que na era petista. Desta útima fala ele acabou se refazendo, corrigindo a informação: nós não roubamos.  

quinta-feira, 27 de outubro de 2022

O xadrez politico das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco - Muita expectativa em relação ao debate de logo mais.

 


Nas nossas expectativas, já poderia antecipar quem seria a vencedora desse baião de duas que disputa as eleições estaduais deste ano. Alguns anos atrás, prevíamos o candidato que venceria as eleições para a Prefeitura da Cidade do Recife, o que suscitou alguns problemas, como uma indisposição - até hoje não de todo superada - com o candidato perdedor. O vencedor fez uma gestão bastante interessante num primeiro momento e, depois, talvez engolido pelo "familismo amoral' acabou enveredando por outras trilhas, tendo, no final, demonstrado uma postura de quase apatia ou desalento pelo processo político no Estado.

Recolheu-se aos aposentos muito cedo - para alguém que entrou na vida pública com o seu fôlego de sete gatos,chegando ao prédio da Prefeitura do Recice logo cedinho, percorrendo a cidade e trabalhando com grande entusiasmo- alimentando grandes expectativas sobre o seu futuro político. Seria o candidato "natural" do PSB ao Governo do Estado, mas surgiram alguns ruídos envolvendo esse projeto. Mas isso já é uma outra questão. Enfim, logo mais teremos um debate que pode ser decisivo para as duas mulheres que disputam as eleições deste ano. Raquel Lyra, a candidata tucana, lidera as pesquisas de intenção de voto, aparecendo como favorita, com escores acima da margem de erro em relação à adversária.

Embora receba apoios espontâneos de partidários bolsonaristas, sempre afirma que o seu lado é o Estado de Pernambuco. Basicamente o mesmo discurso de uma outro tucano, Pedro Cunha Lima, que disputa o segundo turno das eleições paraibanas. No segundo turno, Raquel Lyra ganhou grande capilaridade política, principalmente em razão das alianças e costuras políticas importantes, em regiões estratégicas, como o Sertão e a Região Metropolitana do Recife. Aqui no Recife, ela conta com apoio inestimável de sua vice, Priscila Krause, uma parlamentar de incontáveis serviços prestados à causa pública, ao fiscalizar, com rigor de auditora, as contas do Estado. 

É uma "danadinha" que impediu que milhões de reais escoassem pelos ralos da corrupção e fossem parar em mãos indevidas. Se Raquel vencer as eleições, além de perdermos uma excelente parlamentar, ela se tornará vidraça. Vidraça com uma responsabilidade enorme. No dia de ontem, causou um enorme alvoroço no nosso meio político a decisão do Deputado Federal Túlio Gadelha, em apoiar Raquel Lyra, quando a resolução da Rede|PSOL foi no sentido de apoiar o nome de Marília Arraes, do Solidariedade.

Para Túlio, a sua definição se deu depois de assistir ao debate entre as duas candidatas, o que dá a dimensão sobre como esses debates podem contribuir para reorientar os rumos de uma eleição. Ele só não foi chamado de arroz doce pelas redes sociais, mas temos que respeitar a sua decisão.Salvo por este editor, não ouvi ou li nenhuma crítica ao fato de Marília Arraes ter voltado a aliar-se com setores carcomidos das oligarquias familiares, numa acerto que só Deus sabe o que teria sido negociado. 

Com propostas concretas, costuradas num plano de governo bem ajustado à nossa realidade, a candidata Raquel Lyra tem se saído melhor durante os debates. Espero não ter que ouvir hoje à noite as velhas narrativas macabras de um jovem trucidado, durante uma rebelião na FUNASE, quando alguns outros que cumpriam medidas sócio-educativas - que nome engraçado para prisão - jogaram bola com a sua cabeça. Marília, equivocademente, insiste em creditar esse circo de horrores à adversária, quando deveria discutir propostas para o Estado, de preferência ancorada nas diretrizes traçadas por um programa de governo, que ela resolveu não elaborar. Salvo melhor juízo, Raquel estava licenciada da FUNASE quando os fatos ocorreram.     

Editorial: O clima de "Já ganhou' que não é bom para Lula.



Encerrado o primeiro turno das eleições presidenciais, o próprio Lula reconheceria o equívoco de a militância e partidários apostarem na vitória antes do tempo, andando de salto alto. A abstenção do primeiro turno é apontada como uma das principais causas da não vitória do petista ainda no primeiro turno. Dois fatores apenas poderia suscitar um certo otimismo na campanha da Lula, mesmo assim, exigindo-se uma certa dose de cautela. Um dos fatores são os índices apresentados pelos institutos de pesquisa indicando uma estabilidade na disputa, com uma ligeira vantagem do candidato do PT. 

Um outro fator são as preocupações do adversário - numa tentativa de adoção de medidas até radicais - o que indica que eles também preveem a possibilidade de problemas no próximo domingo. A resiliência do petista é algo que incomoda bastante. Desta vez, o próprio Lula - tão cauteloso outrora - parece ter se empolgado e começa a fazer declarações como se a eleição já estivesse definida. ao dizer que Bolsonaro estaria tentando ganhar no tapetão porque estaria desesperado diante de uma derrota iminente, isso significa que ele acredita, piamente, que vestirá o terno da posse. 

