Já está se tornando um pouco cansativo esse cabo de guerra entre o
Planalto e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Todos os dias a
crônica política traz alguma "novidade" sobre
o embate. E tome especulações: ele recua e volta a ocupar o seu espaço
devido na base aliada, credenciando-se, quem sabe, para receber apoio
dos aliados em 2018 ou, afasta-se de uma vez desse convívio e constrói
uma carreira solo, apoiada, cada vez mais, por setores conservadores da
política brasileira? Eduardo se queixa de que o PT o estaria jogando na
cerca. As ações de alguns caciques da legenda no sentido de "minguar"
sua virtual candidatura, longe de enfrequecê-lo, estaria dando as
motivações pare que ele continuasse firme no propósito de candidatar-se
e, pior, deslocar-se de vez da base aliada na eventualialidade de um
segundo turno, conforme comenta o jornalista Josias de Souza, em sua
coluna de hoje, publicada no Portal UOL. Os operadores da PT já teriam
sido identificados: Rui Falcão, seu presidente nacional, o ministro da
Educação, Aloízio Mercadante - Coordenador do Comitê de Reeleição - e,
muito discretamente, foram identificadas as digitais de José Dirceu.
Eduardo considera que essas manobras não seriam nada naturais. Ao
contrário, adjetiva-as de antidemocráticas e já se armou para
enfrentá-las. Afirma que irá arrebentar a cerca. O cerco envolve os
governadores socialistas - contingenciado pela liberação de recursos
federais -e os partidos que poderiam comopor com Eduardo, facultando uma
maior exposição dele no horário eleitoral. O "Moleque" dos jardins da
Fundação Joaquim Nabuco já demonstrou que é bom de briga. Vamos ver quem
cede nesse cabo de guerra.
sexta-feira, 31 de maio de 2013
quinta-feira, 30 de maio de 2013
Campos inicia operação para acalmar clima no PSB
Além de fazer articulações junto a partidos que
possam apoiar os seus planos de concorrer ao Planalto em 2014, o
governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), tenta acalmar os ânimos
internos da legenda; nesta semana, ele jantou com o ex-ministro Ciro
Gomes (PSB-CE), uma das principais vozes contrárias à uma candidatura
própria por parte do PSB, e tem acompanhado de perto a escala da
aproximação do ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho
(PSB-PE), junto ao PT; se a "operação abafa" dará certo ou não somente o
tempo dirá, mas a engrenagem da estratégia para selar a paz interna já
foi acionada
30 de Maio de 2013 às 10:59
Paulo Emílio_PE247 - O governador de Pernambuco ,
Eduardo Campos (PSB) não anda articulando sua potencial candidatura
somente junto a partidos que podem garantir o apoio necessário aos seus
planos de concorrer ao Palácio do Planalto em 2014. As novas costuras
visam a acalmar os ânimos internos da sua própria legenda de maneira a
garantir que as suas movimentações transcorram de forma tranquila, sem
que haja o risco de ser alvo frequente do chamado fogo amigo. Nesta
linha, Campos jantou esta semana com um dos maiores críticos aos seus
planos majoritários, o ex-ministro Ciro Gomes (PSB-CE), e tem deixado o
ministro da Integração Nacional (PSB-PE), Fernando Bezerra Coelho, à
vontade para fazer demonstrações de apoio ao governo e ao projeto de
reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT). Nesta direção, a
engrenagem da estratégia para abafar o que pode virar uma crise interna
de grandes proporções, o que inclui um racha no PSB, já está em
movimento.
O coro da contrariedade, iniciado por Ciro e pelo irmão e governador
do Ceará, Cid Gomes, foi engrossado por FBC, que passou a defender
abertamente que o PSB permaneça na base de apoio do governo Dilma, bem
como a reeleição da presidente. Nas últimas semanas diversos
governadores pessebistas também passaram a afirmar que o PSB deve apoiar
a reeleição de Dilma e lançar um candidato próprio à Presidência
somente em 2018. A mudança de postura dos governadores é atribuída às
pressões que os gestores estariam sendo submetidos – o que incluiria
dificuldade para firmar convênios e obter recursos federais – com o
objetivo de fazer com que o PSB desista de seus planos nacionais.
O governador sabe que será o alvo da vez por parte dos petistas que
já o acusam de traição por querer romper com uma aliança histórica entre
as siglas. Tanto Dilma como o ex-presidente Lula tem observado as
movimentações de Campos sem tomar nenhuma decisão intempestiva, uma vez
que isto poderia ser utilizado por Campos como o mote para sair da base
governista como vítima de uma injustiça, já que o PSB permanece na base
aliada e é uma peça importante nas votações de interesse do Governo no
âmbito do Congresso. A opção escolhida foi tentar sangrar o PSB por
dentro, aproximando-se do clã Gomes no Ceará e acenando ao ministro FBC a
possibilidade de disputar o governo de Pernambuco, por alguma outra
sigla da base que não o PSB.
E é aí que a movimentação de Campos faz sentido. Ciro é uma das
principais vozes contrárias á postulação do gestor pernambucano. O
jantar que ambos tiveram no Rio de Janeiro no início desta semana teria o
objetivo de tentar selar a paz entre eles, que se cutucam mutuamente há
bastante tempo. Campos confirmou o encontro, mas limitou-se a dizer
que “o jantar foi muito bom, muito positivo… Falou sobre Brasil, sobre
caminhadas , sobre a economia, sobre muitas coisas”.
O que Campos não deseja é dar motivos para o correligionário romper
com o partido e ingressar em alguma outra legenda, o que enfraqueceria o
seu palanque no Nordeste, em especial no Ceará, e fortaleceria o da
presidente Dilma. É no Nordeste que tanto o PSB como o PT possuem o seu
maior capital político e a influência de Ciro e Cid Gomes podem influir
significativamente na balança eleitoral da Região.
Sobre FBC, tanto Campos quanto a direção do PSB têm observado de
perto as movimentações do ministro que se aproxima cada vez mais do PT.
Embora afirmem que o PSB é uma legenda democrática e que todos podem
expressar suas opiniões, a saída do ministro já é tida quase como uma
certeza por parte da cúpula socialista. FBC tem demonstrado sua
insatisfação pelo fato de até agora Eduardo não ter feito nenhum gesto
de que será ele o escolhido para disputar a sucessão estadual. E é esta
insatisfação vem de longa data.
Quando Eduardo campos candidatou-se pela primeira vez ao Governo de
Pernambuco, foi FBC quem articulou o apoio dos prefeitos do Sertão do
Estado à sua postulação. Em troca esperava ser ungido ao Senado, mas
acabou preterido quando Eduardo optou por apoiar as candidaturas de
Humberto Costa (PT) e Armando Monteiro Neto (PTB). Após a reeleição do
gestor ao Palácio do Campo das Princesas, FBC depositou suas esperanças
em ser o escolhido pelo governador para sucedê-lo, o que até agora não
aconteceu.
Nesta linha, parte do PSB avalia que não existe ‘dívida de gratidão’ a
ser quitada, uma vez que Campos levou FBC a se tornar ministro da
Integração Nacional, uma pasta estratégica tanto pelo volume de recursos
que possui como pela atuação no sertão Nordestino – com obras como a
Ferrovia Transnordestina e a Transposição do Rio São Francisco. Como é
no Sertão pernambucano que FBC concentra a sua força política, esta
dívida já estaria mais do que bem paga, segundo alguns pessebistas.
E apesar dos constantes recados e sinais de insatisfação por parte do
ministro, Campos tem optado por deixar FBC dizer o que pensa. Ao optar
pelo silêncio em torno da sucessão estadual e afirmar que tanto esta
decisão como a de que será ou não candidato ao Planalto somente será
definida em 2014, Campos evita que FBC venha a sair como vítima de um
processo de fritura interna.
Além deste ponto, a insatisfação de FBC encontra eco principalmente
no Sertão pernambucano, enquanto a de Ciro costuma reverberar em nível
nacional. Como Campos deseja concorrer ao Planalto, a prioridade é
abafar a voz de maior alcance. Neste caso, o jantar entre Ciro e Eduardo
é emblemático. Para a voz mais localizada de FBC, a opção foi adotar
praticamente a mesma estratégia que o PT adotou com o PSB: não dar
motivos para um rompimento de forma a ser acusado de vitimizar o
ministro até a sua saída da legenda.
Mas se esta estratégia servirá para acalmar Ciro e Cid Gomes, segurar
FBC no partido e minimizar o tom das críticas contra o projeto nacional
do PSB, somente o tempo dirá. E o próprio Eduardo conta com o tempo
para acalmar os ânimos internos e estabelecer o consenso em torno da sua
postulação. “O partido vai ficar unido na hora que a decisão for
tomada", disse.
