pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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sábado, 7 de março de 2015

Zé Dirceu, sobre Levy: "Nada de reformas que afetem o andar de cima"


publicado em 06 de março de 2015 às 17:24
Levy
O ministro e sua lógica
06 mar 2015
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, experiente e obstinado, traça com sua régua a linha de mudanças que levará o Brasil, segundo ele, a recuperar a confiança dos mercados. Repete, assim,  um mantra do mercado e do candidato tucano a Presidência da República na campanha do ano passado, senador Aécio Neves (PSDB-MG).
Ele expõe essa sua linha e fala sobre ela numa entrevista publicada hoje na Folha de S.Paulo. Sua receita é antiga e segundo ele funciona:  corte de gastos, aumento de juros do BNDES e da taxa Selic com um consequente aumento brutal dos juros ao consumidor, no crediário e para os cliente dos bancos, do cartão de crédito e do cheque especial.
Sua receita tem mais: uma redução drástica da renúncia fiscal, correção dos preços dos combustíveis e da energia, aumento dos impostos CIDE e PIS-COFINS, redução dos gastos com seguro desemprego, abono salarial e pensão por morte. Mais, aumento das alíquotas da contribuição previdenciária por faturamento (ou opção pelos 20% da folha de pagamento); aumento do – IOF – Imposto sobre Operações Financeiras, do imposto de importação e  redução da alíquota do REINTEGRA (programa também relacionado à exportações).
Como vemos um pacote e tanto! Nada de uma maior progressividade do imposto de renda das pessoas físicas, nada de um imposto financeiro ao exemplo da CPMF, nada de taxação sobre as fortunas, heranças e doações, nada de imposto sobre o rentismo…Pelo contrário juros de 12,75% na Selic  conforme a elevação decidida esta semana pelo Banco Central (BC). Aumento determinado mesmo com a inflação em queda e numa economia em recessão ou com crescimento menor que 1%.
Um pacote e tanto! Mas que não responde às perguntas da nação
Seu roteiro, ou pacote, propõe aumento de impostos, sim, mas não sobre o patrimônio e a riqueza, não sobre a renda financeira ou os lucros extraordinários do capital financeiro. E nada de reformas ou mudanças que afetem o andar de cima.
A conta fica mesmo para o andar de baixo, seja nos cortes do orçamento, que afetam programas na educação (como o FIES e o PRONATEC), o  Minha Casa Minha Vida e a saúde, seja nas mudanças – ainda que algumas necessárias – no seguro desemprego, no abono salarial e nas pensões por morte.
Com a queda da demanda, do crédito e dos investimentos, teremos um crescimento econômico e arrecadação menores, com um esforço fiscal maior para o superavit de 1,2%. Haverá, então, desemprego e queda da renda.
A pergunta que não quer calar é: todo esse esforço fiscal e político, a um custo social e político para o governo e seu partido, o PT, tem como objetivo retomar o crescimento? Em que direção e em que bases?
As reformas tributária e política reclamadas pelo país serão feitas?
Continuaremos distribuindo renda, aumentando o salário mínimo, o investimento na infraestrutura social e econômica do país? O mercado interno e a integração regional continuam sendo nossa prioridade? Vamos fazer as reformas tributária e política para viabilizar o financiamento pelo Estado não apenas da nossa rede de proteção social, mas de uma revolução educacional e científica?
Vamos fazer as reformas política e tributária para conseguir financiar nossa infraestrutura social e econômica, nossa capacidade de produção de energia, gás e petróleo? E vamos avançar numa verdadeira política de comércio exterior, com um banco de exportação e importação (nosso Eximbank)?
Manteremos o crescimento com distribuição de renda, consolidando nosso nascente Estado de bem estar social ou regrediremos para os tempos de Estado mínimo (tucano), acelerando a privatização da saúde e da educação? Vamos evitar ou manter a atual concentração de renda, acelerada pelos lucros dos juros altos, que aprofunda nossa desigualdade social e que regredia aceleradamente nos últimos 12 anos?
São essas perguntas que não encontram até agora respostas nas ações do governo em direção a um ajuste fiscal que parece um fim em si mesmo, uma tautologia, uma falácia, ainda que funcione em seu objetivo imediato e garanta solvência aos credores do Estado, dando garantia absoluta de retorno ao rentismo e ao capital financeiro.
PS do Viomundo: Demonizado pela mídia, Dirceu ainda fala ao público interno do PT. Certamente, mais que Levy ou a própria presidenta Dilma. Com a saída de Marta Suplicy, que seria fortíssima candidata na periferia de São Paulo, o PT flerta com o desastre se a reeleição de Fernando Haddad for disputada em plena crise econômica, crise aprofundada pelo remédio amargo de Levy.

Os sete governos derrubados pelos EUA


J. Dana Stuster, do site Foreign PolicyJ. Dana Stuster, do site Foreign Policy

A era de golpes apoiados pela CIA despontou de maneira dramática: um general norte-americano viaja até o Irã e encontra “velhos amigos”; dias depois, o Xá ordena que o primeiro-ministro Mohammed Mossadegh deixe seu cargo. Quando os militares iranianos hesitam, milhões de dólares são injetados em Teerã para corromper os apoiadores de Mossadegh e financiar protestos de rua. Os militares, reconhecendo que a balança do poder começou a pesar mais do outro lado, derrubam o primeiro-ministro, que vive o resto de sua vida sob prisão domiciliar. Este foi, como um documento da CIA atesta, “uma operação norte-americana do começo ao fim”, e um dos muitos golpes apoiados pelos EUA que aconteceram pelo mundo durante a segunda metade do século XX.

Alguns líderes, tanto ditadores quanto eleitos democraticamente, foram pegos em meio ao conflito entre EUA e URSS da Guerra Fria - uma posição que custaria seus postos (e, para alguns, suas vidas) conforme a CIA tentava instalar “seus homens” no comando dos estados. O governo dos EUA reconheceu publicamente algumas dessas ações secretas; na verdade, o papel da CIA no golpe de 1953 tornou-se público esta semana. Em outros casos, o envolvimento da CIA ainda está somente sob suspeita.

O legado do envolvimento secreto dos EUA em sete golpes militares bem sucedidos (para não mencionarmos o número de intervenções militares norte-americanas contra regimes hostis, insurgências apoiadas pelos EUA, e tentativas fracassadas de assassinatos, incluindo o caso do plano para matar Fidel Castro com um charuto explosivo), transformaram a mão secreta dos EUA em um bicho-papão nas tensões políticas de hoje. Mesmo hoje, não obstante a minguante influência dos EUA no Cairo, teorias da conspiração sugerem que tanto a Irmandade Muçulmana quanto o governo militar possuem uma sociedade com os Estados Unidos.

Abaixo, uma breve história dos casos confirmados de golpes apoiados pela CIA espalhados pelo mundo.