Ao longo da semana, surgiram matérias que sugerem a vitória de Lula, com uma discussão sobre a sua sucessão, em 2026, assim como a composição do seu eventual ministério. Veja-se como são as coisas. Não gostei de um dos nomes mais cotados para o seu ministério, numa pasta estratégica, acusado de corrupção no seu Estado. Outros tantos são da velha guarda da Mangueira petista, algo que pode vir a ser explorado negativamente pelo adversário. O momento é de se manter mobilizado, sob vigília permanente, sobretudo nesses tempos bicudos que o país atravessa.   

Editorial: A astúcia dos homens de toga na defesa de nossa democracia.



O ambiente político brasileiro está se transformando em algo intrincado, mesterioso, nebuloso, ardiloso, digno dos melhores romances policiais, com direito a tiros e granadas disparados contra forças do Estado, no estrito cumprimento do seu dever legal. Em ambientes assim, a esperteza e a astúcia são qualidades fundamentais para escapar das armadilhas colocadas pelas adversários. Nem seria preciso ler as lições de Nicolau Maquiavel para entender essa dinâmica. É preciso antecipar-se à jogada do adversário, descobrir suas reais intenções - encobertas ou disfarçadas em simples requerimentos - assim como celeridade nas medidas preventivas, evitando-se, assim, tomar decisões retardadas, quando o processo já poderia estar em curso, diminunindo, por consequência, a margem de manobra. 

Há alguns anos atrás, havia uma aventura em curso, que previa concentração de pessoas protestando em todo o país, mas um montante delas concentradas na capital federal, além do suporte de voos razantes para quebrar as vidraças de órgão do poder judiciário. À época, o seu presidente não dormiu, acionou seus dispositivos legais, contingenciando os agentes públicos envolvidos - inclusive das Forças Militares - a adotarem medidas preventivas, sob pena de responsabilização. Com isso, abortou-se aquela tentativa golpista. O chamamento ao Governo do Distrito Federal para que assegurasse a integridade do órgão do judiciário foi fundamental naquele momento. 

A mais recente investida contra as nossas instituições democráticas começou com um "inocente' requerimento de investigações em razão de suposto desfavorecimento em propaganda eleitoral gratuita. Logo, o nosso guardião, ao observar o enredo, percebeu o que estaria por trás da manobra, que tinha como objetivo a construção de uma "narrativa' para justificar medidas extremas, como o adiamento das eleições para sabe-se lá quando, tudo se conformando numa outra tentativa "exótica" de tumultuar o processo democrático. Agiu rápido, dentro da legalidade e da defesa do processo eleitoral, abortando mais uma investida de caráter autoritário. Vale a lição do mestre Florentino: "O príncipe, portanto, deve ser uma raposa para reconhecer as armadilhas e um leão para assustar os lobos' - mesmo quando eles se vestem de cordeiros, acrescento.   

Editorial: O debate da Globo será a última cartada das eleições presidenciais.




Não houve jeito. Pelas vias normais, dentro das regras do jogo, há uma possibilidade concreta de o candidato Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, vencer as eleições de domingo. Duas circunstâncias poderiam prejudicá-lo. Uma eventualidade de erros cometidos pelos institutos de pesquisa que acompanham os índices de intenção de voto e, por outro lado, os percentuais de abstenção, que, segundo avaliam alguns observavores, poderiam ser mais prejudiciais ao petista. Aliás, Lula só não levou as eleições no primeiro turno exatamamente em razão dessas abstenções. 

Jair Bolsonato parece que já gastou todas as balas, inclusive as de prata. As margens de superioridade de Lula sobre Jair Bolsonaro são apertadas. De acordo com alguns institutos, dentro do estrito limite do índice das chamadas margens de erro. Nos últimos dias, no entanto, vai se configurando uma tendência de consolidação de liderança do petista, o que suscitou uma certa desesperança do outro lado, conflagrando ainda mais o pleito, que já se disputa num grau elevadíssimo de animosidades. 

Dentro da normalidade democrática, a última cartada será o debate realizado pelo Rede Globo de Televisão, programado para a sexta-feira. Depois das últimos episódios - aqui inclusa a tentativa frustrada de "tergiversar" o processo eleitoral - o debate assume uma importância singular. Como há um grande equilíbrio de forças entre os dois candidatos, pode decidir as eleições, ou seja, ratificar a liderança do petista ou, reverter o jogo em favor de Jair Bolsonaro. Embora tenha melhorado a sua performance, a avaliação é que o candidato do PT não tenha se saído muito bem nesses debates, tornando-se acanhado ao tratar de temas espinhosos, como a corrupção nos Governos da Coalizão Petista. 

Ontem acompanhamos um debate de segundo turno aqui num Estado vizinho, onde um dos candidatos que concorrem a reeleição é investigado por receber uma mesada de R$ 120.000,00 mil reais mensais, propina oriunda de desvios de recursos da saúde e da educação. Ele se enrola todo ao falar sobre o assunto. Há áudios gravados, com delações de uma das operadoras do esquema, com riqueza de detalhes sobre o tema, exigindo muita cara de pau do sujeito para negar algo tão explícito. São temas espinhosos,que, na realidade,  os homens públicos deveriam evitar. 