Boatos e fuxicos, Roberto DaMatta.
Boatos e fuxicos
ROBERTO DAMATTA - O Estado de S.Paulo
Minha experiência de vida foi marcada por fuxicos e
boatos. Mais velho, aprendi que o escândalo e o fuxico são poderosos
instrumentos de controle social. Cada qual sintoniza a seu modo coisas a
serem evitadas ou desejos ocultos e reprimidos. Seu denominador comum,
porém, como acentuaram Gordon W. Allport e Leo Postman num livro
pioneiro, denominado The Psychology of Rumor (A psicologia do boato) de
1947, é uma notória e excepcional ausência de informação entre o poder
público e o cidadão.
Ao lado da praga dos fuxicos e boatos, há as cartas anônimas - essas
irmãs daquilo que circula pelo mundo sem autoria. Tal como acontece com
as anedotas. Estas, porém, têm um desfecho ao passo que os boatos e
fuxicos ficam em suspenso até serem apurados e a ambiguidade neles
contida, desfeita pela informação aberta ou o pedido de desculpas. No
nazismo e no comunismo, pessoas foram punidas por contarem anedotas
sobre Hitler, ou Lenin. O único modo seguro de controlar a circulação de
notícias é pela censura. Não é por acaso que projetos de censura estão
sempre no ar e há um grande jornal debaixo de censura.
Não é agradável ouvir más notícias ou mentiras clamorosas sem
autoria. Sobretudo quando essas informações são negativas e colocam em
causa o que tomamos como sério e o que deve ser protegido ou honrado
como um país em guerra, um povo amordaçado por um regime autoritário, ou
um programa de governo tomado como vital pelos administradores
públicos.
Eu fui envolvido em boatos, fuxicos e uma vez recebi uma
desconcertante carta anônima. Estava num restaurante e, atendendo a um
encontro marcado com o cretino que queria me envenenar, dele recebi a
carta escrita em letra de forma e com muitos erros crassos de português o
que me conduziu imediatamente à suspeita de que o mensageiro era o
autor da mensagem. Numa página e meia, a epístola destruía a reputação
de uma moça. Lembro-me da revolta que senti ao ler as calúnias arroladas
por um suposto ex-namorado da jovem o qual, com o intuito sagrado de
proteger a minha inocência, era obrigado a denunciar a vida sexual nada
casta da minha querida amiga.
Após verificar o tamanho da falsidade e aquilatar a maldade do
documento, descobrindo pela primeira vez na vida todo o mal que existe
no fundo das almas humanas, não hesitei. Olhei nos olhos do
autor-mensageiro e disse: "Você sabe o que a gente faz com isso?". Em
seguida, risquei um fósforo. A chama fez a carta infame virar uma tira
negra de cinzas. O olhar desapontado do mensageiro confirmou minhas
suspeitas. Saí do encontro confiante na minha coragem de acreditar em
mim mesmo.
Não sei por que você está falando em carta anônima quando não se
escrevem mais cartas, diria um leitor desavisado. Ao que eu responderia,
sem medo de errar: é justamente pelo fato de trocarmos mensagens
instantâneas em casa, pela internet, que uma carta anônima teria hoje um
peso ainda maior. Justo porque ela seria da mesma ordem de gravidade de
uma notificação legal. O ato solene e mentiroso ("alguém me passou isso
para você na rodoviária"...) quando da entrega do envelope fechado, já
assinala o peso da mensagem. Quem vai se dar ao trabalho de escrever e
postar uma carta, senão para comunicar algo grave?
Essa combinação de moralidade e de denúncia, ao lado do anonimato que
aponta a má-fé, são o denominador comum de boatos e fuxicos. Essas
novidades que surgem nas entrelinhas do "real", mas que se ancoram na
plausibilidade. A ausência de autores - o sumiço de quem fez ou mandou;
ou a atribuição a uma instituição ou a um inimigo satanizado, tipificam
essas mensagens sem donos, mas - dependendo da reação - com temíveis
consequências. A mensagem é transmitida como um "ouviu dizer" e nessa
antiautoria jaz a sua autoridade. Pois, pelas regras da comunicação
humana, quanto mais séria a mensagem, mais demandamos saber a sua
origem. Quem foi que disse? Quem escreveu? Quem deu a ordem?
O boato e o fuxico, como já revelava o conto Quem Conta Um Conto (de
1873!), de Machado de Assis, ficam no ar até que alguém resolva
descobrir quem os originou. E, na origem, podemos ser surpreendidos ao
descobrir que autor e o receptor do fuxico, do conto, da anedota ou do
boato, são a mesma pessoa!
A lição a ser discutida e aprendida é que o boato tem a mesma
natureza incontrolável da moda, do sucesso, do frouxo de riso e do gol.
Ele nos escapa e some como um relâmpago. Resta apenas o significado
fulgurante e este depende - como no caso em pauta do boato da suspensão
do Bolsa-Família e da doação de um bônus pelo Dia das Mães - de nossa
imaginação a qual, por seu turno, está ligada a esse contexto eleitoral
antecipado que tem tudo a ver com o caráter inseguro e controlador dos
governantes; o que nos remete, de volta, a aspectos estruturais de nossa
história e sociologia política que revela o infinito turbilhão humano
com seus planos racionais e seus desejos ocultos.
Quem conta um conto...
Oscar Barreto: O PT não é barriga de aluguel
Uma das lideranças do PT no Estado, Oscar Barreto, afirmou recentemente
que o partido não é barriga de aluguel, informando que a agramiação tem
uma história de luta que não pode ser abandonada.
As declarações vieram na esteira das especulações em torno de uma
possível filiação do Ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra
Coelho, à legenda, habilitando-se a concorrer ao Governo do Estado pelo
partido em 2014. Setores do partido rejeitam a idéia de ter em seus
quadros alguém com o perfil de Fernando Bezerra Coelho, que já esteve
filiado a partidos que deram sustentação ao Regime Militar. Em alguns
Estados da federação, pontualmente, ainda se estabelecem esses embates
ideológicos, sobretudo se o partido ainda não perdeu seus laços orgânico
com os movimentos sociais ou as correntes tidas como "radicais" ainda
consigam fazer algum barulho. Tem sido assim sobretudo no Maranhão onde,
nas eleições passadas, as decisões do diretório estadual da legenda
foram grotescamente desrespeitadas pela Executiva Nacional, que impôs ao
partido o apoio ao nome de Roseana Sarney ao Governo do Estado, quando a
tendência seria o partido apoiar o nome do candidato do PCdoB, Flávio
Dino. A quadra do Maranhão, aliás, tem sido um dos maiores problemas da
coalizão PTxPMDB. O PT tem sido um dos maiores opositores dos Sarney no
Estado, arranhando a aliança estabelecida no plano nacional. Aqui em
Pernambuco, por uma série de circunstâncias, o PT já não reúne as
condições efetivas de apostar na tese do ideologicamente orientado ou
advogar 'questões de princípios', seja lá o que isso signifique para uma legenda que, na bacia semântica de Gilbert Durand, já foi incorporado pelo status quo da sociedade brasileira com todas as suas consequências.
PT e PMDB em pé de guerra
Já perdi a conta dos Estados da federação onde a aliança entre PT e
PMDB está ameaçada. Pernambuco é um dos Estados que estão sendo citados,
mas os problemas da legenda na província, como admite os próprios caciques
do partido, é mais fácil de ser contornado do que em outras praças,
como Rio e Maranhão, por exemplo. Aqui, Jarbas sempre foi muito
independente e, caso seja confirmada a candidatura de Eduardo Campos, o
seu grupo deve apoiá-la. Tiveram o cuidado de, antes, deixar a cúpula da
legenda muito à vontade para costurar uma candidatura própria,
possivelmente o prefeito de Petrolina, Júlio Lóssio. O posicionamento do
PT local sobre esses rearranjos é uma incógnita, mas isso não chega a
ser uma novidade. Não tem quadros, não tem tesão e anda a reboque dos
humores e conveniências do governador Eduardo Campos. Na quadra
nacional, hoje, se o partido viesse a se reunir para deliberar sobre o
assunto, a aliança seria rompida. Temer tem se esforçado bastante para
contornar os problemas, mas não está fácil cicratizar as feridas abertas
entre as duas legendas. Houve muita inabilidade do Governo no trato de
algumas questões relativas à medida dos Portos e isso deixou sequelas.