Irã, 1953 - Muito se especula sobre o papel da CIA no golpe que instalou, em 1949, um governo militar na Síria. Apesar disso, a derrubada do primeiro-ministro iraniano Mohammed Mossadegh é o primeiro golpe durante a Guerra Fria que o governo dos EUA reconheceu. Em 1953, depois de quase dois anos de governo Mossadegh - durante o qual ele desafiou a autoridade do Xá e nacionalizou a indústria do petróleo iraniana antes operada por companhias britânicas - Mossagedh foi tirado de seu gabinete e preso, passando o resto da vida sob prisão domiciliar. De acordo com documentos da CIA, “foi a possibilidade de deixar o Irã aberto para uma agressão dos soviéticos - quando a Guerra Fria estava em seu auge e os EUA estavam envolvidos em uma guerra não declarada na Coreia contra forças da União Soviética e da China – que nos fez planejar e executar o TPAJAX [nome da operação do golpe]”.

Guatemala, 1954 - Apesar dos EUA no início apoiarem o presidente guatemalteco Jacobo Árbenz - o Departamento de Estado sentia que sua ascensão apoiada num exército armado e treinado pelos EUA seria um trunfo - o relacionamento amargou assim que Árbenz tentou realizar uma série de reformas-agrárias que ameaçavam as posses da empresa norte-americana United Fruit Company. Um golpe em 1954 tirou Árbenz do poder, colocando uma sucessão de juntas militares em seu lugar. Detalhes secretos do envolvimento da CIA na derrubada do líder guatemalteco, que incluíam a equipagem de rebeldes e tropas paramilitares enquanto a marinha dos EUA bloqueavam a costa guatemalteca, vieram à luz em 1999.

Congo, 1960 - Patrice Lumumba, o primeiro primeiro-ministro do Congo (mais tarde, República Democrática do Congo), foi tirado de seu gabinete pelo presidente congolês Joseph Kasavubu em meio a uma intervenção militar do exército belga (apoiado pelos EUA) no país. Era um esforço violentíssimo para manter os negócios belgas depois da descolonização do país. Mas Lumumba manteve uma oposição armada contra os militares belgas e, após se aproximar da União Soviética para conseguir suprimentos, foi alvo da CIA assim que a agência determinou que ele era uma ameaça ao novo governo instalado de Joseph Mobutu. O Church Committee, uma comissão do Senado formada em 1975 para fiscalizar as ações clandestinas da inteligência norte-americana, descobriu que a CIA ''ainda mantinha um contato bastante próximo com os congoleses que expressaram o desejo de matar Lumumba,'' e que ''oficiais da CIA encorajaram e ofereceram ajuda aos congoleses em seus esforços contra Lumumba.'' Depois de uma tentativa interrompida de assassinato de Lumumba, envolvendo um lenço envenenado, a CIA alertou as tropas congolesas da localização do primeiro-ministro deposto, além de indicar as estradas que deveriam ser bloqueadas e as possíveis rotas de fuga. Lumumba foi capturado no final de 1960 e morto em janeiro do ano seguinte. 

República Dominicana, 1961 - A ditadura brutal de Rafael Trujillo - que incluiu a limpeza étnica de milhares de haitianos na República Dominicana e a tentativa de assassinato do presidente da Venezuela - terminou quando ele foi emboscado e morto por dissidentes políticos. Apesar do atirador que matou Trujillo sustentar http://www.bbc.co.uk/news/world-latin-america-13560512 que ''ninguém me mandou matar Trujillo'', ele teve apoio da CIA. O Church Committee descobriu que ''apoio material, sendo três pistolas e três carabinas, foi distribuído para vários dissidentes… os oficiais norte-americanos sabiam que os dissidentes pretendiam derrubar Trujillo, provavelmente através de seu assassinato...''

Vietnã do Sul, 1963 - Os EUA já estavam muito envolvidos no Vietnã do Sul em 1963, e seu relacionamento com o líder do país, Ngo Dinh Diem, crescia cada vez mais, com tensões que envolviam a repressão de Diem sobre dissidentes budistas. De acordo com os Pentagon Papershttp://media.nara.gov/research/pentagon-papers/Pentagon-Papers-Part-IV-B-5.pdf, em 23 de agosto de 1963, os generais do Vietnã do Sul que planejavam um golpe contataram oficiais norte-americanos falando sobre seus planos. Depois de algumas dificuldades e um período de indecisão dos EUA, os generais capturaram e mataram Diem com apoio norte-americano em 1º de novembro de 1963. Avalia-se que parte do apoio consistiu em 40.000 dólares de recursos da CIA.

''Para o golpe militar contra Ngo Dihn Diem, os EUA devem aceitar sua parcela de responsabilidade,'' atestam os Pentagon Papers. ''No início de agosto de 1963 nós autorizamos, sancionamos e encorajamos os esforços para o golpe dos generais vietnamitas e oferecemos apoio total para um governo sucessor… nós mantivemos contatos clandestinos com eles durante o planejamento e execução do golpe e solicitamos a revisão de seus planos operacionais, além de sugerir um novo governo.''

Brasil, 1964 - Temendo que o governo do presidente João Goulart transformaria, nas palavras do embaixador norte-americano Lincoln Gordon, ''o Brasil na China de 1960'', os EUA apoiaram o golpe liderado por Humberto Castello Branco, à época chefe do Estado-Maior. Nos dias anteriores ao golpe, a CIA encorajou manifestações contra o governo, assim como proveram combustível e ''armas de origem não-norte-americanas'' àqueles que apoiavam os militares. ''Eu acho que devemos tomar todas as medidas necessárias, e estarmos preparados para qualquer coisa que precisemos fazer,'' disse o presidente Lyndon Johnson a seus conselheiros que planejavam o golpe, de acordo com documentos obtidos pelo National Security Archive. Os militares brasileiros se mantiveram no poder até 1985. 

Chile, 1973 - Os Estados Unidos nunca desejaram que Salvador Allende, o candidato socialista eleito presidente em 1970, assumisse seu posto. O presidente Richard Nixon mandou que a CIA fizesse que a economia do Chile ''gritasse'', e a agência trabalhou com três grupos chilenos, cada um planejando um golpe contra Allende em 1970. A agência foi tão longe a ponto de fornecer armamento, mas os planos foram por terra depois que a CIA perdeu a confiança em seus contatos. As tentativas norte-americanas de destruir a economia chilena continuaram até que o general Augusto Pinochet liderou um golpe militar contra Allende em 1973. O relatório oficial da CIA sobre a tomada do poder em setembro de 1973 aponta que a agência ''estava consciente dos planos de golpe dos militares, possuía relacionamentos para coleta de dados de inteligência com os conspiradores, e - pelo fato da CIA não desencorajar a tomada e até procurar instigar um golpe em 1970 - parecia tolerá-lo.'' A CIA também conduziu a campanha de propaganda de apoio ao novo regime de Pinochet depois que ele tomou posse em 1973, apesar do conhecimento de severos abusos contra os direitos humanos, incluindo o assassinato de dissidentes políticos.