Lula estaria sendo orientado a tratar da corrupção atual, inclusive os casos observados no Governo Bolsonaro, sempre que fosse instigado a abordar o tema. Apesar das veemententes negativas, a gente sabe que elas existem. O mais recente deles ocorreu aqui em Petrolina, no Estado de Pernambuco, onde servidores deram um rombo calculado em R$ 17 milhões de reais aos cofres públicos. Aqui torna-se necessário separar o joio do trigo, ou seja, é precisa saber se houve algum favorecimento de servidores do Governo Federal. A Polícia Federal deu um outro nome à operação, mas ela bem que poderia se charmar: A Casa Caiu, pois se trata de operações irregulares envolvendo parentes e amigos desses servidores, contemplados irregularmente com imóveis dos programas habitacionais do Governo Federal.   

Editorial: "Agruras que vão além de qualquer civilidade' - O país vive um momento de erosão democrática - Cármen Lúcia.

 



Depois de sofrer ataques violentos e desumanos - fora dos padrões mínimos de civilidade, como ela mesmo definiu - a ministra Cármen Lúcia, do STF, em sessão na Suprema Corte, fez uma avaliação do grave momento institucional enfrentando no país. Em tais circunstâncias, as responsabilidades do Supremo Tribunal Federal, como guardião da Constituição, assumem uma magnitude incalculável. Mas, de acordo com a ministra, vale o esforço para livrar o país, regime democrático e o Estado Democrático de Direito dos seus algozes. A luta exige serenidade e firmeza, atuando em conjunto, com precisão cirúrgica, como ocorreu ontem, em mais uma tentativa de tumultar o processo eleitoral, criando as condições para as investidas de caráter autoritário.  

Os algozes de nossa democracia se alimentam da desordem, da mentira, do caos, do desrespeito às regras do jogo, do enfrentamento das instituições legitimadas, para avançarem em seus projetos autoritários. Ontem foi mais uma evidência de que ainda temos a elasticidade institucional suficiente para suportar os solavancos de retrocessos autoritários. Como mãe, avó, mulher, difícil dimensionar o sofrimento infringido à ministra, depois do tratamento abjeto desferido pelo ex-deputado. São "agruras' que vão além de qualquer civiidade', conforme ela mesmo definiu. 

Dormimos o sono político que produziu o monstro. E esse monstro dá todos os indicadores de que só gosta de rodízio de pizza e carne - preferencialmente com os apoiadores do agronegócio - essa ideia de rodízio de poder não é com ele não. Estamos atolados numa encrenca institucional, de dimensões gigantescas, seja qual for o resultado das urnas no próximo domingo. Certamente teremos um terceiro turno, o que significa dizer que o ambiente político promete permancer turvo pelos próximos meses.   

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Editorial: Episódio das eventuais falhas de inserções da propagada eleitoral nas rádios reforça as tese da teoria das conspirações.


Há quatro dias do segundo turno das eleições presidenciais, o episódio das eventuais falhas nas inserções da propaganda eleitoral nas rádios, num suposto prejuízo de um dos candidatos, reforça a tese da teoria da conspiração, em particular aquela que teima em colocar em dúvida a lisura do processo eleitoral brasileiro. Uma narrativa construída, desde algum tempo, alimentada de forma irresponsável pelas redes sociais. 

Antes de mais nada, informo que este editor nunca teve qualquer dúvida acerca da transparência e lisura das urnas eletrônicas, tampouco da seriedade e da idoneidade da Justiça Eleitoral Brasileira. Neste aspecto, o país dá lições ao mundo no que concerne à transparência, agilidade, correção, respeito e homologação dos resultados das eleições. A democracia política brasileira, vai muito bem, obrigado. Em alguns aspectos, naturalmente. Nosso problema maior é a democracia substantiva, com essas enormes desigualdades, que estão sempre um passo à frente de nossos gestores, fruto de uma elite que, a rigor, nunca demonstrou muita sensibilidade para o problema, forjada em séculos de formação escravagista. 

Para ser sincero, na realidade, nossa democracia política também anda bastante assediada nos últimos anos. Voltando ao episódio das inserções nas rádios - onde a assessoria de comunicação de um dos candidatos observou prejuízos em relação ao concorrente - o Presidente do Superior Tribunal Eleitoral, ministro Alexandre de Moraes, solicitou informações mais objetivas sobre o caso. Em tese, parece que teria sido atendido - uma vez que foram apresentados relatórios de auditoria - culminando com a medida tomada em seguida, exonerando o servidor responsável por acompanhar esse trabalho no TSE. Em caso de uma derrota, as narrativas para alimentar as teorias conspiratórias já estão dadas.    

Editorial: Haddad encosta em Tarcísio em São Paulo. Mais uma campanha memorável do PT.

Crédito da Foto: Fabio Tito. 