Assim, com a licença poética do poema do Carlos Drumond de Andrade,
Garotinho que não amava Eduardo Cunha, Eduardo Cunha que não amava Ideli
Salvatti, Ideli Salvatti que não amava ninguém. Eduardo Cunha abriu um
cisma difícil de ser contornado. Conta com apoiadores e vem peitando
seus desafetos na legenda e no Governo.
quarta-feira, 29 de maio de 2013
Eduardo Campos: Um caminho sem volta?
De temperamento forte, segundo dizem, a presidente Dilma Rousseff já
teria lavado as mãos em torno do governador de Pernambuco, Eduardo
Campos, emborá lá no fundo, bem no fundo, Lula ainda alimente uma
ligeira possibilidade de convencer o amigo a voltar ao aconchego da
base aliada. Depois da repercussão das informações que davam conta de
que ele estaria tirando o pé do acelerador, mais recentemente, outras
informações da crônica política não apenas indicam que ele voltou a
empurrar o pé para derrubar a cerca, como também atingiu um ponto sem
retorno. Como diria Leonel Brizola, se vivo fosse, não haveria mais
combustível suficiente para a aeronave socialista retornar ao porto
seguro da base aliada. Se não, vejamos: mimado pelo Planalto, o Ministro
da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, assume claramente uma
postura governista, contrariando, no interior da agremiação, as
expectativas em torno de uma candidatura presidencial do seu padrinho
político. Durante a inauguração de obras do Governo Federal no Estado,
tomou a liberdade de se contrapor ao slogan que vem sendo utilizado por
Eduardo Campos, aludindo que é possível fazer mais, melhor e bem feito.
Apesar de uma defesa pública do prefeito Geraldo Júlio, raposa velha na
política, o ministro sabe de suas dificuldades com o PSB local. O
cardápio do Palácio do Campo da Princesas para 2014, certamente, será
bode frito. Ops! Eu disse bode? Não seria coelho? O jornalista Jota Nogueira, do Diário de Pernambuco, em seu
blog, no dia de hoje, informa que caciques petistas, acostumados a
interpretar as fumaças que saem da cozinha do Campo das Princesas,
também já teriam perdido as esperanças de tê-lo de volta. Em encontro
recente, Eduardo Campos fez duras críticas ao Programa Bolsa Família, o
carro-chefe da campanha à reeleição de Dilma Rousseff. Ainda não é
suficiente? Eduardo Campos não tem esboçado nenhuma reação à aproximação
dos urubus voando de costa. A fauna cresce a cada dia. O mais recente
integrante é o ex-ministro de FHC, Jorge Bornhausen, um conservador
assumido. Dr. Miguel Arraes, lá onde ele se encontra, deve estar
profundamente magoado com os caminhos que o neto vem trilhando.
Prefeitura do Recife: Acusações também sobre a merenda
Publicação: 29/05/2013 03:00
Dois dias depois de o Diario ter publicado com exclusividade a denúncia
de superfaturamento na aquisição do kit escolar pela Prefeitura do
Recife entre 2009 e 2012, outra “bomba” da gestão do ex-prefeito João da
Costa está prestes a estourar. O Tribunal de Contas do Estado (TCE) vai
julgar, no mês de junho, o processo de fornecimento de merenda escolar
às 321 escolas públicas do Recife. Além de analisar o motivo pelo qual a
prefeitura ter feito apenas uma única licitação com as empresas (SP
Alimentação e Serviços Ltda e Geraldo J. Cohan) que forneceram
ininterruptamente a merenda durante sete anos (2005 a 2012), o TCE vai
decidir sobre a legalidade do aditamento do contrato, em dezembro de
2012.
Coincidentemente, esse aditamento ocorreu no apagar das
luzes da administração de João da Costa, a exemplo do processo de compra
do material escolar, que teve o contrato com as empresas fornecedoras
dos produtos aditadas em outubro do ano passado. Tanto em um caso quanto
no outro, houve um acréscimo de 25% em relação à quantidade de itens
estabelecida no contrato original. No caso do kit escolar, a prefeitura
já havia excedido em até 56% o quantitativo original para a aquisição
dos produtos, mesmo com o Tribunal de Contas da União só permitindo o
aditamento de 25%.
Na publicação do Diário Oficial em 8 de
dezembro de 2012, a prefeitura alega que o aditivo de 25% no contrato
com a empresa SP Alimentação para fornecimento de merenda é decorrente
de uma “necessidade excepcional”, que seria a não interrupção do
fornecimento da merenda aos alunos. Os seis meses de vigência se
encerram agora, no mês de junho, o que forçará o prefeito Geraldo Julio
não só a efetuar o pagamento da fatura deixada por João da Costa (R$ 5,3
milhões), bem como regularizar a situação do fornecimento, que desde a
segunda gestão de João Paulo (2005-2008) é realizado por duas únicas
empresas, uma das quais com suspeitas de fraudes em diversos estados no
Brasil (SP Alimentação).
O assunto foi mais uma vez motivo de
debate entre oposição e governo na Câmara do Recife, ontem. A
oposicionista Priscila Krause (DEM) questionou o porquê de mais um
aditivo com a mesma empresa e cobrou eficiência da nova gestão. “Não
houve tempo hábil para realizar nova licitação? Cinco meses? Nada
justifica essa postura opaca e turva da atual gestão”, criticou. A
prefeitura, por meio da assessoria da Secretaria de Educação, se
defendeu informando que está prevista para a primeira quinzena de junho
uma nova ata de registro de preço para fornecimento merenda escolar. O
governista André Ferreira (PMDB) anunciou, da tribuna, que o projeto da
prefeitura é de, a partir do segundo semestre, as merendas serem
produzidas nas próprias escolas.
(DIARIO DE PERNAMBUCO)
O "alemão" prepara o terreno de Eduardo Campos em Santa Catarina
Ex-ministro declarou voto ao governador de
Pernambuco na disputa pela Presidência em 2014; já conversaram,
inclusive, sobre a montagem do partido em Santa Catarina, ponto
estratégico no crescimento do PSB e de sua candidatura na região sul
29 de Maio de 2013 às 09:07
247 – O ex-ministro Jorge Bornhausen declarou
oficialmente seu apoio ao PSB de Eduardo Campos na corrida pela
Presidência em 2014. Articula até sua abertura na região sul. Leia o
artigo de Rosângela Bittar, chefe da Redação, em Brasília, do Valor:
Uma ponte para o Sul
É público que Jorge Bornhausen, ex-ministro, ex-senador,
ex-embaixador, ex-governador, atualmente sem filiação partidária,
investiu uns 15 anos de sua vida política na carreira de Gilberto
Kassab, o ex-prefeito de São Paulo que abrigou no PFL, vindo do PL, e
apoiou na difícil tarefa de criar um novo partido, o PSD, quando ambos
se apartaram do DEM. É uma cacofonia de siglas, mas todas guardando uma
certa coerência política. Esta semana, deu-se uma nova virada nos rumos
da política que Bornhausen pratica. Reuniu-se com Kassab para uma
conversa que não chegou a ser de despedida, porque são e continuarão
amigos, mas para troca de impressões sobre os caminhos agora opostos que
trilharão.
Bornhausen, mesmo sem filiação partidária e sem candidatura, estará
sempre do lado oposto ao do PT na política. Kassab agora é aliado do PT,
vai apoiar Dilma Rousseff em sua campanha de reeleição, seu partido
integra o Ministério do governo petista.
Bornhausen recusa a ideia corrente no DEM de que ele foi o criador de
Kassab. "Quando ele veio para o PFL já era deputado pelo PL. Já tinha
uma posição de destaque, veio a meu convite para ajudar a formar o PFL
de São Paulo, o que ele fez muito bem. Depois foi eleito deputado
federal, foi vice-prefeito, prefeito, é meu amigo, gosto muito dele".
O líder catarinense também não se acha decisivo na formação do PSD,
mesmo que tenham aderido ao novo partido um governador e um senador do
seu grupo, Raimundo Colombo e Kátia Abreu, além de seu filho Paulo
Bornhausen.
"Eu apenas aconselhei os que me procuraram a examinar bem suas
convicções, suas questões, mais nada. A decisão de Santa Catarina foi
tomada em Santa Catarina, não foi por minha causa".
Há muitos anos Jorge Bornhausen traçou uma linha de separação dos
campos políticos para não haver hipótese de tangenciar o PT, e com ela
foi coerente, sempre. O PSD está com o PT, portanto dele se afastou,
politicamente, pois já não é filiado.
Na verdade, desde que se desfiliou do DEM, Bornhausen não ingressou
em nenhum outro partido. Por que não ir com o PSD às eleições
presidenciais?
