pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: abril 2023
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domingo, 30 de abril de 2023

Editorial: Covardia. Mais um ataque aos povos Yanomamis



Hoje,30\04, garimpeiros armados mataram um índio Yanomami e feriram outros dois, num ato de covardia que nos levam a concluir que ainda está muito longe de a paz voltar àquela área conflagrada. Desta vez não se pode falar de negligência, uma vez que os ministérios atinentes do Governo Lula estão adotando todas as medidas necessárias para reestabelecer a ordem e o direitos dos povos indígenas no país. O problema é que permitiram que os garimpeiros fossem longe demais, criando uma situação delicada para se restituir o poder de Estado. 

É o preço alto que estamos pagando por um período anterior nefasto, onde ações e omissões se integraram num projeto pernicioso contra os povos indígenas de um modo geral, sendo os Yanomamis o reflexo mais próximo dessa crise humanitária que se abateu sobre os povos originários. Num discurso recente, por ocasião de atos de democarcação de terras indígenas, em Brasília, Lula expressou o desejo de tratar os povos indígenas com a dignidade que eles merecem. Vem cumprindo a promessa, dentro das possibilidades que as contingências políticas permitem. 

Infelizmente, aquelas terras se tornaram terras de ninguém. Viceja, ali, uma espécie de capitalismo gore, que envolve o garimpo ilegal, extração de madeira ilegal, pesca proibida em reservas indígenas, tráfico de drogas e armas. A corrupção envolve até mesmo altos escalões militares, numa demonstração de que a assepcia republicana vai exigir paciência, muito trabalho e medidas saneadoras, aplicadas com rigor, pelas instituições de Estado. Rola muito dinheiro, contrabando de ouro para o exterior, como um câncer que se alastra, atingindo o núcleo duro do aparelho de Estado. Em tais circunstâncias, estarrece, mas não surpreende essas ocorrências. 

Publisher: Brennand's prison and a reflection on the Brazilian prison system.



Journalist Josias de Sousa, one of the most astute observers of the Brazilian political scene, brings, in his UOL column, one of the most important reflections on our prison system, in view of the imminent arrest of a representative of the Brennand family, who should be arriving to the country in the next few hours. Brazil has the second largest prison population in the world, second only to the United States, where the prison has become an industry, managed by the private sector.

Our prison system is chaotic, under any premise in question, starting with imprisoning only the poor, blacks and whores, leaving the white elite, who can make good lawyers, out of these hardships. Everything needs to be rethought in relation to our prison system, which means that the Ministry of Justice and Human Rights will have a huge job ahead of them. A reassessment that goes from the legislation to the conditions of incarceration. Another appalling figure is the percentage of illiterate prisoners.

Until recently, a wave of attacks broke out in Rio Grande do Norte, due to, as it is reported, protests against the appalling conditions to which prisoners were being subjected, where there would be reports of torture sessions, spoiled food was being served, in addition to contagion. provoked, possibly in relation to tuberculosis, one of the major health problems in Brazilian prisons. Here in Pernambuco, another one of those blatantly obvious reports came out, informing that better accommodation is sold in prisons like Aníbal Bruno, in addition to the existence of the figure of locksmiths, who, in fact, exercise State power in those penitentiaries, and in many others across the country, such as in Pedrinhas, in Maranhão, for example, where an organized crime faction maintains control of the situation, out of control by the State.

In a recent hearing, the Minister of Human Rights himself, Sílvio Almeida, informed that there was a tender, signed by Mr. Anderson Torres, with companies that supply meals, where a lunch was being quoted at R$ 3.50, hence the complaint of coup Bolsonarists arrested in Papuda and Coméia in relation to the quality of meals served in those prison units. For that price, you wouldn't expect much.

With the extinction of the special prison institute for those with higher education, the big question that arises, discussed by journalist Josias de Sousa, based on some possibilities of our prison system, is what would be the fate of Thiago Brennand. In ordinary prisons, there are no cigars, imported wines, individual rooms, private bathrooms and things like that... As a matter of fact, we don't know whether this Brennand even had a higher education. Possibly the bank will try to obtain a habeas corpus immediately.

Editorial: Você sabia da Festa da Selma?



 Assim que ocorreram os episódios golpistas do dia 08 de janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou profundamente sobre as falhas que eventualmente teriam sido cometidas pelos serviços de inteligência do Estado, não poupando ninguém. Lula estava afastado de Brasília, mas informou que, caso tivesse alguma informações sobre aqueles fatos, teria ficado na Capital Federal para eventuais providências. Transparece em sua narrativa, nas entrelinhas, uma eventual suspeita de "sabotagem" deliberada. Ontem, pessoas ligadas à ABIN teriam informado que várias relatórios foram emitidos, dando conta dequeles episódios, o que leva-nos a concluir, como diria nossos avós, que não foi por falta de aviso que eles deixaram de ser combatidos ou repelidos. 

A CPMI dos atos golpistas poderá nos ajudar bastante a esclarecer alguns desses fatos, mas sabe aquela tese da "inevitabilidade" do golpe? Pelas informações divulgadas até este momento começamos a cogitar dessa hipótese. Mesmo os atore políticos "legalistas" parecem ter feito corpo mole diante daqueles fatos, como se uma força maior estivesse por trás e não pudesse ser contida. A Festa da Selma, como observou Lula, foi anunciada com muita antecedência pelas redes sociais. Quase impossível que os serviços de inteligência não estivessem inteirados sobre aqueles fatos. 

O que pesou para o eventual "corpo mole" dos legalistas, que não esboçaram uma atitude reativa? a questão do corporativismo? A percepção de que a monabra golpista seria exitosa e eles já estaria se "posicionando" para a segunda etapa do jogo golpista? Há uma série de teorias formuladas sobre o malogro da manobra golpista. Nenhuma delas ainda nos convenceram o suficiente. Quem sabe depois dos trabalhos da CPMI possamos ter mais clareza sobre o assunto.   

Editorial: Brennand está de volta ao Brasil. Mas que Brennand?



É curiosa essa linhagem familiar dos Brennand. De acordo com estudos publicados por especialistas no assunto, o patriarca da família Brennand chegou ao Brasil, como se diz aqui no Nordeste, com uma mão na frente e a outra atrás. Na verdade a família fez fortuna a partir da união do patriarca com uma grande herdeira da aristocracia açucareira pernambucana. Hoje eles são uma família rica, tradicional, mas, a rigor, originalmente não são da fina-flor das linhagens familiares que se forjaram, sobretudo, na produção do açúcar aqui na região, como os Cavalcanti, os Souza Leão, os Monteiro, os Petribus, entre outros, que alguns autores denominam de açucarocracia. 

O grande artista plástico e ceramista Francisco Brennand, por exemplo, sempre estabeleceu uma espécie de link com movimentos populares, como o Movimento de Cultura Popular(MCP), por exemplo, onde chegou a compor o primeiro núcleo de formação desse movimento, inspirado numa experiência francesa, que tinha fortes vinculações com a cultura popular. Desde o dia de ontem, um dos assuntos mais comentados pelas redes sociais é a extradição para o Brasil de um Brennand, o Thiago Brennand, que estava na Arábia Saudita. 

A sua prisão foi decretada pelo governo brasileiro, imputando-lhes alguns crimes, pelos quais ele deve responder à justiça. Pelos tribunais das redes sociais, no entanto, ele já está condenado. Nesses momentos de polarização política acirrada, pesa contra Thiago Brennand o fato de o mesmo ter dado declarações de apoio explítico ao ex-presidente Jair Bolsonaro, o que acirra o ânimo dos antibolsonaristas. Somente hoje, após a audiência de custódia, é que será determinado o local para onde ele deverá ser recolhido.  

Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo


 

Editorial: Vamos parar de falar em suicídio, senhores?



Todos os dias leio alguma notícia tratando de um eventual desejo de suicídio do ex-Ministro da Justiça do Governo Bolsonaro, Anderson Torres, que se encontra preso, em razão de uma eventual participação nos atos antidemocráticos do dia 08 de janeiro. As informações dão conta de que ele está bastante abatido na prisão, numa profunda crise emocional. Desde o momento em que ele chegou ao Brasil, uma de suas primeiras medidas foi pedir ajuda psicológica. A ideia de suicídio, assim espero, fica por conta dos abutres de plantão, que insistem em tratar dessa questão. 

Um deputado federal que teve autorização para visitá-lo recentemente saiu batendo nessa tecla. 40 senadores assinaram um requerimento para visitá-lo e, possivelmente, voltarão a tratar deste assunto. Assim como os espíritas, esse negócio de suicídio eu nunca entendi muito bem. Entre outras coisas, passamos por este plano terreste para expiar e é preciso aguentar o tranco, inclusive quando somos vítimas das mais escabrosas injustiças. No outro plano, segundo os amigos espíritas, são reservados os piores lugares para aqueles que cometem suicídio. 

Este editot que chegar por lá e ainda reunir condições de acompanhar as aulas espetáculo com Ariano Suassuna, ouvir um Paulo Diniz e coisas assim. Quando esteve aqui em Pernambuco, perseguido por escrever alguns artigos contra  atitudes de setores conservadores da Igreja Católica, o cronista Rubem Braga, segundo dizem, chegou a publicar alguns relatos de suicidas nas páginas do Diário de Pernambuco. Há controvérsias em torno da veracidade do assunto, mas se isso foi realmente verdade,  pode-se imaginar o que isso significou para alguém com a sensibilidade do escritor capixaba.   

Editorial: A questão nevrálgica da reforma agrária no país.



O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, informa que o Governo Lula pretende anunciar em maio um plano de reforma agrária emergencial, depois das "provocações" das últimas invasões de terras promovidas pelo MST. Como se sabe, é praticamente certa a instauração de uma CPI sobre o assunto, encampada, naturalmente, por setores da oposição. O próprio Lula teria afirmado que, desta vez, pretende ampliar tal reforma para além dos limites impostos nos seus primeiros governos. Esta foi uma das grandes reformas que Lula ficou devendo aos brasileitos e brasileiras no seus dois primeiros mandatos.  

A reforma agrária no país não anda porque a nossa elite política e econômica não permite. As alianças políticas celebradas por governos de coalizão, como este, por outro lado, também cria algumas dificuldades para implementá-la e é exatamente isso que impede seus avanços. Lula tem demonstrado grande sensibilidade para o reconhecimento dos direitos dos excluídos e dos povos originários. Até recentemente, reconheceu que os direitos das comunidades remanescentes de quilombos de Alcântara, no Maranhão, foram violados, assim como concedeu a demarcação de seis terras indígenas, em cerimônia na capital federal. 

Se, durante o Governo Bolsonaro, não foi cencedido mais um palmo de terra, com a medida Lula concedeu milhares de hectares aos povos originários. Ocorre que o problema da reforma agrária não é tão simples,numa sociedade como a nossa, forjada nos grandes latifúndios, sob regime de trabalho escravo. Ficamos sempre muito preocupados com esses planos, num país onde a elite já determinou que algumas reformas não podem ser feitas, posto que contrariam seus interesses. Em 1964 a proposta foi abortada através de um golpe de Estado. O pernambucano Marcos Freire morreu junto com toda a cúpula da reforma agrária no país, num acidente aéreo. Outro dia, alguém observou que os maiores especialisas no assunto morreram naquele acidente. Havia uma grande vontade política de espertise para a empreitada naquele momento. Até hoje existem especulações em torno daquele "acidente".  

O Brasil tem algumas coisas curiosoas. Há alguns anos, este editor teve acesso a um opúsculo, onde havia algumas reflexões do sociólogo Gilberto Freyre sobre o assunto, durante os governos da Ditadura Militar, a pedido de Marco Maciel. Aqui para nós. Quem pede a opinião de Gilberto Freyre, um intelectual orgânico, ilustre representante das oligarquias agrárias açucareira nordestina sobre o assunto, não está mesmo interessado em fazer uma reforma agrária de fato. 

sábado, 29 de abril de 2023

Editorial: O ministro- professor Sílvio Almeida



Em recente audiência no Senado Federal, o professor Sílvio Almeida deu duas grandes invertidas em senadores - na realidade um senador e uma senadora - bolsonaristas que tentaram constrangê-lo, ora com perguntas capciosas, ora com perfomances de péssimo gosto, como presenteá-lo com uma minuatura de um feto. Sílvio tem se saido muito bem nesses embates e, se houvesse condições, teria nossa indicação para compor a tropa do governo na CPMI dos atos golpistas de 08 de janeiro. 

Conforme afirmamos ontem, comendo o mingau quente pelas beiradas - o mingau, de fato, é muito quente - o ministro vem se sobressaindo sempre que é convidado para essas audiências. Com uma larga experiência no magistério, Sílvio é daqueles profesores que costumam fazer o dever de casa, daí se entender porque ele nunca é pego desprevenido, levando sempre com ele as anotações que destróem controvérsias. Das próximas vezes deputados e senadores deverão tomar mais cuidados para inquiri-lo. 

Passamos muitos anos no magistério e sabemos o que isso significa. Já se esperava de Sílvio Almeida um excelente trabalho à frente do Ministério dos Direitos Humanos. Em razão do grau de atraso institucional e republicano do país, sempre sujeitos aos solavancos autoritários de ocasião, ele sabe que terá um enorme trabalho pela frente para deixar a casa minimamente em ordem. Já prometeu que irá mexer no vesperio da Lei de Anistia e a retomada da Comissão da Verdade. Vida longa e excelente trabalho ao professor Sílvio Almeida.  

Editorial: A prisão de Brennand e uma reflexão sobre o sistema carcerário brasileiro.



O jornalista Josias de Sousa, um dos mais argutos observadores da cena política brasileira, traz, em sua coluna do UOL, uma reflexão das mais importantes acerca do nosso sistema carcerário, diante da iminente prisão de um representante da família Brennand, que deve estar chegando ao país nas próximas horas. O Brasil possui a segunda maior população carcerária do mundo, ficando abaixo apenas dos Estados Unidos, onde a prisão tornou-se uma indústria, administrada pela iniciativa privada. 

Nosso sistema carcerário é caótico, sob qualquer premissa em questão, a começar por encarcerar apenas pobres, pretos e putas, deixando a elite branca, que pode constituir bons advogados, de fora dessas agruras. Tudo precisa ser repensado em relação ao nosso sistema carcerário, o que significa que os Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos terão um enorme trabalho pela frente. Uma reavaliação que vai desde a legislação até às condições de encarceramento. Outro dado estarrecedor é o percentual de presos analfabetos.   

Até recentemente, estourou uma onda de ataques no Rio Grande do Norte, em razão segundo se informa, de protestos às péssimas condições a que os presos estavam sendo submetidos, onde haveria denúncias de sessões de tortura, comidas estragadas estavam sendo servidas, além dos contágios provocados, possivelmente em relação à tuberculose, um dos grandes problemas sanitários das prisões brasileiras. Aqui em Pernambuco, saiu mais um desses relatórios óbvios ululantes, informando que melhores alojamentos são comercializados em presídios como o Aníbal Bruno, além da existência da figura dos chaveiros, que é quem, de fato, exerce o poder de Estado naquelas penitenciárias, e em outras tantas pelo país, como em Pedrinhas, no Maranhão, por exemplo, onde uma facção do crime organizado mantém as rédeas da situação, fora de controle pelo Estado.   