O Partido dos Trabalhadores participou de algumas campanhas memoráveis no Estado de São Paulo. Sagrou-se vitorioso, em algumas delas, alí já pela prorrogação do segundo tempo do jogo, provocando as atenções nacionais para o embate. No próximo dia 30, parece que não será diferente. Pelas últimas pesquisas divulgadas, avinzinha-se mais um "clássico", desta vez envolvendo o professor Fernando Haddad, pelo PT, e o candidato do bolsonarismo, Tarcísio de Freitas, que concorre pelo Progressistas. Como se sabe, o bolsonarismo cresceu bastante no Estado e, desta vez, ainda contou com o apoio "incondicional' do tucanato, que há décadas exercia o controle político do Estado. 

Tarcísio abriu uma diferença tão expressiva em relaçaõ ao candidato Fernando Haddad, que começou a cometer alguns erros, como "sentar na cadeira antes do tempo', assim como ocorreu com o sociólogo Fernando Henrique Cardoso, tempos atrás. Informações das coxias dão conta de que ele já estaria loteando o secretariado entre os apoiadores. Somente pesquisas qualitativas poderiam, de fato, trazer as reais motivações para essa reação do candidato do PT na disputa, assim como os eventuaos "saltos alto' do candidato Tarcísio de Freitas, que chegou a "esnobar' debate.  

Tarcísio de Freitas ainda lidera a corrida pelo Palácio Bandeirantes, mas dentro da margem de erro, de acordo com pesquisa do Instituto IPEC, que o aponta com 46% das intenções de voto, enquanto o candidato do PT crava 43%. Pelo andar da carruagem política, será um daquelas disputas memoráveis, disputada voto a voto, com a militância de ambos nas ruas, de preferência em observância às regras do jogo.   

Editorial: Pesquisa Genial\Quaest depois do "Efeito Jefferson".

Crédito da foto: Marcos Correa\Veja

Existem algumas informações de coxias sobre o evento envolvendo essa reação desproporcional do ex-Deputado Federal Roberto Jefferson, quando policiais federais tentatam fazer cumprir um mandado de prisão emitido pelo ministro Alexandre de Moraes, Presidente do Tribunal Superior Eleitoral. Como trata-se de uma informação com grandes dificuldades de ser checada por vias normais, é preferível se manter apenas no quesito reação desproporcional e infeliz. O fato concreto é que isso trouxe algumas dores de cabeça para o staff político do presidente Jair Bolsonaro, num momento crucial da campanha, que tenta blindar-se, de todas as formas, dos danos políticos daí decorrentes. 

André Janones, um dos assessores mais ativos do staff político de campanha de Luiz Inácio Lula da Slva, por exemplo, foi proibido de fazer qualquer associação entre o episódio e o presidente Jair Bolsonaro, conforme informamos antes. Numa campanha radicalizada como esta, em todo caso, o episódio não poderia deixar de trazer suas consequências negativas, objetivamente para a campanha de Jair Bolsonaro. Neste aspecto, passou-se a se aguardar, com grande expectativa, as pesquisas de intenção de voto que pudessem refletir, de alguma forma, o humor do eleitorado depois daquele fatídico episódio, que resultou no ferimento de dois policiais federais. Os danos para o candidato Jair Bolsonaro começaram pelos próprios policiais - uma das bases forte do bolsonarismo - que ficaram insatisfeitos com o gerenciamento 'politico' do caso.  

Agora, saiu uma pesquisa fresquina do Instituto Genial\Quaest, mostrando uma ligeira vantagem do ex-presidente Lula na disputa - embora bastante apertada - no limite da margem de erro do instituto. Na realidade, o jogo continua bastante equilibrado. Até mesmo os padrões de abstenção podem decidir o pleito a favor de um ou de outro candidato. Os padrões de abstenções no primeiro turno, por exemplo, podem ter tirado a condição de Lula em liquidar a fatura ainda no primeiro embate. O aguardado debate da Rede Globo, na sexta, igualmente, pode decidir essas eleições. Segundo infome, Lula passará por um treinamento "intensivo". Jair Bolsonaro já anda fazendo treinamento "ao vivo'. Não recusou nenhuma entrevista ou debate, o que não poderia deixar de ser considerado pela equipe de Lula. Lula 52,1%, Bolsonaro 47,9%.   

Editorial: Num clima de radicalização - ou seria desespero? - proliferam nas redes fake news criminosas.




De acordo com algumas informações preliminares, o TSE recebe, diarimente, algo em torno de 500 denúncias de prováveis fake news que estariam sendo disseminadas criminosamente pelas redes sociais. Na realidade, este número deve ser bem maior, a julgar pelos padrões de radicalização que estão assumindo essa campanha presidencial. O jogo chegou ao seu estágio mais abjeto. Agora mesmo observamos que está circulando um vídeo, na página de um conhecido bolsonarista do Estado da Paraíba, onde é mostrado uma abordagem de assalto por dois jovens e, logo em seguida, uma fala descontextualizada do candidato Lula, informando que é isso que ele deseja para o Brasil. O Deputado Federal André Janones - um dos responsáveis pelas redes sociais do PT - por determinação da Justiça - foi advertido a não mais usar a imagem do ex-Deputado Federal Roberto Jefferson junto ao presidente Jair Bolsonaro, sob pena de arcar com multa de 100 mil reais diários. Checamos as informações e, de fato, elas procedem. Janones já informou que acatará a determinação judicial. 