"O PT de Santa Catarina sempre fez suas ações contra a minha pessoa.
Tudo foi sempre pessoal. É uma questão de dignidade eu não votar nem
apoiar qualquer candidato do PT", afirma Bornhausen.
Quem acompanha sua trajetória lembra-se da indignação que lhe
provocaram os cartazes, elaborados e distribuídos pelo PT, anos atrás,
com seu rosto colocado no corpo de Hittler. "Manifestações daquela
natureza continuam até hoje", cita Bornhausen.
É também público que o ex-senador, ex-ministro, ex-governador,
ex-embaixador, o líder político de Santa Catarina, está apoiando a
candidatura presidencial de Eduardo Campos, o governador de Pernambuco,
do PSB. Bornhausen virou socialista? Ele ri e afirma: "Eu votarei nele
se vier a ser candidato e tudo indica que sim".
Definindo o que o ajuda a manter a coerência, afirma: "Eu acho que,
em política, o mais importante não é a popularidade, é a credibilidade.
Ao me manifestar em favor da candidatura do Eduardo Campos, eu me
mantenho dentro da linha de credibilidade na minha vida política. Jamais
poderia apoiar aqueles de quem sempre divergi, que eram os integrantes
do PT", comenta.
Bornhausen declarou voto em Eduardo, e com ele já participou de
algumas reuniões. O governador pernambucano convidou Paulo Bornhausen
para filiar-se ao PSB, mas o deputado ainda não se decidiu. "Ele tem
muito tempo, só precisa responder em setembro".
A opção por Eduardo Campos é uma guinada política na sua vida?
Bornhausen se mostra impressionado com a atuação do governador: "Não,
não é nenhuma guinada. Ele é um administrador moderno, vem executando
suas tarefas tendo sempre em vista o desenvolvimento, o crescimento do
seu Estado, utiliza-se de todos os meios modernos de administração,
fazendo com que a meritocracia seja um critério integrante do sistema na
educação, na saúde, na segurança, admiro seu trabalho. Dai porque,
pessoalmente, já fiz a minha opção de voto".
O que vai acontecer com seu grupo, Bornhausen não arrisca prever,
ainda. "Cabe ao deputado Paulo Bornhausen escolher o seu caminho. Ele já
disse que também não acompanha a candidatura da Dilma. Quanto ao
ingresso no PSB, ele recebeu um convite público do governador Eduardo
Campos e está examinando, com outros companheiros, essa possibilidade".
O partido de Eduardo Campos tem uma comissão provisória em Santa Catarina, presidida pelo ex-senador Geraldo Althoff.
Se houver filiação de parlamentares, caso do Paulinho Bornhausen, por
exemplo, deverá haver alguma alteração. Mas a presidência, na avaliação
do líder catarinense, deve continuar com quem está. "Althoff é um homem
íntegro, da melhor qualidade". Se Paulo Bornhausen vai para o PSB ou
não, até setembro todos saberão. Se não for, sua alternativa é ficar
numa situação de dissidente no PSD que, segundo Bornhausen, " tudo
indica", vai apoiar a Presidente da República.
Foi mais ou menos esse o fio da meada da conversa que Bornhausen e
Kassab mantiveram esta semana. "Absolutamente, minha relação de amizade
com ele não tem porta para qualquer despedida. Eu coloquei a situação,
evidentemente minha, e a decisão que Paulinho tomará, de acordo com o
que ele achar melhor para o futuro dele. Mas jamais fazer uma despedida
de uma amizade que é, para mim, muito importante, sobretudo é afetiva".
Jorge Bornhausen mantém a decisão de não se filiar a nenhum partido e a tomar suas decisões "conforme convicções". No momento, tudo isto converge para a candidatura de Eduardo Campos. E já conversaram, inclusive, sobre a montagem do partido em Santa Catarina, ponto estratégico no crescimento do PSB e da candidatura do governador na região sul. "Ele vai formar o partido em Santa Catarina, necessário para a candidatura dele. O Paulo deverá tomar as posições que facilitem, ajudem a candidatura do Eduardo Campos no Estado".
Jorge Bornhausen mantém a decisão de não se filiar a nenhum partido e a tomar suas decisões "conforme convicções". No momento, tudo isto converge para a candidatura de Eduardo Campos. E já conversaram, inclusive, sobre a montagem do partido em Santa Catarina, ponto estratégico no crescimento do PSB e da candidatura do governador na região sul. "Ele vai formar o partido em Santa Catarina, necessário para a candidatura dele. O Paulo deverá tomar as posições que facilitem, ajudem a candidatura do Eduardo Campos no Estado".
(Publicado originalmente no jornal Brasil 247)
terça-feira, 28 de maio de 2013
Eduardo Campos pisa na bola ao criticar o Bolsa Família.
Na província, no aconchego do ninho socialista, entre vereadores e
lideranças do partido, o governador Eduardo Campos criticou o Bolsa
Família, verdadeira vitrine do acerto das políticas de inclusão social
do Partido dos Trabalhadores. As críticas dirigidas ao programa
convergem para grandes obviedades e tautologias, como a necessidade de
políticas estruturadoras que indiquem a porta da saída do programa. Ou,
para usar um termo mais preciso, políticas sociais de 3ª geração. Todas
essas questões são do conhecimento do Governo e, mesmo que
incipientemente, começam a ganhar esboço de políticas públicas, como uma
preocupação com a formação técnica desse contingente, políticas de
concessão de créditos para a abertura de pequenos negócios etc.
Intencionalmente, dependendo de quem o observe, há muitos vieses em
relação ao Bolsa Família. Vieses ou, no íntimo, um pouco de má vontade.
Em artigo recente publicado na revista Carta Capital, o Cientista
Político Marcos Coimbra, afirmou que a elite brasileira não gosta dele. A
elite intelectual, então, em dois dedos de prosa, não resiste em soltar
seus cachorros em relação ao Programa, hoje copiado por países pobres e
ricos e, certamente, o maior programa de transferência de renda do
mundo, capaz de erradicar milhões de braisileiros da extrema pobreza.
Outro equívoco foi afirmar que as possoas ficariam reféns do Programa.
1.600 mil pessoas "pediram para sair" expontaneamente, numa atitude que
prova que o povo brasileiro é gente boa. Apesar de herdar o DNA do avô, o
governadador de Pernambuco parece passar por um processo de
tucanização. Muito cuidado, governador. O povo tem a dimensão exata do
que significa esse Programa. Esse seu discurso, afinal, é dirigido a
quem? a elite brasileira? aos empresários? aos acadêmicos envernizados
nas universidades americanas que voltam ao país com nojo da "inhaca"?
Duvido muito que o seu avô, Dr. Miguel Arraes, de saudosa memória, se
colocasse contra um programa dessa natureza.
Fernando Bezerra Coelho: "É possível fazer mais, melhor e bem feito".
Já aclamado como candidato entre os seus pares - caso da reunião com os
vereadores socialistas ocorrida recentemente - o governador Eduardo
Campos esforça-se para construir um
discurso que concilie a sua participação no grande legado de políticas
sociais de transferência de renda da Era Lula/Dilma - não se deslocando
da base aliada - mas propondo "fazer mais e melhor". Recentemente,
concedi uma entrevista onde o repórter questionou-me sobre essa guerra
de slogans. No caso de Eduardo Campos, parece-nos óbvio que o slogan foi
pensado diante de uma série de circunstâncias e, possivelmente,
subsidiado junto à pesquisas realizadas com eleitores, quem sabe, a
partir das primeiras fornalhas do Antonio Lavareda. No caso das
"respostas" do Planalto, isso parece ocorrer apenas como figura de
retórica. "É possível fazer mais", "É possível fazer mais e melhor" e,
finalmente, "É possível fazer mais, melhor e bem feito", esse último
utilizado pelo Ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho,
já então falando, certamente, muito mais em sintonia com o Planalto, ontem, durante inauguração de obras do Governo Federal na região, firme na sua carreira solo. A
antecipação do processo sucessório contribuiu, igualmente, para
antecipar uma possível guerra de slogan, mais, nesse, caso, apenas como
retórica produzida por algum Ghost Writer de plantão. Não acreditamos
que o Planalto tenha consultado João Santana para responder ao
marqueteiro de Eduardo Campos. Não ainda.
Os crimes contra a humanidade e os direitos humanos são imprescritíveis.