Tradução de Roberto Brilhante

(Publicado originalmente no site Carta Maior)



sexta-feira, 6 de março de 2015

Tucano Anastasia, cria e aliado de Aécio Neves, é a surpresa na lista da Lava Jato; PP tem 28 citados, inclusive padre e missionário


publicado em 06 de março de 2015 às 21:01
Cerimônia de entrega da Medalha da Inconfidência
Paladinos do combate à corrupção
STF libera lista de políticos investigados na Lava-Jato
Renan Calheiros, Eduardo Cunha, Fernando Collor e Lindbergh Farias estão entre os políticos citados
O Supremo Tribunal Federal (STF) divulgou nesta sexta-feira (5/3) a lista de nomes de políticos e demais investigados na Operação Lava-Jato pela Procuradoria-Geral da República (PGR) (confira no fim do texto). A relação revela que são investigados por suspeita de envolvimento em casos de corrupção na Petrobras os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Além deles, também constam da lista os senadores Fernando Collor (PTB-AL), Humberto Costa (PT-PE), Lindbergh Farias (PT-RJ), Antonio Anastasia (PSDB-MG) e Edison Lobão (PMDB-MA), além dos deputados Nelson Meurer (PP-SC), Eduardo da Fonte (PP-PE) e Simão Sessim (PP-RJ).
A divulgação dos políticos investigados acontece três dias depois de o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pedir a abertura de 28 inquéritos contra 54 pessoas – 45 parlamentares. Ele ainda solicitou o arquivamento de mais sete investigações sobre políticos citados em delações premiadas do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef, entre eles os senadores Aécio Neves (PSDB-MG), Delcídio Amaral (PT-MS) e o ex-deputado federal Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).
Na quarta-feira, o ministro do STF Marco Aurélio Melo havia dito que a divulgação era necessária. “Enquanto tiver sigilo, inclusive quanto aos nomes, a suspeição recairá sobre todos os políticos”, disse. “Tem que abrir.”
Inquéritos
Renan Calheiros (PMDB)
Anibal Gomes (PMDB)
Edison Lobao (PMDB)
Roseana Sarney (PMDB)
João Pizzolatti (PP)
Lindbergh Farias (PT)
Vander Loubert (PT)
Cândido Vaccarezza (PT)
Gleisi Hoffmann (PT)
Humberto Costa (PT)
Simão Sessin (PP)
Arthur Lyra (PP)
Benedito Lyra (PP)
José Mentor (PT)
Eduardo Cunha (PMDB)
José Otávio Germano (PP)
Luiz Fernando Faria (PP)
Roberto Coutinho (PMDB)
Nelson Meurer (PP)
Eduardo da Fonte (PP)
Agnaldo Ribeiro (PP)
Aline Correa (PP)
Carlos Magno (PP)
Ciro Nogueira (PP)
Dilceu Sperafico (PP)
Gladson Camelli (PP)
Gerônimo Pizzolotto (PP)
João Felipe Leão (PP)
Luiz Argolo (Solidariedade)
Sandes Júnior (PP)
Afonso Ham (PP)
Padre José Linhares (PP)
Missionário José Olímpio Silveira (PP)
Lázaro Botelho (PP)
Mário Negromonte (PP)
Pedro Corrêa (PP)
Pedro Henry (PP)
Renato Molling (PP)
Renato Balestra (PP)
Romero Jucá (PMDB)
Valdir Raupp (PMDB)
Vilson Covatti (PP)
Waldir Maranhão (PP)
Fernando Collor (PTB)
Antonio Anastasia (PSDB)
Arquivados:
Aécio Neves (PSDB)
Henrique Eduardo Alves (PMDB)
Delcídio Amaral (PT)
PS do Viomundo: Acrescentamos os partidos à lista. Incrível, não houve um vazamentozinho sequer envolvendo Aécio ou Anastasia para a imprensa desde que começou a Lava Jato!
(Publicado originalmente no site Viomundo)

Tijolinho real: Marta Suplicy e Geraldo Alckmin juntos.


Em certo sentido, o PT não teria muitos argumentos para criticar a ex-ministra da Cultura, Marta Suplicy. Quem possui os "aliados" aos quais o partido se juntou no plano nacional, possivelmente, essa crítica soaria como o sujo falando do mal lavado. Marta foi rifada pelo partido nas eleições em que Fernando Haddad, afilhado de Lula, conquistou a Prefeitura da Cidade de São Paulo. Embora vaidosa, ninguém se convenceu de sua satisfação em ocupar o Ministério da Cultura. Embora o cargo lhe oferecesse projeção nacional, ali, no seu reduto político paulista, era ficou menor. Trata-se de uma questão de geografia local. Apeada da disputa, ela se sentiu fragilizada no seu berço político. Tornou-se um poço até aqui de mágoa. Sua carta de despedida do Ministério, assim como suas declarações em torno da nomeação de Juca Ferreira para a pasta que ela havia ocupada são reflexos de que as coisas não iam muito bem na sua relação com o partido. Os caciques da legenda, à exceção de Rui Falcão, optaram por manter o silêncio sobre o assunto. Segundo comenta-se, ela estaria prestes a se desligar da legenda, o que não seria muita surpresa. Surpresa mesmo talvez seja as movimentações de algumas peças do xadrez político paulista, como o governador Geraldo Alckmin. Nas coxias, especula-se que ele estaria estimulando as manobras de Marta, que incluiriam uma filiação ao PSB e, certamente, uma candidatura nas próximas eleições, o que implicaria enfrentar nas urnas o ex-ministro da educação, Fernando Haddad. Dizem que se pode chamar Marta de perua e isso não se constitui nenhuma ofensa. A justiça já julgou um caso a esse respeito, criando uma jurisprudência. O que se não se pode é publicar aqui o que alguns petistas mais renhidos estão falando a respeito da ex-ministra. Vocês bem podem imaginar. O que move Marta são as contingências impostas pela realpolitik, num cenário onde o ator PSDB continua muito forte. Ela deve ter calculado muito bem esse passo, inclusive se escudando sobre as eventuais críticas dos próximos ex-aliados. Fica estranho, soa aético, mas é a política, meu filho.

·

Tijolinho real: Afinal, sai ou não sai essa tal lista Janot?