Como já afirmamos antes, em diversas postagens, esse expediente abjeto das fake news deve ser extirpado do nosso vocabulário político. Em princípio, a prática é execrável, partindo-se seja de lado for. Essa prática de transformar, profissionalmente, a mentira com arma política - já que as origens são remotas - está associado a um assessor de um ex-presidente dos Estados Unidos, Steve Bannon, condenado pela justiça recentemente por suposta participação na tentativa de invadir o Capitólio. Trata-se de um guru, idolatrado pelo bolsonarismo. 

Reproduzo, acima, uma charge do grande Quinho sobre este assunto, publicada no jornal O Estado de Minas. Noutros tempos, ainda por ocasião das eleições de 2018, uma charge do mesmo cartunista, que recomendava cortar a língua do linguarudo, rendeu dores de cabeça a este editor. Se usássemos o paradoxo da intolerância, de Karl Popper, naquele momento, talvez não estivéssemos metidos na encrenca institucional que hoje se observa no país.      

Charge! Triscila Oliveira via Folha de São Paulo

 


terça-feira, 25 de outubro de 2022

This strange - but understandable - relationship between voters and polling institutes



This relationship between voters and research institutes is curious. Although IPEC has presented figures that are out of line with the reality observed in the first round of these elections, its surveys are a real eye-opener for voters and opinion makers identified with the candidacy of Luiz Inácio Lula da Silva. On the other hand, research surveys carried out by institutes such as Paraná Pesquisas, which came closest to the correctness of the voting in the first round of these elections, is denounced for bringing indicators of a rigorous technical tie between the two candidates for the Palácio do Planalto. The balance of forces is evident. Data such as those presented by Paraná Pesquisas, on the other hand, fall like a balm for the hordes of bolsonaristas, even if a considerable percentage are robots. All of this is understandable. After all, we are in a Fla-Flu or a Grenal, where the PT decided to accompany Eduardo Leite, even if under certain conditions - I don't think even he understood what that means.

At the moment, nothing is defined for any of the candidates vying for the Planalto Palace. Perhaps some fortune teller can make a prediction in this context, but no opinion maker or political analyst risks making any predictions. Even a new fact - such as the shots and grenades thrown by Roberto Jefferson at the federal police - can define the election in favor of one of the candidates. The association and negative repercussion of the episode for the opponent was much celebrated by Lula's committee. 

A little while ago we commented that the campaign staff of candidate Jair Bolsonaro would have demanded commitment from the governors of São Paulo, Rio de Janeiro and Minas Gerais, who support him, the commitment in the sense of taking, each of them, one million votes from Luiz Inácio Lula da Silva. A hole that, if obtained, could be a shovel in the PT's intentions to re-occupy the Palácio do Planalto. On the other hand, despite performing better in recent debates - former President Lula will undergo intensive training to not only not make mistakes during the Globo debate, but also to crush his opponent, throwing him into the nets all the time . I don't want to play the devil's advocate here, but it should not be forgotten that Jair Bolsonaro is in the media almost every day, taking a liking to the topic and tuning up his speech.

Editorial: A possível lista de sucessores de Lula.



Ao tratar desses assuntos, o presidente Jair Bolsonaro sempre permite algumas interrogações. As expressões: Só Deus me tira dali ou Eu vou passar mais um tempo por lá são recorrentes em sua fala, o que pode ser traduzido como uma forma de plantar dúvidas sobre as suas reais intenções. Em relação ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, este tem sido mais objetivo, informando que, se eleito, depois que cumprir este mandato, prepara um nome para a sua sucessão e vai descansar, curtir a vida com a sua amada Janja. Lula já teria mais de 80 anos e, convenhamos, talvez não suportasse mesmo a maratona que significa uma candidatura presidencial. 

Numa eventualidade de Lula ser eleito, já surge uma bolsa de aposta de nomes cotados para suceder o petista no Palácio do Planalto, conforme observa a jornalista Clarissa Oliveira, em sua coluna na revista Veja. Por enquanto, os nomes mais lembrados são o do ex-Ministro da Educação e candidato do Partido ao Governo de São Paulo, o professor Fernando Haddad. Haddad é uma espécie de "cria" de Lula e um dos seus escudeiros mais fiéis, o que significa dizer que suas chances são boas. Hoje, diante da possibilidade de um tropeço em São Paulo, seu nome já está sendo ventilado para ocupar uma vaga no Ministério de Lula. 

Um outro nome é o do ex-governador da Bahia, Jaques Wagner, um dos atores mais influentes do seu staff de campanha. Jaques poderia ter sido o nome do PT para voltar a disputar o Palácio de Ondina, mas o partido resolveu poupá-lo, diante de um desgaste aliancista local. Foi para o sacrifício, mas deve ter negociado o seu futuro político. A senadora Simone Tebet é outro nome cotadíssimo, depois de sua performance  nessas eleições. De pronto, resolveu apoiar o PT, tornando-se uma pessoa bastanre influente na campanha de Lula, inclusive pelas redes sociais. Credenciou-se, independetemente do apoio do Partido dos Trabalhadores. O vice, Geraldo Alckmin, hoje filiado ao PSB, seria outro nome na bolsa de apostas. Conta a favor de Alckmin a sua capilaridade junto aos setores mais conservadores da sociedde basileira, uma ponte fundamental em qualquer projeto presidencial. É uma aresta que ele não tem e, portanto, não precisaria aparar. Ao contrário, entrou na chapa do petista exatamente por ter este verniz.   