POSTADO ÀS 14:00 EM 27 DE Maio DE 2013
O famoso ensaista e historiador Paulo Mercadante escreveu que a marca registrada da história brasileira é a conciliação ou a "história incruenta", como dizia o saudoso José Honório Rodrigues. No Brasil, tudo se resolve com um tapinha nas costas ou um aperto de mão. Numa mesa farta, poderiamos acrescentar. Esse comentário vem a propósito da discussão no interior da Comissão da Justiça e da Verdade, sobre a reabertura ou não da Lei da Anistia. Comparado com a Argentina e o Uruguai - e mesmo o Chile de Pinochet - o nosso país é um paraíso para torturadores, assassinos, ladrões, contrabandistas etc. Nada acontece com eles.
Até porque existe um famoso advogado, ex-ministro da Justiça, especializado em defender essas criaturas das garras da lei, pela módica importância de (a partir) 150.000,00. País da impunidade, esse nosso.
O processo da transição democrática e do restabelecimento do Estado de Direito no Brasil deixou um enorme passivo para a sociedade brasileira e as famílias dos chamados "desaparecidos políticos", cuja indenização monetária não resolve. Tanto as famílias que perderam seus entes queridos ( e que não eram torturadores, assassinos nem contrabandistas) como o povo brasileira têm o direito líquido e certo não só de enterrarem condignamente seus mortos, mas de saber cabalmente o que aconteceu um dia nesse país!
Por mais hedionda e revoltante que tenha sido essa guerra suja da Ditadura Militar contra militantes da esquerda e dos movimentos sociais no Brasil, temos hoje a possibilidade pelo trabalho da Comissão de interrogar os agentes públicos envolvidas nela, dar a conhecer à sociedade o que realmente se passou e responsabilizar penalmente os autores materiais e intelectuais desse crim es.
Alegar que essas bárbaras ações cometidas em nome da "Segurança Nacional", por servidores públicos, a mando de seus superiores, estão prescritas ou perdoadas em função da Lei da Anistia, é um escárnio diante do sofrimento e o direito sagrado dos familiares de apurar até o fim o que aconteceu com os seus parentes. Muitos vão dizer que é melhor colocar uma pedra sobre isso.
Que este foi preço a pagar pela transição "indolor" para a democracia e que é melhor não despertar a fúria dos militares, sob o pretexto de revanchismo, retaliação, vigança etc. De toda maneira essa "via brasileira" para resolver conflitos internos não contribui nem para a história nem para a justiça, estimulando a impunidade, nivelando as pretensões de validade ética dos agressores e agredidos e relativizando a idéia de Justiça e de Verdade. Para fazer o trabalho pela metade, para não desagrad ar os militares, era melhor nem ter começado. É como se a questão militar no Brasil nunca tivesse sido constitucionalizada. Permanece acima da Constituição. Continuamos refém das forças de segurança. A nossa transição não foi pactuada, foi tutelada pelos militares, com a conivência dos que atuaram no Colégio Eleitoral que elegeu Tancredo Neves.
E hoje, nós temos o triste espetáculo de conviver cara-a-cara com os nossos perseguidores, torturadores, nos corredores das insitiuições públicas e, em alguns casos, no interior das Comissões da J e V, em razão dos compromissos e interesses eleitoreiros dos governantes.
Gostaria de reafirmar que não existe anistia, nem perdão, nem esquecimento para os crimes cometidos contra a Humanidade. Como disse um filósofo alemão: não do que um dia aconteceu, está perdido para a História. E que se nós, historiadores e juristas ou cidadãos, não formos capazes de resgatar a memória das lutas e sofrimentos das gerações passadas, os criminosos e torturadores continuarão a vencer, e nem os mortos estarão em segurança! E a obra ignominiosa e execrável desses criminosos e torturadores continua impune, como se nada tivesse acontecido!
Boaventura de Sousa Santos: Sobre o austeritarismo alemão
publicado em 27 de maio de 2013 às 20:54
Estudantes alemães desconhecem Hitler, diz pesquisa
O diktat alemão
Na reunião de 9 de Abril entre o secretário do Tesouro norteamericano
e o superministro alemão Wolfgang Schäuble ficou provado que o
fundamentalismo neoliberal domina hoje mais na Europa que nos EUA.
À recomendação feita por Jacob Lew de que a Europa atenue a ênfase na
austeridade e promova o crescimento económico, respondeu desabridamente
o ministro alemão que “na Europa ninguém vê uma contradição entre
consolidação fiscal e crescimento” e que “devemos parar com este debate
que nos diz que temos de optar entre austeridade e crescimento”.
Provar que há alternativas ao diktat alemão do
nacional-austeritarismo e que elas são politicamente viáveis é o maior
desafio que as sociedades europeias, a portuguesa incluída, hoje
defrontam.
O desafio é comum, ainda que a sua concretização varie de país para
país. A história europeia mostra de maneira muito trágica que não é um
desafio fácil. A razão alemã tem um lastro de predestinação divina que o
filósofo Fichte definiu bem em 1807, quando contrapôs o alemão ao
estrangeiro desta forma: o alemão está para o estrangeiro como o
espírito está para a matéria, como o bem está para o mal.
Perante isto, qualquer transigência é sinal de fraqueza e de
inferioridade. O próprio direito tem de ceder à força para que esta não
enfraqueça.
Quando, no começo da Primeira Guerra Mundial, há quase um século, a
Alemanha invadiu e destruiu a Bélgica, sob o pretexto falso de se
defender da França, violou todos os tratados internacionais, dada a
neutralidade daquele pequeno país (as agressões alemãs tendem
historicamente a tomar como alvo inicial os países mais fracos).
Sem qualquer escrúpulo, o chanceler alemão declarou no Parlamento: “A
ilegalidade que praticámos havemos de procurar reparar logo que
tivermos atingido o nosso escopo militar. Quando se é ameaçado e se luta
por um bem supremo, cada qual governa-se como pode”.
Esta arrogância não exclui alguma magnanimidade, desde que as vítimas
se portem bem. Da nota que a chancelaria alemã enviou à chancelaria
belga em 2 de Agosto de 1914 – um documento que ficará na história como
um monumento de mentira e felonia internacionais – constam as condições
3. e 4. que rezam assim:
“3. Se a Bélgica observar uma atitude benévola, a Alemanha obriga-se, de acordo com as autoridades do Governo belga, a comprar contra dinheiro contado tudo quanto for necessário às suas tropas e a indemnizar quaisquer danos causados na Bélgica pelas tropas alemãs. 4. Se a Bélgica se comportar de um modo hostil às tropas alemãs e se, especialmente, levantar dificuldades à sua marcha… a Alemanha será obrigada, com grande desgosto seu, a reputar a Bélgica como inimiga”.
Ou seja, se, como diríamos hoje, os belgas fossem bons alunos e se
deixassem instrumentalizar pelos interesses alemães, o seu sacrifício,
se bem que injusto, receberia uma hipotética recompensa.
Caso contrário, sofreriam sem dó nem piedade. Como sabemos, a
Bélgica, inspirada pelo Rei Alberto, decidiu não ser boa aluna e pagou
por isso o elevado preço da destruição e dos massacres, uma agressão tão
vil que ficou conhecida como a “violação da Bélgica”.
Dada esta superioridade über alles, humilhar a arrogância alemã tem
sempre envolvido muita destruição material e humana, tanto dos povos
vítimas dessa arrogância como do povo alemão. Claro que a história nunca
se repete e que a Alemanha é hoje um país sem poder militar e governado
por uma vibrante democracia.
Mas três factos perturbadores obrigam os restantes países europeus a
tomar em conta a história. Em primeiro lugar, é perturbador verificar que
o poder económico alemão está hoje convertido em fonte de uma ortodoxia
europeia que beneficia unilateralmente a Alemanha, ao contrário do que
esta quer fazer crer. Também em 1914 o Governo imperial pretendia
convencer os belgas de que a invasão alemã do seu país era para seu bem,
“um dever imperioso de conservação”, e que “o Governo alemão sentiria
vivamente que a Bélgica reputasse [a invasão] como um acto de
hostilidade”, como se escreve na infame declaração já referida.
Em segundo lugar, são perturbadoras as manifestações de preconceito
racial em relação aos países latinos na opinião pública alemã. Vem à
memória o antropólogo racista alemão, Ludwig Woltmann (1871-1907) que,
inconformado com a genialidade de alguns latinos (Dante, Da Vinci,
Galileu, etc.), procurou germanizá-los. Conta-se, por exemplo, que
escreveu a Benedetto Croce para lhe perguntar se o grande Gianbattista
Vico era alto e de olhos azuis. Perante a resposta negativa, não se
desconcertou e replicou: “Seja como for, Vico deriva evidentemente do
alemão Wieck”.