Em recente audiência, o próprio Ministro dos Direitos Humanos, Sílvio Almeida, informou que havia uma licitação, assinada ainda pelo senhor Anderson Torres, com empresas fornecedoras de refeições, onde um almoço estava sendo cotado a R$ 3,50, daí a queixa dos bolsonaristas golpistas presos na Papuda e na Coméia em relação à qualidade das refeições servidas naquelas unidades prisionais. Por esse preço, não se poderia esperar muita coisa mesmo. 

Com a extinção do instituto da prisão especial para quem tem curso superior, a grande questão que se coloca, discutida pelo jornalista Josias de Sousa, a partir de algumas viaráveis do nosso sistema prisional, é qual seria o destino de Thiago Brennand. Nas prisões comuns, não há charutos, vinhos importados, salas individuais, banheiros privativos e coisas assim... A bem da verdade, não sabemos informar se, sequer, o tal Brennand teria curso superior. Possivelmente a banca irá tentar obter um habeas corpus de imediato. 

Editorial: Militares tinham acesso às joias que ficavam na fazenda do piloto.



Que o ex-piloto é um bolsonatista raiz, ele já deixou isso muito claro. É do tipo radical, daqueles que gostam de esfolar petistas em praça pública. Logo ficaríamos sabendo, igualmente, que ele cumpriu alguns outros papéis no esquema de poder montado pelo bolsonarismo, como o de guardar, em sua fazenda, os presentes recebidos pela Presidência da República, durante o governo de Jair Bolsonaro. Amiúde, comenta-se que são lotes e lotes de presentes, todos devidamente organizados, inclusive alguns estojos de joias, doados pelos Emirados Árabes. 

O que é mais comprometedor nesse enredo nebuloso envolvendo a doação dessas joias é que militares de alta patente ligados ao bolsonarismo tinha acesso a elas, talvez numa perspectiva de protegê-las, dada a sua importância e valor. Pelo andar da carruagem política, vamos precisar de muita morfina e senhas erradas para a turvar a verdade sobre essas joias. Até recentemente uma servidora da Presidência da República, informou que a ex-primeira dama sabia, sim, da existência dessas joias, pois um desses estojos teria sido entregues a ela, em mãos.

As contradições em torno do assunto são enormes, envolvendo ex-presidente, ex-primeira-dama, militares, servidores da Receita Federal e, agora, deve sobrar também para os fiéis depositários. Outro dia um arguto jornalista fez uma pergunta das mais pertinentes: o que levou os príncipes árabes doarem tantos estojos de joias ao governo brasileiro? Eis aqui uma boa pergunta, que poderá ser esclarecida com a elucidação dos fatos que estão sob investigação. Em todo caso, já temos aqui enredo suficiente para mais uma série de mistério de alguma plataforma de streaming.   

Editorial: A deselegância do desconvite da Agrishow



Na terça-feira da próxima semana começa, na cidade de Ribeirão Preto, no Estado de São Paulo, a maior feira de agronegócio do mundo, a Agrishow. No evento deste ano, ocorreu um fato inusitado. Seus organizadores decidiram "desconvidar" o Ministro da Agricultura do Governo Lula, Carlos Fávaro, e convidar o ex-presidente Jair Bolsonaro, possivelmente em razão de sua forte presença junto ao eleitorado ligado ao agronegócio, um dos seus suportes eleitorais. A indicação do senador Carlos Fávaro ao cargo gerou muitas polêmicas à epoca, junto aos setores mais políticos do PT, justamente por ele ser do ramo, um pecuarista.  

Em contrapartida, o Banco do Brasil, em protesto contra a medida, resolveu retirar o patrocínio do evento. Convites e desconvites a parte, o que fica evidente é que os palanques eleitorais ainda nao foram completamente desmontados. Estamos ainda em acampamentos, o que significa que tais indisposições políticas entre bolsonaristas e petistas devem perdurar pelos próximos anos, prometendo mais alguns rounds, como o da CPMI, por exemplo. 

A atitude da Agrishow, mostra, igualmente, que estamos longe de construir padrões de relações republicanas no país. Foi muito deselegante, por parte dos organizadpres, o desconvite ao Ministro da Agricultura, que é o Ministro da Agricultura do país, circunstancialmente, hoje, ocupado por um governo de coalizão petista. O próprio Fávaro entra na cota do PSD, de Gilberto Kassab, um dos homens forte do Governo de Tarcísio de Freitas, que governa o Estado de São Paulo, local do evento. Uma atitude precipitada, infeliz e inconsequente.      

Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo

 


sexta-feira, 28 de abril de 2023

Editorial: Governo reconhece violações de direitos dos quilombolas de Alcântara



Eis aqui uma notícia que não obteve grande repercussão na mídia, mas reveste-se de uma grande importância: O Governo Lula, através do Ministério dos Direitos Humanos, acaba de reconhecer as violações de direitos aos quais foram vítimas as comunidades quilombolas de Alcântara, no Maranhão, quando foram deslocados de suas terras originárias para a construção da Base de Lançamento de Foguetes. Cabe, inclusive, eventuais reparações. 

Conhecemos bem esse drama, uma vez que realizamos alguns trabalhos de pesquisa naquelas comunidades, estabelecendo contatos diretos com os remanescentes de quilombos locais, que tiveram suas vidas e sua cadeia de sobrevivência econômica bastante prejudicadas com as mudanças que tiveram que ser executadas a partir da construção da base de lançamento de foguetes, dentro de terras quilombolas, num terreno que teria sido um cemitério no passado, daí aquele acidente que vitimou toda a cúpula de cientistas brasileiros, que acompanhavam o lançamento de um foguete, segundo as crenças locais. 

Há quem diga que houve sabotagem, o que não seria de todo improvável, quando se sabe, por exemplo, que os cientistas que trabalham no desenvolvimento de uma bomba atômica para o Irã são sumariamrnte executados, alguns deles até junto com suas famílias. A profissão mais perigosa no Irã é ser Físico Nuclear. Mas, vamos deixar essas intrigas internacionais e voltar à nossa aprazível Alcântara, onde este editor, quando esteve por aquelas bandas do Maranhão, teve o privilégio de saborear uma corvina fresca, acompanhada de arroz colorido e um legítimo suco de cupuaçu do amazonas. 

Nas entrevistas que realizamos, seja com os quilombolas, seja com representantes de entidades que defendem os interesses dessas comunidades, só escutamos problemas. Até para o recolhimento do coco babaçu as mulheres locais precisam pedir autorização ao pessoal da Aeronáutica. Ponto para o ministro Sílvio Almeida que, comendo o mingau quente pelas beiradas, vem se transformando num dos nomes mais importantes do Governo Lula. No dia de ontem, durante audiência no Senado Federal, deu uma aula de civilidade  e republicanismo nos senadores oposicionistas que primavam pelo escárnio e pela baixaria. Não se esperava menos dele. 

Charge! Cláudio Mor via Folha de São Paulo

 


quinta-feira, 27 de abril de 2023

Editorial: A "degola" no GSI já começou

Crédito da Foto: Felipe L. Gonçalves\Brasil 247


Não deixa de ser curiosa essa foto onde o atual comandante interino do GSI, Ricardo Cappelli, aparece, tendo por trás, uma porta em vermelho com alguma inscrição. Isso nos fez lembrar de um rumoroso caso de investigação interna, sob a responsabilidade da Polícia Federal, ocorrido numa repartição pública federal sediada em PE, há muitos anos atrás, onde uma porta foi retirada para perícia, pois continha as evidências do "crime". Vocês nem imaginam quais seriam essas "digitais". Não seria bem este o caso, mas, mesmo assim, a foto toma uma ar de algo sinistro.  