Editorial: Saiu a mais nova IPESPE, com Lula na liderança, acima da margem de erro.



Até o próximo domingo, dia 30, um dos verbetes mais ouvidos e lidos pelos eleitores brasileiros e brasileiras, possivelmente, será "margem de erro". Quando algum desses institutos de pesquisas de intenção de voto apresenta escores acima desse padrão, então, isso seria motivo para comemorações, de um lado, e preocupação para o outro pólo da disputa presidencial. Assim ocorre com o IPESPE, que acaba de lançar os resultados de sua pesquisa de intenção de voto, com o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, abrindo seis pontos de diferença em relação ao rival, acima da margem de erro, portanto. 

A margem do erro do IPESPE é de no máximo três pontos percentuais para mais ou para menos. O IPESPE tem a espertise, a legitimidade e a credibilidade de ter , entre os seus sócios, um especialista em pesquisas, com reconhecimento internacional, o cientista politico Antonio Lavareda. Institutos como o Datafolha, Quaest\Genial, IPESPE e IPEC costumam apresentar resultados que não guardam grandes discrepâncias entre si. Na outra ponta, sobretudo o PoderData, o Potencial Pesquisas e o Paraná Pesquisas, possivelmente, em razão dos métodos utilizados, acabam convergindo para alguma semelhança nos indicadores de intenção de voto. Como disse antes, isso acaba dividindo as "torcidas' que, geralmente, creditam toda a confiança num determinado instituto e insinua que o outro está a serviço deste ou daquels candidato. 

Por essa última IPESPE, Lula aparece com 53% das intenções de voto e o presidente Jair Bolsonaro, que concorre à reeleição, crava 47%. Essa semana será pródiga na apresentação de reultados de pesquisa, assim como em eventos relacionados às eleições do próximo domingo, como o grande debate que será realizado na sexta-feira, pela Rede Globo de Televisão. Apreensivos sobre como anda, de fato, esses números - depois de cometerem o equívoco de imaginar que poderiam liquidar a fatura ainda no primeiro turno - o staff de campanha de Lula irá submeter o candidato a um treinamento intensivo para o debate.   

O xadrez politico das eleições estaduais de 2022 em Pernambuco: Será que o caldo do baião das duas irá entornar?



Registro aqui que essa expressão "Baiaõ das Duas", bastante feliz po sinal, foi cunhada por um jornalista da revista Veja, em matéria sobre a disputa política para o Governo do Estado em Pernambuco. A contenda, como se sabe, envolve duas mulheres - Marília Arraes e Raquel Lyra - e é uma das mais renhidas do país. Baião de Dois é uma comida típica da região Nordeste, mas particularmente do Ceará, que consiste numa mistura de feijão verde, arroz, coentro e outras verduras, carne e\ou fatias de queijo coalhos. É uma dessas comidas identitárias. Não se passa por Pernambuco sem experimentar o Bolo de Rolo, por Maceió sem experimentar o Sururu no Capote ou o famoso Chiclete de Camarão, por Minas sem degustar o Tutu de Feijão, assim como não se vai ao Ceará e comete-se a desfeita de deixar de experimentar o famosos Baião de Dois. 

Pelo andar da carruagem política, esse Baião das Duas tende a entornar o caldo, ou seja, vamos chegar ao domingo sem que ele atinge o ponto ideal, posto que o processo eleitoral aqui no Estado se deterioou bastante, depois que a disseminação de fake news - essa praga nacional - passou a fazer parte das armas políticas utilizadas pelas assessorias de campanha dos candidatos. Entra-se aqui numa espécie de dilema. Se um baixa o nível da campanha, parece não haver como conduzir a sua de forma republicana, pautada em cima das propostas de governo. Uma das candidatas sequer tem um plano de governo para o Estado, acreditando que isso se constrói ao longo do tempo. Pode até ser, mas é sempre bom ter um norte, uma bússula.  

Pela última pesquisa divulgada, a da Potencial Inteligência, a disputa atingiu o estágio de empate técnico. O Potencial Inteligência e o Paraná Pesquisas foram os dois institutos que mais se aproximaram de acertos no primeiro turno das eleições, inclusive no Estado. Pelos últimos escores, Raquel Lyra(PSDB-PE) aparece com 50,1%, enquanto Marília Arraes(SD-PE) crava 46,3%. A pesquisa foi encomendada pelo Jornal Folha de Pernambuco. Se está sendo difícil fazer algum prognóstico no plano nacional, aqui temos uma posição definida e quem nos acompanha sabe qual é. A morte do marido da candidata Raquel Lyra, no primeiro turno, pode ter influenciado sua perfomance nas urnas, em razão do emocional que tomou conta do eleitorado.      

Editorial: Operação Tempo Perdido da Polícia Federal no Estado.