Tudo isto parece hoje ridículo, mas vem à memória sobretudo tendo em
mente o terceiro facto perturbador. Um inquérito realizado há pouco mais
de um ano aos alunos das escolas secundárias alemãs (entre 14 e 16 anos
de idade) revelou que um terço não sabia quem fora Hitler e que 40%
estavam convencidos de que os direitos humanos tinham sido sempre
respeitados pelos Governos alemães desde 1933.
*Director do Centro de Estudos Sociais, Laboratório Associado, da Universidade de Coimbra
segunda-feira, 27 de maio de 2013
A farra do superfaturamento escolar no Recife.
TCE suspende pagamento de R$ 21,7 milhões de contrato feito na gestão do ex-prefeito João da Costa
Ana Luiza MachadoPublicação: 26/05/2013 11:00 Atualização: 26/05/2013 15:35
Wemerson Flávio Gomes da Silva, de 9 anos, não tem farda para ir à escola. Nem muitas roupas para “ir gastando”, como se apressou em dizer. Também lamenta ter recebido cadernos, lápis e canetas em um saco plástico, que, segundo ele, era parecida com uma “sacola de pão”. O caso de Wemerson é similar ao de outros 300 alunos da Escola Municipal da Mangabeira, que, faltando pouco mais de um mês para o fim do primeiro semestre, não receberam o fardamento nem a mochila escolar, apesar de o ano letivo ter começado em fevereiro. Uma realidade repetida em outras quatro escolas visitadas pelo Diario (confira a reportagem completa na edição impressa deste domingo).
Os problemas na entrega dos kits escolares têm seus efeitos revelados agora, mas foram iniciados em 2009, primeiro ano da gestão do ex-prefeito João da Costa (PT). De lá para cá, a uma licitação para a compra de material escolar juntaram-se denúncias que vão de indícios de superfaturamento de itens de até 455% a prorrogações indevidas de atas de registro de preços. O Tribunal de Contas do Estado (TCE) expediu medida cautelar (nº 1302424-3), no dia 10 deste mês, determinando a suspensão, pela Prefeitura do Recife, do pagamento de R$ 21,7 milhões à WEJ Livraria e Papelaria Ltda, referentes a restos a pagar do ano letivo de 2012.
A decisão foi tomada com base nos resultados de auditoria especial iniciada pelo TCE em 2011, nos contratos firmados entre a PCR e a empresa. A investigação do tribunal revelou que desde 2009 só foi realizada uma única licitação para a compra de kits escolares pela Prefeitura do Recife. Além disso, foi apontada suspeita de irregularidades na cotação de preços, feita entre empresas cujos donos possuem laços de parentesco, além da compra de kits em número muito acima do quantitativo de alunos e superfaturamento no valor dos produtos.
Somente em sete itens comprados pela prefeitura comparados com pregões do governo do estado, o poder municipal teria gasto R$ 8,4 milhões a mais, valor passível de devolução através de ação judicial. A caixa de lápis de cor com 12 unidades custou à prefeitura R$ 6 entre 2010 e 2012. No mesmo período, a WEJ vendeu ao governo estadual o mesmo item por R$ 1,75. A diferença, neste caso, é de R$ 3,7 milhões. Uma mochila foi comprada em 2010 pela gestão municipal por R$ 28. Em 2012, outra mochila, de qualidade superior, foi vendida para o governo do estado por R$ 20.
A prorrogação dos registros de preços, segundo Dirceu Rodolfo, autor da medida cautelar, fere a Lei das Licitações. Uma denúncia protocolada no TCE em abril deste ano contra a WEJ por superfaturamento e esquemas fraudulentos em outros estados, também deu força à cautelar.
“Através de uma análise feita pela auditoria especial foram verificados fortes indícios de irregularidade no processo licitatório (nº 004/2009), no qual a vencedora é uma empresa investigada pelo Tribunal de Contas da União por atas viciadas também nos estados de Alagoas e Maranhão”, explicou Dirceu Rodolfo. Segundo ele, se forem usadas como parâmetro atas do governo do estado é possível verificar que há, segundo o relatório do TCE, “uma distorção monstruosa” nos preços dos produtos com as mesmas especificações adquiridos pela Secretaria de Educação da PCR.
“Por que a prefeitura decidiu comprar os materiais escolares com uma ata do governo do estado em que a fornecedora é a mesma empresa, a WEJ? Isso põe em questionamento os princípios da impessoalidade, moralidade, legitimidade, razoabilidade e competitividade”, afirma Dirceu Rodolfo. De 2009 a 2012, a Prefeitura do Recife empenhou para o pagamento à WEJ Livraria e Papelaria o total de R$ 90,9 milhões.
Vencedora do mesmo certame, só que para o fornecimento do fardamento escolar, a RecilfeSilk também está na mira do Tribunal de Contas. Apesar de não haver nenhuma ação do órgão fiscalizador contra ela, o fato de ter recebido ao longo de quatro anos R$ 56,6 milhões fruto do vencimento de um único pregão, fez com que o conselheiro Dirceu Rodolfo admita a edição de nova cautelar.
A investigação do TCE relacionou entre os suspeitos de envolvimento no suposto superfaturamento o pregoeiro Tiago Alves Guimarães Muniz, a gerente de abastecimento Suely Maria de Oliveira e o ex-secretário de Educação do Recife, Cláudio Duarte. Os mesmos que são colocados sob suspeição em outros processos investigados pelo TCE, a exemplo do contrato com a SP Alimentação (fornecedora exclusiva de merenda escolar desde 2005) e as empresas Ednilson Pinho Miranda Ltda e Estivas Novo Prado Ltda (fornecedoras de material de limpeza para as escolas municipais, que a partir da denúncia feita pelo Diario de Pernambuco, em 2011, teve os contratos considerados ilegais pelo tribunal).
A auditoria especial concluída em 2012 sobre a WEJ está sob a relatoria do conselheiro Carlos Porto.
Entenda o caso:
1 - Nos quatro anos da gestão de João da Costa (2009 a 2012), a Prefeitura do Recife só realizou uma única licitação (Pregão Presencial nº 004/2009) para aquisição de material e fardamento para alunos da rede municipal). As empresas vencedoras para prestação do serviço foram respectivamente a WEJ Livraria e Papelaria Ltda e a RecifeSilk Comércio e Serviços Ltda
2 - Os valores dos contratos foram R$ 38,3 milhões (WEJ) e R$ 31,7 milhões (RecifeSilk), totalizando R$ 70 milhões
3 - Em janeiro de 2010, foi firmada a ata de registro de preço nº 01/2010 com vigência de 12 meses
4 - No ano seguinte, uma publicação no Diário Oficial do município do dia 20/01/2011 anuncia que a Secretaria de Educação prorroga por mais 12 meses a ata de registro de preço nº 01/2010, contrariando a determinação do artigo 15, 3º inciso III da lei 8.666/93. O TCE, em março 2012, julgou procedente a denúncia do ex-vereador Sérgio Magalhães (PSD) e multou o então secretário de Educação, Cláudio Duarte
5 - A prefeitura se defendeu, naquele ano, alegando haver um decreto municipal (24.500/09) que apresenta uma exceção ao prazo máximo de um ano para a vigência da ata, mas o TCE considerou o decreto irregular e recomendou que o mesmo fosse alterado, para se adequar à lei federal
6 - No segundo semestre de 2012, a Prefeitura do Recife pegou carona nas atas de registro de preço do governo do estado nº 16/2011 (para a aquisição de fardamento e mochila escolar) e a de nº 17/2011 (para a compra de material escolar) referentes ao pregão nº 001/2011 com as mesmas empresas, RecifeSilk e WEJ. Em outubro, foi feito um aditamento nos contratos das mesmas empresas para aumentar a quantidade de kits em 25% - mesmo com a redução do número de alunos matriculados em 2012 para 102.530 - no final do ano letivo e do mandato do prefeito João da Costa.
7 - A carona nas atas do governo do estado por parte da prefeitura não resultou em economia para os cofres municipais. Houve uma diferença de preço no fornecimento da WEJ para a Secretaria de Educação do Recife, em 2010, e o valor cobrado pelos mesmos produtos por outras empresas licitadas e homologadas pela Secretaria de Educação do estado, no período de julho de 2009 a junho de 2011. Se fosse comparado o maior preço cobrado pela WEJ ao governo, seria mais barato do que o valor fornecido pela WEJ.