O mundo político está em polvorosa e a nossa combalida democracia representativa cada vez mais vulnerável. Praticamente abdicando dos avanços progressistas conquistadas nas últimas décadas de governo da coalizão petista - em nome de uma suposta governabilidade - a presidente Dilma Rousseff estabeleceu um link com os setores mais conservadores do espectro político brasileiro que, praticamente, aplicaram um torniquete ao seu Governo - que vive sob a ameaça até mesmo de um pedido de impeachment - com um "Fora Dilma" programado para o próximo dia 15 de março. As centrais sindicais - inclusive a CUT - também estão nas ruas protestando contra as recentes medidas provisórias que atentam contra os interesses dos trabalhadores. Neste arremedo de mundo político, ser republicano pode significar a morte. É o que possivelmente está ocorrendo com a tal lista do Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot. Através da delação premiada, tanto o doleiro Alberto Youssef quanto o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, citam nominalmente o nome de dois figurões do PMDB, ambos ocupando espaços relevantes no poder Legislativo. Um deles, o Eduardo Cunha, é o presidente da Câmara dos Deputados e o outro, o senador Renan Calheiros, preside o Senado Federal. Estamos diante de uma possível combustão política de efeitos imprevisíveis. Segundo se informa, o presidente do PMDB, Michel Temer, em reuniões de "trabalho" com o próprio Janot e o ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, teria sido informado sobre os nomes que constam da lista das 54 pessoas denunciadas, com ou sem mandato parlamentar, envolvidas nas falcatruas da Operação Lava Jato. Janot deve enviar 28 pedidos de abertura inquéritos ao STF. As escaramuças já começaram. Renan deixou de participar de um jantar com a presidente e devolveu a medida provisória que reduz a desoneração da folha de pagamento, algo crucial para a área econômica. Janot cumpre o seu papel de zelar pelo interesse público e o Governo Dilma, mais uma vez, demonstra sua disposição de punir, com os rigores da lei, os maus feitores da Viúva. Pena que, num contexto político como o nosso, isso pode trazer inúmeros problemas para essa tal governabilidade. Posso imaginar o que diriam os estudiosos de uma democracia cujas instituições não sobrevivem à punição exemplar dos gatunos do Erário.

quarta-feira, 4 de março de 2015

George Stinney Jr. é declarado inocente 70 anos após sua execução.

Por Loulla-A-Eleftheriou Smith
Do The Independent
Traduzido por JNS

O garoto negro foi considerado inocente, 70 anos após a execução, aos 14 anos de idade, na cadeira elétrica na Carolina do Sul
Stinney Jr tornou-se a pessoa mais jovem a ser executada no século 20, nos EUA, quando foi enviado para a cadeira elétrica em 1944, após ser condenado por uma sentença que foi anulada, mais de 70 anos depois da sua morte.
A juíza Carmen Tevis Mullen disse que a velocidade com a qual o Estado condenou o menino foi chocante e extremamente injusta e que o seu caso foi uma "grande injustiça", decidindo pela inocência de Stinney Jr.
O garoto negro de 14 anos de idade foi condenado à morte pelo assassinato de duas meninas brancas em uma cidade segregada na Carolina do Sul, em um julgamento que durou menos de três horas e, segundo informações, sem nenhuma evidência e quaisquer depoimentos de testemunhas.

Amie Ruffner recebeu apoio da família e amigos após prestar depoimento na audiência para reabrir o caso do irmão
Ele foi mantido afastado dos seus pais e de qualquer assistência jurídica, quando foi interrogado pelas autoridades. Seus defensores afirmam que o menino pequeno e fragilizado estava tão assustado que teria dito tudo o que ele imaginava que poderia fazer os investigadores felizes, apesar de não existir nenhuma evidência física ligando-o à morte das meninas.
Stinney Jr e sua irmã Amie Ruffner foram as últimas pessoas a ver as duas meninas, com idades entre 7 e 11 anos, vivas quando elas passeavam em uma área rural perto da cidade de Alcolu. O pai de Stinney Jr fez parte da equipe de buscas que encontrou os corpos das meninas, horas mais tarde, em uma vala, espancadas com golpes que provocaram o esmagamento dos seus crânios.
Apontado como o autor dos crimes, Stinney Jr foi preso e executado no espaço de cerca de três meses. Os carrascos notaram que ele era muito pequeno para a cadeira elétrica, porque as correias não se encaixavam nele e o eletrodo era grande demais para a sua perna. Para encaixar corretamente na cadeira, Stinney Jr teve que se sentar em uma bíblia.
O caso de Stinney Jr tornou-se um exemplo de como uma pessoa negra era atropelado por um sistema de justiça durante a era das leis de segregação Jim Crow, quando os investigadores, promotores e júris eram todos brancos.
A família do garoto insistiu que ele era inocente, e, em janeiro, pediram ao juiz local um novo julgamento para declarar inocente e limpar o nome de Stinney Jr, alegando que não havia novas provas sobre o crime.

Katherine Stinney-Robinson testemunha na defesa do irmão em janeiro de 2014
Desta vez, foi concedida uma audiência de dois dias para julgar o caso de Stinney Jr, permitindo que os especialistas questionassem a sua confissão e os resultados da autópsia, enquanto o juiz ouvia relatos dos irmãos e irmãs do menino e de pessoas que tinha sido envolvidas nas buscas das meninas desaparecidas. A maioria das evidências do julgamento original tinha desaparecido e quase todas as testemunhas já tinham morrido.
Comparado com o prazo da prisão e execução em 1944, a juíza Carmen Mullen demorou quase quatro vezes mais tempo para publicar a sua decisão sobre o caso de Stinney Jr. Ela disse em sua decisão que ela nunca poderia "pensar em nenhuma injustiça maior" do que a condenação do garoto indefeso.

Carmen Tevis Mullen ouve o defensor Ernest Finney no caso de George Stinney | Foto: REUTERS/Randall Hill
Mullen descobriu que a confissão de Stinney Jr foi, "altamente provável", obtida sob coação das autoridades, porque nenhuma testemunha foi encontrada para revelar como ocorreu o julgamento.
A juíza disse que ela estava derrubando a convicção sobre a culpa do menino porque o tribunal Carolina do Sul não tinha conseguido conceder um julgamento justo em 1944. [ Reportagem adicional de AP ]
Cenas chocantes da execução de Stinney Jr apresentadas em "Carolina Skeletons" de David Stout  - 1988
A leitura da sentença determinando a absolvição de George Stinney Jr em 17 dezembro de 2014
Stinney Jr foi condenado, após um julgamento injusto, pelo assassinato de duas meninas brancas.

Tijolinho do Jolugue: Hospital da Mulher Eduardo Campos?