O homem de confiança do Ministro da Justiça,  Ricardo Cappelli, como afirmamos antes, age rápido e tem se constituído num coringa para as missões espinhosas que não cessam de ocorrer na capital federal. Ele sabe que, nesses casos, uma assepcia republicana é o melhor remédio a ser aplicado, antes mesmo de se definir as novas medidas a serem aplicadas para recuperar a saúde democrática do paciente. Neste caso, ontém já foi anunciado o afastamento de 26 servidores do órgão, além da destituição de três das quatro representações nos Estados. Não será simples uma solução para o GSI, uma vez que, ao longo do tempo, ele tornou-se imprescindível para se estabelecer o link entre poder civil e poder militar no país. 

Chegamos a compará-lo a uma Casa Militar, no caso dos entes federados estaduais, mas, depois, descobrimos que ele tornou-se ainda mais complexo. O Ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, corroborando com a opinião dos militares, não deseja a sua extinção. Pelo andar da carruagem política, Lula terá que se contentar com a reestruturação do órgão, que, desde 2013, muito antes de Jair Bolsonaro, já se constituía numa temeridade para os governantes de turno, principalmente se tais governantes eram filiados ao Partido dos Trabalhadores.    

Editorial: Um Bolsonaro fora de si no depoimento da Polícia Federal.



Não entendo como esses depoimentos chegam com tanta facilidade à imprensa e às redes sociais, mas não deixa de ser curioso o teor do depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro, concedido à Polícia Federal, no dia de ontem, no curso das investigações sobre os atos golpistas do último dia 08 de janeiro. O que o ex-presidente declarou é que a postagem controversa, divulgada por uma de suas redes sociais, teria sido publicada por engano, num momento em que ele se encontrava sob efeitos de medicamentos. Naquele momento, então, o ex-presidente estaria fora de si, como quem não soubesse o que estava fazendo.  

Há um jornalista que questiona, inclusive, se tal postagem teria sido feita pelo ex-presidente ou por um dos seus filhos. É praticamente certa a convocação do ex-presidente durante os trabalhos da CPMI dos atos antidemocráticos, comissão já devidamente instaurada. Não se sabe como a Polícia Federal e a justiça irá considerar essa sua versão dos fatos, mas, se a mesma versão vier a ser repetida durante uma eventual sessão da CPMI, irá, certamente, produzir muitas polêmicas e barulho. 

Diante de tantos fatos em torno desses atos antidemocráticos, já é possível estabelecer alguns comportamentos dos atores políticos de perfil golpista. Todos eles primam pela "covardia", a "mentira" e a "dissimulação". Um general se recusou a comparecer a uma sessão em Brasília, duranre os trabalhos de uma CPI que apura aqueles fatos no âmbito do Distrito Federal; outros, simplesmente, "sumiram"; um oficial flagrado durante o momento da invasão ao Palácio do Planalto já informou, também em depoimento à PF, que servia água aos baderneiros para acalmar os "ânimos" dos invasores. Por acaso era água com açúcar, como ensinava as nossas avós? A capacidade de dissimulação dessa gente não pode ser subestimada. Estamos aqui já numa grande expectativa de que os trabalhos dessa CPMI sejam logo iniciados, para podermos observar como esses atores se comportam em cadeia nacional.   

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 26 de abril de 2023

Editorial: O time já está escalado para a CPMI dos atos antidemocráticos de 08 de janeiro. A briga vai ser feia.




Não consideramos de bom alvitre se colocar, de um lado, o Deputado Federal André Janones, do outro, Eduardo ou Flávio Bolsonaro, mas parece que é isso que está se desenhando, a priori, na definição dos nomes que deverão compor a CPMI dos atos antidemocráticos de 08 de janeiro - preferimos o termo atos golpistas, embora o antidemocrático tenha se tornado mais convencional entre os órgãos de imprensa. Pelo andar da carruagem política, a briga vai ser feia entre oposição e governo, conforme já se previa. 

Em princípio, os nomes já estão escalados, dependendo apenas de alguns ajustes finais. André Janones pode ceder para o Deputado Federal Lindbergh Farias, o que não mudaria muito em termos de estilo e indisposição com os bolsonaristas. Pelo Senado Federal, os nomes do governo são os mesmos da CPI da Covid-19. Omar Aziz, Humberto Costa, Renan Calheiros e Randolfe Rodrigres. Um time de primeira, a julgar pelos trabalhos da CPI da Covid-19. André Fernandes, do PL, autor do requerimento, terá seus espaço na comissão, assim como o Delegado Ramagem, do PL do Rio de Janeiro. 

Alguém estava se perguntando sobre qual o real papel dessas comissões, uma vez que a CPI da Covid-19 não deu em nada. "Nada" é um termo muito forte, mas, de fato, muitos atores poderiam estar hoje encrencado com o relatório final daquela comissão. Os trabalhos foram bem feitos, muitos fatos nebulosos foram revelados, mas este país, infelizmente, como diria o poeta, é o país do tapinha nas costas, da morosidade da justiça, dos "engavetamentos" e outros artifícios sem fim. Os senadores cumpriram, com denodo, a sua missão, liderados pelo grande Omar Aziz.  

Charge! Leandro Assis e Triscila Oliveira via Folha de São Paulo

 


Editorial: Bolsonaro será ouvido pela Polícia Federal



O ex-presidente Jair Bolsonaro, devidamente orientado pelos seus advogados, deverá estar prestando depoimento à Polícia Federal, no curso das investigações sobre os atos antidemocráticos do último dia 08 de janeiro. Ou vai usar a prerrogativa de ficar calado, ou repetirá respostas evasivas sobre o assunto. Hoje começam os trabalhos para dar o ponta pé inicial na CPMI dos atos antidemocráticos, que também deverá ouvi-lo. Dependendo do perfil do "convite", também ali, na comissão, ele poderá usar da prerrogativa de ficar calado. Sua convocação vai depender muito dos arranjos do poder interno da comissão. 

Muitas pessoas deixaram de ser ouvidas durante os trabalhos da CPM da Covid-19, em função dessas injunções. Os requerimentos precisam serem aprovados e, aqui, a microfísica do poder entra em campo, estabelecendo suas clivagens, consoante os interesses hegemônicos em jogo. Esse é um dos motivos pelos quais o governo se preocupa tanto, ou seja, ver seus ministros expostos à execração pública, ao massacre da tropa de choque da oposição. Lula já teria problemas demais para se preocupar, inclusive votações importantes, que poderão ser retardadas em razão dos trabalhos da comissão. 

O torniquete autoritário aplicado às nossas instituições democráticas vem desde 2013, no curso tomado pelas mobilizações estudantis que ficariam conhecidas como as "Jornadas de Junho'. Alguns analistas sugerem que tais jornadas nunca foram "inocentes". Outros preferem apostar na premissa de que essas jornadas foram controladas pela extrema-direita a partir de um determinado momento. O curioso é que os golpistas são corajosos apenas para articularem e promoverem golpes. Não possuem a mesma coragem para assumi-los, quando algo não ocorre conforme as suas previsões. Parece-nos não haver contradição entre ser covarde e golpista.   

terça-feira, 25 de abril de 2023

O xadrez político das eleições municipais de 2024 no Recife: João Campos se movimenta, mas de olho em 2026.