(Diário de Pernambuco).
domingo, 26 de maio de 2013
Marcos Coimbra: "Eu sou o Zé que vai continuar a obra do Lula!" Alguém acredita?
publicado em 26 de maio de 2013 às 9:37
por Marcos Coimbra, em CartaCapital, encaminhado via e-mail por Julio Cesar Macedo Amorim
O pensamento conservador brasileiro – na política, na mídia, no meio
acadêmico, na sociedade – tem horror ao Bolsa Família. É só colocar dois
conservadores para conversar que, mais cedo ou mais tarde, acabam
falando mal do programa.
Não é apenas no Brasil que conservadores abominam iniciativas desse
tipo. No mundo inteiro, a expansão da cidadania social e a consolidação
do chamado “Estado do Bem-Estar” aconteceu, apesar de sua reação.
Costumamos nos esquecer dos “sólidos argumentos” que se opunham
contra políticas que hoje em dia são vistas como naturais e se tornaram
rotina. Quem discutiria, atualmente, a necessidade da Previdência
Social, da ação do Estado na saúde pública, na assistência médica e na
educação continuada?
Mas todas já foram consideradas áreas interditas ao Estado. Que
melhor funcionariam se permanecessem regidas, exclusivamente, pela
“dinâmica do mercado”.
Tem quem pode, paga quem consegue. Mesmo se bem-intencionado, o
“estatismo” terminaria por desencorajar os esforço individual e provocar
o agravamento – em vez da solução – do problema original.
O axioma do pensamento conservador é simples: a cada vez que se “ajuda” um pobre, fabricam-se mais pobres.
Passaram-se os tempos e ninguém mais diz essas barbaridades, ainda que muitos continuem a acreditar nelas.
Hoje, o alvo principal das críticas conservadoras são os programas de
transferência direta de renda. Naturalmente, os que crescem e se
consolidam. Se permanecerem pequenos, são vistos até com simpatia, uma
espécie de aceno que sinaliza a “preocupação social” de seus
formuladores. Mas é uma relação ambígua: ao mesmo tempo que criticam os
programas de larga escala, dizem-se seus mentores. Da versão “correta”.
Veja-se a polêmica de quem inventou o Bolsa Família: irrelevante para a opinião pública, mas central para as oposições.
À medida que o programa avançou e se expandiu ao longo do primeiro
governo Lula, tornando-se sua marca mais conhecida e aprovada, sua
paternidade começou a ser reivindicada pelo PSDB. Argumentavam que sua
origem era um programa instituído pelo prefeito tucano de Campinas, José
Roberto Magalhães Teixeira, em 1994.
Ele criou de fato o Programa Renda Mínima, que complementava a
receita de pessoas em situação de miséria. Por razões evidentes,
limitava-se à cidade e beneficiava apenas 2,5 mil famílias, com uma
administração tão complexa que era impossível expandi-lo com os recursos
da prefeitura.
Tem sentido dizer que o Bolsa Família nasceu assim? Que esse pequeno
experimento local é a matriz do que temos hoje? O maior e mais bem
avaliado programa do gênero existente no mundo e que serve de modelo
para países ricos e pobres?
O que a discussão sobre o Renda Mínima de Campinas levanta é uma pergunta: se o PSDB estava convencido da necessidade de elaborar um programa nacional baseado nele, por que não o fez?
O que a discussão sobre o Renda Mínima de Campinas levanta é uma pergunta: se o PSDB estava convencido da necessidade de elaborar um programa nacional baseado nele, por que não o fez?
Não foi Fernando Henrique Cardoso quem venceu a eleição de 1994? O
novo presidente não era amigo e correligionário do prefeito? Ou será que
FHC não levou o programa do companheiro para o nível federal por
ignorá-lo?
Quem sabe conhecesse a iniciativa e até a aplaudisse, mas não fazia
parte do arsenal de medidas que achava adequadas para enfrentar o
problema da pobreza. Não eram “coisas desse tipo”que o Brasil precisava.
Goste-se ou não de Lula, o fato é que o Bolsa Família só nasceu
quando ele chegou à Presidência. E é muito provável que não existisse se
José Serra tivesse vencido aquela eleição.
Fazer a arqueologia do programa é bizantino. Para as pessoas comuns
não quer dizer nada. Como se vê nas pesquisas, acham até engraçado
sustentar que o Bolsa Família não tem a cara do Lula.
Não é isso, no entanto, o que pensam os conservadores. Para eles,
continua a ser necessário evitar que essa bandeira permaneça nas mãos do
ex-presidente.
O curioso é que não gostam do programa. E que, toda vez que o
discutem, só conseguem pensar no que fazer para excluir beneficiários:
são obcecados pela ideia de “porta de saída”.
Outro dia, tudo isso estava em um editorial de O Globo
intitulado “efeitos colaterais do Bolsa Família”: a tese da
ancestralidade tucana, a depreciação do programa – apresentado como
reunião de “linhas de sustentação social (?) já existentes”- a opinião
de que teria ficado “grande demais”, a crítica de que causaria escassez
de mão de obra no Nordeste, e por aí vai (em momento revelador, escreveu
“Era FHC” e “período Lula” – como se somente o primeiro merecesse a
maiúscula).
Para a oposição – especialmente a menos informada -, o Bolsa Família é
o grande culpado pela reeleição de Lula e a vitória de Dilma Rousseff.
Não admira que o deteste.
Para os políticos, as coisas são, porém, mais complicadas. Como hostilizar um programa que a população apoia?
Por isso, quando vão à rua disputar eleições, se apresentam como seus
defensores. Como na inesquecível campanha de Serra em 2010: “Eu sou o
Zé que vai continuar a obra do Lula!”. Alguém acredita?
Será muito difícil curar o PT dessa ressaca
Que a gestão da educação do Recife nas últimas administrações petistas havia deixado a desejar, isso nós já sabíamos. O que não sabíamos era sobre o suposto antro de corrupção que foi montado naquela pasta na gestão do ex-prefeito João da Costa, conforme matéria publicada no dia de hoje, produzida pela editoria de política do Diário de Pernambuco, a partir das investigações do Tribunal de Contas do Estado. Uma engenharia de desvio de recursos públicos que deixaria um Marcos Valério sentindo a necessidade premente de fazer um PhD. Itens superfaturados em até 455%, 22,9 mil mochilas compradas em excedente ao número de alunos matriculados na rede, licitações viciadas, com prazo de validade de até 04 anos, em conluio montado entre aquela Secretaria e uma grande Livraria do Estado, que prefiro não declinar o nome. Agora se entende com o que esse pessoal estava preocupado. Certamente não era com os problemas de desempenho dos alunos nos indicadores do IDEB. Outro dia se comentou que havia uma liderança nacional da legenda tentando promover um encontro entre os grupos do ex-prefeito João da Costa, do deputado João Paulo e o do senador Humberto Costa. O objetivo seria o de juntar os cacos do PT no Estado, sobretudo nesse momento em que, contingenciado pelas eleições de 2014, o partido precisa fortalecer-se nas quadras regionais.Diante do exposto, como diria os advogados sem registro na OAB, torna-se cada vez mais difícil curar o partido de sua profunda ressaca, agravada, agora, por evidências de possíveis desmandos com o dinheiro público. É uma pena o que ocorreu com o PT. Um partido que surgiu com tantos ideais, acabar sendo incorporado pelo "status quo" que, no Brasil, é sinônimo de um conjunto de mazelas conhecidas, inclusive uma corrupção endêmica. Gilbert Durand, antropólogo francês, em sua bacia semântica,diria que se trata de um processo "natural". O PSTU e o Psol, em certa medida, representam o que foi o PT há alguns anos atrás. Depois de um certo período, serão incorporados pelo "status quo" e, assim, a história segue o seu curso.
A farra dos DAS no Governo do Estado
Disposto a fazer um pacto com Deus e com o Diabo com o objetivo de candidatar-se ao Palácio do Planalto, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, havia abandonado o debate sobre a meritocrcia para a ocupação de cargos na máquina pública. Voltou a falar no assunto mais recentemente, numa crítica direta à gestão de Dilma Rousseff. Mais uma contradição do governador. Reportagem do Jornal do Commércio deste domingo aponta que o Estado de Pernambuco emprega 3.553 cargos comissionados, os chamados DAS, um número superior aos Estados do Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte, somados. A Secretaria de Saúde lidera os números como 705 cargos, seguida pela Secretaria de Desenvolvimento. A repórter Carolina Albuquerque, autora da matéria, tomou o cuidado de entrevistar o secretário de Administração, Décio Padilha, que a informou que o "apadrinhamento" é minoria. Daria panos para as mangas essas contradições do governador Eduardo Campos. Prega a meritocracia e, ao invés de utilizar o expediente democrático do concurso publico para o preenchimento de cargos na máquina, abusa do expediente nada republicano da "indicação" política, um mecanismo que favorece apenas a quem tem QI. Queixa-se da necessidade de um novo Pacto Federativo - com uma distribuição mais equilibrada de recursos para os Estados e Municípios - e, internamente, adota uma política radical de isenção fiscal, que atinge até empresas de transporte coletivo. É uma espécie, como diria o mestre Michel Zaidan, de Hobin Hood às avessas, ou seja, tira de quem não tem para doar a quem tem. Pay attention, governador!