Não faz muito tempo, aqui mesmo pelas redes sociais, alguém informou que logo Pernambuco seria um Estado muito parecido com Alagoas e o Maranhão. Fazia referência, sobretudo, ao recrudescimento dos costumes políticos oligárquicos aqui na província, fenômeno observado com a morte do ex-governador Eduardo Campos. A morte do ex-político foi exaustivamente explorada, através de uma bem orquestrada campanha publicitária, que foi capaz, inclusive, de eleger seu sucessor sem muitas dificuldades. Mas não ficou por ai. Trata-se, na realidade, de um filão que se propõe a perpetuar a consolidação de uma nova oligarquia política no Estado, formada por parentes e aderentes do finado. Até recentemente, o artista plástico que desenhou o Galo da Madrugada o fez com os olhos azuis. A bem da verdade, se bem observado, o galeguinho tinha os olhos verdes. No dia de hoje, dois fatos envolvendo essa figura pública estão repercutindo bastante nas redes sociais. O nome do hospital da mulher, que deverá ser inaugurado em breve, deverá ter o seu nome, se depender do gestor da Prefeitura da Cidade do Recife. As mulheres, naturalmente, estão protestando, mas não se trata, apenas, de uma questão de gênero. Elas protestam, sobretudo, argumentando que o ex-governador não merecia tal homenagem. No momento em que se especula em torno do assunto, num Estado onde tantas e tantas mulheres poderiam ser homenageadas com o nome do hospital, os jornais estampam mais uma declaração do doleiro Alberto Youssef, informando que o ex-governador teria levado, de propina, nas transações ilícitas da Petrobras, algo em torno de 10 milhões de reais, confirmando-se a suspeita levantada pelo ex-diretor da estatal, Paulo Roberto Costa, de que ele seria um dos maiores - se não o maior - beneficiário do esquema de desvio de dinheiro público que atuava na empresa.

terça-feira, 3 de março de 2015

Miguel do Rosário: Especulações conspiratórias sobre a Lava Jato




Siga o dinheiro, pensei comigo mesmo, e entrei no site Donos do Congresso, para verificar quem foram os principais doadores para o senador Alvaro Dias, do Paraná.

Pensei em Alvaro Dias por causa de suas antigas relações com o doleiro Alberto Youssef. Na campanha de 1998, Dias andava para lá e para cá no jatinho do doleiro.

Como é tucano, porém, não houve problema, nem na época nem agora.

Dias é da mesma região de Sergio Moro e Alberto Youssef, e se há uma conspiração na maneira como a Lava Jato passou a ser tocada, o senador provavelmente está envolvido.

Outra figura central na conspiração é o advogado de Youssef, o doutor Antonio Augusto Lopes Figueiredo Basto, que tem feito astutas dobradinhas com a mídia.

Sempre que alguém próximo a Alberto Youssef faz denúncias envolvendo o PSDB, Basto trata de ocupar todos os jornais com veementes negativas.

O exemplo mais notório é de Leonardo Meirelles, o laranja de Youssef. Meirelles afirmou que Youssef operava para o PSDB. A mídia deu a informação, mas logo em seguida a neutralizou com negativas frenéticas do advogado de Youssef.

A Lava Jato começou investigando, como o nome diz, esquemas de lavagem de dinheiro.

Quando esbarrou em contratos da Petrobrás, porém, mudou completamente de direção e passou a ser instrumentalizada como uma arma da oposição contra o governo.

Aí teria começado o que tomo a liberdade para chamar de conspiração.

Quando o uso o termo, não penso em “illuminatis”, nem em algo parecido ao Protocolo dos Sábios de Sião.

Todas as forças políticas conspiram, de uma forma ou de outra. É normal. Se não gostar do termo, use “operação política”.

A coisa só não é normal quando envolve, por exemplo, a manipulação desonesta de um processo legal, através de aparelhos do Estado, como o Ministério Público, setores da PF e membros do Judiciário.

Também não é normal quando a imprensa, organizada num regime de cartel ideológico, passa a promover uma perseguição unitaleral a um campo, lançando mão dos instrumentos mais sujos à sua disposição: não promove um debate plural, estimula o linchamento, não dá o contraponto; age, em suma, com o mesmo espírito panfletário de um jornalzinho radical editado por extremistas.

Uma conspiração política envolve um conjunto de agentes, nem todos necessariamente conscientes dos métodos usados, mas unidos em torno do objetivo central.

No presente caso, o objetivo central é derrubar a presidenta Dilma, criminalizar o PT e destruir politicamente o ex-presidente Lula.

O principal doador de Alvaro Dias é o homem mais rico do Paraná e um dos mais ricos do país, o empresário Joel Malucelli.

Em 2014, Malucelli doou, através de duas de suas empresas, quase R$ 1,3 milhão a Alvaro Dias.

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Malucelli atua pesadamente no ramo da construção civil, incluindo concessões públicas de estradas, hidrelétricas, aterros sanitários, etc.

Aí eu descobri algumas coincidências curiosas.

A mídia procura abafar essa informação, mas a gente a tem repetido. Antonio Augusto Lopes Figueiredo Basto, advogado de Alberto Youssef, foi conselheiro da Sanepar, estatal do Paraná, por um bocado de tempo (sempre durante governos tucanos).

Nesse período, achei um processo, onde consta apenas a sua assinatura, no qual Basto homologa a vitória de uma empresa de Joel Malucelli numa licitação para a estatal.

Aparentemente não há nada demais, mas acredito que devemos divulgar esse tipo de coincidência, quando aparecer. Se o caso envolvesse um petista, iria para a capa dos jornalões, em tom de denúncia. Aqui a gente tenta divulgar com prudência.

Numa ata de 2011, Basto aprova um contrato da Malucelli Seguradora, no valor de R$ 1,6 milhão, para um “seguro de garantia judicial” da Sanepar.

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Em 2014, Joel Malucelli tentou ser candidato a governador pelo PSD. Ao cabo, porém, o partido se coligou ao PSDB de Beto Richa, que venceu no primeiro turno.

O principal patrocinador do PSD do Paraná foi o próprio Joel: doou R$ 3,45 milhões para o PSD em 2014.

Malucelli também é dono das repetidoras da TV Bandeirantes do Paraná; e das principais rádios integrantes do Sistema Globo, CBN e Rádio Globo.

Outra construtora fortemente ligada ao PSDB, que teria bastante interesse em ver as grandes empreiteiras destruídas, é a Valadares Gontijo, que doou, através de uma de suas herdeiras, Ana Maria Baeta Valadares Gontijo, mais de R$ 16 milhões para o PSDB, em 2010.

O valor é bem superior à doação de qualquer outra empreiteira ao PSDB, ou a qualquer partido.

É também a doação individual mais alta já feita no país, em qualquer época.

Doações individuais muito altas, em geral, são feitas por doadores-candidatos, o que não é o caso de Ana Maria.

Malucelli e Valadares Gontijo, portanto, são os primeiros suspeitos de integrarem o elo financeiro de uma conspiração que pode lucrar, e muito com os desdobramentos da Lava Jato.

Em novembro de 2013, a JMalucelli anuncia o maior contrato da história da construtora, R$ 800 milhões, para participar das obras da hidrelétrica de Jirau, substituindo a Camargo Correa, cujas relações com o Consórcio Energia Sustentável do Brasil, controlador da Jirau, haviam “azedado”.