Este é o primeiro texto tratando das eleições municipais de 2024, na capital pernambucana, com quase dois anos de antecedência. Os fatos politicos, no entanto, nos conduzem a este debate, a rigor, prematuro, mas imposto pelos arranjos em andamento, antecipando-se, inclusive, às eleições estaduais de 2026, para o Governo do Estado de Pernambuco. O prefeito João Campos(PSB-PE) tem aparecido sempre na mídia, sorridente, ora inaugurando obras na capital, ora se articulando nos corredores de Brasília, à procura de recursos para o município. Empreitada bem-sucedida, uma vez que conseguiu arrancar 2 bilhões de reais no último périplo, em conversas de pé de ouvido com os senadores. É curioso este fato, mas, a rigor, João estaria mais preocupado com as eleições de 2026, sendo estratégico, neste projeto, a sua reeleição como prefeito da capital pernambucana, em 2024.  

Todos conhecem o projeto da família Campos de transformá-lo em governador, como legítimo herdeiro do espólio político deixado pelo pai, o ex-governador Eduardo Campos. Depois das últimas refregas políticas, o PSB tenta reunir os cacos, mas, possivelmente, de preferência aqueles cacos que ficaram do lado direito da sala. Os quadros mais à esquerda, por inúmeras razões, estão perdendo espaço na agremiação. Este processo de decomposição ideológica do partido já ocorre há décadas, não sendo, portanto, algo recente.  

Quando tem uma oportunidade, a Marília Arraes(Solidariedade) bate forte no Governo de Raquel Lyra(PSDB-PE), que a derrotou nas últimas eleições estaduais. Por enquanto, sua briga é com Raquel e não com João Campos. Supõe-se que, antes de se preocupar com as eleições municipais de 2024, a neta do Dr. Arraes precisa mesmo é se arranjar nessa engenharia institucinal que o Governo Lula está montando, onde há espaço até para bolsonaristas e ex-bolsonaristas recém-convertidos. E, por falar em ex-bolsonaristas, aqui em Pernambuco há um desses arranjos em curso, envolvendo o ex-senador Fernando Bezerra Coelho, de olho, quem sabe, numa vaga para o Senado Federal, numa chapa encabeçada pelo atural prefeito do Recife, em 2026. 

É o capital político, meu filho. O grupo Coelho, possui o seu naco, independentemente de quem esteja ocupando o Palácio do Planalto. A revista Veja traz um matéria sobre uma pesquisa do Instituto Paraná, apontando que, no momento, João Campos larga bem para a disputa municipal de 2024, com 36,6% de preferência junto ao eleitorado recifense. Marília aparece com 14,5%. João Paulo, do PT, é o unico que desponta com 9,8%, numa situação que já se complica para o partido em cinco capitais importantes do país. 

O Palácio do Campo das Princesas, com novos inquilinos, também prepara algum nome para a disputa, possivelmente a vice-governadora, Priscila Krause. O bolsonarismo e o "ferreirismo" também afiam suas garras, dispostos a indicarem alguém para a disputa municipal de 2024. Há rumores indicando que o bolsonarismo pretende jogar pesado nessas eleições municipais, como suporte das disputas presidenciais vindouras, em 2026. Pernambuco é um estado que se notabiliza pelo familismo amoral, sendo sempre aconselhável a identificação desses troncos familiares. Aqui na província, "ferreirismo" e "bolsonarismo" se confundiam. Hoje, não mais.    

Editorial: A tropa de choque bolsonarista na CPMI dos atos golpistas de 08 de janeiro.



Muita coisa ainda deverá ser revelada sobre os atos golpistas de 08 de janeiro. A CPMI do Golpe - como está se convencionando denominá-la - poderá ajudar bastante neste sentido. O governo Lula pretende manter controle sobre os principais cargos da comissão mista, mas a briga é feia, uma vez que a iniciativa de criá-la partiu da oposição, que está com as garras afiadas no sentido de manter um certo controle sobre o seu andamento. Segundo a imprensa vem noticiando, já existe até mesmo uma tropa de choque escalada pela oposição, composta pelos irmãos Bolsonaro. O Flávio Bolsonaro e o Eduardo Bolsonaro, representando as duas casas legislativa. 

Como diira o velho Ulisses Guimarães, do alto de sua experiência política, uma CPMI a gente sabe como começa, mas não sabe como termina. Sobretudo diante desses ânimos acirradíssimos entre situação e oposição. No dia de ontem, o Jornal Nacional exibiu mais algumas imagens sobre o que ocorreu no dia 08 de janeiro, onde o hoje Ministro da Justiça, Flávio Dino, aparece num momento de tensão e possível aborrecimento com o Ministro da Defesa, José Múcio Monteiro. Não dá para saber o teor do diálogo entre ambos, tampouco os motivos do aborrecimento, o que seria até natural diante de tais circunstâncias. Este editor já preparou sua lista de convidados para serem ouvidos durante as sessões da CPMI e espera não se decepcionar. 

Em entrevista concedida no dia de ontem, o senador Hamilton Mourão considerou desnecessário o convite ao ex-presidente Jair Bolsonaro para comparecer àquela comissão. Não concordamos com ele. Muita gente, inclusive de alta patente, precisa ser ouvida durante os trabalhos da comissão, que promete ser mais tumultuada do que a CPI da Covid-19, em razão da corda esticada entre governo e oposição. Vamos precisar de muitos bombeiros durante os trabalhos. 

  

Editorial: O drama de Anderson Torres.



Não tenhamos dúvidas sobre o fato de termos descidos alguns degraus na escala civilizatória nos últmos anos. A pregação do ódio, embalado pelas plataformas políticas fascistas, contribuiu muito para isso. Em nenhum outro momento de nossa história foram registrados, por exemplo, tantos ataques às unidades escolares, quase sempre com vítimas fatais, como este último ocorrido na cidade de Blumenau, em Santa Catarina. Trata-se de mais um problema com o qual o Governo Lula terá que lidar.

Por isso, não nos causa estranheza acompanhar tanta "insensibilidade" em relação ao drama vivido pelo ex-ministro da Justiça do Governo Bolsonaro, Anderson Torres. Seus problemas de saúde estão se agravando sensivelmente, sobretudo depois que ficou evidenciado maiores suspeição do ex-ministro em atitudes que não se coadunavam com o trânsito normal das últimas eleições presidenciais. Prisão não faz bem a ninguém, principalmente para um investigador, policial, delegado da Polícia Federal, pai de família. Sua saúde mental está bastante abalada. Sua mãe voltou a ter problemas de saúde, seus filhos estão sem poder frequentar a escola. Não há psicológico que resista a tamanha pressão. 

Há quem diga que ele está no limite de entregar o jogo, dar detalhes das tessituras da trama golpista do dia 08 de janeiro. Talvez seja exatamente isso o que se espera dele, ao se prorrogar a sua prisão. Sua defesa irá recorrer ao planário da Suprema Corte, mas é pouco provável que a decisão seja revertida. Anderson Torres torna-se um forte candidato a ser convidado para depor na CPMI do Golpe, prestes a ser instaurada. Pensamos qua a inimizade política deva ser deixada de lado, evitando se fazer chacotas ou preferir gracinhas, zombando da situação do ex-ministro da Justiça. Independentemente de qualquer injunção política que esteja por trás.      

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 24 de abril de 2023

Editorial: A lealdade do governo ao general Gonçalves Dias.


Ontem escrevemos três editoriais tratando do dia 08 de janeiro. Nenhum deles publicados, por uma questão de prudência. Nesses tempos bicudos - que algumas pessoas acompanham como se estivéssemos na maior normalidade - convém tomar as precauções necessárias. Hoje circula a notícia de que alguns oficiais do GSI, flagrados durante o dia 08 de janeiro, depois das imagens divulgadas pela CCN, teriam acompanhado o ex-presidente Jair Bolsonaro em suas motociatas, numa evidência clara de uma identidade com o bolsonarismo. Nada que já não se soubesse, pois o GSI era controlado por pessoas da estrita confiança do ex-presidente. 