Todos os homens nordestinos de Aécio Neves
O senador Aécio Neves estimula, mesmo que discretamente, uma
candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, ao Palácio do
Planalto em 2014. A tese do "boi de piranha" soa como música aos
ouvidos dos tucanos. Aliás, não apenas Aécio Neves. Outro dia Fernando
Henrique Cardozo, numa entrevista, fez questão de lembrar que o
pernambucano havia dado a ele a certeza de que seria candidato ainda em
2014. Os tucanos, como se dizia em minha infância, "dão corda" à
candidatura do socialista como uma estratégia de enfraquecer o PT na
região Nordeste, o maior reduto eleitoral da presidente Dilma Rouseff.
Como berm observa o jornalista do Diário de Pernambuco, Josué Nogueira, a
estrutura da correlação de forças montada na recente Convenção do PSDB
dão a idéia de uma estratégia de fortalecimento de atores políticos
regionais, como Bruno Araújo, Sérgio Guerra e Daniel Coelho, uma estrela
ascendente na agremiação, que cuidará da "grama" dos tucanos, inclusive
assessorando o programa ambiental do candidato. Hoje, Aécio Neves já se
movimentando como candidato - pelo menos até aparecer um final de
semana prolongado com alguma loiraça . O candidato já teria convidado o
vice-prefeito de Petrolina, Guilherme Coelho para ministrar uma aula
sobre o Semi-Árido Nordestino, um assunto que os Coelhos dominam bem.
Como se observa, os tucanos não estão respeitando os cercados petistas.
Investem forte na região.
Turbulência a bordo da prefeitura, artigo de Giza Veiga.
Ok, eu sei que parece tentador uma vida de
regalias, especialmente para quem não está acostumado com isso. Muitas
vezes gestores de primeira viagem – e muitos até já experientes –
sucumbem a uma mordomiazinha. Quando ela é garantida pelo cargo, vá lá.
Mas quando extrapola os limites do cargo e do bom senso, alguém tem que
investigar.
O prefeito de João Pessoa foi flagrado num acesso de deslumbre.
Pegou carona em avião particular com destino a Salvador para assistir a
uma prova da Stock Car. Pode parecer inocente, mas o gestor público tem
que manter distância – pelo menos aparente - de qualquer empresário que
receba algum tipo de verba pública ou outro benefício, como isenção de
taxas ou impostos. Pegar carona em carro particular para uma visitinha
ao interior já não é recomendável. Em jatinhos para fora do Estado,
piorou. Não há explicação que convença da suposta inocência do gesto.
Até porque empresário nenhum faz uma cortesia assim sem qualquer
intenção embutida.
O prefeito pisou na bola e agora seus assessores não sabem o que
fazer para desmanchar a lambança, que ficou pior na tarde desta
quarta-feira, quando o blogueiro Luiz Torres denunciou que o empresário
Eduardo Carlos, um dos supostos donos do avião, lhe teria feito ameaças
através de um amigo em comum. Se o “amigo” foi mesmo um enviado do
empresário, ou se apenas tentou, por conta própria, aparar arestas ou
agradar a A ou B, não se sabe ao certo. De qualquer forma, foi lambança
das grandes. O empresário Júnior Evangelista está sendo apontado como
outro possível proprietário da aeronave. Evangelista é dono de cartório.
E o prefeito perdoou juros e multas em atraso dos cartórios sobre
impostos acumulados há cinco anos. Aliás, isso é tema de outras (mais
densas) análises políticas.
A história recente recomenda cautela. Em 2009 o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, utilizou um avião particular para uma viagem ao Maranhão e se enrolou todinho para explicar o inexplicável. ““Eu não disse que não andei na aeronave. O que eu disse foi que nunca andei na aeronave pessoal dele [de Adair Meira]“. Ôxe! Alguém entendeu alguma coisa? O jatinho, para quem esqueceu a história, seria de propriedade de um dirigente de ONG que mantinha convênios com aquele ministério.
A história recente recomenda cautela. Em 2009 o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, utilizou um avião particular para uma viagem ao Maranhão e se enrolou todinho para explicar o inexplicável. ““Eu não disse que não andei na aeronave. O que eu disse foi que nunca andei na aeronave pessoal dele [de Adair Meira]“. Ôxe! Alguém entendeu alguma coisa? O jatinho, para quem esqueceu a história, seria de propriedade de um dirigente de ONG que mantinha convênios com aquele ministério.
No ano seguinte, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo,
teria usado avião de uma empreiteira responsável por uma obra rodoviária
do governo federal no Paraná. A ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi
Hoffmann, então pré-candidata ao Senado pelo Paraná, também teria
viajado no mesmo jatinho. Os dois negaram, mas ninguém se convenceu.
A Câmara Municipal quer investigar a viagem. E deve ir fundo na
questão. A explicação de que o prefeito também articularia, em Salvador,
a realização do evento da Stock Car em João Pessoa foi divulgada pela
assessoria como se isso, por si só, justificasse a graciosa carona. Não
justifica. Não cola. Melhor ir pensando em uma desculpa menos
esfarrapada. Ou, simplesmente, em pedir desculpas à população.
Giza Veiga, www.politicapb.com.br
Fernando Bezerra Coelho, o bem-amado.
As relações entre o Ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra
Coelho, e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, comenta-se, teria
sofrido um abalo sísmico após os mimos concedidos pelo Planalto
ao ministro apenas para provocar o governador. O ministro está entre
aqueles socialistas que defendem o apoio do partido ao projeto de
reeleição de Dilma Rousseff. Mesmo com as bravatas do governador e a
defesa cega do líder Beto Albuquerque de sua candidatura, o coro cresce
nas hostes socialistas, sobretudo entre os governadore que disputarão as
eleições do próximo ano. Wilson Martins, governador do Piauí, um dos
interlocutores privilegiados do PSB junto ao Planalto, já defende que
uma candidatura presidencial do socialista, nas próximas eleições,
poderia ser um ato precipitado. Mesmo raciocínio estabelecido pelo
governadores Camilo Capiberibe, Renato Casagrande e Cid Gomes. Do grupo,
o staff eduardistas considera como uma resistência real apenas o
governador do Ceará. O ministro FBC é um dos principais articuladores
desse motim, segundo comenta-se. Caso as coisas se compliquem e o
governador resolva mesmo "derrubar a cerca", como prometeu, é tida como
certa uma candidatura do ministro ao Governo do Estado em 2014. Opções
pelo seu passe é o que não falta: PT, PMDB, PP,PSD. É o que se poderia
chamar de um bem-amado.
PMDB x PT: Dilma cutucou o diabo com vara curta
Já comentamos aqui em outros momentos, que a presidente Dilma Rousseff
nunca foi muito feliz na sua articulação com o Legislativo. Não gosta
desse meio de campo político nem indicou pessoas com
capacidade suficiente para tocar essa bola. O resultado não poderia ser
outro. Agora, por ocasião da votação da Medida Provisória dos Portos,
as relações entre PT e PMDB ficaram profundamente arranhadas. Para
complatar o enredo, o vice-presidente Michel Temer reuniu a tropa para
tentar aparar as arestas e Dilma não compareceu. Não suportaria a idéia
de esbarrar com o líder da agremiação, Eduardo Cunha, que vem dando
muita dor de cabeça ao Planalto. Seu gesto foi muito mal interpretado.
Acharam pouco? Alguns petistas passaram a defender a proposta de uma
chapa puro-sangue para as eleições de 2014, afastando a vice de Temer,
como uma medida retaliadora. Trata-se de uma proposta indecente, no
contexto das correlações de força em jogo, sobretudo se considerarmos o
poder de fogo do PMDB. Para evitar maiores dores de cabeça, melhor seria
convencer o senador Lindberg Farias a desistir de seu projeto de
candidatar-se ao Governo do Rio de Janeiro. Sérgio Cabral já avisou que,
nessa hipótese, apoiaria o nome do senador Aécio Neves.
Assinar:
Postagens (Atom)