A informação confirma que a JMalucelli, cujo dono é suplente do senador Alvaro Dias, além de seu maior doador, tende a ser uma das principais beneficiadas com a destruição das empreiteiras acusadas na Lava Jato.

O grupo Malucelli possui, dentre dezenas de empresas, um importante banco, o Paraná Banco, que registrou um lucro líquido de R$ 150,2 milhões em 2014, alta de 15% sobre o ano anterior. Os ativos totais do banco totalizaram R$ 6,1 bilhões ao final do ano passado, avanço de 25%.

Possivelmente, o Paraná Banco, que trabalha principalmente com oferta de crédito para o funcionalismo público do estado, foi um dos grandes beneficiados com o desaparecimento do Banestado, o banco público do Paraná, vendido para o Itaú por uma bagatela.

O Banestado foi destruído após o saque promovido por sucessivos governos demotucanos.

Mais tarde, o juiz Sergio Moro – mais coincidências –  seria o responsável por julgar os desdobramentos penais do escândalo Banestado, que tinha como pivô o mesmo Alberto Youssef.

As relações de Joel Malucelli com a Globo, sua rede de relações no Paraná, sua ligação orgânica com o PSDB, fazem dele um dos principais suspeitos de integrar o núcleo de uma operação política para derrubar Dilma Roussef.

Essa é uma investigação, de qualquer forma, que está só começando.

 (Publicado originalmente no site O Cafezinho)

Especulações conspiratórias sobre a Lava Jato

netosampaio-veja-golpe-contra-dilma-lula-democracia-bandida (1)


Siga o dinheiro, pensei comigo mesmo, e entrei no site Donos do Congresso, para verificar quem foram os principais doadores para o senador Alvaro Dias, do Paraná.
Pensei em Alvaro Dias por causa de suas antigas relações com o doleiro Alberto Youssef. Na campanha de 1998, Dias andava para lá e para cá no jatinho do doleiro.
Como é tucano, porém, não houve problema, nem na época nem agora.
Dias é da mesma região de Sergio Moro e Alberto Youssef, e se há uma conspiração na maneira como a Lava Jato passou a ser tocada, o senador provavelmente está envolvido.
Outra figura central na conspiração é o advogado de Youssef, o doutor Antonio Augusto Lopes Figueiredo Basto, que tem feito astutas dobradinhas com a mídia.
Sempre que alguém próximo a Alberto Youssef faz denúncias envolvendo o PSDB, Basto trata de ocupar todos os jornais com veementes negativas.
O exemplo mais notório é de Leonardo Meirelles, o laranja de Youssef. Meirelles afirmou que Youssef operava para o PSDB. A mídia deu a informação, mas logo em seguida a neutralizou com negativas frenéticas do advogado de Youssef.
A Lava Jato começou investigando, como o nome diz, esquemas de lavagem de dinheiro.
Quando esbarrou em contratos da Petrobrás, porém, mudou completamente de direção e passou a ser instrumentalizada como uma arma da oposição contra o governo.
Aí teria começado o que tomo a liberdade para chamar de conspiração.
Quando o uso o termo, não penso em “illuminatis”, nem em algo parecido ao Protocolo dos Sábios de Sião.
Todas as forças políticas conspiram, de uma forma ou de outra. É normal. Se não gostar do termo, use “operação política”.
A coisa só não é normal quando envolve, por exemplo, a manipulação desonesta de um processo legal, através de aparelhos do Estado, como o Ministério Público, setores da PF e membros do Judiciário.
Também não é normal quando a imprensa, organizada num regime de cartel ideológico, passa a promover uma perseguição unitaleral a um campo, lançando mão dos instrumentos mais sujos à sua disposição: não promove um debate plural, estimula o linchamento, não dá o contraponto; age, em suma, com o mesmo espírito panfletário de um jornalzinho radical editado por extremistas.
Uma conspiração política envolve um conjunto de agentes, nem todos necessariamente conscientes dos métodos usados, mas unidos em torno do objetivo central.
No presente caso, o objetivo central é derrubar a presidenta Dilma, criminalizar o PT e destruir politicamente o ex-presidente Lula.
O principal doador de Alvaro Dias é o homem mais rico do Paraná e um dos mais ricos do país, o empresário Joel Malucelli.
Em 2014, Malucelli doou, através de duas de suas empresas, quase R$ 1,3 milhão a Alvaro Dias.
ScreenHunter_5536 Mar. 02 14.58


Malucelli atua pesadamente no ramo da construção civil, incluindo concessões públicas de estradas, hidrelétricas, aterros sanitários, etc.
Aí eu descobri algumas coincidências curiosas.
A mídia procura abafar essa informação, mas a gente a tem repetido. Antonio Augusto Lopes Figueiredo Basto, advogado de Alberto Youssef, foi conselheiro da Sanepar, estatal do Paraná, por um bocado de tempo (sempre durante governos tucanos).
Nesse período, achei um processo, onde consta apenas a sua assinatura, no qual Basto homologa a vitória de uma empresa de Joel Malucelli numa licitação para a estatal.
Aparentemente não há nada demais, mas acredito que devemos divulgar esse tipo de coincidência, quando aparecer. Se o caso envolvesse um petista, iria para a capa dos jornalões, em tom de denúncia. Aqui a gente tenta divulgar com prudência.
Numa ata de 2011, Basto aprova um contrato da Malucelli Seguradora, no valor de R$ 1,6 milhão, para um “seguro de garantia judicial” da Sanepar.
sanepar

Em 2014, Joel Malucelli tentou ser candidato a governador pelo PSD. Ao cabo, porém, o partido se coligou ao PSDB de Beto Richa, que venceu no primeiro turno.
O principal patrocinador do PSD do Paraná foi o próprio Joel: doou R$ 3,45 milhões para o PSD em 2014.
Malucelli também é dono das repetidoras da TV Bandeirantes do Paraná; e das principais rádios integrantes do Sistema Globo, CBN e Rádio Globo.
Outra construtora fortemente ligada ao PSDB, que teria bastante interesse em ver as grandes empreiteiras destruídas, é a Valadares Gontijo, que doou, através de uma de suas herdeiras, Ana Maria Baeta Valadares Gontijo, mais de R$ 16 milhões para o PSDB, em 2010.
O valor é bem superior à doação de qualquer outra empreiteira ao PSDB, ou a qualquer partido.
É também a doação individual mais alta já feita no país, em qualquer época.
Doações individuais muito altas, em geral, são feitas por doadores-candidatos, o que não é o caso de Ana Maria.
Malucelli e Valadares Gontijo, portanto, são os primeiros suspeitos de integrarem o elo financeiro de uma conspiração que pode lucrar, e muito com os desdobramentos da Lava Jato.
Em novembro de 2013, a JMalucelli anuncia o maior contrato da história da construtora, R$ 800 milhões, para participar das obras da hidrelétrica de Jirau, substituindo a Camargo Correa, cujas relações com o Consórcio Energia Sustentável do Brasil, controlador da Jirau, haviam “azedado”.
A informação confirma que a JMalucelli, cujo dono é suplente do senador Alvaro Dias, além de seu maior doador, tende a ser uma das principais beneficiadas com a destruição das empreiteiras acusadas na Lava Jato.
O grupo Malucelli possui, dentre dezenas de empresas, um importante banco, o Paraná Banco, que registrou um lucro líquido de R$ 150,2 milhões em 2014, alta de 15% sobre o ano anterior. Os ativos totais do banco totalizaram R$ 6,1 bilhões ao final do ano passado, avanço de 25%.
Possivelmente, o Paraná Banco, que trabalha principalmente com oferta de crédito para o funcionalismo público do estado, foi um dos grandes beneficiados com o desaparecimento do Banestado, o banco público do Paraná, vendido para o Itaú por uma bagatela.
O Banestado foi destruído após o saque promovido por sucessivos governos demotucanos.
Mais tarde, o juiz Sergio Moro – mais coincidências –  seria o responsável por julgar os desdobramentos penais do escândalo Banestado, que tinha como pivô o mesmo Alberto Youssef.
As relações de Joel Malucelli com a Globo, sua rede de relações no Paraná, sua ligação orgânica com o PSDB, fazem dele um dos principais suspeitos de integrar o núcleo de uma operação política para derrubar Dilma Roussef.
Essa é uma investigação, de qualquer forma, que está só começando.
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Especulações conspiratórias sobre a Lava Jato