Diferentemente de Lula, que aceita, de bom alvitre, bolsonaristas recém-convertidos em seu governo, Bolsonaro nos pareceu ser mais reticente a aceitar petistas em sua gestão. Principalmente num órgão nevrálgico como o GSI. Já estamos preparando a pipoca para acompanhar os depoimentos dos convocados pelo CPMI do Golpe. Tais depoimentos talvez nos ajudem a desanuviar as nuvens cinzentas que pairam sobre aqueles episódios. Pelo andar da carruagem política, o governo sugere estar tentando criar um escudo de proteção ao general Gonçalves Dias, fiel escudeiro de Lula. 

Vender o sofá, neste caso, parece que será a solução adotada para minimizar as mágoas do litígio de uma eventual traição. A linha adotada pelo governo segue no sentido de apontar as responsabilidade dos generais golpistas ligados ao bolsonarismo, que, aliás, encontram-se sumidos, recolhidos aos seus aposentos. É quase certo, no entanto, que eles não ficarão de fora de uma convocação da CPMI do golpe.   

Charge! João Montanaro via Folha de São Paulo

 


sábado, 22 de abril de 2023

Editorial: A lista de quem vai para o inferno.



Esses maniqueísmos são sempre muito complicados. Portanto, decidir quem vai para o céu e quem vai para o inferno, naturalmente, não é uma tarefa muito simples. Um colega, simpático ao espiritismo, já vaticionu o local para onde devemos ir no outro plano. Sempre informo que, apesar dos pesares da instabilidade institucional que enfrentamos neste momento conturbado no país, por enquanto, não temos planos de deixar esse plano, com o perdão do trocadilho. Sentiria falta da castanha de caju caseira, aquela assada no fogaréu; das mangas espadas e rosas peito de moça; dos sucos de araçá e das tanajuras em suas épocas de revoadas. Poderia melhorar meu "ranqueamento", segundo ele, a condição de perdoar meus inimigos, mas aqui entramos num grande problema.

Como perdoar esses bolsonaristas radicais, sem pudores republicanos ou democráticos, afeitos a destruírem reputações ao disseminarem fake news, um dos seus principais recursos políticos? Esses comentários vem a propósito de uma lista que anda circulando pelas redes sociais, elaborada por um conhecido pastor evangélico, vinculado ao bolsonarismo, onde ele aponta as personalidades brasileiras que iriam arder no fogo do inferno, entre as quais um ministro do Supremo Tribunal Federal. 

Nos escaninhos da política, também circula os rumores de que ele poderia vir a ser preso nas próximas horas. Não por condenar um ministro da Suprema Corte ao inferno, mas, por suas pregações antidemocráticas, questionando, ainda, os resultados das últimas eleições presidenciais. Se considerarmos as condições atuais do sistema carcerário brasileiro - onde nem mesmo o diploma de curso superior hoje assegura uma acomodação minimamente melhor - quem corre um sério risco de conhecer o inferno antes de passar para o outro plano é o conhecido pastor.  

Editorial: O intrincado xadrez da composição da CPMI dos atos golpistas.




A revista dos livros, Quatro-Cinco-Um, traz, neste mês, uma importante matéria com o escritor baiano, Itamar Vieira Júnior, autor do best-seller Torto Arado. Itamar está lançando um outro romance, daí as expectativas em torno do assunto. Que inveja do Itamar! Não pelo sucesso do livro Torto Arado, romance que foi amadurecido por exatos 22 anos, constituindo-se num primor de narrativa, merecedora de prêmios como o LeYa, O Oceanos e o Jabuti. Aos 18 anos, Itamar escrevu 80 páginas do livro, somente retomando sua escrita 22 anos depois, a partir de sua experiência com comunidades quilombolas, de assentados, em razão de seu trabalho no INCRA. 

A inveja que sentimos de Itamar é que, diante desse turbilhão de instabilidade institucional que estamos enfrentando no país, ele se encontra na região do Recôncavo Baiano, mais precisamente em Cachoeira, curtindo as margens do Rio Paraguaçu, possivelmente cenário do seu novo romance. Estivemos por lá num momento em que realizávamos uma pesquisa sobre educação e relações étnico-raciais, conhecendo os Rodas de Coco, a Irmandade da Boa Morte, entre outras entidades. E, naturalmente, tomando um suco de genipapo nas horas livres. Segundo Itamar, o recôncavo é um grande quilombo. Não duvido que ele tenha razão.  

Mas, a nossa realidade é outra. Vamos voltar aos bastidores da política, em Brasília. O governo tem motivos para se preocupar com o andamento dessa comissão sobre os atos golpistas de 08 de janeiro, qualquer que seja a motivação. A começar pelo travamento que ela impõe sobre andamento de decisões importantes, que precisam serem votadas no Legislativo. Diante de sua inevitabilidade, o governo procura, agora, manter um estrito controle sobre a mesma, articulando a hegemonia sobre os principais cargos, o de presidência e relatoria, o que, convenhamos, não deve conseguir.  

Charge! Jaan Galvão via Folha de São Paulo

 


sexta-feira, 21 de abril de 2023

Editorial: Não seria tão simples a extinção do GSI



 A devassa já começou a ocorrer no Gabinete de Segurança Institucional. Ricardo Cappelli, o dirigente interino do órgão, costuma ser cirúrgico em suas ações. Já teria encaminhado ao STF, conforme solicitado, o nome de todos os agentes do órgão que teriam sido flagrados nas dependências do Palácio do Planalto no dia 08 de janeiro, quando houve uma tentativa frustrada de golpe contra as nossas instituições democráticas. Valtamos a afirmar por aqui que essa relação de Lula com os militares está muito distante ainda de uma solução. 

A extinção do GSI, por outro lado, pode agravar ainda mais essas indisposições entre poder civil e poder militar no país, uma vez que cumpre a este órgao fazer a ponte entre as autoridades civis e os militares. Seria uma "Casa Militar", quando comparada às unidades federativas estaduais. Segundo informa a coluna do jornalista Cláudio Humberto, a ordem de Lula para Cappelli foi no sentido de afastar todos os bolsonaristas do órgão. Lula até tem sido tolerante com bolsonaristas, guardadas, naturalmente, as excepcionalidades. Esta é um delas. 

Se é complicado a pura e simples extinção do órgão, por outro lado, manter conspiradores por perto, igualmente, não seria de bom alvitre. Esta CPMI sobre os atos golpistas de 08 de janeiro, como já afirmamos antes, poderá passar muita coisa a limpo. Há alguns exageros, como a tese da oposição de que haviam petistas infiltrados naquelas mobilizações. Por outro lado, vamos ficar sabendo até que ponto o atual governo foi informado acerca daqueles atos. Não se entende como o GSI do Lula pretendia adotar os mesmos procedimentos do GSI de Bolsonaro, no sentido de sonegar infomações ao público.   

quinta-feira, 20 de abril de 2023

Editorial: Ricardo Cappelli assume interinamente o GSI. Do Lula ou do Bolsonaro?

 


Nesse episódio todo, fica patente que o GSI, infelizmente, não estava atuando de forma republicana, como um órgão de Estado. Uma outra questão, levantada pela jornalista Miriam Leitão, é que se torna cada vez mais pertinente uma investigação exaustiva sobre o real papel desempenhado pelos militares na tentativa de golpe do último dia 08 de janeiro. Convém esclarecer, no entanto, que, apesar da leniência do general, todos os outros membros daquele órgão ainda teriam sido indicados pelo gereral Augusto Heleno, homem de confiança do ex-presidente Jair Bolsonaro. Inclusive um tenente-coronel que aparece servido cafezinho aos baderneiros durante a invasão do Palácio do Planalto. Este já teria sido revoncovado a prestar novos depoimentos. 