Estou realizando um levantamento, ainda não concluído, sobre o quantitativo de operações da Polícia Federal no Estado de Pernambuco. A presença da PF aqui se tornou tão recorrente que suscitou neste editor tal curiosidade. Até recentemente, agentes do órgão estiveram em Surubim, onde foram detectadas fraudes envolvendo o desvio de recursos de verbas federais para a área de educação, salvo melhor juízo. Desta vez, a notícia é que estão sendo cumpridos mandados de prisão em Petrolina e Juazeiro, envolvendo fraudes em relação aos beneficiários de programas habitacionais do Governo Federal. 

O esquema funcionava da seguinte forma: através de agentes públicos credenciados, pessoas físicas que não atendiam aos requisitos legais para a aquisição dos imóveis eram beneficiadas indevidamente. Por vezes, parentes ou amigos próximos desses agentes.O prejuízo para os cofres públicos é calculado em 17 milhões de reais. Ainda jovem, este editor adquiriu seu primeiro apartamento financiado pela Caixa Econômica Federal. Por um erro de registro no sistema, nos concederam dois números de contratos distintos para um único imóvel,um único adquirente, o que gerou uma enorme confusão, uma vez que nunca ficávamos numa situação de adimplência. Os pagamentos ora eram dado baixa num, ora no outro.  

Não havíamos financiado dois imóveis, não podíamos pagar dois imóveis. Incontáveis vezes recorri à Caixa Para solucinar o problema, segundo eles inusitado, sem que nos fosse dada uma solução. Por fim, um gerente mais sensível se interessou pelo nosso caso e resolveu tomar as providências cabíveis, o que implicava em recorrer a uma única pessoa credenciada, em Brasília, que tinha acesso à senha, sendo possível fazer as alterações devidas, deletando um dos números de contrato. À época permaneci chateado com o marasmo na resolução do problema, mas depois reconheci a gravidade de qualquer servidor da instituição ter acesso ao sistema, podendo fraudá-lo. Não sei o que mudou desde então, mas parece-nos, em princípio, que as coisas andam frouxas.

Editorial: Essa estranha - mas compreensível - relação do eleitor com os Institutos de Pesquisa




Não deixa de ser curiosa essa relação dos eleitores com os institutos de pesquisa. Embora o IPEC tenha apresentado números fora da realidade observada no primeiro turno dessas eleições, seus levantamentos são um verdadeiro colírio para os eleitores e formadores de opinião identificados com a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva. Por outro lado, os levantamentos de pesquisa realizados por institutos como o Paraná Pesquisas, que mais se aproximou dos acertos da votação no primeiro turno dessas eleições, é execrado por trazer indicadores de um rigoroso empate técnico entre os dois concorrentes ao Palácio do Planalto. O equilíbrio de forças é evidente. Dados como os apresentados pelo Paraná Pesquisas, por outro lado, caem como um bálsamo para as hordas de bolsonaristas, mesmo que um percentual considerável sejam de robôs. Tudo isso é compreensível. Afinal, estamos num Fla-Flu ou num Grenal, onde os petistas resolveram acompanhar Eduardo Leite, mesmo que sob certas condições - acho que nem ele mesmo entendeu o que isso significa.

No momento, não está nada definido para nenhum dos candidatos que disputam o Palácio do Planalto. Talvez alguma cartomante possa fazer uma previsão neste contexto, mas nenhum formador de opinião ou analista político arrisca fazer algum prognóstico. Até mesmo um fato novo - como os tiros e granadas atirados por Roberto Jefferson nos policiais federais - pode definir o pleito em favor de um dos candidatos. A associação e repercussão negativa do episódio para o adversário foi muito comemorado pelo comitê de Lula.
 
Há pouco comentamos que o staff de campanha do candidato Jair Bolsonaro teria cobrado empenho dos governadores de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, que o apoiam, o empenho no sentido de tiraram, cada um deles, um milhão de votos de Luiz Inácio Lula da Silva. Um rombo que, se obtido, poderia ser uma pá de cal nas pretenções do petista de voltar a ocupar o Palácio do Planalto. Por outro lado, apesar de se apresentar melhor nos últimos debates - o ex-presidente Lula vai se submeter a um treinamnto intensivo para não apenas não cometer erros durante o debate da Globo, mas esmagar o adversário, jogando-o nas redes o tempo todo. Não quero aqui fazer o papel do advogado do diabo, mas convém não esquecer que Jair Bolsonaro está na mídia quase todos os dias, tomando gosto pelo tema e afinando o discurso. 

Editorial: Um prêmio para o governador que bater a meta de obter um milhão de votos para Bolsonaro nesta reta final de campanha



Várias pesquisas de opinião estão sendo aguardadas durante esta semana, sobre a corrida presidencial. A do Instituto IPEC traz um certo alento, um refresco para o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, ao apontar que ele ainda mantém uma diferença de 7 pontos sobre o rival, Jair Bolsonaro(PL). Não necessariamente pelo que ocorreu durante o primeiro turno dessas eleições - onde tal instituto cometeu alguns erros - mas, sobretudo em razão do que venho observando em termos de movimentações dos candidatos, seria mais consequente acreditar que, neste momento, o jogo da disputa encontra-se equilibradíssimo, como sugere o Instituto Parana Pesquisas, cravando um empate técnico entre ambos, ou seja, Lula aparece com 50,2%, enquanto Bolsonaro marca 49,8%. 