netosampaio-veja-golpe-contra-dilma-lula-democracia-bandida (1)


Siga o dinheiro, pensei comigo mesmo, e entrei no site Donos do Congresso, para verificar quem foram os principais doadores para o senador Alvaro Dias, do Paraná.
Pensei em Alvaro Dias por causa de suas antigas relações com o doleiro Alberto Youssef. Na campanha de 1998, Dias andava para lá e para cá no jatinho do doleiro.
Como é tucano, porém, não houve problema, nem na época nem agora.
Dias é da mesma região de Sergio Moro e Alberto Youssef, e se há uma conspiração na maneira como a Lava Jato passou a ser tocada, o senador provavelmente está envolvido.
Outra figura central na conspiração é o advogado de Youssef, o doutor Antonio Augusto Lopes Figueiredo Basto, que tem feito astutas dobradinhas com a mídia.
Sempre que alguém próximo a Alberto Youssef faz denúncias envolvendo o PSDB, Basto trata de ocupar todos os jornais com veementes negativas.
O exemplo mais notório é de Leonardo Meirelles, o laranja de Youssef. Meirelles afirmou que Youssef operava para o PSDB. A mídia deu a informação, mas logo em seguida a neutralizou com negativas frenéticas do advogado de Youssef.
A Lava Jato começou investigando, como o nome diz, esquemas de lavagem de dinheiro.
Quando esbarrou em contratos da Petrobrás, porém, mudou completamente de direção e passou a ser instrumentalizada como uma arma da oposição contra o governo.
Aí teria começado o que tomo a liberdade para chamar de conspiração.
Quando o uso o termo, não penso em “illuminatis”, nem em algo parecido ao Protocolo dos Sábios de Sião.
Todas as forças políticas conspiram, de uma forma ou de outra. É normal. Se não gostar do termo, use “operação política”.
A coisa só não é normal quando envolve, por exemplo, a manipulação desonesta de um processo legal, através de aparelhos do Estado, como o Ministério Público, setores da PF e membros do Judiciário.
Também não é normal quando a imprensa, organizada num regime de cartel ideológico, passa a promover uma perseguição unitaleral a um campo, lançando mão dos instrumentos mais sujos à sua disposição: não promove um debate plural, estimula o linchamento, não dá o contraponto; age, em suma, com o mesmo espírito panfletário de um jornalzinho radical editado por extremistas.
Uma conspiração política envolve um conjunto de agentes, nem todos necessariamente conscientes dos métodos usados, mas unidos em torno do objetivo central.
No presente caso, o objetivo central é derrubar a presidenta Dilma, criminalizar o PT e destruir politicamente o ex-presidente Lula.
O principal doador de Alvaro Dias é o homem mais rico do Paraná e um dos mais ricos do país, o empresário Joel Malucelli.
Em 2014, Malucelli doou, através de duas de suas empresas, quase R$ 1,3 milhão a Alvaro Dias.
ScreenHunter_5536 Mar. 02 14.58


Malucelli atua pesadamente no ramo da construção civil, incluindo concessões públicas de estradas, hidrelétricas, aterros sanitários, etc.
Aí eu descobri algumas coincidências curiosas.
A mídia procura abafar essa informação, mas a gente a tem repetido. Antonio Augusto Lopes Figueiredo Basto, advogado de Alberto Youssef, foi conselheiro da Sanepar, estatal do Paraná, por um bocado de tempo (sempre durante governos tucanos).
Nesse período, achei um processo, onde consta apenas a sua assinatura, no qual Basto homologa a vitória de uma empresa de Joel Malucelli numa licitação para a estatal.
Aparentemente não há nada demais, mas acredito que devemos divulgar esse tipo de coincidência, quando aparecer. Se o caso envolvesse um petista, iria para a capa dos jornalões, em tom de denúncia. Aqui a gente tenta divulgar com prudência.
Numa ata de 2011, Basto aprova um contrato da Malucelli Seguradora, no valor de R$ 1,6 milhão, para um “seguro de garantia judicial” da Sanepar.
sanepar