Ricardo Cappelli, homem da estrita confiança do Ministro da Justiça, Flávio Dino, assume interinamente o GSI. Téra uma missão hercúlea pela frente, no sentido de promover uma assepcia republicana naquela órgão, atingido por uma metástase de caráter golpista. talvez seja o caso de desenganá-lo, reestruturando toda essa área de segurança e inteligência de estado, onde o bolsonarismo plantou raízes profundas. Como já afirmamos por aqui em outros momentos, esses órgãos militares e policiais foram sensivelmente atingidos pelo bolsonarismo. Já existia uma "esponja" natural, que acabou sendo umedecido durante o período. Alguma coisa está muito errado num país, onde nos permitimos usar as expressões GSI do Lula ou do Bolsonaro.

Cappelli tem um ótimo currículo e, até recentemente, realizou um excelente trabalho como interventor da Segurança Pública do Distrito Federal. Assume o cargo com mais uma missão espinhosa pela frente, na iminência de abertura de uma CPMI sobre os atos golpistas, que tende a paralisar o Governo Lula logo no seu início, com votações importantíssimas pela frente. Por outro lado, não há mais como segurá-la e o próprio governo já admitite que a sua instauração é irreversível. Pacheco já anunciou que, na próxima semana, sua votação entra na ordem do dia. 

  

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


Editorial: Corvil de conspiradores contra a democracia.



A CPMI sobre os atos golpistas de 08 de janeiro chegou a um estágio onde não existe mais a possibilidade de recuo. Senhas de telefones celulares de um dos conspiradores presos foram liberadas e as conversas são sensivelmente comprometedoras, envolvendo atores políticos importantes, sobre os quais não se sabia a sua real participação naqueles episódios do dia 08 de janeiro. Imagens de câmaras do Palácio do Planalto, que estão circulando nas redes sociais, evidenciam fatos ainda mais comprometedores, como a presença do general, comandante do GSI, orientando os golpistas de turno, com direito a água mineral e cafezinho. Entende-se, agora, porque, contraditoriamente às críticas ao GSI bolsonarista, o Governo Lula também objetivava manter sigilo sobre essas imagens. 

Em princípio, já se confirma uma tese,a de que Lula, como ele insinou em entrevista logo após aqueles episódios, tinha informaçoes ou suposições corretas sobre a hipótese de portas escancaradas para os baderneiros fazerem a festa. Essas revelações históricas sao importantíssimas. Ajudam a esclarecer e até mesmo a recontar alguns episódios históricos. Há alguns anos atrás, o brasilianista Kenneth Maxwell, produziu um excelente trabalho sobre a Inconfidência Mineira. Numa pesquisa exaustiva, sobretudo nos autos da devassa, com acesso aos depoimentos e motivações da condenação dos inconfidentes. O historiador americano acabou atenuando as narrativas nativistas em torno do assunto, evidenciando que os inconfidentes, na realidade, eram pessoas de classe média com fábulas de dívidas junto à Coroa Portuguesa. A traição de Silvério dos Reis, por sua vez, teve muito a ver com as negociações em torno do perdão de dívidas concedidos pela Coroa. 

Aqui em Pernambuco, igualmente, o grande historiador Evaldo Cabral de Mello, um dos maiores estudidioso do período de ocupação holandeses do Nordeste, não desconhece as renhidas e patrióticas batalhas travadas entre os portugueses e brasileiros contra os soldados da WIC (Companhia das Índias Ocidentais), no curso da Insurreição Pernambucana, mas observa, como tela de fundo, uma ampla negociação entre portugueses e holandeses, onde os lusitanos "indenizaram' os holandesses para que eles se afastassem das exploração da província. 

Uma CPMI sobre os atos do dia 08 de janeiro também poderia produzir este propósito, ou seja, trazer à luz alguns fatos ainda desconhecidos. Há, igualmente, a necessidade urgente de se fazer uma ampla reavialiação do papel exercido por este Gabinete de Segurança Institucional. Se analisarmos bem, esses problemas antecedem, até, o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Nos Estados Unidos, considerado um modelo de democracia liberal, as informações que vazaram do FBI, através do "Garganta Profunda", derrubaram o presidente Richard Nixon.     

quarta-feira, 19 de abril de 2023

Editorial: Uma CPMI para investigar os atos golpistas de 08 de janeiro.



A oposição já percebeu que o Governo Lula foge como o diabo de uma CPMI sobre os atos golpistas de 08 de janeiro. E, naturalmente, jogo toda a sua carga no sentido de viabilizá-la. O pára-choque do PT, neste momento, tem sido o Presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, que, aliado de Lula, não permite que a proposta seja apreciada e votada, apesar de já cumprir alguns requisitos primários, como o número de assinaturas necessárias. A oposição promete esgotar todos os recursos jurídicos disponíveis para criar essa CPMI. A queda de braço é boa, mas a nossa impressão que essa CPMI vai acabar saindo, a despeito da resistência do Governo e da resiliência de Rodrigo Pacheco. 

Conversas de celular apreendido e sob investigação estão revelando alguns dados comprometedores sobre aqueles atos, envolvendo altas autoridades da república. Ontem, em prosseguimento à Operação Lesa-Pátria, a Polícia Federal efetuou a prisão de alguns peixes graúdos, gente de alta patente, envolvida até a medula com as articulações golpistas do dia 08 de janeiro. Uma CPMI no início de um mandato não seria bom para nenhum governante. Os problemas pululam (desculpem o trocadilho!) por todos os lados. O Governo Lula está tendo de dar explicações até mesmo sobre a compra um de um sofá e de uma cama para o casal presidencial. O governo argumento que muitos móveis simplesmente sumiram do Palácio do Planalto. Mesmo se esses móveis estivessam lá, a impressão que temos que Lula mandaria fazer a substituição. A inhaca deixada, como diria Gilberto Freyre, não seria das melhores, indicadoras de  presságios ruins. 

Por sua formação, trata-se de uma CPMI contra o Governo Lula, ou seja, é certo que a oposição seria hegemônica no seu controle, criando muito embaraços para os governistas.  Só Deus sabe como isso poderia terminar, a julgar pela disposição da oposição, quando algumas autoridades do governo é ouvida, por exemplo, na Câmara dos Deputados, como ocorreu com o Ministro da Justiça Flávio Dino. É somente isso o que o Governo teme?      

Charge! Leandro Assis e Triscila Oliveira via Folha de São Paulo

 


quinta-feira, 13 de abril de 2023

Editorial: Os vergonhosos valores pagos por refeição aos presos de Brasília



O Ministro dos Direitos Humanos, Sílvio Almeida, esteve recentemente em audiência na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, da Câmara dos Deputados. Desta vez, os deputados que compõem aquela comissão foram mais urbanos e civilizados com o convidado, a julgar pelo fato de que o ministro chegou a ser ouvido, dentro de um clima de normalidade. O Ministro da Justiça, Flávio Dino, não teve a mesma sorte, precisando encerrar a audiência antes do previsto, em razão do clima de animosidade instaurado. 

Como já comentamos por aqui, somos uma sociedade forjada no açoite, no infringir castigos. O relho e o pelourinho constituem-se em verdadeiras taras para alguns brasileiros e brasileiras. Até recentemente, uma cidadã branca, andou agredindo um jovem negro trabalhador, de uma dessas empresas de entregas, de chicote em punho, em cenas divulgadas para todo o país. O bolsonarismo apenas despertou o monstro que existe em parcelas de nossa sociedade. A origem do bolsonarismo, a bem da verdade, não é algo recente. Está entre nós desde 1500. 