Somente essas próximas rodadas de pesquisa poderão trazer dados mais concretos sobre a dimensão dos estragos produzidos pelo fator Roberto Jefferson, um verdadeiro tiro no pé na candidatura do amigo Jair Bolsonaro. Uma granada jogada em seu colo, algo bastante explorado pela campanha petista nas redes sociais. Não deixa de ser curioso que o próprio Roberto Jefferson, assim como a sua filha Cristina Brasil, estarem se pronunciando no sentido de compreenderem que, no momento, o presidente não poderia tomar nenhuma medida em favor do pai, posto que as eleições são mais importantes. 

De acordo com matéria de uma revista de circulação nacional, o staff político de Jair Bolsonaro determinou aos três governadores dos Estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro que, cada um deles, retirem da votação do petista nesses Estados um milhão de votos, fortalecendo a candidatura de Jair Bolsonaro. Ainda não se sabe qual seria o prêmio oferecido para quem bater essa meta, mas já existem a acusações de assédio eleitoral contra um deles, que estaria extrapolando os limites dos esforços legais para atingir tal meta.   

Charge! Duke via O Tempo

 


Editorial: Fraude eleitoral? Alexandre de Moraes exige provas em 24 horas.



As turbinas das eleições estão ligadas e funcionando a todo vapor. Não é para menos. Estamos há cinco dias do segundo turno das eleições presidenciais, numa disputa polarizada, com forte equilíbrio de forças em disputa pelo Planalto. Preparem os seus corações e mentes porque serão fortes as emoções até o próximo domingo. O que me tranquiliza é que ainda voto na cidade onde nasci - nunca tranferi o título de eleitor - e isso se traduz numa excelenete oportunidade para matar as saudades das velhas paineiras da infância, onde ficácamos horas proseando com a turma do colégio, depois das aulas. 

Outro dia até escrevi sobre o assunto, mostrando o como os problemas de minha cidade poderiam ser projetados numa análise da quadra política nacional. As paineiras foram preservadas porque existe uma legislação ambiental probindo o seu corte. Olha o perigo da desregulamentação ambiental, como desejava o tal ministro, aquele do "vamos aproveitar para passar a boiada". Nem mesmo chegamos ao final do pleito e os partidários do senhor Jair Bolsonaro já estão falando numa possível  fraude eleitoral, ao sugerir que emissoras de rádios da região Nordeste, deliberadamente, deixaram de transmitir algo em torno de 150 mil inserções da propaganda gratuita obrigatória em favor do candidato, numa espécie de boicote, o que teria favorecido seu adversário na disputa.  

Ágil como sempre, o ministro Alexandre de Moraes, Presidente do TSE, deu um prazo de 24 horas para a assessoria do candidato provar tais denúncias sob pena de punição, com uma eventual abertura de inquérito por estar tentanto tumultuar o processo eleitoral. Curioso que a acusação é dirigida majoritariamente em relação à região Nordeste, um tradicional reduto eleitoral que se identifica com a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. a Bahia seria o Estado mais reincidente nessa eventual prática. Acreditamos que, no prazo dado pelo ministro, será pouco provável que a assessoria do candidato possa reunir evidências materiais sobre as denúncias apresentadas.   

segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Editorial: Momentos difíceis nesta etapa da campanha: Tiros também foram disparados no Rio Grande do Norte




Os tiros de fuzis e granadas atiradas contra políciais federais que estavam em cumprimento a um mandado judicial não foi o único registrado no dia de ontem. Tiros também foram disparados durante uma mobilização da governadora do Estado do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, do PT, em prol da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na cidade de Macaíba, interior do Rio Grande do Norte. Felizmente ninguém foi atingido, mas os disparos ocorreram bem próximos ao carro que conduzia a governadora, parlamentares e correligionários ligados ao Partido dos Trabalhadores. No plano nacional, diante de tais circunstâncias, o staff da campanha de Lula decidiu reforçar a segurança ao nível de alerta máximo.

Não vamos voltar a discutir por aqui os gatilhos de intelerância - que foram produzidos em razão da parcimônia de nossas instituições democráticas com os intolerantes, numa não observãncia da advetência do filósofo britânico Karl Popper, para blindar as sociedades democráticas deste câncer - mas estamos diante de um quadro de depressão política generalizada. Não por acaso, já há um movimento das redes sociais com apelos para adiarmos as festividades de Natal e Ano Novo, onde os critãos, normalmente, perdoam seus inimigos. Nossos tecidos estão tão esgarçados que sugerem não haver clima para festividades.  

Essa onda de violência que o país enfrenta tem um responsável bem conhecido. A todo custo, por razões meramente eleitoreiras, o presidente Jair Bolsonaro vem tentando dissociar sua imagem do ex-Deputado Federal Roberto Jefferson, Presidente Nacional licenciado do PTB. Tudo em vão porque aí é que a imprensa e as mídias sociais se preocuparam em mostrar essas ligações de forma mais efetiva, exibindo fotos dos dois, sorridentes. Por outro lado, existem rumores de que ele teria pedido um indulto ao presidente Jair Bolsonaro, que não irá concedê-lo, naturalmente, pelo menos até o final do segundo turno das eleições.