Em 2014, Joel Malucelli tentou ser candidato a governador pelo PSD. Ao cabo, porém, o partido se coligou ao PSDB de Beto Richa, que venceu no primeiro turno.
O principal patrocinador do PSD do Paraná foi o próprio Joel: doou R$ 3,45 milhões para o PSD em 2014.
Malucelli também é dono das repetidoras da TV Bandeirantes do Paraná; e das principais rádios integrantes do Sistema Globo, CBN e Rádio Globo.
Outra construtora fortemente ligada ao PSDB, que teria bastante interesse em ver as grandes empreiteiras destruídas, é a Valadares Gontijo, que doou, através de uma de suas herdeiras, Ana Maria Baeta Valadares Gontijo, mais de R$ 16 milhões para o PSDB, em 2010.
O valor é bem superior à doação de qualquer outra empreiteira ao PSDB, ou a qualquer partido.
É também a doação individual mais alta já feita no país, em qualquer época.
Doações individuais muito altas, em geral, são feitas por doadores-candidatos, o que não é o caso de Ana Maria.
Malucelli e Valadares Gontijo, portanto, são os primeiros suspeitos de integrarem o elo financeiro de uma conspiração que pode lucrar, e muito com os desdobramentos da Lava Jato.
Em novembro de 2013, a JMalucelli anuncia o maior contrato da história da construtora, R$ 800 milhões, para participar das obras da hidrelétrica de Jirau, substituindo a Camargo Correa, cujas relações com o Consórcio Energia Sustentável do Brasil, controlador da Jirau, haviam “azedado”.
A informação confirma que a JMalucelli, cujo dono é suplente do senador Alvaro Dias, além de seu maior doador, tende a ser uma das principais beneficiadas com a destruição das empreiteiras acusadas na Lava Jato.
O grupo Malucelli possui, dentre dezenas de empresas, um importante banco, o Paraná Banco, que registrou um lucro líquido de R$ 150,2 milhões em 2014, alta de 15% sobre o ano anterior. Os ativos totais do banco totalizaram R$ 6,1 bilhões ao final do ano passado, avanço de 25%.
Possivelmente, o Paraná Banco, que trabalha principalmente com oferta de crédito para o funcionalismo público do estado, foi um dos grandes beneficiados com o desaparecimento do Banestado, o banco público do Paraná, vendido para o Itaú por uma bagatela.
O Banestado foi destruído após o saque promovido por sucessivos governos demotucanos.
Mais tarde, o juiz Sergio Moro – mais coincidências –  seria o responsável por julgar os desdobramentos penais do escândalo Banestado, que tinha como pivô o mesmo Alberto Youssef.
As relações de Joel Malucelli com a Globo, sua rede de relações no Paraná, sua ligação orgânica com o PSDB, fazem dele um dos principais suspeitos de integrar o núcleo de uma operação política para derrubar Dilma Roussef.
Essa é uma investigação, de qualquer forma, que está só começando.
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Emir Sader: Quem tem medo de Lula??

Lula é odiado porque deveria ter dado errado e deixado as elites para seguirem governando o Brasil. Odeiam nele o pobre, o nordestino, o trabalhador.

 

Emir Sader
A direita – midiática, empresarial, partidária, religiosa – entra em pânico quando imagina que o Lula possa ser o candidato mais forte para voltar a ser presidente em 2018. Depois de ter deixado escapar a possibilidade de vencer em 2014, com uma campanha que trata de colocar o máximo de obstáculos para o governo de Dilma – em que o apelo a golpe e impeachment faz parte do desgaste –, as baterias se voltam sobre o Lula.

De que adiantaria ajudar a condenar a Dilma a um governo sofrível, se a imagem do Lula só aumenta com isso? Como, para além das denuncias falsas difundidas até agora, tratar de desgastar a imagem de Lula? Como, se a imagem dele está identificada com todas as melhorias na vida da massa da população? Como se a projeção positiva da imagem do Brasil no mundo está associada à imagem de Lula? Como se a elevação da auto estima dos brasileiros tem a ver diretamente com a imagem de Lula?

Mas, quem tem tanto medo do Lula? Por que o ódio ao Lula? Por que esse medo? Por que esse ódio? Quem tem medo do Lula e quem tem esperanças nele? Só analisando o que ele representou e representa hoje no Brasil para entendermos porque tantos adoram o Lula e alguns lhe têm tanto ódio.

Lula deu por terminados os governos das elites que, pelo poder das armas, da mídia, do dinheiro, governavam o pais só em função dos seus interesses, para uma minoria. Derrotou o candidato da continuidade do FHC e começou uma serie de governos que melhoraram, pela primeira vez, de forma substancial, a situação da massa do povo brasileiro.

Quem se sentiu afetado e passou a odiar o Lula? As elites politicas que se revezavam no governo do Brasil há séculos. Os que sentiram duramente a comparação entre a formas deles de governar e a de Lula. Sentiram que o Brasil e o mundo se deram conta de que a forma de Lula de governar é a forma de terminar com a fome, com a miséria, com a desigualdade, com a pobreza, com exclusão social. Eles sofrem ao se dar conta que governar para todos, privilegiando os que sempre haviam sido postergados, é a forma democrática de governar. Que Lula ganhou apoio e legitimidade, no Brasil, na América Latina e no mundo justamente por essa forma de governar.

Lula demonstrou, como ele disse, que é possível governar sem almoçar e jantar todas as semanas com os donos da mídia. Ele terminou seu segundo mandato com mais de 80% de referências negativas na mídia e com mais de 90% de apoio. Isso dói muito nos que acham que controlam a opinião publica e o pais por serem proprietários dos meios de comunicação.

Lula demonstrou que é possível – e até indispensável – fazer crescer o pais e distribuir renda ao mesmo tempo. Que uma coisa tem a ver intrinsecamente com a outra. Que, como ele costuma dizer, “O povo não é problema, é solução”. Dinheiro nas mãos dos pobres não vai pra especulação financeira, vai pro consumo, para elevar seu nível de vida, gerando empregos, salários, tributação.

Lula mostrou, na pratica, que o Brasil pode melhorar, pode diminuir suas desigualdades, pode dar certo, pode se projetar positivamente no mundo, se avançar na superação das desigualdades – a herança mais dura que as elites deixaram para seu governo. Para isso precisa valorizar seu potencial, seu povo, elevar sua auto estima, deixar de falar mal do país e de elogiar tudo o que está lá fora, especialmente no centro do capitalismo.

Lula fez o Brasil ter uma política internacional de soberania e de solidariedade, que defende nossos interesses e privilegia a relação solidaria com os outros países da America Latina, da África e da Ásia.

Lula foi quem resgatou a dignidade do povo brasileiro, de suas camadas mais pobres, em particular do nordeste brasileiro. Reconheceu seus direitos, desenvolveu politicas que favoreceram suas condições de vida e uma recuperação espetacular da economia, das condições sociais e do sistema educacional do nordeste.

Lula é odiado porque deveria dar errado e deixar em paz as elites para seguirem governando o Brasil por muito tempo. Um ódio de classe porque ele é nordestino, de origem pobre, operário metalúrgico, de esquerda, líder máximo do PT, que deu mais certo do que qualquer outro como presidente do Brasil. Odeiam nele o pobre, o nordestino, o trabalhador, o esquerdista. Odeiam nele a empatia que ele tem com o povo, sua facilidade de comunicação com o povo, a popularidade insuperável que o Lula tem no Brasil. O prestígio que nenhum outro político brasileiro teve no mundo.

A melhor resposta ao ódio ao Lula é sua consagração e consolidação como o maior líder popular da  historia do Brasil. A força moral das suas palavras – que sempre tentam censurar. Sua trajetória de vida, que por si só é um exemplo concreto de como se pode superar as mais difíceis condições e se tornar um líder nacional e mundial, se se adere a valores sociais, políticos e morais democráticos.

Quem odeia o Lula, odeia o povo brasileiro, odeia o Brasil, odeia a democracia.

O Lula é a maior garantia da democracia no Brasil, porque sua vida é um exemplo de prática democrática. O amor do povo ao Lula é a melhor resposta ao ódio que as elites têm por ele.   

(Publicado originalmente no Portal Carta Maior)