Na década de trinta do século passado a cidade de Blumenau, em Santa Catarina, possuía a maior sede de um partido nazista fora da Alemanha. Numa sociedade com tais características, não há de se surpreender com uma cultura do encarceramento. Já somos a sociedade que mais encarcera no mundo, perdendo apenas para os Estado Unidos, onde tal precedimento tornou-se um negócio industrial, como denuncia a ativista negra Angela Davis, que também chegou a amargar prisão naquele país. 

Como bolsonarista que se preze não perde a viagem, um deles questionou o ministro sobre a qualidade das refeições servidas na prisão da Papuda, em Brasília, aos presos durante os episódios antidemocráticos de 08 de janeiro. O minstro leu uma planilha com valores vergonhosos, onde uma refeição estava orçada em R$ 0,90 e um almoço R$ 3,50. Licitação assinada pelo ex-ministro Anderson Torres, um (ex)bolsonarista de carterinha, hoje encrencado depois daqueles episódios.  

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 12 de abril de 2023

LIVRO: LULA: UMA NO CRAVO, OUTRA NA FERRADURA.

Crédito da foto: Ricardo Stuckert

 


Este livro-reportagem não esgota, naturalmente, todos aspectos das eleições presidenciais passadas. Tampouco incorpora todas as nossas reflexões acerca do tema, refletidas através das inúmeras postagens, aqui publicadas em 2022, tratando deste assunto. Por outro lado, consegue trazer ao público leitor um panorama do que foram aquelas eleições, assim como a sua importância para o nosso processo democrático. 

Embora as análises dos institutos e dos cientistas políticos se concentrassem, sobretudo, nas duas variáveis que definem uma reeleição – o bolso do eleitor e o seu humor sobre a avaliação do inquilino presidencial de turno – houve, sim, um caráter plebiscitário em jogo nessas últimas eleições presidenciais, onde os rumos de nossa democracia, de saúde já então debilitada, ganharia mais uma chance ou uma sobrevida com a eleição do candidato do PT, de Luiz Inácio Lula da Silva. 

Havia um retrocesso antidemocrático e anticivilizatório em curso, que, felizmente, temporariamente foi interrompido. Uma vitória da civilização contra a barbárie, embora precisemos ficar de olhos bem atentos, uma vez que as vinhas da ira foram plantadas e continuam florescendo, como neste último atentado bárbaro ocorrido em Blumenau, Santa Catarina, onde quatro inocentes crianças foram mortas, num ato de selvageria. 

Embora Lula tenha vencido as eleições, o Brasil continua sendo um laboratório de experimentos macabros da extrema-direita, na avaliação do sociólogo português, Boaventura de Sousa Santos. A informação histórica nos traz alguns dados importantes para entendermos a realidade. Não deixa de ser emblemática essas ocorrências frequentes na região Sul do país. Na década de 30 do século passado, a cidade de Blumenau, em Santa Catarina, abrigava a sede do maior partido nazista fora da Alemanha. 

É possível que a sequência dos temas abordados neste trabalho não siga uma ordem cronológica de todos os fatos importantes que estiveram envolvidos no jogo da disputa eleitoral daquelas eleições. Alguns temas, inclusive, podem ter assumido um status de relevância maior do que outros, consoante os nossos critérios, o que não quer dizer que sejam coincidentes com os critérios dos leitores e leitoras do texto. 

Chamamos a atenção dos leitores e leitoras sobre a discussão em torno do voto evangélico e como o Partido dos Trabalhadores se comportou em relação ao assunto. Na realidade, o partido acabou perdendo o norte, não construindo ou não implementando uma estratégia específica para conquistar esse nicho do eleitorado. Ao longo de sua existência, configurando-se aqui um processo de oligarquização, o PT acabou perdendo algumas premissas inciais, como a relação orgânica com alguns grupos sociais, entre os quais os evangélicos. 

Preocupado com o rumo de nossa incipiente experiência democrática e ancorado nas reflexões sobre o assunto produzidas pelo cientista político polonês Adam Przeworski, entramos na seara de um “cálculo da democracia”, ou seja, quais os índices ou escores econômicos e políticos que determinam a consolidação ou o desmoronamento de um regime democrático? Przeworski é hoje um dos mais respeitados intelectuais na abordagem do deste tema. 

Igualmente ancorado em Przeworski, trazemos uma discussão das mais importantes sobre os determinantes do voto. Como a condição social\política\econômica do eleitor o induz a votar neste ou naquele candidato? Reflexão das mais consequentes - talvez merecedora de um aprofundamento - é uma observação comparativa – longe de se constituir num estudo – da situação latino-americana no que concerne à instabilidade dos regimes democráticos, considerando países como o Chile, o Peru e o Brasil. 

Interessante observar o elenco de manobras institucionais possíveis que os atores de oposição poderão utilizar contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a partir do parlamento. Como o leitor e a leitora atenta já deve ter observado, à medida em que Lula cede às pressões do Centrão, amplia-se o fosso com a base mais identificada ou ideologicamente orientada do partido. Uma dirigente da legenda já andou tratando o assunto como um estelionato eleitoral. 

Não é fácil conduzir uma governabilidade sob(re) as águas turvas de um presidencialismo de coalizão. O título do livro-reportagem traduz bem a situação vivida pelo nosso presidente Lula. Num dia, precisa engolir sapos e manter seu ministro das comunicações para não prejudicar suas negociações com o União Brasil. No outro, acena com a brasa para sardinha dos mais humildes, anunciando o aumento dos valores da merenda escolar. O livro, em formato digital, pode ser adquirido por aqui, diretamente com o autor, ao valor de R$20,00, através da chave PIX jluizpesquisas8@gmail.com. Enviar comprovante, com e-mail para o recebimento do arquivo, para o ZAP 81986844557.       

 

Editorial: O circo dos horrores na Comissão de Constituição e Justiça.



Existem alguns setores da imprensa que não conseguem disfarçar sua torcida contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Um deles, insatisfeito pela comparação esdrúxula entre petismo e bolsonarismo, agora se detém na aquisição de uma cama para o casal presidencial. Era preciso deixar claro aos editorialistas daquele jornal que a cama foi adquirida para o inquilino de turno do Palácio do Planalto, que, neste momento, é o senhor Luiz Inácio Lula da Silva. Por ocasião dos cem dias de governo, um outro anunciou que o Governo Lula havia envelhecido precocimente. 

Ontem, o Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, enfrentaria um dia de cão, em audiência na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados. A sessão precisou ser interrompida, depois do tumulto causado por deputados bolsonaristas radicais. Faltou civilidade, falotu decoro, faltou respeito ao regimento, faltou responsabilidade com o trabalhos daquela comissão e, por consequência, com a própria Câmara dos Deputados. Havia uma claque de bolsonaristas não dispota a debater os problemas do país, mas a colocar o convidado numa situação clara de constrangimento. De pouco adiantaram seus apelas republicanos, tendo que lidar com um segmento que não argumenta, deseja apenas achincalhar e impor sua vontade sobre o outro. 

Além de ofendido, Dino se sentiu ameaçado, informando que, em tais condições, repensaria a observância de uma nova convocação. Não será fácil a sua gestão à frente daquele ministério. Ele terá um enorme trabalho pela frente, sobretudo no sentido de revogar as irresponsabilidades do governo anterior. Os gargalos são enormes. Um deles é o sistema prisional, sob constante tensão em todo o território nacional. Mais do que um exemplo de má educação, os episódios de ontem dão uma indicação clara sobre o que o Governo Lula deverá enfrentar daqui para frente. Fica evidente o tipo de oposição que essa gente deseja fazer.